No último sábado, dia 17 de agosto, aconteceu o “almoço da resistência” em apoio ao acampamento Marielle Vive que está sob ameaça de despejo. O acampamento do MST ( Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra), em Valinhos, que abriga cerca de mil famílias ainda está em luto, após o assassinato cruel do pedreiro Luis Ferreira da Costa, 72 anos, morador do Marielle Vive.
Luis foi assassinado durante manifestação pacífica na qual os trabalhadores e trabalhadoras pediam fornecimento de água para as famílias e foi homenageado em ato ecumênico no decorrer das atividades das atividades do sábado solidário.
Além do ato ecumênico, diversas atividades aconteceram durante todo o dia: futebol, apresentações musicais e teatrais, feira de produtores do acampamento e em homenagem ao trabalhador.
Entre as diversas atividades, as pessoas que vieram se solidarizar com as famílias do acampamento, puderam também adquirir produtos artesanais comercializados pelas trabalhadoras e trabalhadores do Marielle Vive.
O casal Priscilla e José comercializava junto à maçã-do-amor o alface orgânico e livre de agrotóxicos produzidos na horta do casal. Priscilla sorridente com a camiseta do Acampamento Marielle Vive e a barriguinha no 7º mês de gravidez dizia se orgulhar da produção de sua horta. “ É uma luta, ainda não temos água e o solo não está devidamente preparado mas vamos plantando. Olhar a horta nascer é uma alegria imensa”.
A produção artesanal enchia os olhos dos visitantes, Cristina exibia com orgulho a sua produção; pães doces e salgados, doces, bolos, biscoitos, pimentas em conserva e afirmava “ Nós estamos aqui para plantar e produzir sem agrotóxico, sem veneno. Produzir uma comida natural e com preço mais barato para a população.”
O cuidado e as cores chamavam a atenção para os potes de geleias e doces produzidos de forma artesanal e familiar. “ A receita é da minha avó. Nós estamos ajudando a minha avó a vendê-los.” A avó confirmava ” Eu sei fazer mas não tenho jeito para vender.” A geleia de hibisco era uma das atrações na feira.
O artesanato também teve destaque na feira. Peças em crochê e costura como: tapetes, toalhas, panos de prato, refletiam a criatividade e o potencial da produção das trabalhadoras do acampamento.
Muitas pessoas passaram pelo acampamento para apoiar as famílias de trabalhadores que moram no acampamento . Trabalhadores e trabalhadoras que lutam pela terra, cujo desejo é sustentar suas famílias com trabalho digno.
Famílias Ameaçadas pela especulação imobiliária
No dia 12 de agosto a juíza de primeira instância, Bianca Vasconcelos, decidiu pelo despejo das famílias que vivem na Fazenda Eldorado Empreendimentos Imobiliário, desde o dia 14 de abril de 2018. A área estava abandonada e improdutiva, uma atitude de desprezo à Constituição brasileira, quando foi ocupada pelo MST.
A região é muito desejada por conta da especulação imobiliária que pretende devastar a área para construir um condomínio de luxo causando mais um desastre ambiental na região.
Diferentemente da devastação e especulação econômica, a Reforma Agrária Popular proposta pelo MST quer criar na antiga fazenda abandonada, um projeto de produção de alimentos saudáveis, sem agrotóxicos e com preservação ambiental.
A decisão arbitrária e sem fundamentação legal da juíza ignora a realização de uma reunião prévia de conciliação, como previsto em lei, já que a ocupação tem mais de um ano, estipulando o prazo de 15 dias úteis para a saída voluntária de cerca de mil famílias ali acampadas.
Há cerca de um ano, o Tribunal de Justiça de SP suspendeu a liminar de reintegração de posse da justiça de Valinhos, entendendo que não houve comprovação da posse por parte dos supostos proprietários.
fotos: Fabiana Ribeiro