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Categoria: Diário da Alesp

  • Assembleia Legislativa de São Paulo vira “Casa da Vovó”

    Assembleia Legislativa de São Paulo vira “Casa da Vovó”

    No dia 8 de abril de 2019, no auditório Paulo Kobayashi, na Assembleia Legislativa de São Paulo, onde, a pretexto de se fazer apresentar um visão revisional da história do Brasil, dos 21 anos que duraram a ditadura militar, foi passado um filme, de origem praticamente desconhecida, promovido por alguns deputados da casa, e como comentaristas, nada mais nada menos do que cabo Anselmo, o delegado Carlos Augusto Fleury filho de Sérgio Paranhos Fleury e outras personalidades.

    Pode parecer incrível que depois de tudo que se esperava que ocorresse nos quartéis a pedido do Presidente da República _que houvesse a comemoração do golpe, que gerou uma reação em cadeia sem precedentes em todo Brasil, inclusive com um ato de São Paulo com mais de dez mil pessoas, a comemoração viesse a ocorrer em plena Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Atrás do quartel do 2º Exército e diante do Parque do Ibirapuera em São Paulo, do monumento aos Mortos e Desaparecidos, onde houve encerrou a 1ª Caminhada do Silêncio, naquele domingo 31 de março de 2019.

     

    CAMINHADA DO SILÊNCIO 31.04.2019, São Paulo Parque do Ibirapuera

     

    Transmissão  realizada na caminhada

     

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/782859415444904/

     

     

    Galeria de fotos da caminhada

     

     

     

    O filme

    O filme, é evidentemente muito mal feito. É uma história que tenta ser o reverso do filme de 2013 do cineasta Camilo Tavares. Camilo Tavares e seu pai, Flávio Tavares, um grande jornalista brasileiro, produziram um roteiro, um livro e um filme chamados “O Dia Que Durou 21 Anos”, que é um documento básico da narrativa do golpe, das entranhas das negociações entre os militares e o Governo Americano.

    Link da versão que foi retransmitida pelo Canal Brasil em forma de série.

    Link para assistir (pago) o filme “O Dia que durou 21 anos” em alta resolução no youtube.

    O filme que passou na Assembleia Legislativa tenta ser uma contranarrativa ao do “O Dia Que Durou 21 Anos” na visão dos torturadores. E eles foram tão audaciosos, que trouxeram os próprios torturadores para comentar. Trouxeram nada mais nada menos do que cabo Anselmo.

    Quem é cabo Anselmo? Cabo Anselmo era um sargento da Marinha Brasileira, líder da Revolta dos Marinheiros, no rio de janeiro, em 25 de março de 1964, que  evidenciou a polarização existente no interior das forças armadas em torno do apoio ao presidente João Goulart. A revolta é considerada o estopim que levou ao golpe de 1964. Descobriu-se, depois que ele era um infiltrado, um agente duplo, e também que ele foi responsável pela morte da sua companheira Soledad Barrett Viedma, em Pernambuco. Este episódio é chamado de massacre da chácara São Bento, onde ela, grávida dele e mais seis pessoas morreram assassinadas.  Ela foi assassinada pelas mãos dele. Ele levou os delegados de São Paulo, incluindo o delegado Fleury, numa diligência pra fazer execução das seis pessoas, inclusive a sua companheira.

    Então, na realidade, não é a simples iniciativa de alguns deputados, de alguns policiais, não; é a casa de leis, é a Assembleia Legislativa mais importante do País que teve suas relações aviltadas. É evidente que a direção da casa não sabia, não tinha noção do que poderia acontecer, nem da repercussão nacional que está tendo essa atividade. No Brasil inteiro se fala desse ocorrido.

    Última vez que o cabo Anselmo apareceu em público foi no programa Roda Viva, fartamente anunciado, onde ele foi questionado sobre toda delação. Imaginem vocês, que o cabo Anselmo, tinha um companheiro de farda, da Marinha, Edgar de Aquino Duarte, cujo único crime era de ser amigo de cabo Anselmo. Tanto que quando cabo Anselmo veio do exterior, ele ficou protegido, guardado no apartamento de Edgar De Aquino Duarte, e por esse fato, ele foi condenado à morte, e permanece desaparecido até hoje.

