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Entrevista

“4 REAIS NEM FUDENDO! TARIFA ZERO JÁ!”

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ENTREVISTA EXCLUSIVA COM A MILITÂNCIA DO MPL

Quando era candidato, em ao menos duas oportunidades, o prefeito de São Paulo pelo PSDB, João Doria Jr,  se comprometeu a não aumentar a tarifa de ônibus no mandato dele, caso fosse eleito. A última delas foi em 20 de setembro de 2016, durante uma visita a um hospital na Zona Leste de São Paulo. Na ocasião, Doria disse:

Aqui vc vê a reportagem do G1, que flagrou o prefeito na mentira:

Esta segunda-feira, 8/1, constitui-se no primeiro dia útil de vigência das novas tarifas do transporte público de São Paulo. Os ônibus tiveram a passagem unitária majorada de R$ 3,80 para 4. Veja os demais aumentos:

 

O Movimento Passe Livre (MPL) marcou para o dia 11 de janeiro, a próxima quinta-feira, protesto contra o aumento das tarifas de ônibus em São Paulo.

O evento está marcado para começar às 17h, na porta do Teatro Municipal, que fica na Praça Ramos de Azevedo, centro de São Paulo. Foi criado um evento de convocação no Facebook. Leia um trecho aqui:

4.00 REAIS! CONTRA O AUMENTO: DESOBEDIÊNCIA!!! 

Querem nos fazer pagar ainda mais caro pelo que nem deveríamos pagar e NÃO É POSSÍVEL ACEITAR PACIFICAMENTE A EXISTÊNCIA DE UM OUTRO AUMENTO! 

Por uma vida sem catracas!!!

Se ontem o prefeito empresário e seu padrinho governador anunciaram mais um aumento no transporte, hoje já avisamos que vamos travar resistência a tarifa! Dória e Alckmin esperavam um início de ano tranquilo? Vai ter luta na cidade!

 

Diego Soares e Gabriel Silva, durante entrevista aos Jornalistas Livres

Diego Soares, 28 anos, e Gabriel Silva, 25 anos, ambos militantes do Movimento Passe Livre, o MPL, conversaram com os Jornalistas Livres sobre suas táticas de mobilização contra o novo aumento. O MPL, pra quem chegou agora de Marte, é aquele movimento que realizou as maiores mobilizações contra o aumento das tarifas em 2013, forçando os governos de várias cidades e estados a congelar os preços das passagens.

Gabriel e Diego são trabalhadores. Um é garçom e o outro é bancário. Em meio à vida cotidiana corrida, eles lutam para tornar realidade os sonhos de Direito à Cidade e Justiça Social. Com o MPL, eles querem fomentar o debate contra os aumentos das tarifas de transporte púbico que só prejudicam os mais pobres, aqueles mais excluídos e que pagam mais impostos.

Conheça aqui um pouco sobre o que pensam esses guerreiros pela mobilidade urbana. Leia a entrevista.

 

O que é o Movimento Passe Livre em 2018?

Diego: O Estado Democrático de Direito é um avanço, poder se organizar em um partido é um avanço, mas não é por esse tipo de sociedade que lutamos, apesar de reconhecermos essas vias.
Gabriel: Em SP, não temos no momento, militantes de partido, mas fazemos ações conjuntas, com pessoas que às vezes estão ligadas a partidos. Em outros Estados há mais proximidade com partidos. Então, o MPL está na luta por transporte e tem a Tarifa Zero como pauta máxima. Somos um movimento autônomo, horizontal, anticapitalista, mas não antipartido. Somos apartidários.

Diego: Sobre número de participantes, por exemplo, o MST está concentrado numa fazenda, espaço específico. Já o movimento social de transporte tem uma dinâmica diferente, temos militantes em POA, Osasco, regiões completamente opostas, então fica difícil quantificar.
Mas, vemos que pelo menos em SP, a maioria das pessoas que participam hoje são mulheres.

