Jornalistas Livres

Autor: JLCampinas

  • A Cultura de Campinas que existe e resiste

    A Cultura de Campinas que existe e resiste

    A cidade de Campinas (SP) possui grandes representantes da Cultura Popular, mestres griôs , grupos e comunidades que preservam as manifestações culturais. O calendário das manifestações culturais popular é marcado por acontecimentos durante o ano. Os Arraiais são um deles. No mês de julho, duas festas de dois grupos e espaços culturais importantes acontecem: O Arraial Afro Julino, da Comunidade Jongo Dito Ribeiro (Fazenda Roseira), e o Arraial do Urucungus do Grupo Urucungos, Puitas e Quijengues. Os Jornalistas Livres Campinas estiveram nas duas festas e conversaram com Alessandra Ribeiro, da Comunidade Jongo Dito Ribeiro, e Alceu Estevam, do Grupo Urucungus, Puitas e Quinjegues.

    Arraial Afro Julino
    Arraial Afro Julino

    O Arraial Afro Julino, da Comunidade Jongo Dito Ribeiro, acontece na Casa de Cultura Fazenda Roseira sempre no segundo sábado de julho. O Arraial Afro Julino é uma grande festa organizada pela sociedade civil em Campinas. Cerca de 8 mil pessoas participam e transitam pelas 18 horas de festa na qual há alegria e comunhão. Há barracas de artesanato afro, e de alimentação com os tradicionais quitutes juninos, além de muita culinária cultural, como acarajé. Contando também vários palcos que alternam as apresentações artísticas e a área de discotecagem, a programação é intensa. O público assiste à roda de jongo, samba, maracatu, rap e a outras manifestações culturais afro-brasileiras.

    Arraial Afro Julino
    Arraial Afro Julino

    Neste ano (2016), em sua 13º edição, Alessandra Ribeiro, neta de Dito Ribeiro e líder da Comunidade Jongo Dito Ribeiro, conversou com os Jornalistas Livres de Campinas e falou sobre a festa.
    “A festa é importante para nós, para nossos parceiros, essas parcerias que fortalecem e engrandecem. A economia é solidária, composta por vários parceiros e grupos, cada um com sua barraca. Isso traz empoderamento a todos nós. A cada ano vamos nos aprimorando quanto à organização, e mostramos a nós que podemos organizar tranquilamente uma grande festa para a população. A nossa festa ao longo do tempo vêm crescendo cada vez mais. Pessoas de outras localidades e países vêm ao nosso Arraial. Nesse ano, tivemos pessoas de oito países diferentes.”
    Alessandra ainda se expressa sobre as tradições; “Ao evocarmos São Benedito (o santo que foi um trabalhador na cozinha da nobreza europeia) para também ser homenageado, reverenciamos a nossa ancestralidade. Demonstramos que o povo negro conhece e reconhece sua cultura e que sabe preservá-la e mantê-la.”

    Arraial Afro Julino - Alessandra Ribeiro - Comunidade Dito Ribeiro
    Arraial Afro Julino – Alessandra Ribeiro – Comunidade Dito Ribeiro

    Para quem ainda não conhece, a Casa de Cultura Fazenda Roseira é uma conquista do movimento negro e do movimento popular sendo uma referência da cultura afro-brasileira na cidade de Campinas. O casarão data do final do século XIX, transformado em equipamento público em 2007 por conta do loteamento da área da antiga Fazenda, a qual, à beira da destruição e depredação, foi ocupada pela Comunidade Jongo Dito Ribeiro e outros movimentos sociais e religiosos de matrizes africanas. Desde então, o casarão promove diversas ações culturais e sociais abertas à população.

    O Arraial do Urucungus do Grupo Urucungos, Puitas e Quijengues, que acontece na sede do grupo, “É uma grande confraternização. É uma celebração entre amigos e parceiros”, afirmou Alceu Estevam, que lidera o grupo junto com sua esposa Rosa.

