Freixo enfrenta dificuldade para unificar oposição

PSOL abre diálogo na tentativa de unificar a esquerda no Congresso

A disputa pela presidência da Câmara dos Deputados está fervendo nos bastidores. Com Rodrigo Maia (DEM-RJ) tentando a reeleição, Marcelo Freixo (PSOL-RJ) tem trabalhado para unificar o campo democrático em torno da sua candidatura. Segundo lideranças de esquerda ouvidas pela reportagem dos Jornalistas Livres, a unidade pretendida por Freixo está longe de acontecer. PT, PCdoB, PSB e PDT estariam mais dispostos a lançar outra candidatura do que se juntar em torno do nome de Freixo.

Ainda sem bater o martelo, a maioria dos deputados que estão compondo o bloco formado por PSB, PDT e PCdoB, são contra apoiar Rodrigo Maia para a presidência da Casa. Em entrevista exclusiva para os Jornalistas Livres, Freixo revela que a disposição do PSOL em dialogar com outros partidos, acontece devido ao risco que o país corre ao ser governado por um presidente de extrema-direita.

O presidente do PCdoB, Orlando Silva (SP), já disse que “todo mundo sabe que não vai acontecer” uma candidatura unificada da esquerda, indo mais longe ao sugerir que cada um está falando para sua redes com a intenção de ganhar likes.

O deputado federal Paulão (PT-AL) disse que também trabalha para a unificação do campo da esquerda dentro da Câmara dos Deputados. “O ideal é que a oposição estivesse unida para o enfrentamento de pautas importantes que ameaçam políticas públicas e conquistas sociais do povo brasileiro. O PT está conversando com todos os segmentos da esquerda defendendo a unidade. Não é fácil mas é preciso ser feito”, afirmou o único representante da esquerda alagoana no congresso nacional.

Outro deputado federal também quer se colocar como líder da oposição. Arthur Lira (PP-AL) segue dialogando com partidos de oposição para fortalecer sua candidatura em um blocão que extrapola os limites da política de centro-esquerda.

Segundo o jornal da Folha de S. Paulo, se Lira conseguir aglomerar PT (56), PP (37), MDB (34), PSB (32), PDT (28), PTB (10), PCdoB (9) e PSC (8) em torno se si, o alagoano pode chegar a 214 votos.

Contabilizando os partidos governistas, Rodrigo Maia teria 239 votos para a reeleição. Mas o voto será secreto e pode acontecer migração de votos de deputados que não votarão com as bancadas.

 

Confira a entrevista exclusiva de Marcelo Freixo para os Jornalistas Livres

 

Jornalistas Livres: Como estão as articulações políticas para estas eleições? A esquerda conseguirá se diferenciar?

Freixo: A esquerda não pode ver Maia como um possível aliado. Ele fechou acordo com o PSL de Bolsonaro e com uma agenda que ameaça os direitos dos trabalhadores, dos mais pobres, dos negros, indígenas e da população LGBT. Essa pauta aprofundará as desigualdades no país e não pode estar no horizonte de um projeto de esquerda. Nossa candidatura foi decidida pela bancada do PSOL e está sendo construída através do diálogo e de forma republicana com um amplo campo democrático que deseja fortalecer direitos sociais.

Jornalistas Livres: Quem são os seus principais adversários nesse processo eleitoral?

Freixo: Nossos adversários são aqueles que estão aliados ao projeto governista de extinção de direitos e da destruição do Estado enquanto instrumento possível de promoção da justiça social.

Jornalistas Livres: Além de você, quem está no fronte de diálogo com o campo progressista para unificar um bloco em torno da sua candidatura?

Freixo: O presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, e a bancada do PSOL estão sendo fundamentais na construção da candidatura, através dos diálogo com lideranças de esquerda. Me coloco a serviço da agenda democrática e republicana, de afirmação da luta por cidadania e redução das desigualdades. Essa é a pauta que precisa nos unir.

Jornalistas Livres: Ciro Gomes, mais ajuda ou atrapalha a unificar esse bloco?

Freixo: Esperamos que ele, como um democrata, se posicione de forma a defender o Estado Democrático de Direito e o espírito da Constituição de 1988.

Jornalistas Livres: Qual a principal diferença que você enxerga numa Câmara onde você seja o presidente para uma Câmara onde o Maia seja o presidente?

Freixo: Essa é a eleição mais importante para o parlamento desde a redemocratização. São direitos básicos e a vida das pessoas que estão em jogo. Ao receber apoio do PSL, Maia se compromete com uma agenda ultraliberal na economia e de destruição de direitos duramente conquistados. Isso ameaça a cidadania e a sobrevivência de milhões de pessoas. A Câmara precisa estar comprometida com a redução das desigualdades e com os interesses populares. Nossa candidatura se coloca à disposição dessa agenda.

Jornalistas Livres: Como avalia o acordo entre Rodrigo Maia e Bolsonaro? Este acordo significa facilitar as privatizações e outras medidas que venham a ser implementadas pelo novo governo?

Freixo: Essa articulação simboliza o compromisso de Maia com a agenda ultraliberal e privatista do governo Bolsonaro. Neste sentido, o parlamento não terá independência diante do governo no tratamento de pautas fundamentais que podem resultar na destruição de direitos.

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