Sobre movimento estudantil secundarista, qual é a relação de vocês? Qual é a identificação de vocês?

Gabriel: Temos conexões com lutas autônomas. Estamos atentos, por exemplo, à Cracolândia. Mas a nossa luta especialmente orgânica é com os estudantes secundaristas. A conquista do Passe Livre Estudantil em 2015 é um resultado das ocupações escolares.
A vitalidade das lutas de 2017 contra os cortes que Doria fez no Passe Livre vem dos estudantes. Se formos falar da base mais afetada com aumento do valor de tarifa, teremos: estudantes, desempregados e trabalhadores precarizados. Desse universo de luta, os estudantes estiveram à frente, são organizados historicamente pois conquistaram passe estudantil em “revoltas”, como foi o caso do Rio de Janeiro, Santa Catarina, todas organizadas por estudantes secundaristas.

 

Tivemos o golpe e muita coisa mudou depois de 2015 e 2016. Agora vivemos um cenário pré-eleitoral. Como o MPL pode atuar no diálogo com o povo sobre a Tarifa Zero, se ela depende de uma vontade política de candidatos que se eleitos ocuparão os cargos majoritários em 2018?

Gabriel: 2018 está dado como um ano de ataques, ano difícil. Entendemos que a primeira grande luta do ano é essa contra o aumento das tarifas. Logo depois, em fevereiro, pode ser que entre em votação a Reforma da Previdência.
O primeiro grande ataque aos mais pobres é o aumento da tarifa. A resistência a esse ataque vai determinar a força com que eles virão os ataques futuros. Se no início de fevereiro ainda tivermos uma luta vigorosa e nacional contra o aumento, teremos um cenário explosivo. Imagine uma greve geral no meio de uma jornada contra o aumento. Lembrando que junho de 2013 foi um momento onde duas lutas se encontraram: contra a Copa, em especial a das confederações, no RJ e BH, e a do aumento. O cenário desse ano pode ser parecido, se colocada em votação a Reforma da Previdência. Mas acredito que há um receio da elite de colocá-la em votação, temendo um cenário caótico como esse de 2013.

Diego: A luta contra as tarifas de transporte funcionará como uma espécie de termômetro. Se acontecer uma revolta, isso pode reverberar para que o povo vá às ruas contra outros ataques. Isso certamente influenciará também na intensidade da repressão policial aos atos e dos ataques por parte da elite.

Então a responsabilidade de vocês é grande?

Diego: Nossa não! (risos) Acho que da população inteira. Antes do MPL, há 100 anos, o povo virava bonde e não era estudante, era trabalhador. Agora falam de MPL por causa de junho de 2013. Mas as revoltas contra os aumentos de tarifa são centenárias.

Qual é a diferença de estratégia da jornada de 2013 e 2018?

Diego: Cada ano de aumento teve uma estratégia diferente. Historicamente, grandes mobilizações no Brasil são muito esporádicas. Por exemplo, antes de junho de 2013, tivemos o Fora Collor, manipulado pela mídia; antes, as Diretas Já, então, diferente do que diz a grande mídia, nunca tivemos a pretensão de fazer outro Junho de 2013, pois sabemos que é muito difícil que aquela jornada se repita.

Gabriel: Em 2016 tentamos algo mais próximo de 2013, pois ainda aconteciam as ocupações nas escolas e era uma luta explosiva, autonôma e vitoriosa. Tinha o vigor secundarista. Embora o aparato da repressão tenha sido muito grande.

Falando mais sobre repressão policial em SP. O ano é estratégico, de eleição. Mas vocês têm a possibilidade de crescer muito nas ruas, pois o povo espera reações fortes de partidos que se declaram como “de esquerda” e provavelmente esses posicionamentos não acontecerão. Então, caberá a vocês jovens do MPL “executarem esta tarefa”. Crescendo nas ruas, cresce o número de policiais. Como vocês agirão?