    Não param por aí… Tinha uma plateia no auditório Paulo Kobayashi, cerca de 90 pessoas, que aplaudiam e riam. Porque, imaginem os senhores, os dois homenageados ao fim no suposto debate, foram o delegado Sérgio Paranhos Fleury e ao General Comandante da repressão em todo Brasil, Carlos Alberto Brilhante Ustra.

    Foi um ato “Ustra Vive, Fleury Vive”, carregado de todas as piadinhas, todas as ironias. Toda cerimônia está preservada no link da TV Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, TV ALESP. A sessão completa pode ser assistida NESTE LINK na Tv Alesp.

     

    A Casa Da Vovó

    Um dos testemunhos mais notáveis presentes foi o jornalista Marcelo Godoy, um dos jornalistas mais especializados no assunto, que escreveu o livro “A Casa da Vovó – Uma biografia do DOI-Codi””, pela editora Alameda Casa Editorial que explica como detalhes como funcionava a casa da morte na rua Tutóia com a Tomás Carvalhal, na Vila Mariana, conhecida como DOI-CODI, uma delegacia que existe até hoje e foi o maior centro de tortura do País.

    Ná época do lançamento do livro “A Casa da Vovó – Uma biografia do DOI-Codi”, de Marcelo Godoy, em 2014, no mesmo auditório Paulo Kobayashi, o delegado aposentado Carlos Alberto Augusto, que responde pelo nome Carteira Preta, vestido de smoking e capacete militar interrompeu o debate, tentou constranger pessoas da plateia que foram vítimas de torturas, e teve que ouvir de Marcelo Godoy a pergunta: “ O senhor precisa contar o que o Sr. fez?”.  Assista a sessão completa neste link, a discussão começa a partir do minuto 57’.

    No dia 08 de Abril na fatídica sessão, o mesmo sr. Carteira Preta foi chamado a dar participar do debate e homenagear o delegado Sérgio Paranhos Fleury. Assista o vídeo que mostra alguns trechos.

     

     

    E agora? Surge uma pergunta:

    Como é que a sociedade do Brasil Civil, paulista, brasileira, o ministério público, a defensoria pública, todos os ministérios, o poder judiciário, a OAB, como é que todas essas organizações vão ou poderão se posicionar diante de tal desrespeito?

    Porque o que houve lá foi uma comemoração risonha, irônica, dos acontecimentos de toda uma cadeia, de mortes, perseguição, e dos crimes cometidos ao longo desses 21 anos contra o povo brasileiro.

    E será que vai haver algum procedimento interno investigativo? Algum pedido de informações a respeito do que ocorreu lá ontem?

    Por incitar a violência e tortura, e crimes contra a humanidade os deputados organizadores do evento cometeram uma falta grave, que segundo o  Artigo 5°, inciso 1º e artigo 7º inciso 4º do Regimento Interno permite abertura de processo investigativo na Comissão de Ética da Assembleia Legislativa, conforme é descrito no código de Ética da casa em seu artigo 16, parágrafo 1º.

    É bom lembrar que em 2013 foi montado um acampamento no fundo da Assembleia Legislativa, de frente pro quartel, exigindo a intervenção militar no Brasil, que durou cerca de dois anos, e esse acampamento foi organizado pelos mesmos rebatedores que estavam na mesa ontem, fazendo comentário do filme.

    Essa publicação dos Jornalistas Livres, ela tem por objetivo não só discutir o passado do golpe militar, que durou de 1964 a 1985, como discutir o momento atual em que as pessoas que participaram do golpe hoje reivindicam a implantação do novo regime militar no Brasil _a chamada intervenção militar.

     

    Não é só um raciocínio do passado!

    Lógico que esse processo revisional é além de ser uma das coisas mais cruéis, é também das mais perigosas que estão acontecendo no Brasil. Por que a narrativa é de que o nazismo foi uma política de esquerda, e que as ditaduras são apenas de esquerda. Nesta linha de pensamento que esses defensores da tortura e da Ditadura Militar, alegam que era uma guerra, e isso que o filme tenta alegar com supostos documentos secretos.

    Na medida que o Presidente da República ao visitar o museu de Israel, manifesta que ficou de tal forma perplexo com as atrocidades que ele viu no Museu do Holocausto, e que só lhe restou uma frase brutal, dizendo que todos aqueles crimes tinham sido cometidos pela esquerda alemã, e pela esquerda do mundo. Conveniente né?

