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Manifestações

E se lutas populares forem patrimônio histórico?

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Avança em S.Paulo projeto para tombar fábrica que foi cenário de greve memorável. Artistas e população organizam vasta programação cultural até próxima sexta-feira

Tombada como patrimônio histórico da cidade de São Paulo desde 1992, a Fábrica de Cimento de Perus — primeira do setor no Brasil — continua esquecida pelo poder público, enquanto o prédio se deteriora a cada dia. Mas os movimentos sociais da região não se cansam e, há mais de trinta anos, lutam pela construção de um centro de cultura e memória do trabalhador no local abandonado.

Em 2014, após intensa reinvindicação do Movimento pela Reapropriação da Fábrica de Cimento de Perus em parceria com a Universidade Livre e Colaborativa, a antiga indústria e seus arredores foram inseridos como Território da Cultura e da Paisagem no Plano Diretor Estratégico (PDE- Lei 16.050/2014) da capital paulista, sendo intitulado como Território Jaraguá-Perus, que, além do bairro peruense inclui a Terra Indígena do Jaraguá.

Além disso, o documento prevê, ainda, um parque chamado A Luta dos Queixadas (nome dado aos sindicalistas da fábrica responsáveis por uma greve de sete anos) e reconhece como patrimônio outros pontos do bairro, como a Ferrovia Perus-Pirapora, com seu trem maria-fumaça; a Vila ‘fantasma’ Triângulo, onde só há uma família residindo; o Sindicato Queixada e a estação de trem Perus da CPTM, que data de 1867.

Mas um projeto que tramita desde junho deste ano na Câmara dos Vereadores pode inviabilizar o PDE. Trata-se da revisão da Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (Lei 13.885/2004). Popularmente conhecida como lei de zoneamento da cidade, ela regula o que deve ou não ser construído em São Paulo, seja por meio do Estado, construtoras, incorporadoras ou proprietários de imóveis.

Desconsiderando aquilo que diz o PDE — onde o futuro Parque a Luta dos Queixadas é considerado zona especial de interesse social — a revisão da lei de zoneamento coloca essa área como zona de uso misto, onde se permite a construção industrial ou habitacional, desconsiderando todo o valor histórico, social e cultural da área onde o prédio está situado.

“Após muita incidência política, conseguimos abranger, além do prédio da fábrica, um perímetro ao seu redor, que foi nomeado Parque a Luta dos Queixadas. Acreditamos que deve existir diálogo com os moradores locais, considerando a opinião da população sobre esse território, não apenas estudos técnicos”, aponta Regina Bortotto, integrante do novimento e professora aposentada de Perus.

Desafios e próximos passos

De acordo com o Movimento da Fábrica, para a ideia do centro de cultura e memória do trabalhador e universidade tornar-se viável, além do tombamento do prédio como patrimônio público municipal, é preciso, agora, reivindicar mudanças na minuta da Lei de Uso e Ocupação do Solo, mantendo o perímetro da Fábrica de Cimento Perus também como zona de proteção ambiental, não como área mista.

“Diante desse ‘pré-projeto’ de Lei, em fase de audiências públicas, precisamos sensibilizar todos os envolvidos: vereadores, prefeito, secretários, empresas, instituições, além de diversos movimentos da sociedade civil, para que retornem às decisões aprovadas anteriormente no Plano Diretor, de 2014, e avancem nas discussões de interesse da população”, aponta, ainda, Regina.

Segundo documento organizado pela Universidade Livre e Colaborativa em conjunto com outros movimentos sociais da região noroeste,protocolado junto à Câmara Municipal no último dia 2 de agosto, caso a área seja reservada ao desenvolvimento industrial, o desenvolvimento local pode ser deixado de lado, assim também a importância ambiental e cultural na qual a área da fábrica aparece no PDE.

Foto: Nelson de Souza

“Além de seu aspecto material, a fábrica é suporte de um rico patrimônio imaterial que indica aspectos do desenvolvimento industrial do município e suas lutas trabalhistas, em particular o movimento dos Queixadas, que dá o nome ao Parque a Luta dos Queixadas, criado no PDE no território da Fábrica, em decorrência de gestões dos movimentos locais nos processos e instâncias de participação”, aponta o texto.