Gabriel: Sempre temos a presença de muitos policiais nos atos. Achamos que dessa vez não será diferente. Convidamos vocês a denunciar a repressão que nos cerca. Não vamos arregar por isso. Mas temos um certo otimismo. Alckmin e Doria estão desgastados em suas gestões. Doria cortou diversos direitos sociais e só não é mais impopular pois possui fortes investimentos em marketing e Alckmin está completamente envolvido em escândalos da cartelização de transportes com citação na Lava Jato. Então, acho que “explodir” [reprimir fortemente] os atos já na concentração é algo que eles não estão com moral de fazer nesse momento. Há grande probabilidade de isso despertar a opinião popular e fomentar os atos,o que pode ser perigoso para ambos. Temos completa consciência sobre a grande possibilidade de repressão, o que espanta o povo das ruas. Mas o medo dos governantes sobre a força da revolta popular é maior.

Soubemos que o aumento vai ser anunciado por Milton Leite, vereador e presidente da Câmara Municipal de SP. Mas o aumento não teria que ser anunciado pelo prefeito?

Gabriel: Doria vai estar viajando, não trabalha e nunca precisou, tampouco sabe o que é fazer isso. Milton Leite é um político altamente ligado aos empresários de transporte. Falo isso para dizer que podemos fazer uma comparação sobre o que está acontecendo no Rio de Janeiro, onde há provas que os aumentos das tarifas foram motivados por propina e caixa 2 de empresários do transporte, ex-governadores, deputados e vereadores. Esses caras foram inclusive presos com essas acusações. Por conta disso, dois aumentos foram derrubados no RJ e em SP nós não temos dúvida que há uma situação semelhante.

Como deve ser financiado o congelamento das tarifas? Vocês defendem a expropriação dos donos das empresas de transporte?

Diego: Para congelar a tarifa bastaria uma auditoria. Além de congelar, teríamos acesso ao valor real. A maior margem de lucro do país se dá em SP, muito acima do mercado.

Fala-se que o metrô tem chance de ser privatizado nos próximos meses… como os trabalhadores do metrô podem ajudar na mobilização atual contra o aumento das tarifas?

Diego: Vemos a categoria dos metroviários como uma das mais combatentes de SP. Eles são parceiros na luta contra a privatização.

Gabriel: Importante o sindicato avançar no debate sobre a tarifa zero. Mas há dificuldades sobretudo por causa da pressão de Alckmin contra o direito de greve. Na última demonstração de luta combativa da categoria, a tarifa zero foi colocada em prática, com a liberação de catracas. Mas dezenas de metroviários foram demitidos no pós-greve.

Lutar contra Haddad é mais fácil do que contra Doria?

Gabriel: (Risos) Entendemos que Haddad faz parte do campo progressista. Mas achamos que ainda há ressentimentos da esquerda em relação as nossas lutas passadas, embora estejamos vendo que as coisas estão mudando e que essa mesma esquerda parece que quer correr ao nosso lado. Não sentimos mais aquelas acusações: “Vocês são golpistas”, “Estão plantados na Direita”. Hoje até falam, mas falam batendo no Doria junto. (risos) Em 2013, Haddad, por ser do campo progressista, tinha que mostrar que estava minimamente negociando. Já Doria tenta agradar seu publico conservador.

Doria declarou para a imprensa tradicional que o “aumento é suportável”. E aí?

Diego: Essa é a visão de um rico que não conhece a cidade, não sabe o que é ser pobre, nunca pegou ônibus e não tem noção do que é o transporte público.

Gabriel: Esse aumento é maior que o do salário mínimo e isso resulta em diminuição da renda dos mais pobres. No contexto geral dos cortes de Doria, as pessoas estão voltando a passar fome na periferia. Isso mostra um conceito.

Diego: Para quem acha que Tatuapé* é periferia, o aumento é realmente suportável.

