Ato em homenagem para Jean Willys destaca sua partida

Foto: Bárbara Louzada / Jornalistas Livres

Por Bárbara Louzada e Gabriel de Nani

Ontem foi celebrado um ato no Largo São Francisco, região central de São Paulo, em homenagem e apoio ao deputado Jean Willys (PSOL-RJ) que depois de sofrer seguidas ameaças decidiu abandonar o mandato e sair do país.

Jean lutou, durante dois mandatos, na Câmara  dos Deputados pelos direitos LGBTs e de todas as minorias oprimidas. Sua vida pública foi marcada por campanhas de difamação e mentiras. Sua atuação incomodava fanáticos apoiadores de Jair Bolsonaro que, além de inventarem mentiras absurdas sobre ele, ameaçaram de morte sua mãe e seus irmãos. Um dos episódios marcantes da trajetória de Willys pelo congresso foi o cuspe em Jair Messias Bolsonaro durante a votação do Impeachment da presidenta Dilma, após o deputado Bolsonaro homenagear o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra.  Fernando Haddad, Manuela D’Ávila, Guilherme Boulos, Criolo, a deputada estadual ,Erica Malunguinho, o deputado estadual, Carlos Giannazi, Eduardo Suplicy, Ivan Valente, o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, e centenas de militantes e políticos estavam lá juntos para lutar pela democracia e por Jean.

O ato ocorreu no salão nobre da Faculdade de Direito da USP, que fica no largo. Ao longo da noite várias falas foram realizadas pelos que estavam presentes, seja para relembrar momentos e vitórias de Jean como deputado ou para lamentar e ponderar sobre a decisão que ele foi obrigado a tomar.

Veja abaixo falas de alguns dos presentes.

Manuela D’Avila (ex-cadidata à vice-presidência do Brasil pelo PT)

“Trago um recado de Jean: ele disse que nunca, mesmo diante de tanto medo e de tanta adversidade que fizeram com que ele tomasse essa decisão, ele nunca teve tanta esperança pela onda de solidariedade que ele recebeu. Pediu que eu dissesse a vocês que mesmo doído, ele está bem.” “Eu acho que o exilio do Jean, diz muito sobre o que o Brasil vive, sobre o que viveu nos últimos anos e também sobre o que nós podemos viver nos próximos dias, nos próximos meses, no próximo período.”

“Nós precisamos dizer que a onda de fake News e as redes de ódio são responsáveis pelo exilio de Jean. “
“A mera existência de um homem gay político, gera ódio. A verdade. O homem gay, político, poderoso, subvertendo as estruturas de poder. Isso gera ódio. Por isso é fake News e ódio. E são muitos os anos que Jean sofre com isso. São muitos os anos. E não é por acaso. É porque ele é porta voz de um conjunto de ideias que causam medo. A mudança. A transformação. O tirar o poder das mãos dos mesmos que tem sempre o poder: os homens brancos heterossexuais.”
“Nós queremos uma democracia viva. Com o direito a debater todas as coisas e não queremos ser odiados. E nem sermos absolutamente destruídos porque defendemos o que quer que seja.”
“É preciso falar: o fascismo, o ódio, a desumanização. A ideia de que o outro é o inimigo, o inimigo único a ser combatido. Que façam com que venham aqui, que vão aos enterros, que vão aos hospitais, tentarem fazer escrachos com os que lutam pela democracia. O fascismo no Brasil se constrói a partir do ódio, das fake News financiadas por dinheiro sujo na internet. “
“Nós temos a obrigação de acolhermos as decisões das nossas companheiras e dos nossos companheiros sobre a melhor forma de resguardarem as suas vidas e a sua sanidade mental. “

Fernando Haddad (ex-cadidato à presidência do Brasil pelo PT)

“Primeiro dizer pra vocês todos que eu estou, desde sempre, mas a partir de hoje com mais vontade, eu estou disponível, eu estou disposto, eu estou animado, para reconstruir as condições para o Jean voltar para o Brasil amanhã, se ele quiser.”

Guilherme Boulos (ex-cadidato à presidência do Brasil pelo PSoL)

“Estao construindo esse ambiente, tão semeando o ódio, tão estimulando a violência, e a responsabilidade política das ameaças ao Jean, inclusive pela forma como reagiu, essa responsabilidade é do Bolsonaro e do seu governo e é ele que deve ser cobrado.”

 

“A decisão do Jean é um grito, um grito de basta, de que não dá mais. E é importante a gente ouvir esse grito e transformar esse grito em disposição de luta, em unidade, em mobilização, para que a gente possa começar a virar esse jogo. Virar esse jogo para construir um Brasil onde alguém como Jean Wyllys seja valorizado e seja respeitado. Para construir um Brasil onde todas as formas de amor sejam valorizadas e sejam respeitadas. Para construir um Brasil onde o lucro não esteja acima da vida.“

Monica Benício (ex-mulher de Marielle Franco e militante do PSoL)

“Eu tenho um desacordo quando as pessoas dizem que o Jean teve que abandonar o seu mandato. Eu acho que ele foi obrigado a abandonar o seu mandato por essas pessoas.”

Ivan Valente (deputado federal pelo PSoL-SP)

“Bolsonaro na cadeia já, e não é só pelas transações tenebrosas, não é só pelos depósitos do Queiros, é porque a ligação direta com as milícias no Rio de Janeiro, lá no Escritório do Crime, em Rio das Pedras, e no globo de hoje esta muito claro, nos discursos de Bolsonaro em Brasília e do Flavio, na homenagem que ele faz, que nós podemos ter uma grande surpresa, Monica, fechando o circuito. Talvez a mão assassina que atirou em Marielle passe exatamente por ai, nesse que esta ai clandestino agora, neste que está foragido e que é homenageado. Miliciano homenageado. Nós não vamos permitir isso. Nós vamos dizer: Bolsonaro é ligado as milícias. Fora Bolsonaro”

 

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