Jornalistas Livres

Categoria: Futebol

  • Gavião não vota em Bolsonaro

    Gavião não vota em Bolsonaro

    Rapaziada é o seguinte… não queria entrar no debate de política, mas o que estou acompanhando nas nossas redes sociais, de Gavião apoiar Bolsonaro, fez eu vir aqui pra passar um papo reto pra vocês… vocês aceitando ou não, eu como presidente dos Gaviões, tenho que passar o que a gente carrega na nossa ideologia dentro desses quase 50 anos de história.

    Você que é associado dos Gaviões sabe da história da sua Torcida? Você sabe que na nossa fundação, em 1969, vivíamos em plena Ditadura Militar? Você sabe que no período da nossa fundação tínhamos como principal objetivo derrubar um ditador dentro do nosso clube? Você sabe que os nossos fundadores sofreram muita opressão por levantar a bandeira em favor da democracia e dos direitos do povo?

    Sei que hoje nos Gaviões da Fiel, uma torcida com mais de 112 mil sócios, tem sócios de diversas classes sociais, da hora, cada um fez por onde pra chegar onde está… só que é o seguinte rapaziada, vocês que apoiam um cara que vai contra todas as nossas ideias e joga no lixo o nosso passado de muitas lutas, por favor, se forem seguir apoiando esse cara, repense sobre sua caminhada dentro da Torcida. Ou seja, se está no Gaviões por interesses pessoais, status, para ostentar apenas uma camisa ou se beneficiar atrás de ingresso e pagar nas redes sociais que faz parte da maior torcida do Brasil, por favor, se retirem. Pode passar lá no Vip e assinar a carta de saída.

    Somos uma torcida que defende os direitos do nosso povo e não podemos deixar que o nosso maior representante seja contra nós e contra tudo aquilo que lutamos.

    Digão – Presidente
    GAVIÕES DA FIEL TORCIDA

  • Futebol e colonização simbólica

    Futebol e colonização simbólica

    Hoje jogam duas seleções europeias, das ex-metrópoles França e Bélgica, contra duas seleções sulamericanas, das ex-colônias Uruguai e Brasil. Será que superamos o colonialismo mental? Por: Liana de Paula, Professora de Sociologia da Unifesp
    Tenho acompanhado a mídia esportiva e, por estar ainda finalizando um pós-doc na Inglaterra, lendo/vendo bastante coisa publicada por jornalistas ingleses e franceses. E me chama a atenção a cuidadosa construção de heróis e anti-heróis da Copa e sua relação com uma reiteração de lugares simbólicos de colonizados e colonizadores.
    Primeiramente, campeonato de futebol não é uma academia de boas maneiras em que só os moralmente louváveis ganham o presente do Papai Noel (aquele senhor moralista) de levarem a taça por serem ‘bons meninos’. Assim fosse, nem precisa de campeonato. Uruguai seria campeão desta Copa.
    Mas, evidentemente, a mídia esportiva inglesa – e francesa – não está a tecer loas para a equipe uruguaia por sua moral. O negócio é valorizar o produto europeu.
    E, assim, a mídia esportiva inglesa apresenta Harry Kane como um dos grandes heróis: ele é o moço branco, inglês e londrino (um feito de fato, considerando a quantidade de imigrantes em Londres), ele é pai de família (segundo filho nasceu ou nascendo), e ele é o capitão do time. Percebem a associação simbólica? A mídia esportiva inglesa joga o tempo todo com essa imagem do craque inglês bom moço.
    Já Lukaku e Mbappé são figuras heroicas menos óbvias e bem mais complexas por serem negros, de famílias vindas de ex-colônias africanas e pela delicada construção de identidade que representam. Mas a mídia esportiva inglesa e francesa os simplifica brutalmente e tenta apresentá-los como a possibilidade de redenção das ex-metrópoles, como se o drama da colonização pudesse ser resolvido a partir do bom desempenho deles nos gramados. Lukaku sabe disso, e já declarou que, quando joga bem, é belga, quando joga mal, é belga de origem congolesa.
    Enfim, não podemos ter uma vida maniqueísta sem anti-herói e o escolhido do momento é o brasileiro Neymar. Neymar é pintado, na mídia esportiva inglesa e francesa, como o símbolo do ‘selvagem’ que justifica a colonização. É o colonizado mau caráter que simula sua dor, que tenta enganar para levar vantagem.
    E assim, em pleno século XXI, temos recolocado em um campeonato de futebol toda a força da ideologia colonial, que quer impor a primazia do europeu dentro e fora do campo. Se o Brasil ganhar, sua vitória será diminuida pela construção de uma imagem colonizadora do mito do mau-Neymar.