*Diego fez uma piada com uma frase dita por Doria Jr, que em visita de vistoria ao Hospital de Tatuapé disse: “ver a realidade como ela funciona, sobretudo na região periférica da cidade, com é o caso desse hospital no Tatuapé”. O prefeito fez uma análise baseada na região em que o bairro fica, na zona leste, a mais populosa de SP e com grandes desigualdades sociais em relação ao restante da cidade. Só que Doria se esqueceu que o bairro do Tatuapé constitui-se hoje em centro de empreendimentos de alto padrão. É uma realidade bem diferente daquela que se observa no fundão da ZL, a mais afetada pela a miséria e o desemprego.

 
 

Cultura

Conheça ClarinhaMar, jovem poeta PcD que fala de enfrentamento e persistência

ClarinhaMar (Clarinha Marinho) apareceu pra mim num vídeo recebido pelo whatsapp.

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Conheça ClarinhaMar, jovem poeta PcD que fala de enfrentamento e persistência

ClarinhaMar falava de enfrentamento, de vida, de persistência, de ponto e vírgula. Postei o vídeo no meu face e a repercussão foi enorme. Resolvi pesquisar até encontrá-la. E a encontrei no Instagram @ClarinhaMar. Essa é a entrevista dela, mulher, poetiza, universitária e palestrante que fala de muita coisa. Podemos encontrá-la também no Facebook Clara Marinho.

Por Janete Chargista, especial para os Jornalistas Livres.

E aqui uma canja da poesia que ClarinhaMar recita:

“O Oceano do Mundo Concreto
Nada sei dizer sobre grandes egos

De grandes feitos meu corpo tem vão
Não me atrevo a contar do que sou cego
Nessa sombra feita clara ilusão
Nunca entendi, mas sempre me calaram

Minha sã poesia não diz de amor
Deste, todas as bocas já falaram
Crucifixo de corações, torpor
E do oceano que sobrevivi

Tão real que me dói imaginar
Mundo, fel de ódio num doce servir
Tua boca fala do vazio, teu ser

E meu oceano se deixa afogar
Na palavra que luta com o morrer.”

Veja abaixo a entrevista exclusiva com ClarinhaMar

Veja mais entrevista da Janete Chargista: Delegado Antifascista Fernando Alves

Veja mais: Carta Denúncia, por Helena Zelic



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Entrevista

Fim do isolamento no ABC é política, diz ex-prefeito de Santo André

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Nos últimos dias temos presenciado uma briga no ninho tucano da grande São Paulo, o motivo é o relaxamento da quarenta. Os prefeitos tucanos vem reclamando da falta de diálogo entre o governo estadual e as prefeituras do ABC. Parte dessa briga se dá pelo mau estar causado pelo pronunciamento do Prefeito da Capital, Bruno Covas, que pretende para os próximos dias implantar um relaxamento progressivo da quarentena e conta com apoio do Governador do Estado, João Dória também tucano.

Ao compararmos estatisticamente os números das cidades do ABC e a capital, números referentes ao COVID19, existe certa semelhança referente ao isolamento social. Enquanto na Capital Paulista o isolamento social mobilizou 53% da população, a região do ABC alcançou 50%. *

As semelhanças param quando passamos das estatísticas e pensamos em indivíduos, histórias de família e amigos. a região do abc é considerada atualmente um epicentros de proliferação do COVID19 na região sudeste, com números que pedem atenção, são 1073 infectados e 763 óbitos, algo próximo de 8% dos casos. Vale lembrar que somados a esse número, mais de 16 mil ainda aguardam os resultados dos testes.

A prefeitura de Santo André prometeu 100 mil testes desde o início de maio e até agora, o que podemos notar é apenas propaganda, muito menos que 10% da população foi de fato testada. A briga no ninho entre os prefeitos tucanos e o governador, tem deixado o PSDB em crise. Cabelo ou penas em pé. As eleições municipais previstas para ainda esse ano, parece configurar uma situação que divide caciques tucanos e seus agregados no ABC.

