O projeto “O Caminho do Sertão – De Sagarana ao Grande Sertão: Veredas”, pode ser visto como um mergulho socioambiental e literário no universo de Guimarães Rosa e no cerrado sertanejo dos gerais. Percorrendo parte do caminho realizado por Riobaldo e seu bando, personagens centrais do livro Grande Sertão: Veredas, rumo ao Liso do Sussuarão.
Mas, esse mergulho engloba uma série de outras reflexões. A jornada promove um percurso de atuais 178 quilômetros, a serem percorridos a pé, saindo do distrito de Sagarana (onde houve o primeiro projeto de reforma agrária do Estado de Minas Gerais), pertencente ao município de Arinos, seguindo até a sede de Chapada Gaúcha, lar do Encontro dos Povos do Grande Sertão: Veredas, ambos no noroeste de Minas Gerais. Para tanto, o Caminho estrutura um edital para selecionar 50 caminhantes, que irão encarar os sete dias de caminhada, vivenciando toda uma série de experiências no cerrado mineiro, entre os dias 08 e 16 do mês de julho.
O ano de 2017 marca a quarta edição da jornada, além de mudanças baseadas no contexto em que vivemos. As três primeiras edições do Caminho (2014, 2015 e 2016) fizeram um apelo para a questão socioambiental com o mote “Pelo cerrado e suas Culturas, de pé!”. Nesta quarta edição, preservando a dimensão socioambiental, agregaremos outro tema a partir de uma boa efeméride neste 2017, ano em que se completam 120 anos do massacre de Canudos, ocorrido em 1897, no sertão do Brasil. A ideia é provocar ou propor aos caminhantes uma reflexão sobre as trajetórias ou caminhos populares interrompidos ao longo da história republicana do país. Interrupções que vão de Canudos, passando por momentos como o Caldeirão da Santa Cruz do Deserto (comunidade de trabalhadores do Ceará massacrada em 1937), até os dias atuais, com o recente golpe de 2016 que interrompeu uma série de políticas públicas e mudanças sociais em curso no país.
Ao longo dos dias de jornada, os Caminhantes se deparam com a dinâmica do cerrado no século XXI, em meio às mudanças climáticas e expansão de fronteiras do agronegócio, agressivo na região (plantação de soja, milho, feijão e criação de gado). O tema é discutido ao longo da travessia, e vivenciado diariamente, “topando” com veredas mortas, áreas de desmate, armadilhas de caçadores etc.
O Caminho do Sertão convida não só os selecionados para a jornada à refletirem sobre o momento em que vivemos, mas todos. Os Caminhos que foram interrompidos ao longo de nossa história marcaram (e marcam) os desígnios de nossa sociedade e do meio-ambiente com o qual convivemos.
O Edi-Tão d’O Caminho do Sertão segue aberto para inscrições até o dia 30 de abril, e pode ser conferido no link: https://goo.gl/E2OyIx. Dúvidas e questões podem ser encaminhadas para o e-mail: [email protected] .
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