Segundo Euler Sandeville, professor da Faculdade de Arquitetura e Ubanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) e um dos idealizadores da Universidade Livre e Colaborativa, o processo de incidência junto ao poder público ainda caminha a passos lentos, mas com avanços. “Já realizamos algumas reuniões esporádicas, mas o Poder Público não teve, ainda, nenhuma atitude prática em relação à desapropriação da fábrica. Nos últimos meses, a Secretaria de Cultura abriu diálogo mais efetivo conosco, com crescente escuta da demanda”

Foto: Nelson de Souza

Resultado do contato estabelecido com a Secretaria Municipal de Cultura, está prevista a realização do Seminário Fábrica e Patrimônio, Território da Cultura e Paisagem, provavelmente em outubro, no Centro Cultural Vergueiro e a inclusão de Perus no roteiro da “Jornada do Patrimônio — reconheça seu patrimônio”, evento que acontecerá em dezembro.

Para além da constante incidência política, o movimento mantém uma série de atividades junto às escolas locais e coletivos culturais. A Universidade Livre e Colaborativa, parte também da discussão, possui um grupo junto aos professores de escolas públicas para melhor entendimento do território, enquanto coletivos organizam todos os anos atos artísticos para celebrar a memória e continuar o debate em torno da desapropriação da fábrica.

Cultura para relembrar a memória

O próximo Ato Artístico Cultural Coletivo Cimento Perus acontece de 24 a 29 de agosto, em diversos pontos do bairro de Perus, com espetáculos teatrais para todas as idades e gostos, shows, sarau, cinema, dança, mosaico, debates e variadas oficinas durante toda a semana

Organizado pelo Grupo Pandora de Teatro em parceria com o Movimento pela Reapropriação da Fábrica de Cimento de Perus e CEU Perus, o Ato faz parte de uma série de eventos que, desde 2012, vêm promovendo o debate em torno do uso público e transformação da abandonada indústria de cimento em aparelho cultural para a comunidade. “O evento tem como objetivo reconhecer os espaços públicos e os coletivos culturais independentes já existentes no bairro e ressaltar a importância da revitalização da fábrica como um espaço para a comunidade, resgate da história e produção da cultura local”, aponta Lucas Vitorino, diretor do Grupo Pandora de Teatro.

Audiência pública discute revisão da Lei de Zoneamento

No sábado, 29/8, ocorre Audiência pública da Câmara Municipal de São Paulo para tratar da revisão da Lei de Zoneamento no município, com especial interesse ao território da Fábrica de Cimento Portland, no Teatro do CEU Perus, às 9h30. Ainda no sábado, às 15h, o Movimento pela Reapropriação da Fábrica de Cimento realiza aula pública na Pça. Inácio Dias para discutir a questão. Veja aqui a programação completa do Ato Artístico Coletivo Cimento Perus

Serviço

Ato Artístico Coletivo Cimento Perus — edição 2015
Data: de 24 a 29 de agosto
Locais:
Biblioteca Municipal Padre José de Anchieta, Rua Antônio Maia, 651. Perus
CEU Perus, Rua Bernardo José Lorena, s/n. Perus
Sede do Grupo Pandora de Teatro, Rua Padre Manuel Campello, 180. Perus
Praça Inácio Dias, Perus, em frente a estação de trem de Perus da CPTM 9Linha 7- Rubi).
Site: https://movimentofabricaperus.wordpress.com/
Facebook: https://www.facebook.com/movpelareapropriacaofabricacimentoperus
Imprensa: falar com Jéssica Moreira, jessicamoreira.mural@gmail.com

Importância histórica da Fábrica de Cimento de Perus
Criada em 1926, a Companhia de Cimento Portland Perus foi a primeira indústria cimenteira de grande porte do Brasil e principal abastecedora da matéria-prima até a década de 30. Das cerca de 500 mil toneladas produzidas no país no período, pelo menos 125 mil vinham de Perus. Foi palco também da greve de sete anos,realizada pelos sindicalistas denominados Queixadas em plena ditadura militar. Ao fim da longa reivindicação, os grevistas receberam os salários atrasados e tiveram ainda o direito de voltar ao trabalho. A indústria foi fechada definitivamente em 1987 e tombada como patrimônio histórico da cidade em 1992. Desde então, o prédio vem sendo deteriorado a cada dia (saiba mais).

