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Carta de cidadãos israelenses a Milton Nascimento

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Caro Milton Nascimento,
A organização Boycott from Within, grupo de cidadãos israelenses ativamente contra a ocupação israelense e o apartheid – boycottisrael.info – apoia o seguinte apelo do cidadão israelense Misha Treiger.
De Misha Treiger:
Saudações,
Meu nome é Misha. Sou um grande fã de sua obra aqui de Israel, desde Travessia a Clube da Esquina e Caçador de Mim e todas as outras. Cálice é uma canção que guardo junto de meu coração. No entanto, não soube como me sentir quando vi uma peça de publicidade para promover seu espetáculo em Israel, no dia 30 de junho, neste mês, em Tel Aviv. Eu adoraria mais do que tudo estar entre os presentes; contudo, minha consciência não me permite.
Veja bem, Israel é um país envolto em controvérsias, especialmente nestes tempos difíceis. Israel recentemente declarou a si mesmo a terra nacional do povo judeu e somente do povo judeu. O problema é que Israel é uma terra onde pessoas de muitas religiões e etnias vivem desde os tempos de Jesus até os dias de hoje.
O atual governo que controla Israel é um governo que representa os interesses coloniais e somente seus interesses em detrimento das massas de árabes palestinos nativos, aos quais nega os mais básicos direitos humanos, em favor da população de colonos judeus israelenses.
Israel administra efetivamente um regime de apartheid na Cisjordânia ocupada e um cerco violento contra a Faixa de Gaza, em situação de miséria. Semana após semana, Israel reprime as manifestações regulares, organizadas pela sociedade civil palestina em muitas aldeias da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, que clamam por ajuda da comunidade internacional contra as agressões israelenses, brutais e ainda impunes. Essas manifestações costumam enfrentar tiros de armas de fogo disparados por militares israelenses estacionados na Cisjordânia, além de tiros mortais de franco-atiradores direcionados contra manifestantes pacíficos por toda a fronteira da Faixa de Gaza. Quase toda semana, esses manifestantes presenciam o martírio de homens, mulheres, crianças, jornalistas e profissionais de saúde palestinos que são mortos pelo exército israelense, mesmo enquanto cuidam dos feridos.
Nenhum dos residentes palestinos de Gaza ou Cisjordânia pode viajar a Tel Aviv, não importa o quanto gostariam de presenciar um concerto realizado pelo lendário Milton Nascimento. São proibidos de sair de Gaza ou Cisjordânia pelo aparato de estado israelense. Na prática, trata-se da mesma situação que o caso de Sun City, símbolo do apartheid sul-africano, antigo, porém similar ao caso israelense em 2019.
Peço ao senhor, pessoalmente, como admirador judaico-israelense de sua maravilhosa obra, que não permita a si próprio ser utilizado pela campanha de relações públicas israelense para maquiar essa situação hedionda ao comparecer em frente a um público segregado na cidade segregada de Tel Aviv. Peço que assuma uma postura global pelos direitos humanos e diga “Não em meu nome”, como eu mesmo, um judeu israelense, reitero em minha carta:
Eu, Misha Treiger, não permitirei que meu nome seja usado para acobertar o apartheid israelense. Espero que o senhor possa fazer o mesmo e que cancele seu show em Tel Aviv, no próximo 30 de junho.
Meus melhores votos,
Misha Treiger
E Boicote! Apoie o chamado palestino pelo BDS – boycottisrael.info.

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  1. José Maria

    27/06/19 at 22:51

    QUEM FOI TORTURADO COMO O POVO JUDEU FOI PELOS NAZISTAS , NÃO DEVE torturar outros povos.OS ISRAELENSES JUDEUS EM CONSIDERAÇÃO PELOS JUDEUS ANGUSTIADOS DA 2° GUERRA MUNDIAL,DEVEM BUSCAR A JUSTIÇA PARA OS PALESTINOS.É ISSO O QUE OS JUDEUS VÍTIMAS DOS NAZISTAS GOSTARIAM QUE SEJA FEITO NESTE MOMENTO,NÃO IMPORTANDOO QUÃO DIFÍCIL POSSA PARECER.JUDEUS, Não matem os judeus nas câmaras de gás outra vez,CUIDEM DOS PALESTINOS.NÃO SEJAM iguais aos nazistas!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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Coronavírus

#JusticeForFloyd em Portugal: atos antirracistas tomaram conta do país neste último sábado.

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por Isabela Moura e Luiza Abi Saab, Jornalistas Livres em Portugal

 

 

Os atos antirracistas #JusticeForFloyd tomaram conta de Portugal neste último sábado, 06 de junho de 2020. As principais cidades de Portugal foram ocupadas por milhares de manifestantes em atos antirracistas que pediam justiça para George Floyd. Os atos aconteceram principalmente nas cidades de Lisboa, Coimbra, Porto e Braga.

 

Em LISBOA, a manifestação  levou milhares de pessoas em marcha até à Praça do Comércio – importante espaço de reivindicação política da capital portuguesa. O encontro em Lisboa foi articulado entre diversas organizações, estavam previstos três atos em dias diferentes, mas as iniciativas foram unificadas em apenas um ato.