Conversamos com Carlos Grana, ex-prefeito de Santo André de 2013 a 2016, quando a região do ABC despontava como o famoso cinturão vermelho. Berço do novo sindicalismo, Santo André compõe parte do ABC paulista, conhecido desde o final dos anos 70 e início dos 80 como berço de um sindicalismo pujante e embrião do conhecido modo petista de governar, nos últimos 3 anos tem experimentado gestões tucanos. Falamos um pouco sobre como as prefeituras petistas deixaram os aparelhos públicos municipais de saúde, falamos ainda sobre Lockdown e conjuntura.

Jornalistas Livres: Como você vê esse conflito entre os prefeitos tucanos do ABC e Bruno Covas (prefeito da Capital) e qual o papel do governador nesse caso? Vale lembrar que Dória, disse que os prefeitos do ABC que pretendem flexibilizar a quarentena e reabrir comércio, não tem juízo.

CGrana: Nos aproximamos dos quase 90 dias de quarentena de quarentena no Estado de SP, não é mais quarentena, não é mesmo? O que está acontecendo hoje, é uma briga política, no campo da disputa partidária no centro do PSDB, veja que eles não conseguem falar a mesma língua, tanto governadores quando prefeitos do ABC paulista. O erro central ao meu ver, é quando tentam qualificar o plano de retomada SP, colocando alguns setores de serviços e manter a região metropolitana ainda em isolamento. Fato concreto é que nossa região está muito integrada a capital e outros pontos da região metropolitana que delimitam a capital paulista. Então colocar a região central em condição de maior flexibilidade e excluir dessa ótica a região metropolitana que está integrada a capital. Isso dificulta uma série de políticas de prevenção.

JL: Por exemplo, quais?

CGrana: Como é que se explica por exemplo, que aumentará a circulação de pessoas nos transportes coletivas que milhares de trabalhadores tomam diariamente rumo aos seus empregos? Formando assim um considerável deslocamento de força de trabalho para áreas díspares em políticas de isolamento social? Quero dizer de forma simples: com isso o abc seria duplamente prejudicado. A primeira e mais importante é com a saúde, pois revela falta de planejamento e logística na contenção do vírus e seu tratamento, já a segunda é a que revela a má coordenação e condução de programas de contenção dessa pandemia na região. O erro original é não levar em conta que a curva de contágio ainda está no ascendente, subindo todos os dias. Um erro brutal que custará vidas, cada vez mais próximas de nós. Os primeiros vitimados serão os trabalhadores e trabalhadoras. O comportamento dos tucanos no ABC em disparidade com a agenda do governador João Dória e do Prefeito da Capital. Aliás, as três posições mostram uma total falta de respeito com a vida e dignidade da pessoa humana. O compromisso deles é apenas eleitoral e não humanitário

JL: Você acredita que é momento de relaxar a quarentena? Quais métodos precisam ser aplicados para preservar a saúde da população?

CGrana: O grande problema que identifico é a ausência da testagem em massa, de 20% ou mais da população. Isso nos causa uma incerteza muito grande, pela própria experiência de alguns países e regiões do mundo. Lugares onde as regras do isolamento social foram afrouxadas, mas tiveram que voltar atrás. Pois se trata de um vírus cuja vacina ainda não existe e o risco de novas ondas de contágio é algo que devemos sim nos preocupar, mais do que números para engrossar estatísticas, cada vida é história de alguém que amamos e faz parte de nossas vidas, não podemos nos entregar ao discurso frio e irresponsável em nome do mercado, sem vidas não existe produção, consumo e portanto economia. Essa conta é lógico precisa ter adiciona aos seus trágicos resultados, a contribuição do governo federal.

JL: Bolsonaro tem culpa quanto a esse prolongamento do isolamento social e derrocada da economia?

