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Eleições 2018

Candidato a governo de SC perde adesão de três partidos ao declarar voto em Bolsonaro

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Merísio e Bolsonaro: associação oportunista de candidato ao fascismo implode coligação

Ele liderava as últimas pesquisas para candidato a governador em Santa Catarina, mas resolveu ampliar a vantagem sobre os demais declarando seu voto em Bolsonaro em pleno horário eleitoral. Em vez de crescer na onda do fascismo no Sul do Brasil, como pretendia, Gelson Merísio (PSD) provocou a implosão da aliança de partidos em seu favor a uma semana da eleição. Hoje, o terceiro dos partidos mais à esquerda que integram a eclética coligação “Aqui é trabalho” anuncia a retirada do apoio a sua candidatura. Ainda pela manhã, o Partido Comunista do Brasil deve emitir nota oficial lamentando o equívoco dessa aliança partidária. Em atendimento aos apelos da base e à indignação dos coletivos feministas e forças de esquerda, a sigla decidiu seguir o posicionamento do Podemos e do PDT, que também repudiaram o voto de Merísio e, na prática, vão abandonar o barco.

Hoje pela manhã, a denúncia do The Intercept sobre uma rede oculta de hidrelétricas mantidas pelo deputado Merísio, baseada em longa reportagem investigativa, deu aos partidos contrários ao voto bolsonarista do aliado, razões ainda mais fortes para abandoná-lo na disputa. Segundo a reportagem, o candidato da coligação “Aqui é Trabalho” mantém uma rede de negócios oculta, com indício de uso de laranjas, que garante para sua mulher, seus filhos e seus aliados a participação em ao menos oito pequenas centrais hidrelétricas. Pelo menos duas dessas centrais são beneficiadas por incentivos fiscais milionários assinados pelo cunhado Antônio Gavazzoni enquanto secretário da Fazenda de Santa Catarina, tendo como grandes aliados ocultos nessa rede de negócios os empresários da família Vaccaro. Conforme a denúncia, o deputado precisa ser eleito porque essa parceria tem potencial de gerar muitos milhões de reais aos três nos próximos anos. Caso isso ocorra, as empresas também podem se beneficiar da sua influência na liberação de licenças ambientais e nas negociações com o governo federal no mercado de energia, aponta ainda.

O primeiro e maior constrangimento as forças democráticas que, através de Merísio, se associaram indiretamente ao candidato fascista ocorreu na grande marcha do Ele Não, realizada neste sábado em Florianópolis e em outras seis cidades de Santa Catarina, com a participação de 40 mil manifestantes. Estremecendo os Bolsonaristas, que fizeram um protesto pífio no dia seguinte, com cerca de 500 eleitores apenas, o protesto puxado pelas mulheres funcionou como campo de pressão para que a parte à esquerda terminasse de desfazer a coligação, formada por 15 partidos (PSD/ PP/ PSB/ DEM/ PRB/ PDT/ SD/ PSC/ PROS/ PV/ PHS/ Podemos/ PRP/ PPL e PCdoB), cada qual alinhado a diferentes candidatos à Presidência, como Alckmin, Ciro Gomes, Álvaro Dias e Haddad. Essa esquizofrenia determinada por interesses oportunistas em nível regional começa pelo cabeça da coligação, Gelson Merísio, cujo partido declarou apoio a Geraldo Alckmin (PSDB) nas convenções de junho. A própria sigla comunista encontra uma dificuldade dramática de explicar como apoia sua candidata à vice Manuela d´Ávila na chapa presidencial de Haddad, mas no pleito estadual não acompanha a candidatura a governador de Décio Lima (PT).  Décio liderou com larga vantagem as pesquisas até meados de setembro, quando Merísio e Mauro Mariani (MDB/PSDB) encostaram no político do PT e começaram a abrir uma relativa diferença, mas ainda estão embolados os três na margem do empate técnico, com em torno de 20% cada um.

UM CAFÉ COM ANGU DE CAROÇO

Durante Café das Mulheres, Ângela Albino adiantou que partido romperia com a aliança

No final da tarde deste domingo, o efeito das manifestações já apareceram durante o Café das Mulheres promovido por Ângela Albino com cerca de cem convidados, a maioria do gênero feminino. A candidata à deputada federal pelo PCdoB, hoje suplente na Câmara de Deputados, adiantou em conversas com grupos particulares que o partido retiraria o apoio a Merísio por sua recente decisão de referendar “O Coiso” para a Presidência da República.  Segundo colocado nas pesquisas eleitorais, na quinta-feira, 27/9, Merísio declarou seu apoio pessoal a Bolsonaro, que tem 40% das intenções de voto no Estado. O anúncio foi feito durante o programa eleitoral da coligação, acompanhando a manifestação oportunista dos aliados mais à direita desse pacto estapafúrdio de siglas.

“Não há possibilidade de rompimento formal, por isso o rompimento é politico”, afirma João Ghizoni, ex-candidato a deputado estadual que teve seu nome impugnado há menos de uma semana. Na prática, além do apoio à chapa PT/PCdoB para Presidência, que já estava dado, o partido vai apoiar de forma não declarada os candidatos a governador, Décio Lima e a senador do PT, Lédio Rosa e Ideli Salvatti. Ghizoni foi atingido por uma decisão intempestiva e discriminatória do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, que acatou recomendação do Ministério Público Eleitoral e indeferiu sua candidatura, ignorando uma liminar posterior concedida pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região. O TRF 4 havia reconhecido a inocência de Ghizoni e validado sua condição de candidato ficha limpa. “Estou indignado!  Meu nome foi excluído da urna eletrônica apressadamente e sem qualquer fundamento legal, uma vez que o Processo estava em grau de recursona Justiça Federal, onde foi concedida a liminar”, afirma em nota o político comunista (Leia abaixo).

