“O ato de hoje tem o mesmo fim do ato da placa. Eles vão vandalizar uma, a gente vai refazer mil, porque amor é resistência e a gente é incansável em lutar pelo nosso direito de amar livremente, independente do fascista que está no poder”, gritou Monica para o público.
“O dia é de dor, é de luto, como todos os dias 14 serão daqui para frente, mas é fundamental também que a gente coloque mais a energia da Marielle na luta. Ela era uma pessoa extremamente para cima, que gostava muito da vida, que gostava muito de celebrar a vida. Por isso hoje muitas coletivas vieram somar.
Chamei o ato de resistência sapatão por esse momento que a nossa população LGBT é tão violentada. (Um carro começa a buzinar freneticamente para o público deixar a via). É para dizer que vai ter luta e vai ter resistência, mas que vai ter amor e vai ser com todas as nossas cores e com os nossos corpos, porque nosso corpo é político e por si só o nosso direito de amar é resistência. Pode buzinar, vai esperar! Não seremos interrompidas!”, exclamou Monica, cada vez mais gigante em seus discursos.
Monica, é claro, não está sozinha. O bonde de coletivAs de lésbicas que construíram o evento foi gigante. As Afrografiteiras, da Rede Nami, fizeram muitos outros desenhos de Marielle. Baque Mulher, Mulheres Rodadas, Chora -Mulheres na Roda e Slam das Minas também fizeram suas apresentações.
Camila Marins, ativista lésbica, leu um manifesto no qual fez questão de lembrar que era a Mandata Marielle Franco quem centralizava, na Câmara do Rio, as lutas pelos direitos das mulheres lésbicas na cidade.
“Foi com Marielle que as coletivas elaboraram o Projeto de Lei da Visibilidade Lésbica. Foi com Marielle que as coletivas foram para o seu gabinete. Encontro que possibilitou a criação de muitas redes, entre elas, a Frente Lésbica do Rio. O projeto foi rejeitado por apenas dois votos pela Câmara Municipal, mas a nossa principal vitória foi a organização das mulheres lésbicas do Rio de Janeiro. Sabíamos que tínhamos em sua mandata um espaço de escuta e acolhimento”, lembrou, emocionada, Camila.
Perto dali, por outro lado, quem planta ódio recebeu ódio também
Uma coincidência do destino transformou o ato pela memória de Marielle ainda mais simbólico. Na sede do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro, o governador do Estado, Wilson Witzel, recebeu um infame quadro no qual o seu rosto foi reproduzido por uma “arte” feita com projéteis de fuzil. Pelo sorriso e pela cara de orgulho e satisfação, o governador adorou o presente. Aquele que defende que seres humanos sejam abatidos “bem na cabecinha” ganhou um presente a qual faz jus: o ódio que se planta, o ódio que se colhe.

“10 meses sem justiça para Marielle e Anderson. É fundamental que a gente siga nesta mobilização, em memória de Marielle e Anderson, para que se peça justiça às autoridades, que não se colocam de forma efetiva, só com depoimentos vazios, dizendo que tá perto de ser solucionado, chamando o caso de avançado, quando a gente tem mais de 300 dias, não vejo nada de avanço nisso”.
Marielle Vive, hoje e sempre!
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