    Arraial Urucungus
    Arraial Urucungus

    O grupo Grupo Urucungos, Puitas e Quijengues, fundado há 28 anos pela folclorista Raquel Trindade, é muito respeitado e uma referência para os grupos da cidade, uma vez que grande parte dos artistas de cultura popular já passaram ou foram influenciados pelo “Urucungos”. Segundo Alceu, “Nós não temos nenhuma ficha de inscrição. Quem quiser vir é bem vindo. Se a pessoa sair e voltar depois de um tempo, ela é aceita e participa da mesma forma. Existe total liberdade de escolha”.
    O Arraial do Urucungus tem como tradição o ritual de “erguer o mastro aos Santos”, que é feito pelo grupo feminino “As Caixeiras das Nascentes”, abrindo a festa. Todas as pessoas presentes podem seguir o costume junino de “fazer um pedido ao santo, dando um nó na fita do mastro”.

    Arraial Urucungus
    Arraial Urucungus
    Arraial Urucungus
    Arraial Urucungus

    A programação artística é variada e constante. Durante o encerramento de uma apresentação já se inicia outra, logo na sequência. Alceu Estevam fala a respeito da relação do “Urucungus” com os outros grupos e sobre o sortimento de atrações: “Nós temos muitos parceiros. As parcerias foram construídas e fortalecidas ao longo desses 28 anos de existência. É uma relação “de bigode”, ou seja: Nós vamos à Roseira (Casa de Cultura), e o Jongo vem aqui. As Caixeiras sempre abrem a nossa festa. Temos parceiros, como o Ibaô (Ponto de Cultura), o Maracatucá (Grupo) e a Tainã (Casa de Cultura), que sempre nos apoiam, como acontece durante o Carnaval.”
    O público participa ativamente das apresentações, já que a interação entre as pessoas é algo típico da cultura popular. As rodas são constantes e os grupos abrem a participação popular, convidando as pessoas a se envolverem.

    Arraial Urucungus
    Arraial Urucungus

    Alceu ainda comenta: “É sempre importante termos consciência quanto ao valor da cultura de matriz africana e da cultura popular. Durante um tempo, elas ficaram esquecidas na nossa cidade e, de uns tempos para cá, os grupos (coletivos) estão retomado o movimento, apropriando-se e ocupando os espaços. Sempre na luta e resistência”.

    Mais imagens das festas

    Reportagem e fotos: Fabiana Ribeiro

  • Povo Kariri Xocó pede ajuda e solidariedade na luta pela suas terras

    Povo Kariri Xocó pede ajuda e solidariedade na luta pela suas terras

    O governo interino de Michel Temer completa dois  meses de gestão marcado por incontáveis retrocessos  nas mais diversas  áreas. Com as políticas indigenistas não foi diferente. O conflito tem se acirrado entre fazendeiros e povos indígenas que continuam a lutar por suas terras. Muitas áreas identificadas e delimitadas pela Funai ( Fundação Nacional do Índio) como “terra tradicionalmente ocupada pelos povos indígenas”,  como preconiza a Constituição Federal,  são invadidas e tomadas ilegalmente por não indígenas.

    Territórios já demarcados sofrem com a morosidade dos órgãos competentes na sua proteção.

    Os indígenas Kariri Xocó em Alagoas, no município de Porto Real do Colégio,constantemente  tem  alertado  à situação de risco de sua Terra Indígena. No últimos dias eles sofreram a terceira reintegração de posse de áreas já demarcadas em favor de fazendeiros e posseiros.

    A Rede de Apoio aos Kariri Xocó tem buscado auxiliar e contribuir na luta deste povo, pela garantia de políticas indigenistas de reconhecimento dos direitos indígenas. Entre suas ações  compartilhou um texto sobre o atual momento, no qual relata a luta dos Kariri Xocó e a indignação com a falta de justiça.

    “ […] O povo Kariri Xocó continua na luta pelas terras já demarcadas. A justiça dos brancos e ricos é rápida para atender aos pedidos dos fazendeiros, mas lenta para reconhecer os direitos indígenas.

    Os Kariri Xocó venceram na 12ª Vara Federal de Alagoas (Arapiraca), mas os fazendeiros recorreram para o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (Recife).

    Desde o dia 09/10/2014 o recurso encontra-se com o desembargador relator, mas até hoje não foi julgado. Mais de um ano e nove meses de espera! Na verdade há décadas. … há 500 anos. Entretanto, quando os fazendeiros entram com pedidos de reintegração de posse são atendidos em alguns dias!

