Na semana da chacina que matou 18 em Osasco, PMs são homenageados como heróis na Paulista
A manifestação realizada ontem (16/8) na avenida Paulista e convocada por organizações que fazem oposição ao governo Dilma foi, segundo o Datafolha, menor do que a realizada em 15 de março. 120 mil ante as 210 mil de cinco meses atrás. Mas não deveu nada na acidez neofascista que ajudou a estimular. A exaltação ao trabalho da Polícia Militar, por exemplo, foi mais uma vez reafirmada.
Foto: Ennio Brauns
Do carro som, movimentos como “Vem Pra Rua”, “Endireita Brasil” e “Movimento Brasil Livre” repetiam a euforia de sempre. De hora em hora, agradeciam a PM e em seguida destilavam seus ódios. “Só quem tem medo de polícia é bandido”, afirmavam.
Foto: Eder Tesio
Por volta das 15h, o secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Alexandre de Moraes, surgiu em frente ao MASP, escoltado por policiais da Tropa de Choque, e deu margem para que a histeria se espalhasse entre os presentes. O secretário dirigiu-se até o “Guardião”, modelo paulista do caveirão do Bope do Rio de Janeiro, estacionado na rua Peixoto Gomide ao lado do Parque Trianon, cumprimentou os soldados que lá estavam e inaugurou a série de fotos com PMs na condição de modelos.
Um dos que tirou vários “selfies” na frente do “Guardião” foi o empresário Luis Fernando Saad, 48 anos, e morador do bairro Cidade Jardim. “A polícia tem um lado muito bom e outro nem tanto, que é causado pela falta de investimentos.”
Acompanhado da esposa, o engenheiro Luis Carlos Gomes, 72 anos, residente de Moema, foi fotografado ao lado dos policiais que estavam de prontidão ao lado do veículo fabricado em Israel. “Avalio o trabalho da PM como muito bom.”
Chacina
Nem mesmo a chacina ocorrida na última quinta-feira (13/8) em Osasco e Barueri, que vitimou 18 pessoas, constrangeu os presentes, apesar de os principais suspeitos serem policiais integrantes de grupos de extermínio. “Essa situação [chacina] foi pontual”, diminui Patricia Herreira, 39, turismóloga que mora no bairro Pacaembu.
Durante o ato do dia 17 de agosto na Av Paulista, integrantes da rede de Jornalistas Livres realizaram uma performance contra a violência da chacina recente — Foto: Mídia NINJA
Morador da Bela Vista, o analista de sistemas André Schaumburg, 40 anos, foi além. “Isso deve ter revanchismo de bandido no meio. As pessoas não respeitam mais a polícia. O Brasil virou um país sem lei.”
Sábado (15/8), as vítimas da chacina foram enterradas. No velório, familiares mostraram indignação. Segundo eles, seus parentes que foram assassinados não tinham ligação com o tráfico organizado. Mas mesmo que tivessem antecedentes criminais, não é assim que se combate a criminalidade.
Violência policial!
Em relatório divulgado em janeiro deste ano, a organização internacional Human Rights Watch confronta a opinião de Patricia. Segundo o estudo, a violência policial em São Paulo cresceu, em 2014, 93% com relação ao ano anterior.
Essa realidade não é particularidade dos paulistas. A ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública apurou 2.220 mortes vítimas de operações policiais em 2013.
No livro “Rota 66 — A História da Polícia que mata”, o jornalista Caco Barcelos levanta inúmeras ocorrências de mortes nas periferias da cidade de São Paulo protagonizada pela PM.
Desmilitarização da polícia
A mesma avenida Paulista que domingo (16/8) serviu de cenário para declarações desse porte, foi palco, em 13 de junho de 2013, de violentas repressões policiais contra os manifestantes que repudiavam o aumento da tarifa do transporte público, no metrô e nos ônibus. Dali em diante, as manifestações cresceriam vertiginosamente, receberiam o status das maiores já realizadas no Brasil e ganhariam o país todo.
Foto: Mídia NINJA
Além do tamanho, as chamadas “Jornadas de Junho” reposicionariam alguns temas debatidos pela sociedade. Um dos principais foi a desmilitarização da polícia, que parte do diagnóstico de que o modus operandi da PM precisa ser alterado.
A pauta também entrou como recomendação do relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Entre as 29 recomendações que apontam indicativos para aprofundar a democracia no país, a CNV contempla a desmilitarização da polícia como um dos fundamentais.