CGrana: Olha, pensemos apenas em meados de março, isso para usarmos datas e marcação temporal de quando alguns prefeitos, governos e chefes de estado no mundo todo começaram a pensar o isolamento social com base em estudos da OMS (Organização Mundial de Saúde). Isso criou muita preocupação por parte da população, preocupação pela falta de preparo do atual governo e a indústria de boatos que abastecia a narrativa anti-isolamento. Igor, já parou para pensar que se tivéssemos empregado um lockdown no início, já estávamos saindo e retomando a economia. Percebe o quanto esse discurso é falho ao colocar a economia na frente das vidas, ignorando matrizes importantes como o fortalecimento do que chamo de musculatura pública, sim estou falando como eles tem usado repetidas vezes esse discurso falso de defesa da economia para no final legitimar uma narrativa de morte aos pobres. Chega assustar como isso não fica visível, é cristalino e translúcido no discurso, eles querem causar uma tragedia ainda maior.

JL: Você foi prefeito de Santo André (2013-2016), poderia falar um pouco como tem visto a gestão de crise aplicada no município durante a pandemia? Pode falar sobre os testes que não chegaram e a importância deles?

CGrana: Fui prefeito de Santo André de 2013 a 2016, e um dos investimentos prioritários da minha gestão foi na saúde, pela constituição federal parte do investimento público municipal (orçamento do município) deve ser investido, para ser preciso 15%, em Santo André, enquanto fui prefeito, investimos 30% nessa área tão necessária. Por exemplo, estendemos o número de unidades e otimizados o serviço de SAMU, isso em parceria com o governo federal de então, precisamos lembrar. SAMU que é uma política pública aplicada pelo PT. Estendemos o atendimento das UPAS, criamos uma logística que capacitou e abasteceu as UBS distribuídas no município. O problema central tem sido a gestão atual, que insiste em fazer política, a exemplo do PSDB no governo estadual, ambos alheios e ignorando a importância de cada vida, economia é sobre pessoas e não mercado, quem não entendeu isso é tudo menos gestor público.

Por Igor Santos – Jornalista, historiador, cearense e morador do ABC Paulista.

*(Informações extraídas do Instituto ABC Dados)

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Entrevista

Wadih Damous: “A tarefa imediata é colocar Bolsonaro para fora do Palácio do Planalto”

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Wadih Damous, ex-presidente da OAB/RJ e Alvaro Quintão da OAB/RJ. Card Jornalistas Livres
Por Bruno Falci e Nilce Costa para o Jornalistas Livres
Wadih Damous e Álvaro Quintão, conferenciam sobre a complexa e grave situação política, social e sanitária do Brasil , quando o Brasil assinala o segundo país mais infetado da covid19 no mundo. Dentro deste contexto, a ação da Polícia Federal, que  deflagrou na última terça-feira a Operação Placebo.

Também é comentado a situação das minorias, o desprezo neste momento para estas camadas.  Uma forte avaliação e formas de um novo governo través do PT, no intuito de retirar a extrema direita do poder,

Wadih Damous, ex-deputado federal, advogado trabalhista, que foi presidente da OAB – Ordem os Advogados do Brasil, no Rio de Janeiro, por dois mandatos. Damous é militante do Partido dos Trabalhadores desde a sua fundação, quando ainda fazia o curso de direito na  UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

Na presidência da OAB no Rio, uma das bandeiras de Damous foi o lançamento da Campanha pela Memória e pela Verdade, em prol da abertura dos arquivos da ditadura militar. Nesta trajetória, traçou um paralelo do combate à tortura durante o governo militar com o questionamento do instituto da delação premiada, consagrado pela Lava Jato, que virou uma dos fundamentos de sua atuação parlamentar. Teve procuração para atuar como advogado de defesa do ex-presidente Lula quando este se encontrava detido na carceragem de Curitiba.

ex-deputado federal,  advogado trabalhista, que foi presidente da OAB – Ordem os Advogados do Brasil, no Rio de Janeiro, por dois mandatos. Damous é militante do Partido dos Trabalhadores desde a sua fundação, quando ainda fazia o curso de direito na  UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

Na presidência da OAB no Rio, uma das bandeiras de Damous foi o lançamento da Campanha pela Memória e pela Verdade, em prol da abertura dos arquivos da ditadura militar. Nesta trajetória, traçou um paralelo do combate à tortura durante o governo militar com o questionamento do instituto da delação premiada, consagrado pela Lava Jato, que virou uma dos fundamentos de sua atuação parlamentar. Teve procuração para atuar como advogado de defesa do ex-presidente Lula quando este se encontrava detido na carceragem de Curitiba.