 

Belo Horizonte

Marcha das Vadias – Por um mundo de respeito a todas as mulheres

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Fotografia: Sô Fotocoletivo

 

 

Marcha do que ? DAS VADIAS! Mas isso é xingamento! Sim… assim como puta, piranha, biscate ou “novinha”. Se as mulheres são seres marcados e oprimidos pela sociedade machista e patriarcal, que elas possam se remarcar e ser o que quiserem ser: bela, recatada, do lar (aff)! Mas também puta, da rua, da luta.

E não é não!
E marcharemos. Marcharemos até que todas sejamos livres.

 


A Marcha das Vadias surgiu em 2011, depois que o policial – segurança de uma universidade em Toronto, no Canadá, disse “para as vadias se comportarem para não ser atacadas”. Ele se referia à onda de estupros que estava ocorrendo lá. As vadias eram as mulheres vítimas dos ataques. O caso indignou as mulheres, que criaram a Marcha das Vadias para denunciar a Cultura do Estupro. Ela existe, não adianta negar. Assim como o machismo, e precisa ser extinta. A pauta é das mais urgentes.

A cada minuto uma mulher é violentada no Brasil. Os dados são do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) e são assustadores. No mês seguinte ao caso de Toronto, as mulheres no Brasil passaram a marchar também. Em vários países elas marcham contra a Cultura do Estupro.

 


O ato começou espremido na Praça da Estação, pois o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, alugou a praça pública e assim “ela é privada hoje e não pública”, como disse o funcionário que ajudava na desmontagem da estrutura que havia no local. Na saída da Marcha das Vadias, o batuque do Bloco Bruta Flor e Tambores de Luta foi abafado por um som ligado bem na hora na tal estrutura. Estávamos ali há mais de uma hora e nada de som até ali. Coincidência não?

Mas marchamos.

Marchamos por respeito a vida de todas as mulheres.

 

 

Marchamos pelo fim da Cultura do estupro. Pela legalização do aborto. Pela igualdade. Pela maternidade como escolha, e não imposição. Pela vida de todas as mulheres. Marchamos contra o golpe em curso e em repúdio a políticos corruptos, machistas e homofóbicos:”Ei Temer, não sou da sua laia. Fora Cunha, Bolsonaro e Malafaia”.
E marchamos. Denunciamos. Brigamos. Piadas machistas não podem mais ser toleradas. É preciso revidar. Um homem não pode afirmar que uma mulher gosta de “piroca”. Isso é invasão, é desrespeito, é a cultura do estupro no seu sentido mais “desenhado”. E não, você não diz o que a novinha quer, só ela sabe e o querer é dela.

 

 

Tinha mulher vestida de todo jeito, e inclusive com pouca roupa. E não era um convite. “Tô de minissaia. Não te devo nada!”. A marcha terminou na Rua Guaicurus, no centro de Belo Horizonte. Local conhecido por abrigar muitas casas de prostituição, havia muitos homens ali, e foi ali que rolou olhares furtivos e piadas machistas. A marcha das vadias também é pelas putas. É por todas as Mulheres.

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Campinas

Parada LGBT resiste mesmo sem apoio oficial e atrai milhares às ruas de Campinas

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O domingo (26) na cidade de Campinas teve suas ruas tomada de cores, pessoas, alegria, música e protesto. A 16ª edição da Parada do Orgulho LGBT de Campinas, neste ano, tem como tema “Diga sim à educação e não à transfobia. Intolerância: o vírus mais assassino. Contra qualquer forma de opressão” . O tema, segundo Douglas Holanda, um dos organizadores é um alerta a todo e qualquer tipo de intolerância”.