Luis Fernando Saad, que diz ser “um primo distante” dos dirigentes da Band, ignora essas questões. “Discordo. Sou a favor de duas polícias. A PM, assim como a educação militar, é necessária”, afirmou.
O ex-PM e servidor do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) Nelson Augusto Leite, 40 anos, residente do bairro Santa Cecília, assistiu às filhas fotografarem-se com policiais e emendou: “O papel da polícia é reprimir. Quem educa é a escola”, resumiu.
Guardião
O cenário das fotos com policiais militares na rua Peixoto Gomide, do lado oposto ao MASP, é a demonstração de que algumas pautas destacadas a partir de junho 2013, como a desmilitarização da polícia, recuaram desde lá.
Entregue à Tropa de Choque da PM paulista no dia 1 de julho, o “Guardião” é um veículo com a mesma finalidade dos “caveirões” do BOPE no Rio de Janeiro. Tem, no entanto, capacidade para receber o dobro da sua versão carioca: 24 homens. Uma tropa inteira.
Foto: Felipe Iszlaji
Fabricado pela empresa israelense Plasan Security Solutions, outras cinco unidades foram entregues pelo governador Geraldo Alckmin. Cada uma custou R$ 3,675 milhões e tem blindagem de nível 4, capaz de segurar tiros de fuzil e explosivos. Mede 1,8 metros de altura, possibilita atirar de dentro para fora, possui torre com visão de 360 graus e dispara jatos d´água, tinta e gás lacrimogêneo. Objetivo: contenção de motins.
Após a semana em que foi aprovado o texto-base do projeto de Lei 2016/15, que trata do antiterrorismo e inclui manifestações populares como um de seus objetos, já se pode imaginar como o “Guardião” vai ser utilizado. Sua primeira exibição pública, no domingo, só serviu de ilustração.
Marcha do que ? DAS VADIAS! Mas isso é xingamento! Sim… assim como puta, piranha, biscate ou “novinha”. Se as mulheres são seres marcados e oprimidos pela sociedade machista e patriarcal, que elas possam se remarcar e ser o que quiserem ser: bela, recatada, do lar (aff)! Mas também puta, da rua, da luta.
E não é não!
E marcharemos. Marcharemos até que todas sejamos livres.
A Marcha das Vadias surgiu em 2011, depois que o policial – segurança de uma universidade em Toronto, no Canadá, disse “para as vadias se comportarem para não ser atacadas”. Ele se referia à onda de estupros que estava ocorrendo lá. As vadias eram as mulheres vítimas dos ataques. O caso indignou as mulheres, que criaram a Marcha das Vadias para denunciar a Cultura do Estupro. Ela existe, não adianta negar. Assim como o machismo, e precisa ser extinta. A pauta é das mais urgentes.
A cada minuto uma mulher é violentada no Brasil. Os dados são do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) e são assustadores. No mês seguinte ao caso de Toronto, as mulheres no Brasil passaram a marchar também. Em vários países elas marcham contra a Cultura do Estupro.
O ato começou espremido na Praça da Estação, pois o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, alugou a praça pública e assim “ela é privada hoje e não pública”, como disse o funcionário que ajudava na desmontagem da estrutura que havia no local. Na saída da Marcha das Vadias, o batuque do Bloco Bruta Flor e Tambores de Luta foi abafado por um som ligado bem na hora na tal estrutura. Estávamos ali há mais de uma hora e nada de som até ali. Coincidência não?
Mas marchamos.
Marchamos por respeito a vida de todas as mulheres.
Marchamos pelo fim da Cultura do estupro. Pela legalização do aborto. Pela igualdade. Pela maternidade como escolha, e não imposição. Pela vida de todas as mulheres. Marchamos contra o golpe em curso e em repúdio a políticos corruptos, machistas e homofóbicos:”Ei Temer, não sou da sua laia. Fora Cunha, Bolsonaro e Malafaia”.
E marchamos. Denunciamos. Brigamos. Piadas machistas não podem mais ser toleradas. É preciso revidar. Um homem não pode afirmar que uma mulher gosta de “piroca”. Isso é invasão, é desrespeito, é a cultura do estupro no seu sentido mais “desenhado”. E não, você não diz o que a novinha quer, só ela sabe e o querer é dela.
Tinha mulher vestida de todo jeito, e inclusive com pouca roupa. E não era um convite. “Tô de minissaia. Não te devo nada!”. A marcha terminou na Rua Guaicurus, no centro de Belo Horizonte. Local conhecido por abrigar muitas casas de prostituição, havia muitos homens ali, e foi ali que rolou olhares furtivos e piadas machistas. A marcha das vadias também é pelas putas. É por todas as Mulheres.