Ao contrário de outros partidos, como o Podemos e a Juventude do PDT, que imediatamente manifestaram seu repúdio e se retiraram, o PCdoB emitiu nota no dia seguinte à manifestação de Merísio pró-Bolsonaro lamentando o seu posicionamento, mas afirmando que preservaria a aliança porque se tratava de uma decisão pessoal que não representava a coligação. Conforme o comunicado, para o partido era mais importante manter a estratégia de conquistar um vaga de titular na Câmara de Deputados (com Ângela Albino) e renovar a vaga na Assembleia Legislativa (com o candidato à reeleição a deputado estadual, César Antônio Valduga).

Uma avalanche de protestos à presença do PCdoB nessa coligação, que já vinha sendo apontada como espúria pelos setores de esquerda antes da aproximação com o bolsonarismo, tomou conta das redes sociais. Durante as manifestações antifascistas de sábado na capital, a militância do partido compareceu em peso, com muitos cabos eleitorais erguendo bandeiras da candidata Ângela Albino. A cobrança das lideranças feministas e a pressão da esquerda vieram forte, e a projeção de Haddad e Manuela na campanha eleitoral falou mais alto.

(Nota anterior do PCdoB, que será revista hoje com retirada oficial do apoio a Merísio)

PCdoB-SC diverge da posição de Merísio no apoio ao candidato Bolsonaro

 27 de setembro, 2018

O PCdoB reitera o seu compromisso com a democracia, o estado democrático de direito e a construção de um novo projeto capaz de conduzir o Brasil ao desenvolvimento econômico, humano e social, através da candidatura Haddad-Manuela, do PT e PCdoB.

A democracia, o desenvolvimento soberano e a valorização do trabalho, a defesa dos direitos sociais e o respeito aos direitos humanos são valores inalienáveis para o PCdoB e não se coadunam com aqueles expressos e difundidos pelo candidato à presidente, a quem até o presente momento só coube difundir o ódio, a intolerância, o preconceito e o desrespeito com o nosso país.

O Partido Comunista do Brasil em Santa Catarina, desde as primeiras tratativas visando a formação de uma ampla aliança em torno da candidatura de Gelson Merísio ao governo, teve por premissa o respeito à pluralidade e diversidade de forças e palanques que vieram a compor a chapa estadual.

É nessa condição que seguimos no arranjo regional com Gelson Merísio, que reúne melhores condições de liderar o programa de trabalho que Santa Catarina precisa e onde o PCdoB poderá buscar seus objetivos de superação da cláusula de desempenho, a eleição de uma deputada federal e a manutenção de sua cadeira na ALESC.

Contudo, manifestamos publicamente nossa divergência acerca da posição adotada pelo candidato em relação à eleição presidencial. Santa Catarina e o Brasil precisam reafirmar e reforçar valores que nos são muito caros e que custaram a luta, e até mesmo a vida, de milhares de trabalhadores e trabalhadoras.

Douglas Mattos
Presidente do Partido Comunista do Brasil de Santa Catarina (PCdoB-SC)

 

CARTA DE JOÃO GHIZONI (PCdoB), CANDIDATO A DEPUTADO ESTADUAL

“Estou indignado!  O registro de minha candidatura a Deputado Estadual pelo PCdoB/SC, foi indeferido pelo Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, que acatou recomendação do Ministério Público Eleitoral.

Uma LIMINAR da JUSTIÇA FEDERAL no TRF da 4ª Região reconheceu minha inocência, o que confirma que sou vítima, e não culpado. Nunca roubei, nunca deixei ninguém roubar e não respondo a qualquer tipo de processo criminal ou de improbidade, portanto sou ficha limpa.

A inelegibilidade que me foi atribuída, em razão de eventual punição em processo administrativo totalmente irregular e viciado, de verdadeira “caça às bruxas”, executado pela CGU quando sequer fui comunicado da decisão final, foi afastada por decisão do TRF da 4ª Região.

A referida decisão eliminou qualquer impedimento para que eu pudesse disputar a eleição. Mas surpreendentemente, este fato não foi considerado pelo TRE/SC.

Meu nome foi excluído da urna eletrônica apressadamente e sem qualquer fundamento legal, uma vez que o Processo na justiça estava em grau de recurso, onde foi concedida a liminar.

Concedida a liminar, o TRE/SC protelou o julgamento do dia 24 para o dia 27 de setembro. No julgamento reconheceu a postulação e minha inocência, porém, alegou que não havia mais tempo hábil para reincluir meu nome na urna eletrônica, invocando razões de ordem técnica.

Por incrível que pareça por questões técnicas, fui IMPEDIDO DE DISPUTAR A ELEIÇÃO!  Meu direito constitucional FUNDAMENTAL foi violado por quem deveria defender.

É bom frisar que, se o recurso interposto para rever a decisão açodada que indeferiu o registro da minha candidatura e excluiu meu nome da URNA fosse julgado no último dia 24 de setembro, como estava previsto, haveria tempo hábil para corrigir o erro e garantir meu direito Constitucional Fundamental de ser candidato.  Porém prevaleceu a protelação, inviabilizando, na prática, o Recurso Especial previsto em Lei, encaminhado ao TSE.

O indeferimento da minha candidatura é mais um ato injusto e ilegal, uma atitude inaceitável em um Estado democrático e de direito, a exemplo de tantos outros já ocorridos no Brasil recentemente.

Diante de tais fatos restam as perguntas que não querem calar:

– Qual a justificativa para determinar a retirada no meu nome da URNA ELETRÔNICA, uma vez que tramitava na Justiça Federal Processo em grau de Recurso, que reconheceu meu direito?

– Por que o recurso legalmente interposto não foi julgado no dia 24, como estava previsto, ainda em tempo hábil para corrigir o erro e garantir meu direito Constitucional?

– Qual o embasamento legal da Procuradoria Regional Eleitoral para solicitar a exclusão do meu nome da URNA ELETRÔNICA, em vez de deixar minha candidatura sub júdice como as demais?

Diante de tais fatos, peço desculpas e a compreensão de todos, reafirmando: não sou corrupto e nem ficha suja. A JUSTIÇA JÁ RECONHECEU MINHA INOCÊNCIA. Sou vítima, pois meu Direito FUNDAMENTAL de ser candidato, foi irremediavelmente prejudicado por decisão do TRE/SC.