O contexto português e a questão da colonização foram abordagens presentes nos cartazes e nas vozes que se fizeram ouvir. José Falcão, da SOS Racismo, afirma que é necessário mudar o currículo escolar para que se possa saber de fato o que foi o passado português. “A história deste país é só a história do colonialismo, não é das vítimas do colonialismo, não é das pessoas que lá estavam a quem não pedimos autorização par ir. Onde ficamos durante 500 anos a escravizar as pessoas e essa história nunca é contada”, justifica o integrante de umas das associações que organizou a manifestação de sábado.

Mayara Reis, escritora de 25 anos e uma das vozes intervenientes menciona também a importância da educação nesse combate:  “É preciso falar sobre isso nos manuais de história, falar sobre o Tratado de Tordesilhas, porque Portugal não é inocente”.  “Não foi nossa escolha, foi escolhido por nós. O futuro que eu estou a ter agora vem disso”, refere a escritora sobre as decisões históricas que marcaram o passado colonial de países  como  a terra de onde veio – a Guiné-Bissau.

 

Em Lisboa, 06/06/2020. Foto de Geraldo Monteiro.

 

Em Lisboa, 06/06/2020. Foto de Geraldo Monteiro.

 

Em Lisboa, 06/06/2020. Foto de Geraldo Monteiro.

 

 

 

No PORTO o ato aconteceu na Avenida dos Aliados. Em referência ao norte americano George Floyd, assassinado pela polícia dos Estados Unidos, vários manifestantes trouxeram consigo os dizeres “I Can’t Breathe”, em português, “Não Consigo Respirar”. As reivindicações ecoavam pela avenida com o grito “Nem mais uma morte”, denunciando também os casos de racismo em Portugal.

 

Porto, 06/06/2020. Foto de Pedro Kirilos.

 

Porto, 06/06/2020. Foto de Pedro Kirilos.

 

Porto, 06/06/2020. Foto de Pedro Kirilos.

 

Porto, 06/06/2020. Foto de Pedro Kirilos.

 

 

 

Em COIMBRA a manifestação aconteceu na Praça da República, próxima à Universidade de Coimbra e foi organizada por estudantes da cidade. Centenas de pessoas se reuniram no local, seguindo as regras de segurança da Direção Geral de Saúde de Portugal (DGS).
O ato contou com depoimentos, gritos por reivindicações da luta antirracista e uma performance que representava Jesus negro interpretando trecho do texto “A Renúncia Impossível”, de Agostinho Neto.

 

 

Coimbra, 06/06/2020. Foto de Daniel Soglia.

 

Coimbra, 06/06/2020. Foto de Raoni Arraes.

 

Coimbra, 06/06/2020. Foto de Daniel Soglia.

 

Coimbra, 06/06/2020. Foto de Raoni Arraes.

 

 

 

Em BRAGA, a manifestação “Vidas Negras Importam” uniu cerca de 300 pessoas que prestaram sua solidariedade aos atos por George Floyd que acontecem há 10 dias nos Estados Unidos. Os presentes também denunciaram a violência policial contra negros, lembrando os casos de vítimas como Cláudia Simões e Alcindo Monteiro.

 

Braga, 06/06/2020. Foto de Rafa Lomba.

 

Braga, 06/06/2020. Foto de Rafa Lomba.

 

Braga, 06/06/2020. Foto de Rafa Lomba.

 

Braga, 06/06/2020. Foto de Rafa Lomba.

 

 

 

 

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Chacina

Cuiabá nas ruas contra do racismo, o fascismo e o genocídio

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Da: MediaQuatro especial para os Jornalistas Livres

Desde de 2019, com as manifestações contra os cortes na educação e a deforma da previdência, Cuiabá não juntava tanta gente nas ruas. E talvez nunca tenha havido tamanho contingente policial, incluindo helicóptero, para o improvável caso de “vandalismo”. Mas era mesmo de se esperar. Afinal, o racismo estrutural brasileiro em uma das capitais mais conservadoras do país exige que se trate os pretos e pretas sempre como potenciais criminosos. BASTA! O país não pode mais conviver e não conseguirá sequer viver como nação integral enquanto houver preconceitos que se refletem em práticas cotidianas e políticas públicas que oprimem e excluem a maior parte da população.

Texto e fotos: www.mediaquatro.com

Texto e fotos: www.mediaquatro.com

Chegamos a um ponto no Brasil que não é mais suficiente não ser racista. É preciso lutar contra o racismo, nas ruas, nas redes, nos campos e nas casas. E a luta antirracista é central na derrubada do governo Bolsonaro e suas políticas genocidas na economia, na segurança pública e na saúde. Foi por isso que, apesar da necessidade de se intensificar o isolamento social, fomos à Praça Alencastro e marchamos pelas avenidas Getúlio Vargas, Marechal Deodoro, Isaac Póvoas e BR 364 para retornarmos à Praça da República sem qualquer incidente.

