Segundo investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), o prefeito de Embu das Artes, Claudiney Alves do Santos compõe um esquema criminoso que envolve seu assessor Rodrigo Passos Fernandes, acusado de intermediar repasses feitos pelo empresário Carlos Zeli Carvalho para o fornecimento de uniformes escolares para estudantes do Ensino Fundamental, Educação Infantil e Creches conveniadas da Rede municipal.
Conversas interceptadas pela PF em 2016 mostram acertos feitos por telefone entre as partes com o objetivo de direcionar a licitação de fevereiro de 2017, após o pleito eleitoral que deu a Ney Santos o comando da prefeitura embuense.
Rodrigo, que é assessor de Ney desde que este era presidente da Câmara dos vereadores, é dono de mais de dez empresas, algumas delas em sociedade Fernando da Silva, que segundo a PF recebia valores do empresário e repassava para o futuro prefeito enquanto ele beijava mão de senhoras e testa de neném em caminhadas que ficaram conhecidas pelo Trio Elétrico que agitava a população das periferias de Embu das Artes.
As acusações apontadas no relatório da PF são de corrupção ativa, corrupção passiva e fraude em procedimentos licitatórios na contratação da Reverson Ferraz da Silva-ME, sediada em Boituva, no estado de São Paulo. Esta é a empresa que fechou dois contrato de mais de R$ 6 milhões cada um com a prefeitura de Embu para a confecção dos kits escolares.
Os recursos para pagamento dos kits escolares são do Governo Federal e a primeira licitação foi iniciada ainda na gestão anterior, do prefeito Chico Britto (sem partido), em 2016, data das conversas gravadas pela PF, o que dá a entender que Ney exigia as quantias em troca da continuidade do processo de contratação no ano seguinte. O processo se repetiu em 2018 com valores semelhantes.
Carlos Zeli Carvalho, o Carlinhos, de acordo com a polícia comanda uma facção familiar cujos principais integrantes são Emerson e Leandro Carvalho; Valéria de Oliveira e Selma Zanette. Os três primeiros são seus irmãos e irmã, a terceira é sua esposa. Ele possui empresas como a Unimesc Indústria e Comércio, com capital de R$ 1,5 milhões, sediada na cidade de Tietê; e a JCS Loteamento, criada em 2015 com sede em Santana de Parnaíba. Segundo relatório da investigação, Emerson é dono da Reventex que ganhou os contratos junto a Secretaria de Educação.
UNIFORME ORDINARIO
Em 2017 pipocaram nas redes e na imprensa reclamações de mães sobre a qualidade dos uniformes que caiu visivelmente de uma gestão para a outra. Segundo uma das mães, o tecido é frio, inadequado para dias de inverno e a costura mal feita. Outra reclama que o tecido é idêntico ao de “guarda-chuva vagabundo” (vídeo)
A insatisfação das famílias com a prefeitura foi tão grande que durante as férias escolares de fim de ano, o prefeito espalhou pela cidade outdoors que dizia “papais, fiquem tranquilos, os kits escolares serão entregues nos primeiros dias de aula”. A promessa para 2018 não se cumpriu e a propaganda virou piada na cidade.