Como cidadão honrado e militante político, prosseguirei minha caminhada e meus esforços para esclarecer estes fatos, resgatar minha dignidade e minha honra, buscando reparação judicial por perdas e danos, uma vez que meu direito constitucional fundamental foi aviltado por decisão de quem deveria defender.

É chegada a hora de restabelecer o Estado Democrático e de Direito de nosso País para resguardar nossa democracia, as liberdades e os direitos fundamentais dos cidadãos e das cidadãs.

Muito obrigado pela sua atenção, fico à disposição para eventuais esclarecimentos.”

 

 

 

 

 

NO DIA 23 DE ABRIL DE 2013, o deputado estadual Gelson Merísio, hoje um dos favoritos para vencer as eleições ao governo de Santa Catarina, levou um empresário ao gabinete de seu cunhado e então secretário estadual da Fazenda, Antonio Gavazzoni. O empresário era Márcio Vaccaro e estava interessado em incentivos fiscais para instalar uma nova unidade de sua fábrica de sacarias, a Rafitec, que faz embalagens de grande porte, como as usadas para ração e cimento.

A reunião foi um marco na relação entre Merísio, Vaccaro e Gavazzoni. Anos depois, não só uma nova fábrica da Rafitec foi instalada na cidade de Xanxerê – a 45 km de Chapecó, berço político do deputado – como os caminhos do deputado, do burocrata e do empresário convergiram para uma parceria controversa, com potencial de gerar dezenas de milhões de reais aos três nos próximos anos. Para isso, Merísio precisa ser eleito governador. Para turbinar a campanha, nessa semana, o deputado, que é filiado ao Partido Social Democrático, trocou o apoio a Geraldo Alckmin, estagnado nas pesquisas, por uma declaração pública para o líder das pesquisas ao Planalto: Jair Bolsonaro.

Intercept descobriu que Merísio mantém uma rede de negócios que estava oculta até agora, com indício de uso de laranjas, e que, na prática, dá para sua mulher, seus filhos e seus aliados a participação em ao menos oito pequenas centrais hidrelétricas. Pelo menos duas PCHs, como são chamadas, são beneficiadas por incentivos fiscais milionários assinados pelo cunhado enquanto era secretário da Fazenda de Santa Catarina. Seus grandes aliados ocultos nos negócios são justamente os Vaccaro. Caso Merísio seja eleito, as empresas também podem se beneficiar da sua influência na liberação de licenças ambientais e nas negociações com o governo federal no mercado de energia.

Intercept descobriu que Merísio mantém uma rede de negócios que estava oculta até agora, com indício de uso de laranjas, e que, na prática, dá para sua mulher, seus filhos e seus aliados a participação em ao menos oito pequenas centrais hidrelétricas. Pelo menos duas PCHs, como são chamadas, são beneficiadas por incentivos fiscais milionários assinados pelo cunhado enquanto era secretário da Fazenda de Santa Catarina. Seus grandes aliados ocultos nos negócios são justamente os Vaccaro. Caso Merísio seja eleito, as empresas também podem se beneficiar da sua influência na liberação de licenças ambientais e nas negociações com o governo federal no mercado de energia.

 

Hidrelétricas ligadas a Gelson Merísio

1. PCH Bom Retiro Energética Ltda.

2. Foz do Uva Energética Ltda – PCH Panapaná.

3. PCH Águas do Rio Irani Energética.

4. PCH Barra das Águas.

5. PCH das Pedras.

6. PCH Salto do Soque.

7. PCH Salto do Soque (PCH Rio das Tainhas).

8. Ribeirão Manso Energética Ltda (PCH Itapocuzinho II).

 

 

O desastre da LaMia

Merísio é apadrinhado pelo ex-governador, Raimundo Colombo, que deixou o cargo em fevereiro para se candidatar ao Senado, e está tecnicamente empatado com seus dois principais adversários: Mauro Mariani, do MDB, e o petista Décio Lima, todos na casa dos 20%.

A trajetória política do candidato de 52 anos foi meteórica. Em 2004, se elegeu deputado estadual e, de lá pra cá, ocupou a presidência da Assembleia em três oportunidades. Em 2014, foi reeleito para o segundo mandato com a maior votação da história do estado – 119 mil votos. A seta apontava para cima quando ele escapou da morte. Por pouco o acidente aéreo que matou quase toda a equipe de futebol da Chapecoense não vitimou Merísio. Então presidente da Assembleia Legislativa, ele estava confirmado no voo que acabou caindo por falta de combustível na Colômbia.

Desistiu de última hora. Seu nome estava na lista de passageiros, e ele chegou a ser dado como morto nas primeiras notícias. “Deus nos permitiu continuar”, diz ao falar sobre a tragédia, em tom messiânico. Ele não embarcou porque foi convidado para um jantar com o ministro Teori Zavascki, do STF, que viria a morrer num acidente aéreo quase dois meses depois. O acidente com a Chapecoense lhe rende mídia até hoje. Ele deu entrevistas para jornais nacionais e internacionais e participou da organização das homenagens aos mortos na tragédia.

Hoje, 15 partidos apoiam sua tentativa de comandar o estado. O abandono de Alckmin era esperado, já que o PSDB não faz parte de sua coligação, mas o fato de o capitão da reserva ser líder isolado em pesquisas em Santa Catarina fez dele o puxador de votos que Merísio precisava na reta final.

Na declaração de bens entregue por ele ao TSE, presume-se que a única atividade empresarial do candidato seja uma participação em uma empresa de materiais de construção. Mas o centro dos negócios não declarados de Merísio é uma empresa de participações, aberta em nome da mulher e de dois de seus filhos, um deles menor de idade. Só o capital social da empresa (R$ 5,67 milhões) é quase oito vezes superior ao que Merísio declarou ao TSE este ano. A firma chama-se MANG, as iniciais da mulher (Márcia), dos filhos (Arthur,19, e Nicole, 10) e um G final, de Gelson. O endereço é o mesmo do escritório político de Merísio em sua cidade natal e, conforme apuramos, o local onde Merísio “mora” quando está em Xanxerê.