    Os fazendeiros que ocupam ilegalmente há mais de 10 anos o território indígena demarcado têm sido beneficiados por toda esta demora e ainda ganham ações pelo juiz regional de Arapiraca contra a ocupação dos indígenas em suas terras. Informações do Processo:

    TRF 5ª Região – APELAÇÃO CÍVEL (AC575560-AL) – Terceira Turma – PROC. ORIGINÁRIO Nº: 200780010002947 – Justiça Federal – AL – 12ª Vara Federal da Seção de Alagoas (Arapiraca) – RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO MACHADO CORDEIRO  […]

    […] É contra esta e outras injustiças que os Kariri Xocó estão neste momento em mobilização e luta, ocupando rodovias que passam por suas terras. […]”

    No documento, a Rede de ajuda aos Kariri Xocó, pede apoio e solidariedade de todas e todos,  especialmente dos movimentos sociais e de direitos humanos, exige ações dos órgãos competentes para homologar e entregar o território demarcado  aos povos indígenas, que são considerados como  parte integrante das terras e também reivindica a imediata suspensão da liminar na ação de reintegração de posse, nº Proc. 0800476-23.2016.4.05.8001, da 12ª Vara Federal de Alagoas (Arapiraca) e o julgamento imediato do Processo Nº: 200780010002947 pelo TRF da 5ª Região.

    Informa, ainda, os contatos dos indígenas Kariri Xocó, para os interessados em colaborar: Kajabi pelo fone/whatsapp (82) 998421951, Pawanã pelo fone/whatsapp (79) 988274841, e Tawana pelo fone/whatsapp (82) 99957-2339.

    Hidalgo Romero  – Jornalistas Livres de Campinas

  • Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Campinas realiza tradicional feijoada anual

    Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Campinas realiza tradicional feijoada anual

    Neste domingo, 10 de julho, o Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Campinas, com sede na Vila Castelo Branco, promoveu um encontro que acontece desde 2001 para levantar fundos. De acordo com a coordenadora Eliete Ferreira da Silva, os eventos são necessários uma vez que o Sindicato não tem renda e não recebe imposto sindical.

    Sede do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Campinas
    Sede do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Campinas

    “No começo, fazíamos bailes e jantares, em parceria com outros Sindicatos ligados à CUT, mas ao longo dos anos mudamos as atividades e passamos a organizar eventos por nossa conta”, explica Eliete, que afirma que a alta do preço do feijão afetou na arrecadação deste ano. “Não só o feijão, mas as carnes também estão bastante salgadas”, enfatiza.

    Criado em 1961 por Laudelina de Campos Mello, o Sindicato inicialmente se chamava Associação Profissional Beneficente das Empregadas Domésticas e tinha como objetivo assegurar os direitos das trabalhadoras domésticas e intermediar conflitos entre patrões e empregadas, uma vez que na ocasião não havia legislação trabalhista para a categoria.

    De acordo com Eliete, apesar dos direitos conquistados pelas trabalhadoras domésticas em 2013 e 2015, por exemplo, a obrigatoriedade de registro em carteira, o Sindicato ainda luta pela igualdade de direitos em relação aos demais trabalhadores. “Eu hoje recebo mais que um salário mínimo, mas se meu patrão me manda embora, eu recebo apenas o salário mínimo, e só durante três meses. Fora o desconto de 8% feito na folha de pagamento para o INSS que, muitas vezes, depois a gente descobre que não foi pago. A nossa luta é assegurar a nossa Previdência Social”, diz.

    Eliete Ferreira da Silva
    Eliete Ferreira da Silva

    “Aqui no Brasil as coisas demoram muito pra acontecer. Em 2010 nós participamos de um evento de trabalhadoras domésticas em Genebra (99ª Conferência Internacional do Trabalho) e vimos que em países como Venezuela, Paraguai e Argentina as coisas já acontecem há muito mais tempo. O Brasil foi o último país a abolir a escravidão; Campinas foi a última cidade”, ressalta Eliete. Na ocasião foi ratificada a Convenção 189 da Organização Internacional do Trabalho, que contém medidas de proteção das trabalhadoras domésticas. No Brasil, os direitos previstos nessa Convenção foram contemplados na Lei Complementar 150, de 2015.