    As atrocidade cometidas nos campos de concentração, segundo ele, teriam sido cometidos pelos partidos de esquerda da Alemanha e da Europa. Será que ele entrou no mesmo museu? Para se defender da narrativa, e da visão da brutalidade foi tão grande, tão grande, ele então, de uma forma ingênua e patética diz: Isso só pode ter sido coisa da esquerda. Neste episódio, foi que ele plantou uma árvore nos jardins do museu e várias organizações de direitos humanos de Israel querem que essa árvore por ele plantada seja imediatamente retirada.

    E até aqui no Brasil, na semana do dia 31 de março, às forças armadas, os militares pediam muito comedimento, pouco exibicionismo e uma linha de ordem do dia, uma coisa interna da ordem do dia dos militares. Contra o pedido do Presidente, de comemorar esta data.

    No dia 8 de abril, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, teve um ato ostensivo da apologia à tortura, à morte e ao desaparecimento político.

    Os deputados que constituem a assembleia, a maioria, posso dizer mais que 90%, são autênticos democratas, pessoas de tradições de luta, da resistência, gente da melhor qualidade, que construíram a democracia no Brasil.

    Não se pode, numa atitude irresponsável, acusar a casa, a instituição, o parlamento estadual, porque eles foram atingidos pelas costas por esse ato brutal. É necessário que a sociedade saiba dividir o joio do trigo, não tem nada a ver com uma atividade proposta pela Assembleia; foi esse nicho que representa o pensamento dos torturadores que promoveu essa irresponsabilidade.

    Isso não quer dizer que esses fatos não devam ser averiguados, investigados. As sessões são todas gravadas em vídeo. Tem as sessões em áudio, as notas taquigráficas, isso é necessário até que a sociedade civil tenha subsídio para apoiar as investigações.

    Porque essa nova extrema direita vem duma forma tão avassaladora contra as instituições, querendo pôr todo mundo na defensiva, então é dever da sociedade civil apoiar os deputados democratas que constituem as bancadas dos diferentes partidos para que possam enfrentar essa verdadeira provocação, esse verdadeiro acinte, essa verdadeira mácula, que vai nos anais da Assembleia Legislativa.

    Mas que também nos sirva de alerta para que a gente saiba exatamente do que eles são capazes de fazer, quem comemora, quem faz apologia das torturas e dos assassinatos de 50 anos atrás, propondo ou criando um campo permissivo para que as mesmas atitudes sejam repetidas, as chacinas, os esquadrões da morte, as milícias, os assassinatos da juventude negra, a perseguição indiscriminada às populações mais pobres e àqueles que discordam politicamente.

    Dá medo, porque medo é uma coisa normal do ser humano, todo ser humano tem que ter medo. Tem que ter medo, mas tem que ter coragem; medo com coragem pra enfrentar, para que nunca mais aconteça, para que não se repita; os fatos que ocorreram no passado serem evitados no presente. Democracia já!

     

    Alguns fatos a destacar :

    Os deputados Douglas Garcia (PSL) e Carlos Alberto Castelo Branco (PSL), foram os responsáveis pelo evento. É importante lembrar, que o primeiro é o criador do grupo, porão do DOPS, conhecido por sua incontinência verbal, que, ao ameaçar uma deputada semana passada, teve que recuar ridiculamente, pedindo socorro ao líder da sua bancada, tal o vexame que ia passar a público. Este cidadão, com ironia e novamente falta de decoro, sugere a criação da comemoração da data, como assim fez o seu Presidente.

    O segundo, que tem o nome de um certo Marechal seu tio avô, devia se preocupar em saber como é que seu avô foi morto e como a sua aeronave foi derrubada em Fortaleza de uma forma inexplicável. Em sua fala, na mesma sessão ele repete algumas vezes, as verdade que o abjeto filme não revelou, “tem muita coisa por traz que não está aí” diz o deputado Carlos Alberto Castelo Branco.

     


    Adriano Diogo foi Deputado Estadual pelo PT de São Paulo em três mandatos. De 2012 a 2015 criou a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo, Marcelo Rubens Paiva. Muitas das sessões da comissão aconteciam no Auditório Paulo Kobayashi, na Assembleia Legislativa. Todas as sessões podem ser acessadas nos links do canal, e contribuíram para elucidação de muitas das atrocidades cometidas por agentes do Estado de São Paulo.

