Por Laís Vitória Cunha de Aguiar
Dia 10 de dezembro de 2018: último dia do embarque da volta dos médicos Cubanos. A despedida foi emocionante. Organizada pela CUT, pelo PT, pelo Núcleo de Base Marisa Leticia, do Congresso, a despedida contou com um grupo de militantes (cerca de 100 pessoas) que se revezaram desde as sete meia da noite ate nove e meia, cantando, agradecendo aos Cubanos com rosas vermelhas.
Por que os médicos Cubanos estão deixando o programa Mais Médicos? Após a declaração do futuro presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, os médicos Cubanos são escravos de uma ditadura, Cuba decidiu retirar os 8.332 médicos Cubanos, que trabalhavam em periferias e outros locais em que normalmente o medico brasileiro não consegue atender a demanda. São locais nos quais não trabalhavam médicos brasileiros, e que continuarão a não ter: apesar da maioria dos postos terem sido preenchidos, menos da metade dos médicos que se inscreveram para o programa se apresentaram.
“Só tenho uma palavra para descrever meu tempo no Brasil: gratidão. Estou feliz por ter estado aqui, pela recepção do povo brasileiro, e estou consciente da dificuldade que passara o povo brasileiro daqui em diante.” relatou Yisel, que trabalhou no Paraná, em Foz do Iguaçu, no posto São João, da região de 3 Lagoas.
Entre os militantes presentes na despedida estava Sophia Hernandes, de apenas 16 anos, que veio para “ocupar e resistir”, e fez seu próprio cartaz escrito “gracias Cuba, el Corazon del mundo.” Já Afonso Magalhães, militante do PT, disse que “o Brasil diz adeus a medicina mais humanizada do mundo, que não trata o paciente como a doença, mas como ser humano”.
Também compareceram a deputada federal Erica Kokay (PT), e a neta do Cavaleiro da Esperança, Ana Prestes, que foi candidata a deputada federal pelo PCdoB. A deputada Erica Kokay disse que ali estava para “agradecer a presença de todos os médicos Cubanos em nosso país, que olharam pela nossa gente, pelo nosso povo, pela população invisibilizada e esquecida. Vocês não vieram dialogar com a doença, vieram dialogar com as pessoas.”. Ana Prestes relembrou que os médicos estavam partindo em um dia significativo, no dia em que a Declaração Universal dos Direitos Humanos faz 70 anos, também enfatizou que não deve existir outro povo que entenda e pratique melhor os direitos humanos que os cubanos.
É irônico que eles partam no dia em que a Declaração dos Direitos Humanos fara 70 anos. No dia em que comemoramos os direitos humanos, milhares de brasileiros perdem um direito fundamental: de acesso à saúde.
Veja o vídeo da despedida: