Jornalistas Livres

Danos e donos da noite

É uma noite fresca de sábado, ouve-se o vento batendo nas árvores, pois os carros dormem todos, receosos da peste.

 

A cidade envolve meus passos numa insegurança difícil de compreender, pois milhares de vezes andei nessas ruas; algo invisível vai na sombra sob a luz dos postes e dos seus transeuntes.

 

 

 

Vejo novos objetos na calçada, a máscara, novo detrito a ingressar em nossos entulhos. Ouço cada passo que dou, como se fosse seguido por mim mesmo. Será que todos estão a assistir último capítulo de novela ou campeonato que desconheço, me alerta tal silêncio!

 

Creio que não, há certa mudez no tom do medo dos homens nesse momento.

 

 

O segurança e o garçon trocam ideias entre as mesas vazias, cerram as portas entre moradores de ruas e os motoboys nas farmácias têm o domínio da noite.

No ponto final do ônibus e sua linha, ninguém espera, apenas Marielle, que não se sabe quem mandou matar, espera paciente a redução dos juros, solução que não apruma.

 

 

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