    PS: Neymar não é santo, longe disso. Kane, Lukaku e Mbappé também não são. E nenhum deles está ali buscando a beatificação. Minha crítica volta-se para a mídia esportiva, e seus moralismos coloniais.

    PPS: Por tudo isso, achei ainda mais vergonhosa a fala do Osorio, técnico do México, reiterando para a mídia esportiva internacional que Neymar é um mau exemplo para as crianças. Juan Carlos Osorio foi o colonizado útil/subserviente nessa fala.
  • CURIOSIDADES DA RÚSSIA: as Cidades-Herói

    CURIOSIDADES DA RÚSSIA: as Cidades-Herói

    Da Gazeta Laika

    Das 11 cidades que são sedes da Copa do Mundo na Rússia, três possuem o título de “Cidade-Herói”; Moscou, Leningrado (São Petersburgo) e Stalingrado (Volgogrado). Essa honraria soviética foi concedida para as cidades que foram símbolos da resistência ao nazismo durante a Grande Guerra Patriótica (como os russos denominam a Segunda Guerra Mundial).

    Nos muros do Kremlin, em Moscou, cada uma dessas cidades, que totalizam 12, são representadas por um bloco de mármore, com uma estrela e o nome da cidade, onde todos os dias é possível ver flores que são depositadas por aqueles
    que passam por lá.

    As três cidades-heróis que são sedes do mundial foram palcos das batalhas mais importantes da Guerra. Em Stalingrado ocorreu a grande virada soviética sobre os nazistas. Em Moscou, as tropas alemãs pararam em 1941, sem conseguir invadir e prosseguir. Já em Leningrado, a história foi ainda mais dramática, se é que é possível. A cidade foi vítima de um cerco nazista que durou cerca de 900 dias, que deixou mais de 1 milhão de civis mortos.

    Mesmo com a fome avassaladora, o frio rigoroso e os bombardeios diários, os soviéticos não se renderam e os soldados nazistas nunca pisaram em Leningrado – a não ser como prisioneiros de guerra. Foi o cerco mais longo da história.

    Amanhã, a Rússia enfrenta a Espanha pelas oitavas de final, na cidade-herói de Moscou. Será que os russos vencem essa batalha?

    Foto: soviéticos em rua de Leningrado durante o cerco destruidor

  • CURIOSIDADES DA RÚSSIA: a dança dos Cossacos

    CURIOSIDADES DA RÚSSIA: a dança dos Cossacos

    Da Gazeta Laika

    “Ontem sonhei que estava em Moscou, dançado pagode russo na boate Cossacou”. Ontem não teve pagode, mas teve vitória brasileira em Moscou. Ao vencer a Sérvia por 2×0, o Brasil se classificou para as oitavas de final, para o alívio da torcida.

    Agora, vocês sabiam que o “Pagode Russo”, famoso forró de Luiz Gonzaga, não é apenas uma divagação do nosso compositor nordestino? A comparação que ele faz entre o frevo e a dança dos cossacos “naquele cai ou não cai”, vem sendo estudada por historiadores que apontam que a origem do ritmo pernambucano pode ter relação direta com os cossacos.

    Os “Kosak”, que vem do turco “homem livre”, foi um dos povos fundadores da Rússia. Eles formavam tribos nômades de camponeses que não queriam se submeter a servidão. Durante a história eles se fixaram no sudoeste do país, onde hoje é a Ucrânia, também nos montes Urais e na Sibéria. Durante o Czarismo eles se transformaram em regimentos de soldados a comando do rei. Tanto é que em 1917, após a revolução, eles lutaram no Exército Branco para manter a monarquia. Depois que o Exército Vermelho venceu a guerra civil, muitos cossacos foram mortos ou fugiram do país. Alguns deles chegaram ao Brasil.

    Estudos apontam que a origem do frevo, pode estar relacionado ao contato que alguns pernambucanos tiveram aos navios cossacos que atracavam nos portos de lá. A famosa dança malabarística dos cossacos pode ter inspirado os dançarinos do Nordeste a criar a dança, que combina passos de capoeira, ballet e também, a dança dos cossacos.

