Esquerda boliviana critica decisão do governo de enviar Battisti para Itália

Italian former communist militant Cesare Battisti (L), wanted in Rome for four murders attributed to a far-left group in the 1970s, is escorted by Italian Police officers after stepping off a plane coming from Bolivia and chartered by Italian authorities, after landing at Ciampino airport in Rome on January 14, 2019. - Former communist militant Cesare Battisti landed in Rome on January 14 after an international police squad tracked the Italian down and arrested him in Bolivia, ending almost four decades on the run. (Photo by Alberto PIZZOLI / AFP)

Publicado originalmente em Diálogos do Sul 

O governo boliviano, comandado pelo presidente Evo Morales (MAS), entregou o italiano e refugiado brasileiro Césare Battisti ao governo da Itália. A extradição do ex-ativista antifascista para o país europeu foi uma das promessas de campanha do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL), que ele não conseguiu cumprir.

Battisti havia pedido refúgio político na Bolívia à Comissão Nacional de Refugiados (Conare), mas não obteve resposta do governo. Para alguns analistas, a posição está relacionada ao fato de este ser um ano eleitoral na Bolívia.

Questionado pelo jornal boliviano El Deber, o ministro do Governo, Carlos Romero, afirmou que a entrega de Battisti se deu por uma “saída obrigatória”. Ele esclareceu que “na aplicação da Lei 370 de Migração, se emitiu a resolução com a qual se dispõe sua saída obrigatória de Bolívar por sua condição ilegal”.

Críticas

A decisão do governo Evo, no entanto, gerou críticas dentro do país. Um dos mais enfáticos foi o irmão do vice-presidente Raúl García Linera, que foi integrante do Exército guerrilheiro Túpac Katari, que atuou no país sul-americano entre 1986 e 1992. Raúl classificou, em seu Facebook, a ação de contrarrevolucionária e covarde:

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