     

    “No governo Lula e no governo da Dilma, a negrada deu um salto – que não foi um saltão, mas foi um avanço. Hoje em dia o que eu vejo de filho de amiga minha fazendo faculdade, eu acho bonito! Fico até arrepiada! A gente é capaz de lutar de igual pra igual.”, afirma.

    A função de emprega doméstica não vai acabar, segundo Eliete, mas corre o risco de, no futuro, faltar mão de obra em estados onde se concentra mais a elite. “O trabalho não vai acabar porque os nossos empregadores não educam os filhos a tomar um suco e levar o copo na pia”, comenta.

    “A verdade é que no Brasil não querem que a escravidão acabe”, garante Eliete, que afirma que há muitos empregadores que não querem saber se o filho da empregada está bem, fazendo faculdade, por exemplo. “Tem muito patrão que não gosta. Muitos acham que a empregada doméstica tem que educar seus filhos para serem pedreiros, empregadas, e acham uma afronta quando ela tem um filho formado, com salário, viajando”, comenta.

    “No Brasil a gente tem que lutar, lutar e lutar. Porque além de tudo a mídia distorce muito as coisas, tudo para ferrar a trabalhadora, para ela continuar sendo pobre”, afirma. Como exemplo ela citou um programa matinal de televisão que, na época em que foi definido que a carteira de trabalho da empregada doméstica deveria ser assinada, convidou um especialista que disse que isso tornaria o processo mais oneroso para o patrão. “Tudo o que ele me paga é abatido depois no Imposto de Renda. O valor volta todo para ele”, afirma. “Tem quem diga que esse tipo de trabalho não é produtivo… Mas é! Se você sai para trabalhar e precisa de alguém para cuidar da sua casa, eu vou gerar lucro para você! Vou estar na sua casa enquanto você sai”, avalia Eliete.

    Sobre-viventes

    Convidada pela Frente de Mulheres Negras de Campinas e região, Cidinha da Silva lançou seu livro Sobre-Viventes durante a feijoada do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Campinas. “As meninas aqui têm essa política de trabalhar junto, e o meu livro traz temas que falam daqueles humanos que nem sempre têm espaço na vida social e política, porque muitas vezes essa parcela da humanidade tem pessoas achatadas, privadas de direitos. Meus personagens bebem muito dessas subjetividades”, diz.

    Cidinha da Silva
    Cidinha da Silva

    Dentre as crônicas que compõem o livro há a “Antologia do quartinho de empregada do Brasil”, fruto de uma exposição em Belo Horizonte. “Nesse texto eu falo um pouco das circunstâncias desse quartinho, sua arquitetura, e também da PEC das domésticas (Proposta de Emenda Constitucional 72) e o que isso significa para essas trabalhadoras em termos de ganhos de conquistas de garantias trabalhistas. Garantias que a CLT já oferecia para outros trabalhadores há cerca de 80 anos”, ressalta.

    O livro Sobre-Viventes, da editora Pallas, pode ser encontrado e/ou encomendado em todas as livrarias do Brasil. Mais informações na fanpage do facebook @cidinhadasilvaescritora e no blog cidinhadasilva.blogspot.com.

     

    Alice Vianna e Raíssa Koshiyama para os Jornalistas Livres.

  • COTAS SIM! Traços da luta antirracista dentro da Universidade Estadual de Campinas.

    COTAS SIM! Traços da luta antirracista dentro da Universidade Estadual de Campinas.

    Em parceria com o Coletivo Mídia Livre Vai Jão

    Ao longo deste grande momento de mobilização dentro da Universidade Estadual de Campinas, que uniu (e ainda une) um número significativo de estudantes, professores e funcionários na luta por uma universidade pública mais democrática, igualitária e de qualidade, a pauta da igualdade racial e da implementação de políticas afirmativas de acesso à universidade pública obteve avanços marcantes.