Três em empresas em 36 dias

A MANG Participações e Agropecuária Ltda foi criada em dezembro de 2013, mas as movimentações mais relevantes da empresa familiar dos Merísio começaram em 2015. Em 28 de abril daquele ano, a MANG abriu a PCH Águas do Rio Irani Energética Ltda, em sociedade com Márcio Vaccaro. Na época, Merísio era o presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Nos dois anos anteriores, foi integrante da comissão interna responsável pela análise e fiscalização de assuntos energéticos.

Pouco mais de um mês depois, a MANG e Márcio Vaccaro abriram mais uma firma, a PCH Bom Retiro Energética Ltda. Ambas estão registradas numa sala no mesmo endereço da sacaria Rafitec, da reunião de 2013.

Parte do sucesso de Merísio com as hidrelétricas se deve ao apoio do cunhado Antonio Gavazzoni, antigo secretário estadual da Fazenda de SC.

Parte do sucesso de Merísio com as hidrelétricas se deve ao apoio do cunhado Antonio Gavazzoni, antigo secretário estadual da Fazenda de SC. Foto: Divulgação/DN

Uma terceira sala na Rafitec foi ocupada pela PCH Pesqueira Energética, criada também em maio de 2015, essa sem participação oficial da MANG. No entanto, a usina mudou de nome e de atividade depois de criada – passou a se chamar Vaccaro Empreendimentos Imobiliários. Em agosto deste ano, Vaccaro e sua empresa imobiliária viraram alvo de uma representação criminal pelo Ministério Público catarinense, por poluição. O caso está sendo investigado pela promotoria.

A abertura de três empresas dedicadas a explorar pequenas centrais hidrelétricas num intervalo de 36 dias aconteceu ao mesmo tempo que Antonio Gavazzoni, o cunhado de Merísio e então secretário da Fazenda, preparava um dos mais anunciados planos de estímulo econômico de Santa Catarina. No mês seguinte à abertura das empresas, mais precisamente em 24 de junho de 2015, o plano SC+Energia foi anunciado publicamente pelo governo. Mais de R$ 5 bilhões em incentivos fiscais seriam concedidos para empreendimentos de energia limpa – as pequenas centrais hidrelétricas entre elas.

 

Salário de 5 mil, hidroelétrica de 600 mil

Muita coisa aconteceu desde aquela reunião de abril de 2013 entre Merísio, Vaccaro e Gavazzoni. O cunhado se afastou do comando da economia catarinense no ano passado, depois de ser citado em delação da JBS como cúmplice de pagamento de propina ao governador Raimundo Colombo (a notícia criminal foi rejeitada pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina). O empresário e parceiro Vaccaro viu seu pai ser preso por crime ambiental no Pará, onde a família mantém a maior plantação de açaí do mundo. Oriundos da mesma região de Merísio, os Vaccaro não têm somente a fábrica de sacos – eles também são donos da Açaí Amazonas, a maior produtora global de açaí, com uma área de 1.400 campos de futebol lotada de palmeiras. Essa atividade rendeu aos Vaccaro duas ações penais e uma ação civil pública relacionadas a crimes ambientais. O patriarca teve seus bens bloqueados pela Justiça.

Márcio Vaccaro

O empresário Márcio Vaccaro tornou-se sócio de Merísio em diversos empreendimentos. Instagram/Márcio Vaccaro

Enquanto Vaccaro e Gavazzoni andavam às voltas com os tribunais, Merísio continuou se movendo na máquina pública, inflando os negócios da família e pavimentando seu caminho ao governo estadual.

Um funcionário de seu gabinete na Assembleia Legislativa há 13 anos é sócio de uma terceira empresa hidroelétrica, a Foz do Uvá Energética. Manoel Mario de Jesus mora numa casa simples em São José, região metropolitana de Florianópolis. A empresa dele está sediada num escritório de contabilidade em uma avenida residencial de Chapecó, a 553 quilômetros da capital. Para entrar na sociedade, ele teve de colocar R$ 600 mil. Seu salário mensal é de R$ 5 mil.

O funcionário de Merísio não está sozinho na Foz do Uvá, aberta em 2010, quando Gelson Merísio era o presidente do Legislativo catarinense. O empreendimento parece suprapartidário. A sociedade é composta, entre outros, também por uma empresa controlada pelo chefe da Casa Civil de Florianópolis e filho do deputado federal Jorginho Mello (candidato ao Senado pelo PR); por um suplente de vereador na Câmara de Chapecó; e pela mulher de um ex-deputado estadual do PT que teve os direitos políticos cassados por irregularidades praticadas quando prefeito do município de Rio do Sul (SC). Procurado pelo Intercept, Filipe Mello, filho de Jorginho, disse que comprou uma “cota” do projeto, mas que ele nunca foi efetivado.

E foram todos pra Cancún

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Facebook/ Rosângela Vaccaro

A associação com os Vaccaro rendeu à MANG, de Merísio, outras duas participações importantes no setor energético – uma delas, a mais vistosa até aqui. A Rio Tainhas Geração de Energia Ltda foi aberta em 2008, no mesmo endereço que depois serviria de caixa postal para as demais PCHs. A Rio Tainhas já tem autorização para operar a PCH Salto do Sóque e está expandindo seus negócios. No meio do caminho, a PCH Águas do Rio Irani, que tem a firma familiar de Merísio na sua fundação, virou sócia da Rio Tainhas, com 50% do capital. Um outro sócio da Rio Tainhas é Neimar Brusamarello, ex-secretário municipal em Xanxerê. Ele é a quarta pessoa na foto daquela reunião de 2013 com Merísio, Vaccaro e Gavazzoni.

