O Partido dos Trabalhadores, que estava marcado para morrer, terá, a partir de 2019, a maior bancada na Câmara Federal: 56 deputados. Bem verdade que tinha 61 e perdeu cinco cadeiras na Câmara. Contudo seus algozes tiveram um destino bem pior. O que terá acontecido?
O PSDB perdeu 41% de suas cadeiras: foi de 49 para 29. O MDB encolheu um terço, perdeu 17 cadeiras, de 51 para 34. O DEM, de ACM Neto e do fugaz Ministro da Educação, Mendonça Filho, que não se reelegeu, caiu 14 posições: de 43 para 29 cadeiras. O Partido Progressista, da retrógrada Ana Amélia, candidata a vice de Alckmin, perdeu 13 cadeiras, ficando com 37.
Por que será que o feitiço virou contra os feiticeiros? Vamos um pouco para trás na história?
Tudo começou em 2006 com a Ação Penal 470, que ficou conhecida como Mensalão, mas não conseguiu provar nem a existência de algo que justificasse esse apelido. Depois de quebrarem todos os sigilos possíveis de Zé Dirceu, nada conseguiram comprovar, mas o condenaram assim mesmo. Nós nos lembramos das palavras da hoje presidenta do Tribunal Superior Eleitoral, Rosa Weber: “Não tenho prova cabal contra Dirceu, mas vou condená-lo porque a literatura jurídica me permite”. As provas de que não houve o desvio de milhões de reais do Banco do Brasil foram escamoteadas pelo STF e pelo Ministério Público. Há até recibos da Globo provando que os recursos da Visanet foram devidamente aplicados em marketing.
Adiantando rapidamente o relógio para 2018, nos deparamos com a prisão de Lula, condenado somente com base na delação de um sujeito preso e que diria qualquer coisa para se livrar. Da mesma forma que no ensaio do golpe final, feito na Ação Penal 470, Lula foi sacado da disputa eleitoral e encarcerado sem qualquer prova de que fosse dono do apartamento do Guarujá.
Nem conceder entrevista antes da eleição de ontem,07/10, foi permitido a Lula. Toffoli cassou a ordem de seu par Lewandowski como se houvesse uma hierarquia no Supremo Tribunal Federal na qual os votos do presidente e do vice-presidente da corte valessem mais do que os votos dos ministros. Essa hierarquia não existe e é ilegal.
Faltando três dias para a eleição, Moro, em mais uma atuação com fins políticos, levantou o sigilo da delação premiada de Palocci, outro que falou e falará o que for preciso para ver-se livre da cadeia.
Essa perseguição do Judiciário do país ao Partido dos Trabalhadores teve apoio e cumplicidade das empresas de comunicação tradicionais e dos partidos que orquestraram o golpe contra Dilma Rousseff. Inúmeras denúncias com provas ainda esfriam nas gavetas de dona Raquel Dodge e de ministros do STF. Malas de dinheiro e gravações de conversas telefônicas não valem como prova o mesmo que delações de reconhecidos criminosos.
Lembremos, por fima que, ainda antes do impeachment, foi amplamente divulgada a conversa gravada, em que Romero Jucá diz, a Sérgio Machado, que o “governo Temer” estancará as investigações em um pacto “com o Supremo, com tudo”. Jucá não se reelegeu, ontem, a senador pelo estado de Roraima.
O bombardeio tirou Lula da disputa e provocou importantes baixas no Senado. Mesmo assim, o Partido dos Trabalhadores será o maior partido da nova Câmara dos Deputados. Ah! E está no segundo turno das eleições presidenciais com Fernando Haddad, que pôde fazer campanha como candidato à presidência por 20 dias.
Será que o povo percebeu a injustiça perpetrada por quem deveria zelar pela justiça? Parece que sim. Parece que o povo puniu o golpismo, puniu alguns corruptos que o Judiciário insiste em deixar soltos, puniu vários daqueles que retiraram seus direitos trabalhistas e que entregaram bens que nos pertencem a preços de banana.
Certamente o povo punirá também o ódio e o desrespeito aos direitos humanos e à democracia.