Texto e fotos: www.mediaquatro.com

Assim como em outras cidades e estados por todo o Brasil, em Cuiabá e Mato Grosso os negros e negras são maioria e são exatamente os corpos pretos os mais encarcerados, os pior pagos, os que vivem nos lugares mais distantes, os que mais precisam trabalhar fora de casa durante a pandemia (e muitas vezes sem sequer os equipamentos de proteção adequados) e os que mais são atingidos pela Covid-19. Isso não é uma coincidência. É resultado de quase 400 anos de escravidão formal, que em Mato Grosso também vitimou indígenas em larga escala, e de uma abolição inconclusa que indenizou os “proprietários” de pessoas mas nunca pagou a dívida histórica com quem sente na pele seus efeitos até hoje.

Texto e fotos: www.mediaquatro.com

É fato que o assassinato do estadunidense negro George Floyd foi o estopim dos protestos antirracistas em todo mundo e também no Brasil, onde houve atos em pelo menos 20 cidades, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Recife. Mas por aqui, as mortes do menino Miguel, do adolescente João Pedro e dos jovens em Paraisópolis, só pra citar alguns casos mais representativos nos últimos seis meses, demonstram cotidianamente o que significa ser alvo do preconceito, da polícia e das políticas.

Texto e fotos: www.mediaquatro.com

Desse modo, derrubar o governo o quanto antes o governo do fascista que ocupa a presidência é indispensável para conseguirmos combater a epidemia de forma minimamente eficiente. E tirar apenas o presidente não é suficiente, porque seu vice e ministério são igualmente racistas, como está provado em entrevistas antes mesmo das eleições, em pronunciamentos em eventos e na fatídica reunião ministerial.

Texto e fotos: www.mediaquatro.com

Enquanto não derrubarmos as políticas estúpidas da “guerra às drogas”, do encarceramento em massa, da concentração de renda, do agronegócio acima da agricultura familiar, não há presente para o país. E enquanto não investirmos em políticas públicas de igualdade racial e de gênero, de proteção às minorias e à diversidade, e de promoção dos direitos humanos a TODOS e TODAS, incluindo a punição de policiais assassinos, milicianos e racistas, não haverá futuro também.

 

 

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Direitos Sociais

Protestos se intensificam contra o assassinato de George Floyd

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Protestos em Miami

Em Miami, Florida, os protestos contra o assassinato de George Floyd por policiais em Minneapolis, estado de Minnesota, continuaram neste fim de semana. Milhares de pessoas sairam às ruas no centro da cidade. Em Coral Gables, periferia de Miami, policiais também participaram dos protestos, se ajoelhando e rezando junto a manifestantes. Brancos e negros carregavam cartazes e gritavam palavras de ordem se levantando contra o racismo e o genocídio negro.

Coral Gables

Policiais se unem a protestos

Coral Gables

Policiais se unem a protestos

No sábado e domingo, grandes protestos aconteceram nas ruas de Nova York, Filadélfia, Dallas, Las Vegas, Seattle, Des Moines, Memphis, Los Angeles, Atlanta, Portland, Chicago e Washington D.C, além de Miami.

 

Camila Quaresma, ambientalista brasileira radicada em Miami há mais de 20 anos, faz um relato sobre a manifestação:

 

“Se não existe movimentação, nada muda. Assim foi a organização de todos os protestos nos Estados Unidos. Ontem, em Miami, a mensagem era única entre participantes de diferentes cores, crenças, raças e idades: “Enough is enough!”, algo como “Chega!”, “Basta!”, “Passaram dos limites!”.

 

O que aconteceu com George Floyd foi assassinato. Ponto. E não foi o primeiro… São muitos exemplos: Breonna Taylor, Ahmaud Arbery, Tamir Rice, Trayvon Martin, Oscar Grant, Eric Garner, Philandro Castile, Samuel Dubose, Sandra Bland, Walter Scott, Terence Crutcher… Até quando os negros não se sentirão seguros por serem negros? Até quando a cor da pele, ou as diferenças entre culturas justificam racismo? “Enough is enough.”

Acho que o mais importante de tudo é continuar a ecoar  essa mensagem tão importante, e com isso, pressionar por mudanças mais drásticas não só no treinamento policial, mas também nas consequências a policiais que não cumprem com seu próprio dever.

 

Importantíssimo que isso não seja esquecido com as distrações do vandalismo que aconteceu depois. Está errado, mas também não podemos esquecer que tal vandalismo vem de várias fontes: pessoas que querem que a mensagem não seja esquecida, ou pessoas que querem ser ouvidas mas a raiva da injustiça é tao grande que não conseguem gritar, pois o grito está preso na garganta. Errado, mas o buraco é mais embaixo.

 

Enquanto isso, eu foco na lembrança do arrepio que senti na espinha ao estar cercada de tanta gente diferente com uma energia tão unificada em conquistar o bem. Das centenas de pessoas que estavam comigo na tarde de ontem, brancos, negros, latinos, e tantas outras raças e culturas que dão o significado tão maravilhoso de se viver em Miami: vamos voltar às ruas, gritar mais alto, lutar pelo que é nosso direito e tentar assim, fazer a diferença!

Protestos em Miami

Fotos de Coral Gables: @SJPeace/Twitter

Fotos de Miami: Camila Quaresma

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