    Além de importantes atividades realizadas dentro da programação de greve de cada segmento, por exemplo, o debate “Cotas Sim! Construindo uma sociedade igualitária através do pleno acesso à educação”, realizado pelo coletivo de Advogad@s Independentes de Campinas e que compôs da programação da greve dos docentes, a luta por políticas de inclusão obteve vitórias concretas que fortaleceram o movimento. No dia 29 de junho, A Faculdade de Educação aprovou em sua congregação a implementação de cotas étnico-raciais e para pessoas com deficiência em seu programa de Pós-Graduação. Além da Faculdade de Educação, seis programas de pós-graduação do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (Sociologia, História, Ciências, Antropologia, Ciências Políticas e Demografia) também aderiram às cotas.

    No que tange à graduação, a Unicamp não possui políticas de inclusão por meio de cotas. Ela faz uso de dois modelos de ação afirmativa para acesso ao ensino superior: O PROFIS (Programa de Formação Interdisciplinar Superior), que seleciona um a dois candidatos de cada uma das escolas públicas do município de Campinas os quais tenham obtido melhor desempenho no ENEM e o PAAIS (Programa de Ação Afirmativa de Inclusão Social) que bonifica candidatos que estudaram o ensino médio integralmente em escolas públicas e para autodeclarados PPI (pretos, pardos ou indígenas), consistindo na principal política de inclusão alternativa às cotas.

    Segundo um manifesto publicado pela Frente Pró-Cotas da Unicamp: “O PAAIS, em seus 12 anos de existência, falhou categoricamente em atingir seu objetivo de promoção da inclusão social e étnico-racial da universidade. De 2005 a 2016, o programa não promoveu a inclusão étnico-racial de alunos oriundos da rede publica de educação – ao longo desse período, 67% dos matriculados estudaram em algum momento em escolas particulares e 52% fizeram cursinhos comerciais – e, com relação à entrada das populações PPI, estas foram apenas 15% do total de ingressantes entre 2005 a 2016. Além disso, por não fazer em nenhum momento recorte de renda, o Programa permite que estudantes que não pertencem ao perfil visado sejam beneficiados – em 2015, 75 dos matriculados beneficiados pelo PAAIS possuíam renda familiar entre dez a 15 salários mínimos; 16 dos matriculados tinham renda entre 15 a 20 salários mínimos; e 17 renda superior a 20 salários mínimos. Em 11 anos de PAAIS, apenas sete alunos pretos ingressaram no curso de Medicina e apenas dois no curso de Arquitetura e Urbanismo. Os resultados de 12 anos de PAAIS só reafirmam o que qualquer um, ao passar o dia na universidade, prontamente percebe: a Unicamp continua sendo um projeto de universidade privada, elitista e branca.

    Casos de racismo dentro do campus

    No dia 22 de Junho, o Núcleo de Consciência Negra da Unicamp, com apoio do Conselho Municipal de Direitos Humanos e Cidadania e outros coletivos, realizou uma Marcha Antirracista pelo campus com o objetivo de denunciar os recentes casos de racismo que ocorreram dentro da universidade, com ênfase nas atitudes racistas cometidas pelos docentes José Maria Ferreira Jardim da Silveira (Instituto de Economia) e Márcia Aparecida Gomes Ruggiero (Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica).

    Segundo o Manifesto Antirracista redigido pelo Núcleo de Consciência Negra da Unicamp, Silveira”hostilizou os alunos presentes em assembleia no Instituto de Economia em que discutiam, entre outros pontos, a adoção de cotas étnico-raciais na pós-graduação. Não satisfeito com as ofensas verbais, que incluiu chamar os estudantes de primatas, o docente em questão prosseguiu com ofensas por meio de sua conta no Facebook. Já a docente Márcia Ruggiero se referiu a um ato conjunto organizado pelos setores em greve na Unicamp da seguinte forma: ‘Sobre o ato unificado dos grevistas da Unicamp: digamos que o que pretendia ser uma representação da Via Crucis terminou por se assemelhar a um bando de pomba gira num terreiro de macumba’”.

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    Antes destes casos, nos dias 08 de março e 05 de abril, pichações extremamente racistas, com dizeres como “Aqui não é senzala! Tirem os pretos da Unicamp já!”, foram vistas nas dependências do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas.