     

  • CURIOSIDADES DA RÚSSIA: o metrô de Moscou

    CURIOSIDADES DA RÚSSIA: o metrô de Moscou

    Da Gazeta Laika

    O vídeo da torcida do Brasil que viralizou nas redes mostra os brasileiros cantando em uma estação de metrô em Moscou. O vídeo chama a atenção não apenas pela empolgação e os novos cantos da torcida brasileira, mas também pela beleza da estação moscovita, que não passa despercebida.

    Com 80 anos de existência, o metrô de Moscou é considerado um dos mais bonitos e eficientes do mundo. É responsável pelo deslocamento diário de 9,2 milhões de pessoas e a rede metroviária contempla praticamente toda a cidade, com 12 linhas e 196 estações. São 327,5 km de extensão dos trilhos, quatro vezes maior do que o de São Paulo. A rede também é muito eficiente e o tempo médio de espera para um trem é de 90 segundos, diminuindo para 60 nos horários de pico. Mesmo com muitos trens antigos da década de 60/70, as linhas não deixam de ser modernas, disponibilizando, por exemplo, Wi-Fi grátis para os passageiros.

    Além da eficiência, o metrô é conhecido como o “palácio do povo” e suas estações são extremamente bonitas e luxuosas. Parte dos projetos do primeiro plano quinquenal de Stalin, o metrô começou a ser construído em dezembro de 1931, com o intuito de ser a vitrine das conquistas do socialismo, dos trabalhadores e dos camponeses. Por isso foi pedido aos arquitetos que projetassem estações extravagantes, grandiosas que apontassem para o futuro radiante da nação. Por isso as estações contam com mosaicos, afrescos, pinturas e esculturas que enfeitam esse mundo subterrâneo, retratando a temática heróica da revolução de outubro, a defesa da pátria e o estilo de vida soviética.

    As estações de metrô foram usadas como abrigo durante a Segunda Guerra Mundial e já foram construídas pensando em ser, em caso de necessidade, abrigo anti-bombas. É por isso que elas são extremamente profundas, com escadas rolantes que parecem que não vão acabar jamais.

    Estação Taganskaya
  • CURIOSIDADES DA RÚSSIA: a Revolução Russa

    CURIOSIDADES DA RÚSSIA: a Revolução Russa

    Da Gazeta Laika

    Hoje, Argentina e Nigéria jogam pela classificação para as oitavas de final no estádio Krestovsky, em São Petersburgo. A cidade, além de ter sido o lar da monarquia russa, foi epicentro de um dos eventos mais importantes do século XX, se não o mais: a primeira revolução de caráter socialista da história.

    A capital russa da época, que em 1917 se chamava Petrogrado, foi o palco das duas revoluções que mudaram a curso da história da Rússia e do mundo: a revolução de fevereiro e a de outubro.

    Em fevereiro de 1917, ocorreu a primeira fase da revolução russa, que resultou na abdicação do czar Nicolau II. A origem da revolução, foi a revolta popular contra os abusos autocráticos do czar, a insatisfação com a participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial, a fome e as injustiças cometidas pelo sanguinário Nicolau II.

    Já a revolução de outubro teve como objetivo a mudança do caráter da revolução de fevereiro, que foi republicana, liberal e acabou sendo, de certa forma, cooptada pela burguesia. Lenin, ao voltar para a Rússia depois do exílio na Finlândia, logo após sair de seu trem, proclamou às massas: “todo poder aos sovietes”.

    Essa palavra de ordem, juntamente com o programa de “paz, pão e terra”, levaram os bolcheviques (partido revolucionário comunista), a se organizarem para tomar o poder, liderados por Vladmir Lenin e Leon Trotsky.

    No dia 7 de novembro de 1917, os bolcheviques finalmente tomam o palácio de inverno (centro de poder russo) e acabam com o governo provisório, que estava no poder desde a revolução de fevereiro. A tomada do palácio foi pacífica, com poucos tiros e a rendição quase sem luta dos membros do governo provisório.

    Em 1924, após a criação da União das Republicas Socialistas Soviéticas em 1922, Petrogrado passou a se chamar Leningrado, em homenagem ao grande líder da revolução.

    Hoje, a seleção argentina vai ter que fazer uma verdadeira revolução no seu estilo de jogo para conseguir avançar às oitavas de final. A pátria onde nasceu Che Guevara vai ter que mostrar que é guerreira. Quem sabe Leningrado os inspire. Vamos ver o que dá.