Moinhos de vento

 

São 500 anos da morte de Leonardo da Vinci. Seria uma celebração à vida e ao entendimento das coisas, à cultura e à ciência, mas não, tudo padece; até as girafas estão no fim, cansadas de viverem espichando o pescoço e terminarem assim, extintas. As abelhas também desistem desse mundo, morrem aos milhões entre as lavouras e sua química.

 

Leonardo não conheceu os povos das Américas, mas tivesse convivido com os índios daqui, teria vislumbrado várias possibilidades e delicada mecânica, colocaria plumas e mais cores no que via, sei disso.

 

 

 

Tudo vai multiplicando jubileus e despedidas nesses dias difíceis.

 

Partem tantos entre nós. Foi-se Belchior, Melodia e agora Beth Carvalho. Vamos construindo silêncios, vazios, fechando saídas.

 

Prendem-se os homens a antigos dilemas, direita e esquerda, gatos e ratos.

Os grandes poetas quase todos já dormem, não é época de palavras doces. Thiago de Mello ainda assopra a brasa na Amazônia, crendo nas águas, tão fundas e turvas, em balanço final.

 

Para da Vinci o belo tinha seu lugar e canto na ordem coisas. Hoje tão pouco vale esse quinhão.

 

Solidão.

 

Salvator Mundi, óleo sobre tela, atribuido a Leonardo da Vinci.

 

 

 

 

 

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