    Além das audiências onde vítimas e familiares puderam dar seus depoimentos todo o processo está acessível para consulta no Relatório Final da Comissão, que produziu também importantes documentos e pode ser baixado.

     

     

     

     

  • DEPUTADO TRANSFÓBICO DO PARTIDO DE BOLSONARO ASSUME SER GAY PRA ESCAPAR DE DEDURAGEM NAS REDES!

    DEPUTADO TRANSFÓBICO DO PARTIDO DE BOLSONARO ASSUME SER GAY PRA ESCAPAR DE DEDURAGEM NAS REDES!

    Depois de ofender e ameaçar a deputada Erica Malunguinho, mulher trans do PSOL, o deputado Douglas Garcia, do PSL, o mesmo partido de Jair Bolsonaro, assumiu-se gay em plena sessão desta sexta à tarde, na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

    Na quarta-feira, Douglas Garcia dirigiu-se a Erica Malunguinho, dizendo-lhe:

    “Se acaso dentro do banheiro de mulher que a minha irmã ou a minha mãe estiver utilizando um homem que se sente mulher […] entrar no banheiro eu não estou nem aí, eu vou tirar primeiro no tapa e depois chamo a polícia”

    Não foi a primeira derrapada grave de Douglas, que vinha se notabilizando por comportamento agressivo e abusado. No dia 21 de março, o mesmo deputado chamou os professores de “vagabundos” por protestarem contra a Reforma da Previdência nas ruas.

    Na sessão desta sexta, a homossexualidade de Douglas foi apresentada por sua colega de bancada, Janaína Paschoal, a quem ele cedeu seu tempo de fala para que ela o “defendesse”. Em apartes, Douglas afirmou que sempre foi uma pessoa muito bem “resolvida” com sua homossexualidade, que nunca quis fazer dessa condição uma bandeira, mas que temeu que se concretizassem “ameaças” de que, nas redes sociais, sua condição fosse revelada à revelia.

    Importante salientar e explicar para o mais novo membro da bancada LGBT, Douglas Garcia, que ninguém deixa de ser transfóbico apenas porque se assumiu como gay. Há muitos gays e lésbicas transfóbicos, e a luta contra a discriminação dentro da própria esfera LGBT é permanente.

    Douglas Garcia disse que continua sendo adepto da Escola sem Partido e disse que o PSL de Bolsonaro está acolhendo-o muito bem.

    Só para entender, Jornalistas Livres querem já de antemão, dirigir a ele cinco perguntas básicas:

    1. O que o senhor acha da frase do presidente Bolsonaro, que disse preferir um filho morto em um acidente de carro a um filho que apareça com outro homem?

    2. O senhor já foi vítima de bullying?

    3. O senhor já tentou fazer a cura gay?

    4. O senhor acha que existe cura gay?

    5. O que o senhor acha das propostas da ministra Damaris que prevêem que meninos sejam educados como guerreiros e as meninas, como princesas?

    No mais, toda a felicidade do mundo para mais esse homossexual que sai do armário montado pela repressão, pelo machismo e pela discriminação defendidas pelo presidente Jair Bolsonaro!

    Viva a liberdade de ser quem se é!

  • Assista a coletiva de imprensa com Érica Malunguinho, deputada do PSOL, vítima de transfobia na Assembleia Legislativa de SP

    Assista a coletiva de imprensa com Érica Malunguinho, deputada do PSOL, vítima de transfobia na Assembleia Legislativa de SP

    Veja fotos e assista aqui a coletiva de imprensa com a primeira deputada trans eleita na Assembleia Legislativa de SP, Érica Malunguinho, vítima de TRANSFOBIA ontem na Casa, praticada pelo deputado TRANSFóBICO Douglas Garcia (PSL), na tarde da quarta (3/4), durante sessão plenária.

    A Professora Bebel, deputada do PT aproveitou para denunciar outras atitudes violentas do parlamentar na Alesp: “No dia 21 de março, na Alesp, Douglas Garcia (PSL) chamou os professores de vagabundos por protestarem contra a Reforma da Previdência nas ruas. Indignada, fui ao microfone do plenário. A agressão de ontem com a Érica foi novamente lamentável, não podemos naturalizar nenhum comportamento violento desse parlamentar. Caso contrário, o que será de nós, mulheres, bissexuais, trans, seremos tiradas a tapa de tudo?”