Quanto a operação Placebo, Wadih Damous não confere qualquer credibilidade quanto ao governador Wilson Witzel, mas defende que a operação poderia ter sido elaborada de melhor forma.

“Eu não sabia o que se passava, quando ouvia de casa, helicópteros a sobrevoar o local, ao verificar e deparei com a polícia federal fazia operação no palácio Guanabara, e nas propriedades particulares do governador Wilson Witzel do Rio de Janeiro e sua mulher.  Esta operação poderia ter sido feita com descrição, apesar da profunda ojeriza que sinto pelo governante e seu governo, mas eu prezo muito a ordem jurídica. É coisa grave, ela estaria repetindo Adriano Anselmo com Sérgio Cabral, usando o escritório de advocacia para celebrar contratos com fornecedores do Estado.”

Quanto ao governo Bolsonaro e as decisões a serem tomadas, e a enfrentamento a pandemia, Wadih menciona que nada é feito e a política da pandemia irá prosseguir.

“Bolsonaro é um aliado da pandemia, é negacionista, confirma que é uma gripezinha. É contra o isolamento social e participa em atos públicos com aglomeração de pessoa. Bolsonaro diz que ainda irá acontecer com muito mais gente”

E acrescenta:

Como os governadores estão na linha de frente no enfrentamento a pandemia e muitas vezes tem que contornar os obstáculos legais e administrativos na compra de equipamentos, para salvar vidas, estes vão ser perseguidos, investigados e sofrer tentativa de desmoralizados por parte de Bolsonaro e a PF.

Quem votou em Bolsonaro sabia em quem votava. Crivela é o homem do Bolsonaro na cidade do Rio de Janeiro, já pensa em flexibilizar a quarentena e ele tem que ser contido nisso. O Brasil está num índice macabro. O Brasil hoje é um país amaldiçoado, não vamos poder entrar em outros países, seremos apontados como agentes da pandemia”.

No que diz respeito a mudança urgente do governo atual:

“Não há como nós aceitarmos Bolsonaro à frente do governo até 2022, o Brasil acaba junto. O Brasil não aguenta assistir passivamente esta estratégia de Bolsonaro, que é simplesmente exterminar pobre e sanear a Previdência Social com extermínio de pobre.

Saídas como o impeachment, é custosa, Rodrigo Maia não tem prazo para aprovar isso, ele tem o poder de arquivar. O impeachment é um teatro político, embora tenha regras jurídicas, o que prevalece é a política. Teríamos que caçar a chapa Bolsonaro/Mourão”.

Garante que a esquerda, tem que reconstruir sua identidade.

A polarização na política brasileira, está se dando pela direita e extrema direita, a esquerda está fora, eu defendo que a esquerda tem que reconstruir sua identidade, construir uma agenda anticapitalista. Neste momento somos o epicentro da pandemia e do desemprego. Frente Ampla é algo mais “amplo”, acho que devemos de reunir esforços e que ela aconteça. Eu defendo uma Frente Ampla em defesa do Estado de direito, mas eleitoralmente, eu defendo uma frente de esquerda para enfrentar o fascismo nas próximas eleições. A tarefa imediata é colocar Bolsonaro para fora do Palácio do Planalto”.

O que pensa o PT com a saída do Freixo:

“A posição oficial do PT no Rio de Janeiro é manter a frente esquerda que eu acho que não acontecerá, que se dava ao nome do Marcelo Freixo, era  o candidato mais viável. O argumento correto não dava pra manter a candidatura por causa da fragmentação da esquerda , não conseguiu unir o PT com outros partidos, assim abandonando a candidatura. Nós não vamos apoiar candidato do PSOL e ponto. Em termos de representatividade na sociedade, me parece que a candidata Benedita preenche bem. Nós vamos continuar a defendendo a frente esquerda, os partidos tem que se sentar e ter maturidade e emergir um nome”.