O domingo (26) na cidade de Campinas teve suas ruas tomada de cores, pessoas, alegria, música e protesto. A 16ª edição da Parada do Orgulho LGBT de Campinas, neste ano, tem como tema “Diga sim à educação e não à transfobia. Intolerância: o vírus mais assassino. Contra qualquer forma de opressão” . O tema, segundo Douglas Holanda, um dos organizadores é um alerta a todo e qualquer tipo de intolerância”.
A luta contra a incompreensão do segmento LGBT sofre no seu dia-a-dia se estendeu aos órgãos públicos. A Polícia Militar e o Ministério Público aconselharam a Prefeitura a não apoiar a Parada por falta de segurança. A Prefeitura também já havia sinalizado a insuficiência de recursos para colaborar com a Parada, assim como vem fazendo há alguns anos. O impasse aconteceu na semana passada, faltando poucos dias para o evento.
Segundo Lúcia Costa, integrante do Aos Brados e da Comissão da Parada LGBT de Campinas: “A Prefeitura nos desrespeitou ao acatar o Ministério Público, não lutou por nós, não pensou em nós. Ela se negou a dar banheiros químicos, segurança para as pessoas se recusando a pagar horas extras para a Guarda Municipal e Saúde. É um retrocesso e desrespeito ao movimento. É um movimento pacífico que leva grande número de pessoas, não há uma agressão. É menos violento que qualquer dérbi. O ato mais agressivo é um travesti retocando seu batom”.
Mesmo com a falta do apoio público, a Organização da Parada se articulou e conseguiu ajuda para que acontecesse a 16ª edição da Parada do Orgulho LGBT de Campinas. Mais de 20 mil pessoas acompanharam os dois trios elétricos, durante o trajeto pelas ruas centrais da cidade com muita animação.
Várias pessoas residentes, na área central, acompanharam a Parada das janelas dos apartamentos, algumas acenavam para os Trios Elétricos, na Avenida Francisco Glicério houve chuva de papel picado vinda dos prédios.
Encerrando o trajeto, a multidão que acompanhava lotou as praças do Largo do Rosário e Guilherme de Almeida (Praça do Fórum).
Este ano a concentração da 16ª edição da Parada foi ao lado do Fórum, na Avenida Dr. Campos Sales. De lá, a multidão subiu a Avenida Francisco Glicério até Dr. Moraes Sales, seguiu até o cruzamento com a Rua Irmã Serafina, continuando pela Avenida Anchieta até a Avenida Benjamin Constant. Ao retornarem à Avenida Francisco Glicério, o grupo seguiu até o Largo do Rosário.
A manifestação transcorreu pacífica até por volta das 20h, quando, segundo relatos a Polícia Militar quis dispersar as pessoas que ainda estavam pelo centro da cidade. A concentração era na Praça Bento Quirino, um local habitualmente frequentado pela comunidade LGBTQ+. Ainda segundo os relatos, a PM usou gás de pimenta, bombas de efeito moral e balas de borrachas para dispersar as pessoas. Algumas pessoas ficaram feridas e foram socorridas por populares durante a ação truculenta da Polícia.
Campinas amanhece com faixas de denúncia contra governo de Jonas Donizette espalhadas pela cidade.
Nesta quinta-feira (30/06), mesmo dia em que a prefeitura inaugura a conclusão das obras da avenida Francisco Glicério, agentes culturais espalharam pela cidade faixas com uma série de críticas à gestão de Jonas Donizette (PSB).
Faixas laranjas foram fixadas em pontilhões e passarelas localizados em pontos de intensa circulação e fluxo de pessoas. A má gestão dos recursos, o atraso de pagamentos, a terceirização de serviços públicos que prejudica o atendimento à população, o descaso em relação à criação do conselho municipal de cultura, cuja lei não foi encaminhada à câmara e está parada há dois anos, e a recente repressão ao movimento LGBT ocorrida no final de semana, foram temas criticados pelas faixas.
Assim como no dia 8 de junho, em que faixas semelhantes foram estendidas das janelas do 15º andar da prefeitura, onde se localiza a Secretaria de Cultura, as faixas espalhadas pelos viadutos e passarelas na manhã de hoje trouxeram como assinatura apenas o termo “#cultura”, e até o momento a autoria não foi assumida por nenhum movimento específico da cidade.