    O Deputado Barba, líder da banacda petista na Casa, também denunciou outras atitudes preconceituosas de Douglas, o transfóbico: “Érica sofre preconceito em dobro por ser negra e trans. Rejeitamos a postura do deputado Douglas Garcia (PSL) que prega a violência. Se aqui nessa Casa, que é o 2o maior Parlamento do país, o parlamentar tem essa postura, imagina lá fora! e completou: “Não precisamos ir longe pra analisar a gravidade dessa situacão, é só olhar os dados de violência contra as mulheres no Brasil. A violência que Douglas Garcia (PSL) fez contra Érica Malunguinho (PSOL) é a mesmo que ele praticou contra a deputada Isa Penna (PSOL) na semana passada, quando disse que feminismo é uma doença que faz mulheres terem raiva de homens. Não vamos aceitar esse comportamento e a bancada do PT com o PSOL vai estar sempre na luta por esta causa.”

    Entenda no vídeo ao vivo, quais medidas práticas serão tomadas pelo PSOL, PT e PC do B contra esse crime e compartilhe essa notícia, para que de deputado transfóbico e machista, Douglas Garcia (PSL) violências pense melhor antes de voltar a praticar esse tipo de violência.

    Assista aqui a coletiva de imprensa:

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/780067899060360/

  • “TIRAR PESSOAS TRANS DO BANHEIRO A TAPAS”, É O QUE DEPUTADO DOUGLAS GARCIA, DO PARTIDO DE BOLSONARO, DIZ QUE VAI FAZER

    “TIRAR PESSOAS TRANS DO BANHEIRO A TAPAS”, É O QUE DEPUTADO DOUGLAS GARCIA, DO PARTIDO DE BOLSONARO, DIZ QUE VAI FAZER

    Um crime de ódio, transfobia pura, gerou indignação agora no plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo, quando o deputado Douglas Garcia, do PSL, disse à primeira deputada transexual eleita na Casa, Érica Malunguinho, do PSOL, que “se um homem que se acha mulher entrar no banheiro em que estiver minha mãe ou minha irmã, tiro de lá a tapa e depois chamo a polícia”.

    Os deputados do partido de Bolsonaro, o PSL, continuadamente vêm desviando o foco de importantes discussões estaduais para defender ditadura militar, fascismo e nazismo. Hoje, essas palavras de ódio e incitando violência, dirigidas não só à Érica, mas a todos transexuais, configuraram o primeiro discurso transfóbico no parlamento paulista.

    O PSOL aponta quebra decoro parlamentar de Douglas Garcia, quer cassação do mandato do deputado e vai mover uma representação contra ele no Conselho de Ética, assim como a bancada do PT, que na mesma hora tomaram decisão da representação.

    As deputadas do PT, PSOL e PCdoB foram solidárias e abraçaram Érica no fim da fala de Douglas.

    ÉRICA DEFENDE A PARTICIPAÇÃO DE PESSOAS TRANS NAS COMPETIÇÕES ESPORTIVAS

    Além de transfóbico, Douglas Garcia é o fundador do bloco Porão do DOPS. O jovem está em seu primeiro mandato como deputado estadual pelo PSL

    Antes de ser alvo do discurso transfóbico do deputado Douglas Garcia, a deputada Érica Malunguinho ocupava a tribuna no plenário esclarecendo que o Comitê Olímpico Internacional (COI) permite que mulheres transexuais participem de competição esportiva, na modalidade feminina, depois de passar por tratamentos hormonais que equiparam suas condições fisiológicas, permitindo com que a competição ocorra de forma equiparada.

    O que desencadeou as discussões foi o PL 346/19 do deputado Altair Morais (PRB), que “estabelece o sexo biológico como o único critério para definição do gênero de competidores em partidas esportivas oficiais no Estado”. Um PL preconceituoso, que ignora as formas já existentes de inclusão de transexuais no esporte.

    SEM DESCULPAS PARA O ÓDIO, PARA A TRANSFOBIA

    Janaína Paschoal, do PSL, concordou que o colega de partido foi desrespeitoso e “se exacerbou”, e disse que o partido e ele vão conversar. Érica rebateu a deputada, explicando que o discurso de ódio de Douglas reflete o discurso e ações de ódio que geram mortes de homossexuais e transexuais diariamente no país.