Vaccaro também é sócio de aliados do homem que quer governar Santa Catarina. A PCH das Pedras, que já conseguiu garantia de venda de energia via leilão da Aneel, é um exemplo. Os sócios do amigo empresário são o amigo do deputado Neimar Brusamarello e o ex-prefeito de Xanxerê, e agora secretário-executivo da unidade local da Agência de Desenvolvimento Regional de Santa Catarina, Ademar Gasparini.O outro presente para a família Merísio veio no mês passado, durante a campanha eleitoral. A Rafitec tinha a autorização do governo para explorar a PCH Barra das Águas. Mas, em 7 de agosto, a Agência Nacional de Energia Elétrica deu sinal verde para que Vaccaro transferisse a licença da pequena central hidrelétrica para a PCH Águas do Rio Irani – da qual a família Merísio tem sociedade. A capacidade total da usina, ainda em construção, será de 8.500 kW. Tomando por base um preço conservador de R$ 200 por mWh, conforme praticado em leilões de energia da Aneel, se a usina comercializar toda a energia que é capaz de produzir, o faturamento bruto dessa PCH chegaria a R$ 15 milhões anuais.

Vaccaro ainda tem participação na Primaleste Geração de Energia Elétrica Ltda e na Ribeirão Manso Energética Ltda. Em ambas, tem como parceiro Neimar Brusamarello. Ele e Vaccaro são grandes amigos. Em 2016, levaram suas famílias a Cancún para comemorarem seus respectivos aniversários.

Investimento de longo prazo

Gelson Merísio disse, em nota enviada por sua assessoria, ter concedido à família os direitos sobre seus bens, numa “organização de sua situação patrimonial”. “A situação do candidato é absolutamente legal”, pontua a nota.

Sobre as sociedades nas pequenas centrais hidrelétricas, Merísio diz que “não há interesse familiar”. “Os investimentos são em projetos ainda não implantados, os quais, se realizados, poderão garantir um planejamento para o futuro, mesmo na ausência do deputado”.

Merísio não comentou sua relação com Márcio Vaccaro.

Sobre o funcionário de seu gabinete que também tem participação em uma outra empresa de energia, o candidato a governador disse que “sobre a vida privada e pessoal do servidor, não compete ao deputado se pronunciar”.

Vaccaro foi contatado pela reportagem, mas até o momento não respondeu aos questionamentos.

Semana passada o Ministério Público Federal em Chapecó começou uma investigação sobre o enriquecimento de Merísio. Os procuradores chegaram até o candidato graças a uma denúncia feita no dia 21 de setembro por um advogado da cidade, que citou a participação de Merísio na MANG.

#EleNão

Arte contra o fascismo

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Por *Humberto Meratti exclusivo e especial para os Jornalistas Livres

Com a candidatura presidencial de Jair Bolsonaro (PSL) e, devido seus diversos pronunciamentos difamatórios para todos os lados, os designers Foresti, Gladson e Mil, com suas artes gráficas embalaram as pessoas, os ativistas e tomaram conta das redes, das ruas do Brasil e pelo Mundo no último dia 29 de setembro, contribuindo demasiadamente com o movimento do Ele Não.

 

Foresti tem 49 anos e é residente de São Paulo (SP). Graduado em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, faz parte do Coletivo “Design Ativista para quem não aguenta mais”.

“Sempre me interessai por política. Já fiz vários trabalhos para Ongs, Causas e Movimentos. Faço memes e design ativista há cerca de cinco anos. Acho que os memes e as imagens criadas devem ser disseminadas e não devem ser assinadas.É interessante ter seu trabalho compartilhado, pois é a prova de que ele fez sentido para as pessoas naquele momento. As imagens que criei são junções de ideias, metáforas visuais. Fazem o cérebro funcionar, criando conexões simples e diretas. É a forma com que eu tento me expressar e que eu acho que faz as pessoas terem um ‘clic’ quando as visualizam”.

Foresti teve suas imagens replicadas por meio de inúmeros cartazes por manifestantes nas ruas da África do Sul, Inglaterra, Holanda e em outros países.

Gladson (43 anos), é natural de Paranaguá, litoral do Paraná. Viveu e se fez como designer (autodidata) em Curitiba. Profissionalmente começou como arte-finalista e recentemente faz direção de arte e design gráfico como freelancer. Também possui um projeto de distribuição e divulgação de música independente, chamado QRtunes. O design ativista faz parte do grupo Coletivo “ELE NÃO: DESIGN ATIVISTA ANTI BOLSONARO”. Segundo o mesmo, sempre militou a favor de partidos de esquerda.

“Nestas eleições, a coisa ficou pesada, contudo, o que vem rolando desde o golpe na presidenta Dilma, a perseguição ao Lula, a Lava Jato fazendo uma lavagem cerebral na classe média… sabe, essas coisas vão te deixando louco e não dá para não fazer nada. Tem que se posicionar, e por questões de saúde, aderi à militância de esquerda na internet”.

O artista entre tantas peças criadas e espalhadas pela internet, viralizou as peças gráficas do candidato, como a do mesmo dormindo na Câmara dos Deputados com o Post-it na testa escrito Ele Não; a peça do cartaz colado nas costas do Bolsonaro escrito Ele Não e, a peça do Bolsonaro com uma algema chinesa escrito Ele Não.

“A estética é tosca mesmo, tipo as montagens que a mídia dele faz. São três peças que colocam o deputado em situações em que ele teria caído em gozações feitas por deputados, como se em uma sala de aula na quinta série, colando bilhetinhos nos amigos. O pessoal curtiu e começou a espalhar. Fiquei surpreso, daí pensei, caramba, o que é isso? Saca? Estou feliz. Bateu um orgulho enorme. Produzo agora, cartazes antiguerra inspirado nos anos 40 e 60, com estética do atelier populaire. Minha nova peça que diz “Cuidado. O antipetismo pode te colocar ao lado de quem você menos espera”, mal foi postada no grupo e na minha página e já ganhou o mundo, com muita gente compartilhando. No instagram da Mídia Ninja, tem mais de 27 mil curtidas. Nem faço ideia de onde estas artes chegarão”, diz Gladson.