Álvaro Quintão, começou a militância política por volta dos 16 anos e sendo eleito para a diretoria do sindicato dos metalúrgicos do Rio de Janeiro com apenas 20 anos.

Foi filiado ao PT, onde atuou ativamente na década de 80 contribuindo com a construção do PT e participou ativamente das campanhas que levaram Lula à presidência do Brasil.

Posteriormente, fez faculdade de Direito, e passou a militar na advocacia, sendo eleito presidente do Sindicato dos Advogados do Rio de Janeiro e Conselheiro da Ordem dos Advogados no Rio de Janeiro.

Atualmente, além da Presidência do Sindicato dos Advogados, exerce o Cargo de Secretário-Geral e Presidente da Comissão dos Direitos Humanos na OAB/RJ.

Como advogado atua na área Trabalhista, assessora diversos sindicatos, entre estes, o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação, visto neste momento de pandemia ser um dos mais afetado.

Na qualidade de advogado vem participando de várias Negociações Coletivas com base nas normas que estão sendo criadas neste período de pandemia.

Álvaro Quintão, refere que desde a Lava Jato, o Brasil perdeu toda sua legitimidade, tratando-se de um processo mais político do que jurídico, que acabou por dar a oportunidade do atual governo.

“A situação que nos encontramos hoje, já não é nova, voltando a 2014/2015, quando a famigerada operação Lava Jato esqueceu de investigar e de julgar de acordo com a constituição e com as leis. Preferiu fazer daquele processo, um processo político, nós já avisávamos que correríamos riscos muito grande, estava abrindo naquele momento a caixa de pandora”.

E ainda conclui que:

“Eduardo Cunha que presidia a Câmara Federal, fazendo toda barbaridade para levar o Brasil onde chegou, encontrava esse ego naquela operação, naqueles julgamentos mais político do que jurídico que aconteciam em Curitiba, e isso vem acontecendo. Isto acabou contribuindo para eleição deste presidente, que me recuso a dizer o nome”.

Como Presidente da Direção dos Direitos Humanos na OAB/RJ, afirma que as minorias são as mais prejudicadas; pobres, negros, mulheres e índios. Instituições preferem não se manifestar. O tempo é de ditadura e o Brasil se tornou o país do espetáculo, garante.

“Todas chamadas minorias, o que estavam mais fragilizados sentiu na pele esse aumento da violência e da discriminação. O que a gente não vê, são certas instituições que preferem não se manifestar. São trinta e cinco pedidos de impeachment do atual presidente e nenhum destes pedidos, foram sequer analisados. O Brasil tem vivido nos últimos anos um país de espetáculo”.

E ressalta: Vivemos mais tempos de ditadura do que de democracia.

“O governo está mais preocupado é em colocar os pobres e negros nas ruas como os moradores de periferias, enquanto a elite econômica, continuam fazendo sua quarentena voluntária em casa. A política econômica na europa, os governos abrem mão do orçamento, o Brasil não tem intenção de investir”.

Quando se refere a Marcelo Freixo:

“Existe sim resistência de alguns partidos, um dos candidatos da esquerda que já tinha inclusive, o seu apoio pelo PT resolveu retirar sua candidatura, que foi o Marcelo Freixo, porque tem encontrado em outros partidos resistência nesta frente de esquerda que todos nós sonhamos. Tem que se tirar o chapéu ao PSOL, PT e PCdoB, que tem demonstrado a disposição para se buscar uma unidade de fato dos partidos de esquerda. A esquerda tem sim que buscar um candidato viável para as eleições presidenciais. Trabalhar pela união da esquerda, para construir uma base”.

VEJA ABAIXO A ENTREVISTA COMPLETA

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