Por Aline Frazão, especial para os Jornalistas Livres
Mais um ano os Pataxós, que vivem em Carmésia, a 200 KM de Belo Horizonte, celebraram o Auê Reruê. A festa comemora a união espiritual dos indígenas e neste ano ocorreu nos dias 22, 23 e 24 de abril.
Muito canto, dança, jogos e brincadeiras. O momento também serve para que os não indígenas conheçam um pouco a cultura, os modos de vida e o artesanato, maior fonte de renda desses povos originários. Os Pataxós são muito receptivos. Com certeza se você conhecer algum, ele vai te chamar para conhecer a aldeia dele.
Os indígenas Pataxós são originários do Sul da Bahia. Eles foram os primeiros a ter contato com o homem branco, quando as caravelas de Pedro Álvares Cabral chegaram onde hoje está Porto Seguro. Ou seja, os Pataxós foram os primeiros a sofrer todo tipo de violência perpetrada pelos colonizadores: as mulheres foram estupradas e houve muito derramamento de sangue.
Já na década de 1970, 148 anos após a indepência do Brasil, uma leva de indígenas, não suportando mais os conflitos com madeireiros e fazendeiros, saíram à procura de um lugar onde poderiam viver em paz. Eles chegaram até o município de Carmésia, e lá conquistaram um pedaço de terra que foi demarcado pelo governo, após muita luta e idas e vindas de lideranças até Brasília.
Hoje três aldeias estão situadas na Reserva Indígena, que possui 3.300 hectares: a Encontro das Águas, a Aldeia Sede e a Aldeia Imbiruçu. Eles não têm rio, e muito menos o mar. A mata é pouca, e logo a caça também. Mas eles consideram importante celebrar todos os anos o que faz com o que eles estejam ali, vivendo em comunidade e resistindo com a cultura e modos de vida indígenas: a própria vida!
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