Mil tem 32 anos, é formado em Letras pela UECE – Universidade Estadual do Ceará e é natural de Iracema (CE). Hoje vive em Limoeiro do Norte, interior do Ceara. Atualmente é integrante do site Touts (www.touts.com.br/staycool), um site colaborativo para vendas de estampas. Faz parte dos grupos no Facebook, “LGBTs Contra o “Coiso” e também do grupo “Ele Não: Design Ativista Contra ‘o Coiso’”.

Mil diz que pronuncia a palavra “Coiso”, para evitar citar o nome do candidato. Sua arte, o colorido logo de  EleNão, tomou conta das redes sociais e das ruas em formato de adesivos, dado aos manifestantes presentes no Largo da Batata em SP, no último dia 29 de setembro.

“As minhas artes são sobre se aceitar, ter orgulho de ser quem você é mesmo e lutar sempre pelo melhor, que no caso, é o momento que estamos passando. Criei a arte com a intenção de contribuir com a tag “ele não”. A imagem representa uma resposta de nós, LGBTs, para a candidatura dessa pessoa. Por isso eu fiz a palavra “Não” com as cores da bandeira LGBTQI+ para enfatizar a nossa resposta. A frase está sob um céu estrelado, como uma forma de grito e protesto. As estrelas coloridas representam as minorias, espalhadas entre as brancas – classe privilegiada”.

“Nunca pensei que ela poderia ganhar tanta proporção. O máximo que eu imaginei, foi ganhar um pouco mais de likes, pois eu tinha certeza que esse movimento iria ganhar muita força na internet. De repente, vi inúmeros desconhecidos postando em suas redes, alguns até dizendo que a arte se tornou símbolo do movimento, nunca me passou pela cabeça que isso poderia acontecer. Eu fiquei em choque quando vi à proporção que a arte estava tomando. Até a Maria Gadú usou minha arte. As coisas saíram do meu controle, pois muita gente passou a comercializar minha criação sem nem se quer saber que eu sou o dono ou até mesmo me dar os créditos. No fim, fico muito feliz com tudo isso que aconteceu, feliz pela contribuição, feliz por tanta gente ter vindo me dar os parabéns, outras até agradecendo-me, enquanto sou eu que sinto gratidão por tudo. Sinto orgulho em ver que a arte ajudou o movimento a ganhar força”.

 

Sobre as distorções que foram criadas posteriormente com sua imagem, Mil comenta que:

 

“Recentemente vi uma postagem de uma moça no instagram. Ela fez por cima da minha arte, a frase “Ele Sim” nas cores verde, amarelo e azul. Dizia na legenda que tinha feito “uma versão do ‘ele sim’”, porque eles mereciam e o Coiso também. O que ela fez não passou de um plágio, onde até o fundo da imagem foi reaproveitou. Fico imaginando-me que essas pessoas não têm nem a capacidade ou criatividade para criar suas próprias artes, ou qualquer outra coisa que seja para enaltecer esse candidato. De todas as distorções que fizeram, a que mais me chateou foi a que o MBL fez. Eles colocaram a minha arte na capa de um vídeo deles. O conteúdo do vídeo não condiz com o significado da arte que criei. Mandei um e-mail pedindo para que retirassem a imagem daquele vídeo, mas até agora não tive uma resposta, e o vídeo continua lá”.

*Humberto Meratti é especialista em políticas públicas culturais, gestor cultural e ativista.

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#EleNão

#ELENÃO DAS MULHERES IMPACTA AS REDES E AS RUAS DO PAÍS HÁ POUCOS DIAS DAS ELEIÇÕES

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Há três dias para o primeiro turno das eleições, que acontece neste domingo, 7 de outubro, as movimentações políticas ganham ainda mais força. Desde segunda, à sexta, uma nova pesquisa de intenção de voto é divulgada e mais especulações postas em circulação. Quem mostra já ter se posicionado, em maioria, são as mulheres. Vestidas de lilás, com seus cartazes em repúdio a posicionamentos machistas, elas pautam o #Elenão dentro e fora das mídias digitais. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as eleitoras são 52,5% de todo o eleitorado brasileiro. Contra comportamentos machistas, homofóbicos e racistas, segundo elas mesmas se identificam, as mulheres somam uma rejeição de 44% ao candidato à presidência da república Jair Bolsonaro, do PSL. O dado é referente a última pesquisa Ibope, encomendada pela TV Globo e o Estado de São Paulo e divulgada nesta segunda-feira (01).

 

 

 

 

    

À fim de fortalecer a luta #Elenão em todo o país, milhares de mulheres se reuniram nas ruas de suas cidades em todo o Brasil para pedir pelo voto consciente, isto é, em prol dos direitos humanos: das mulheres, dos lgbt+ e da população negra. A manifestação aconteceu no último sábado, 29 de setembro, mesmo dia em que o presidenciável, Jair Bolsonaro, recebeu alta do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Maior ato público brasileiro desde as movimentações políticas pró e contra o afastamento da ex-presidente e candidata ao senado de Minas Gerais, Dilma Rousseff, as maiores concentrações aconteceram em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Minas Gerais.

 

 

 

 

 

 

 

    

Neste último, o estado de Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, concentrando 10,65% dos votos brasileiros, as mulheres ocuparam as ruas do centro da capital. Caminhando desde a praça Sete de Setembro até a Praça da Estação, dois pontos turísticos da cidade, os gritos eram de repúdio ao extremismo de direita, e as canções eram feministas, guiadas por diversos blocos de carnaval da capital e tocadas pelo Baque de Mina, bateria unificada toda composta por mulheres. Crianças, casais, idosos, adolescentes, deficientes físicos e artistas diversos construíram juntos a passeata. A trilha sonora era a paródia da música Bella Ciao, símbolo de resistência fascista na Itália da Segunda Guerra Mundial, que foi apropriada para letra de #Elenão. A chuva, não atrapalhou, virou canção: “pode chover, pode molhar, no Bolsonaro eu não vou votar!”, cantavam.