    Vamos exibir aqui o próximo vídeo em instantes, fique ligado! Agora veja a lição que Érica Malunguinho deu em Douglas garcia, ao vivo pela TV. Nós estávamos no ato e filmamos a ação da parlamentar.

    Assista aqui o vídeo:

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/2204488049596811/?epa=SEARCH_BOX

     

  • O fim da Comissão de Constituição, Justiça e Redação na Alesp

    O fim da Comissão de Constituição, Justiça e Redação na Alesp

    Janaina Paschoal (PSL) fez levantamento dos mais de cinco mil projetos que tramitam na Assembleia Legislativa e concluiu que muitos deles não contem correção técnica e formal. Propõe liquidá-los no plenário e reiniciar do zero, seja lá o que signifique isso para a deputada.

    O assunto continuou durante a sessão de 28/3 e o líder do governo, Carlão Pignatari (PSDB), concordou com a observação. Propôs inclusive que os procuradores da Alesp, que são, segundo ele, muito competentes, formem com os deputados “uma pequena comissão, com uns três deputados”, e passem um pente fino nos projetos em tramitação no parlamento paulista e, em especial, nos vetos. O presidente da Assembleia, Cauê Macris, do PSDB, achou boa a ideia.

    O parlamento é espaço de disputa. E projetos de lei, mais do que proposta de ordenamento legal, podem ser instrumentos para essa disputa. Por isso, não pela primeira vez, são lançadas propostas de controle sobre essa prerrogativa parlamentar.

  • Uma outra Alesp é possível?

    Uma outra Alesp é possível?

    A Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), vive um dos momentos mais intensos da disputa política de sua história. Leia mais sobre isso AQUI. Que tem características muito específicas como você vai poder acompanhar na série #DiárioDaAlesp, que os Jornalistas Livres está desenvolvendo.

    A começar pelo dia da posse, sexta-feira 15.03, que foi marcado por momentos históricos como a simbólica “Reintegração de Posse” feita pela Deputada Erika Malunguinho (PSOL), que seguiu em cortejo acompanhada por integrantes do Bloco Afro afirmativo Ilú Inã até a entrada do palácio Nove de Julho.

    “Reintegração de posse é dar continuidade histórica a passos que vêm de longe, de uma coletividade que precisa adentrar o espaços de poder da política institucional. Que pensa que tudo está aí construído é nosso e nos foi retirado. Não aceitaremos mais mediadores ou intervencionistas que falem por nós. A história – como diria Lélia Gonzalez – será escrita em primeira pessoa!”

     

     

     

     

     

    ASSISTA UM DOS VÍDEOS DA COBERTURA da REINTEGRAÇÃO DE POSSE 

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/2313248222293534/

     

     

    Para ilustrar melhor o contraste do cenário, é importante descrever que o auditório da casa do povo, foi impedido para o próprio. Na posse oficial apenas familiares e poucos convidados dos próprios deputados puderam entrar. Do lado de fora o clima foi ficando tenso, assista o vídeo com as provocações feita pelos militantes do PSL aos militantes dos outros partidos.

     

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/277361529856292/

     

     

    Uma lembrança sobre como o pode ser o ritmo que vai nortear as ações desta legislatura, foi durante a diplomação dos deputados eleitos em que o co deputado Jesus dos Santos da Bancada Ativista sofreu violência por parte dos seguranças e quase foi detido por se manifestar durante a diplomação. ASSISTA O VÍDEO.

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/2415388251808832/

     

     

    Um outro tipo de posse

    No mesmo dia (sexta-feira 15 de março de 2019), às 20hs aconteceu a Posse Popular da Bancada Ativista no espaço  Cia. Do Faroeste, na rua do Triunfo, centro de São Paulo.

    Imagem da Posse Popular da Bancada Ativista. Por Joana Brasileiro | Jornalistas Livres

    A bancada Ativista do PSOL e Rede, propõe uma mandata(*) coletiva, representado nominalmente por Mônica Seixas do Psol, mas com mais 8 co deputadas(os), cada qual representando uma importante frente de luta e de pautas.