    Otávio Catelano
    Foto de Otávio Catelano

    Enfim, a luta é árdua, mas vale a máxima: RACISTAS! FASCISTAS! NÃO PASSARÃO!

  • Unicamp: SOS Universidade realiza aula pública em Campinas

    Unicamp: SOS Universidade realiza aula pública em Campinas

    Na próxima sexta-feira (08/07), servidores docentes e técnico-administrativos, e alunos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) realizarão um novo ato no Centro de Campinas. O evento ocorrerá em frente a Catedral Metropolitana de Campinas, localizada à Praça José Bonifácio, no centro da cidade.

    Organizado pelo Comitê de Mobilização da Unicamp e pelo Comando de Greve dos Estudantes da Unicamp, este será o primeiro Ato-Aula Pública de uma série que pretende discutir com a população o passado, o presente e o futuro do Brasil no que diz respeito ao trabalho, educação, saúde, economia e política.

    O evento também faz parte da agenda do movimento S.O.S. Universidade Pública, cujo objetivo é lutar pela conscientização não apenas da comunidade acadêmica, mas também da opinião pública, sobre a necessidade de garantia de que a universidade permaneça pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada.

    De acordo com os organizadores, serão realizadas quatro aulas de 20 minutos cada, ministrada por representantes das três categorias da universidade, com início previsto para às 11 horas. Os temas escolhidos foram “A Crise da Universidade Pública”, o “Mito do Ajuste Fiscal”, o “Aumento do Desemprego” e a “Defesa da Saúde Pública”.

    Serviço:
    Ato – Aula Pública no Centro de Campinas
    Data – 08/07 (sexta-feira)
    Horário – das 11h às 15h
    Local – Praça José Bonifácio, em frente a Catedral Metropolitana de Campinas, no centro da cidade
    Organização – Comitê de Mobilização da Unicamp em conjunto do Comando de Greve dos Estudantes da Unicamp

    Comunicação ADunicamp

  • Unicamp: Reitor se compromete com acordo e estudantes decidem desocupar Reitoria

    Unicamp: Reitor se compromete com acordo e estudantes decidem desocupar Reitoria

    Os estudantes da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) se comprometeram a iniciar, ainda na tarde desta quarta-feira, 6, a desocupação do prédio da Reitoria, depois que o reitor José Tadeu Jorge assinou documento onde se compromete a manter todos os pontos do acordo que havia feito com os grevistas anteriormente.

    Na segunda-feira, 4, a Comissão de Mobilização Docente da ADunicamp (Associação de Docentes da Unicamp), que tem colaborado na intermediação das negociações, havia comunicado aos estudantes que o reitor assumira o compromisso verbal de manter o acordo. Mas os estudantes, reunidos em plenária na noite de terça-feira, 5, decidiram que desocupariam o prédio, desde que o reitor se comprometesse, por escrito, a manter os pontos negociados.

    Finalmente, no início da tarde desta quarta-feira, o reitor assinou o documento elaborado e encaminhado pela Comissão de Mobilização da ADunicamp, que também havia sido aprovado pela Comissão de Negociação dos estudantes.

    Documento assinado pelo reitor
    Documento assinado pelo reitor

    OS COMPROMISSOS

    Os três compromissos assumidos pelo reitor no documento são:

    1. Os pontos obtidos no acordo serão absolutamente mantidos e o acordo assinado imediatamente após a desocupação.
    2. No caso de apuração de eventuais atos de excesso por parte dos docentes, estudantes ou funcionários durante o movimento grevista, garante-se o processo democrático, transparente e público, sob acompanhamento da ADunicamp e da Comissão de Mobilização Docente, focalizando a ética da greve.
    3. Todos os processos em andamento encontram-se plenamente contemplados pelo item anterior.

     

     

    A DESOCUPAÇÃO

    O processo de desocupação será definido na tarde desta quarta-feira, numa plenária marcada para 16h.
    A estimativa dos organizadores do movimento é que todos os alunos deixem o prédio até amanhã depois de, possivelmente, realizarem a limpeza do local.

    Comunicação ADunicamp