    

Fotografia por Isabela Abalen – Jornalistas Livres

    

O motivo por elas:

 
    

Mulheres de todas as idades, classes e etnias estavam presentes no ato do último dia 29. Ao perguntarmos a elas o porquê da importância do movimento e o motivo de apoiarem o #Elenão, em sua grande maioria destacaram pontos muito parecidos que coincidem com mulheres de todo país. Os posicionamentos machistas e preconceituosos de Jair Bolsonaro, o qual não possui planos governamentais que favoreçam as mulheres, foram citados diversas vezes. Muitas delas também destacaram que um governo exercido pelo candidato não as representaria, sendo uma das principais motivações para as manifestações que ocorreram em todo país. Confira alguns depoimentos das entrevistadas:

    

Estou aqui hoje, neste dia 29 de setembro de 2018, para dizer que #Elenão. Porque já chega de machismo fora e dentro do poder. Para o que o cargo exige dele, enquanto ser humano, enquanto profissional e político, particularmente, eu não acredito que ele tenha a menor condição ou estrutura política para reger o país. Além de ser uma pessoa que não tem vontade de ser diferente, ele já sabe o que ele vai fazer, nós já sabemos o que ele vai fazer, então cabe a nós aceitar ou não. Então estamos aqui hoje para dizer que a gente não aceita. E caso ele vença, também não vamos deixar barato. – Ana Roberto, 24 anos.
    

À esquerda, Ana Roberto, ao centro, Alyne Calixto, artista de carnaval, e à direita da fotografia, Ludmila, também artista de carnaval. Fotografia por Isabela Abalen.


    

Juliana, durante o ato #Elenão em Belo Horizonte. Fotografia por Isabela Abalen.

    
    

Eu sou #Elenão porque ele é racista, homofóbico, machista e misógino. Porque ele ficou 26 anos como deputado e até hoje não aprovou nem um projeto que lei que favorecesse pelo menos os eleitores dele do estado do Rio de Janeiro. Eu sou #Elenão, porque nós precisamos da democracia, de um país que prega o amor, a paz e a solidariedade, e não precisamos continuar a incitar a violência. Por isso eu sou #Elenão. – Michelle, 25 anos.

    
    

Eu sou contra o Bolsonaro porque eu sou contra a intolerância, não acho que ele vai melhorar as coisas incitando a violência, liberando armas. Porque ele já ficou 26 anos no congresso e não fez nada de útil pelos direitos das mulheres, dos negros e dos LGBTs, por isso #Elenão. Juliana, 35 anos.

    
    

Valeska, que pertence ao Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, durante o ato #elenão em Belo Horizonte. Fotografia Isabela Abalen.


    

#Elenão porque #Elenão tem projeto para a sociedade e principalmente para as mulheres negras e os LGBTs. Então, além de todas as coisas, mas principalmente pelas mulheres, que ele sempre está rebaixando e colocando em último lugar nos planos dele. E não é isso que queremos, queremos uma sociedade igual para todos, onde homens e mulheres ganhem igualmente, sem ter nenhuma diferença. – Valeska, 29 anos.
    

Eu faço parte desse elenco de artistas do Carnaval de Belo Horizonte e venho dizer que o Carnaval de Belô é um carnaval de política, um carnaval de militâncias e uma delas é com relação às minorias. Eu, como mulher negra, faço parte dessas minorias e nada melhor que eu ou outra mulher negra para dizer que #Elenão. A maioria das mulheres assassinadas no Brasil por arma de fogo são negras, e por isso, #Elenão. – Ludmila, 38 anos.

 

 

 

    

Michelle, ao meio, com amigas no ato #elenão em Belo Horizonte. Todas vieram de Betim fortalecer o ato. Fotografia Isabela Abalen.

 

 

 

 

    

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Democracia

DERROTAR O FASCISMO, COM FERNANDO HADDAD E MANUELA D’ÁVILA!

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Editorial dos JORNALISTAS LIVRES

 

 

O capitão do Exército Jair Bolsonaro é um adversário político, mas é bem mais (ou menos) do que isso. Se eleito, já prometeu metralhar a favela da Rocinha e os petistas (a quem ele chama de “petralhas”). Bolsonaro já tratou as mulheres como resultado de “fraquejadas”. E os pretos como “reprodutores”, pesados em arrobas (como animais).

Bolsonaro homenageia torturadores, como Brilhante Ustra. Já disse que teria matado 30.000 opositores do regime ditatorial de 1964, incluindo Fernando Henrique Cardoso.

Bolsonaro é o fascismo. É o nazismo, aproveitando-se de uma crise econômica e política abissal para ganhar pelo voto o poder. 

Nunca esqueçamos que Adolf Hitler foi eleito chanceler pelo voto democrático do povo alemão. Sua primeira providência —e de sua gangue de bandidos— foi atear fogo ao Parlamento germânico, o Reichstag. Ele culpou os comunistas por isso, desencadeando furiosa repressão contra todos os que ele desprezava: judeus, negros, ciganos, gays, deficientes físicos e mentais, feministas e, logicamente, a esquerda.

As forças democráticas não podem dar-se ao luxo de brincar de cizânia. O inimigo é monstruoso demais para isso.

Neste momento, é importante lembrar do fenômeno verificado hoje no Nordeste brasileiro, região em que mais da metade dos eleitores votam no Lula e, agora, no candidato dele, Fernando Haddad, que pretende prosseguir com os programas sociais que garantam o filho do trabalhador na Universidade, a chance de os pobres reverem a terra natal e os parentes em uma viagem de avião, a geladeira e a TV dentro de casa depois do programa Luz para Todos.

 

Além de ser o primeiro colocado na luta contra o fascismo nas pesquisas eleitorais, Haddad representa neste momento o espetacular legado de inclusão começado por Lula, e o PT, que resiste como força popular e eleitoral.

Bolsonaro une a cúpula do Exército Brasileiro e as Forças Armadas em geral, incluindo as Polícias Militares. Une o poder econômico. Une o Judiciário golpista. Une a mídia oligopólica. Todos contra o PT, como antes, à época de Hitler, foram todos contra o comunismo.