    (*) Na política tradicional só existe a definição mandatO, por isso mudança do nome para reforçar a importância do protagonismo feminino.

    A “verdadeira posse” da Bancada Ativista, começou com um ritual para abençoar a mandata, com a presença de líderes religiosos de matriz africana e indígena, Ya Omin Efun Lade e o Pajé Marcelino Tibes Karai Tenonde fizeram um ritual para abertura dos caminhos.

    Ao fundo do palco, um cartaz com a imagem de Marielle Franco, olhando para céu, fazia o cenário parecer mesmo um altar em sua homenagem. Cada co deputada(o) foi empossada(o) por lideranças militantes relacionadas as pautas que cada um especificamente defende e representa.  

    Essa lideranças falaram sobre as pautas, e a sua importância, antes de chamar a (o) co deputada (o), mais ligado a elas. Esse foi um ritual simbólico para demonstrar a dimensão do compromisso da Bancada Ativista com as bases que fortaleceram a eleição e construção das proposta da mandata.

    Claudia Visoni foi empossada por André Biazoti, militante do movimento urbano de Agroecologia. Lita Mairá e sua companheira Pagú representando o movimento de mães  na política, lembraram as manifestações por um ano da morte de Marielle e a dor das mães do massacre de Suzano.

    Naiara da Rede Emancipa que é um movimento de educação popular  e Luana do Juntas, coletivo feminista, falou sobre a luta jovem feminista e empossaram a co deputada Monica Seixas. Denis de Oliveira do Rede Quilombação do movimento negro, empossou o Jesus dos Santos.

    A co deputada Robeyoncé Lima, da bancada das Juntas, mandata popular estadual de Pernambuco falou da importância desta resistência coletiva, “em um momento de tanto conservadorismo” e na luta pelos direitos dos LGBTQIs e comemorou a presença inédita das travestis nos espaços de poder, empossou Erika Hilton.

    Thais Barral, que é doula e representante do movimento dos direitos do parto humanizado empossou Raquel Marques. Marcia Cris e Adriana Paiva, professoras e militantes do Afro veganismo empossaram Paula Aparecida.

    Sonia Guadalajara, vice-presidente do Psol Nacional, empossou a co deputada Chirley Pankará, representante das defesa das populações indígenas. Sonia, também falou da importância da iniciativa que ela chamou de Revolucionária.

    Ruivo do Movimento Perifatividade e do Movimento Cultural das Periferias, e Alex Barcelos da Agência Solano Trindade, empossaram Fábio Ferrarri.

    O projeto político da Bancada Ativista  compreende que exista a participação desses militantes, lideranças e co participantes interessados no mandato coletivo, seja na articulação das bases, seja como um conselho norteador da Bancada Ativista.

    Veja o vídeo da transmissão da festa que foi feito na página da Bancada Ativista no Facebook

    https://www.facebook.com/bancadaativista/videos/275867473305561/

     

     

    O legado de Marielle Franco.

    Os dois mandatos coletivos fazem parte do movimento Ocupa Política, criado em novembro de 2017 e do qual fazia parte a vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, assassinada há um ano, em março 2018.

    “O novo se choca com o velho jeito de fazer política. Essa é uma experiência para solucionar a demanda por mais representação na política. A gente se une e consegue transformar o mandato em uma incubadora de tecnologia social. E o ativismo mostra que isso funciona”, afirma a blogueira Anne Rammi, de 38 anos, ativista e co deputada da Bancada Ativista de São Paulo que espera representar os anseios das mães na política.

    A Bancada Ativista se elegeu em São Paulo com 149.844 votos, e o coletivo Juntas, em Pernambuco, teve mais de 39 mil votos. No Brasil todo o movimento Ocupa Política conseguiu eleger, em sua maioria mulheres, sendo quatro deputados federais e sete deputados estaduais com candidaturas individuais (não coletivas). Foram eleitas deputadas federais Áurea Carolina (MG); Taliria Petrone (RJ); Sâmia Bomfim (Sp); e Fernanda Melchionna (RS). Os deputados estaduais são Andréia de Jesus (MG); Mônica Francisco, Renata Souza e Danielle Monteiro, ex-assessoras de Marielle Franco (RJ); Marina Helou e Érica Malunguinho (ambas de SP) e o deputado distrital Fábio Félix, no Distrito Federal. Á exceção de Marina Helou, eleita pela Rede, todos os demais foram eleitos pelo PSOL.