A luta contra a incompreensão do segmento LGBT sofre no seu dia-a-dia se estendeu aos órgãos públicos. A Polícia Militar e o Ministério Público aconselharam a Prefeitura a não apoiar a Parada por falta de segurança. A Prefeitura também já havia sinalizado a insuficiência de recursos para colaborar com a Parada, assim como vem fazendo há alguns anos. O impasse aconteceu na semana passada, faltando poucos dias para o evento.

Segundo Lúcia Costa, integrante do Aos Brados e da Comissão da Parada LGBT de Campinas: “A Prefeitura nos desrespeitou ao acatar o Ministério Público, não lutou por nós, não pensou em nós. Ela se negou a dar banheiros químicos, segurança para as pessoas se recusando a pagar horas extras para a Guarda Municipal e Saúde. É um retrocesso e desrespeito ao movimento. É um movimento pacífico que leva grande número de pessoas, não há uma agressão. É menos violento que qualquer dérbi. O ato mais agressivo é um travesti retocando seu batom”.

Mesmo com a falta do apoio público, a Organização da Parada se articulou e conseguiu ajuda para que acontecesse a 16ª edição da Parada do Orgulho LGBT de Campinas. Mais de 20 mil pessoas acompanharam os dois trios elétricos, durante o trajeto pelas ruas centrais da cidade com muita  animação.

Várias pessoas residentes, na área central, acompanharam a Parada das janelas dos apartamentos,  algumas acenavam para os Trios Elétricos, na Avenida Francisco Glicério houve chuva de papel picado vinda dos prédios.

Encerrando o trajeto, a multidão que acompanhava lotou as praças do Largo do Rosário e Guilherme de Almeida (Praça do Fórum).

Este ano a concentração da 16ª edição da Parada foi ao lado do Fórum, na Avenida Dr. Campos Sales. De lá, a multidão subiu a Avenida Francisco Glicério até Dr. Moraes Sales, seguiu até o cruzamento com a Rua Irmã Serafina, continuando pela Avenida Anchieta até a Avenida Benjamin Constant. Ao retornarem à Avenida Francisco Glicério, o grupo seguiu até o Largo do Rosário.

A manifestação transcorreu pacífica até por volta das 20h, quando, segundo relatos a Polícia Militar  quis dispersar as pessoas que ainda estavam pelo centro da cidade. A concentração era na Praça Bento Quirino, um local habitualmente frequentado pela comunidade LGBTQ+.  Ainda segundo os relatos, a PM usou gás de pimenta, bombas de efeito moral e balas de borrachas para dispersar as pessoas. Algumas pessoas ficaram feridas e foram socorridas por populares durante a ação truculenta da Polícia.

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Campinas

A cidade de Campinas amanhece com faixas de denúncia ao Prefeito Jonas Donizette.

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Campinas amanhece com faixas de denúncia contra governo de Jonas Donizette espalhadas pela cidade.

Nesta quinta-feira (30/06), mesmo dia em que a prefeitura inaugura a conclusão das obras da avenida Francisco Glicério, agentes culturais espalharam pela cidade faixas com uma série de críticas à gestão de Jonas Donizette (PSB).

Faixas laranjas foram fixadas em pontilhões e passarelas localizados em pontos de intensa circulação e fluxo de pessoas. A má gestão dos recursos, o atraso de pagamentos, a terceirização de serviços públicos que prejudica o atendimento à população, o descaso em relação à criação do conselho municipal de cultura, cuja lei não foi encaminhada à câmara e está parada há dois anos, e a recente repressão ao movimento LGBT ocorrida no final de semana, foram temas criticados pelas faixas.

Assim como no dia 8 de junho, em que faixas semelhantes foram estendidas das janelas do 15º andar da prefeitura, onde se localiza a Secretaria de Cultura, as faixas espalhadas pelos viadutos e passarelas na manhã de hoje trouxeram como assinatura apenas o termo “#cultura”, e até o momento a autoria não foi assumida por nenhum movimento específico da cidade.

 

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