Não se trata mais de Lula contra Bolsonaro. Chega dessa polarização estúpida, tão ao gosto da mídia que vaticinou dias de glória pós-impeachment de Dilma Rousseff.

O resultado está aí –o Brasil de volta aos mapas da miséria, os recordes de desemprego e o desespero.

Chega de brincar de paneleiros contra petistas. Agora o que está em jogo é a vida ou a morte de milhões de pessoas desfavorecidas economicamente, humilhadas pelo golpe, que voltaram a cozinhar com fogão a lenha ou álcool.

Agora, trata-se de defender a ideia de sociedade plural contra a ordem unida das casernas.
Sabemos que o Brasil acumula séculos de opressão assassina sobre os povos negros e indígenas. Conhecemos a canga que o machismo colocou sobre os ombros das mulheres, tratadas como meros objetos sexuais para todas as taras e sadismos, ou como meras reprodutoras. Sabemos da dor dos gays, lésbicas e travestis, expulsos de casa e das famílias, lançados para a marginalidade abjeta simplesmente por proclamarem seu direito ao amor que não hesita em dizer seu nome.

Nós não podemos correr o risco de ver vencer um monstro moral como Bolsonaro, que defende o assassinato, a perseguição e a tortura como métodos de melhorar o Brasil.

Assombra-nos ver cristãos desejando a vitória de Bolsonaro. Onde foi que Jesus Cristo defendeu a tortura, a perseguição e o assassinato?

Responda, por favor, bispo Edir Macedo!

Não! Cristo jamais defendeu a tortura. Ao contrário, foi ele o torturado e assassinado pelo crime de defender os pobres contra o sistema da Roma Imperial.

Hoje, quem cala, consente! É por isso que os Jornalistas Livres consideram-se obrigados a dizer e a declarar bem alto que um grave risco coloca-se sobre o futuro do Brasil. E esse risco é Bolsonaro. Elegê-lo significa que nos tornaremos, como povo, cúmplices dos piores crimes. 

O povo alemão penitencia-se até hoje pelos campos de concentração e fornos crematórios em que se lançaram milhões de seres humanos. Não é possível que o povo brasileiro, de marcas sofridas queira compactuar com decisão de voto tão hedionda.

Bolsonaro não esconde e nunca escondeu quem é. E todos os poderosos do Brasil já se aninham sob as asas sinistras dessa ave de rapina. Espanta que os democratas não se dêem conta da imensa responsabilidade histórica que está colocada sobre cada um deles.

Estamos a quatro dias das eleições presidenciais. Um gesto de Guilherme Boulos, de Ciro Gomes, de Marina Silva, de outros competidores, declarando apoio ao que pode barrar a vitória do fascismo, a morte dos mais pobres e a presidência de um homem que um país como o Brasil não merece, em favor de Fernando Haddad, teria enorme efeito psicológico neste momento em que Bolsonaro surfa na onda de uma possível vitória em primeiro turno.

Marina, como mulher, negra, estaria automaticamente fazendo a defesa de sua própria gente, frase proferida por ela tantas vezes. Ciro, um homem inteligentíssimo, teria a oportunidade de lutar ao lado do que parece ter marcado sua história política: defesa do povo nordestino. Boulos tem a chance agora de trazer à tona, de uma vez por todas, seu espírito de compaixão com os mais pobres, com as lutas diárias do trabalhador que mais sofre.

Bolsonaro não enfrentou debates, não está nas ruas para debater com o contraditório. Até agora, ele se escondeu dentro de hospitais, por força de um atentado para todos os efeitos muito mal explicado. E que prestou um desserviço para o povo que não teve a chance de ouvi-lo diretamente, declarando sua animosidade pelo sofrimento dos mais pobres.

A (in)justiça do juiz Sérgio Moro liberou para os urubus da imprensa corporativa a “delação premiada” de Antonio Palocci, ex-petista que está preso há um ano e que desde então se oferece para ajudar a detonar o PT e Lula.

Debalde.

Nem o Ministério Público Federal embarcou na infame delação de Palocci. Porque ela não dispõe de um único elemento de prova! Então, fica claro que a liberação da delação de Palocci, por Sérgio Moro, obedeceu apenas ao propósito de “esculachar” o PT. Para pavimentar a vitória de qualquer candidato anti-PT.

Fernando Haddad está há 15 dias em campanha. Bem  menos do que Ciro Gomes, Guilherme Boulos e Marina Silva, que já puderam mostrar seus dotes e propostas. Se em vez de Haddad fosse Ciro Gomes o líder anti-Bolsonaro, seria para ele que chamaríamos o voto. Se fosse Boulos, idem. Para Marina, o mesmo. Nós faríamos a defesa daquele candidato democrático que tivesse a chance de lutar e vencer as eleições contra um Bolsonaro.

Mas é Fernando Haddad que desponta como o primeiro lugar dentre os opositores de Jair Bolsonaro. Nós, Jornalistas Livres, não abdicaremos de nossa responsabilidade histórica.

É preciso derrotar o “coiso”. É preciso gritar bem alto “#EleNão“.

É preciso impedir o agravamento do genocídio dos pretos, pobres e favelados… O agravamento dos índices de feminicídios e estupros.

É preciso conversar com quem está do seu lado, com quem quer tornar o domingo , 7 de outubro, o dia de um voto útil e dizer que precisamos estar vivos no próximo período, precisamos estar juntos e fortes contra tudo aquilo que Bolsonaro representa.

Por tudo isso, agora é Fernando Haddad, o resto é a divisão entre nós, que a direita tanto ama!

Depois de derrotado o torturador, o nazista, o Brilhante Ustra, o anti-mulher, anti-gay Bolsonaro, estaremos juntos de novo para cobrar de um Fernando Haddad vencedor as pautas populares, anti-racistas e inclusivas!

Fernando Haddad e Manuela! Lindos e incríveis! Pro Brasil ser Feliz de Novo!

E Lula Livre!

 

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