     

    As mandatas Coletivas

    O coletivo Juntas de Pernambuco, é compostos pelas co deputadas Jô Cavalcanti (representante nominal), a jornalista Carol Vergolino; a militante jovem Joelma Carla, que atua no interior de Pernambuco; a professora Kátia Cunha; e a advogada trans Robeyoncé Lima, primeira transexual do Nordeste a usar o nome social na carteira da Ordem dos Advogados do Brasil. Três das cinco são negras e deverão pautar também temas relacionados ao racismo.

    A Bancada Ativista de São Paulo é representada nominalmente por Mônica Seixas Psol, Mãe, jornalista, feminista negra e ativista socioambiental. Co fundadora do coletivo Itu Vai Parar. Ana Rammi  é Artista, feminista e ciclista. Mãe de três e defensora da representação política das mulheres mães. Chirley Pankará, é Indígena da etnia Pankará, pedagoga e mestre em educação pela PUC São Paulo. Erika Hilton é Transvestigênere, negra, luta pelo direito à vida, dignidade e direitos sociais e humanos para todas as que são marginalizadas e excluídas pelo CIStema. Paula Aparecida Professora da rede pública estadual, militante feminista, anti-capitalista, vegana e pelos direitos dos animais. Está na luta por uma educação de qualidade que rompa com o modelo de escola-prisão. Jesus dos Santos Nordestino, imigrante, militante da cultura e da comunicação popular nas periferias, e do movimento negro. Ajudou a impulsionar a Frente Única da Cultura SP contra o desmonte das políticas culturais na capital. Fernando Ferrarri pai e militante do Movimento Cultural das Periferias e da luta Pelos direito humanos e contra o genocídio das juventudes pobre, preta e periférica. Claudia Visoni Jornalista, ambientalista e agricultora urbana. Trabalha pela agroecologia e contra os agrotóxicos, pelo manejo sustentável dos recursos hídricos e contra os resíduos. Raquel Marques é ativista da saúde, mestre sanitarista em Saúde Pública e Saúde Materno-Infantil. Presidente da Associação Artemis, aceleradora social focada na promoção da equidade de gêneros e no ativismo pelo parto humanizado.

     

    As principais propostas são:

    Combate às desigualdades como tema transversal, que engloba as causas de todos os ativistas.

    Educação e saúde libertadoras, na luta por um sistema de educação que emancipe crianças, educadores, mães e pais, e por um sistema de saúde que não seja marcado por discriminações e violências – gerando ciclos virtuosos de inclusão e melhoria das condições de vida.

    Cidades como espaços de produção de cultura e como uma das suas prioridades o fortalecimento de políticas de fomento à cultura e arte popular nas periferias, em regiões que historicamente sofrem com a falta de recursos e políticas públicas para isso.

    Habitação e mobilidade para podermos ser e estar, morar e transitar dignamente é pré-requisito para a efetivação de todos os outros direitos. Pretendem atuar pela diminuição do déficit habitacional e pela a melhoria dos transportes públicos e das condições oferecidas e pedestres e ciclistas.

    Segurança justa e humanizada. A proposta é que segurança pública que não discrimine grupos, que não reprima protestos e o direito à manifestações, e que não seja conhecida por uma violência brutal. Precisamos também de melhores condições de trabalho para os policiais.

    Integração do social com o ambiente, pois defendem que não se pode problemas ambientais da qualidade de vida da população, nem o problema da desigualdade social, afinal quem mais sofre são sempre os mais vulneráveis. A proposta é trazer as mudanças climáticas para o centro do debate público e encarar de frente o desafio da escassez de água, defendendo as reservas florestais.

    Democracia de verdade, com o conceito de radicalizar a democracia construindo um mandato integralmente aberto, transparente e participativo. O objetivo é trabalhar não só para o povo, mas com o povo. As portas estarão sempre abertas a todos que quiserem caminhar juntos.

    Veja mais detalhes sobre os programas da Bancada Ativista em

    https://docs.google.com/document/d/e/2PACX-1vR2kt6cyb2fun_hchN2dfRZ0jIMCpuVoS_psSKBDuwo8IfyQXi9MX0OeuQKw4P_YZi6eLSVicJbhltV/pub