“Art.30. Compete aos municípios:…
V – organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;…” (CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988)
Não é à toa que o nome do município, ‘Campinas’, consiste numa palavra que está no plural. Dentro dos 796,4 Km² que, de acordo com os dados da prefeitura municipal, compõem a área total do município, são muito perceptíveis as diferenças e desigualdades entre as diversas regiões da cidade, principalmente no que tange à prestação de serviços públicos básicos.
No bairro Jardim Florence II, situado na região Noroeste do município, bem afastada do centro da cidade, os moradores, que em muito dependem dos serviços públicos para dar andamento a atividades cotidianas básicas, travam uma luta cotidiana para que seus direitos enquanto cidadãos sejam respeitados. A precariedade atinge todas as áreas, saúde, educação etc… mas hoje, o foco será saneamento básico.
Segundo relatos dos moradores, desde 2011 o bairro sofre com os alagamentos que ocorrem em dias de chuva volumosa. A força das águas forma verdadeiras crateras nas ruas do bairro, tornando-as perigosas não apenas para o trânsito de veículos como também para a circulação de pedestres.
Ao caminhar pelas ruas do Florence II e ouvir os relatos dos moradores, fica muito evidente que a questão ali diz respeito à falta de planejamento para escoamento da água das chuvas. Num dos extremos da rua Jácomo Lione, próximo aos condomínios residenciais Cosmos e Sirius (do outro lado da linha do trem), existe um grande terreno baldio repleto de entulho que, segundo relatos da moradora Maria Sandra Silva Santos, fica toda alagada em dias de chuva volumosa. Como a drenagem e os meios de escoamento dessa água não cumprem seu papel, boa parte daquela água acaba correndo rua abaixo, destruindo a pavimentação. O vídeo e as fotos abaixo, captadas por um dos moradores do bairro, retratam com precisão a situação deste local em dias de forte enxurrada:
Na parte mais baixa da rua Jácomo Lione percebe-se uma situação ainda mais crítica. Neste trecho, as casas são tomadas pelas águas. Resultado: muitos moradores acabaram perdendo boa parte da sua mobília e, nos casos mais extremos, houve danos de natureza estrutural nas casas. O casal Zé Motta e Cida, residentes da parte mais baixa da Jácomo Lione, instalaram pequenas barragens nas portas para dificultar a entrada de água no interior da casa. Já o morador Elias Andrade, vivenciou uma experiência traumática. Uma grande chuva ocorrida em 2011 fez com que uma parte do terreno de sua casa cedesse, de modo que ele teve que aterrar o quintal de sua casa, abandonando tudo o que lá estava.
Mesmo diante desta situação crítica, o poder público não reage de acordo com as demandas da circunstância. O máximo oferecido são serviços de natureza paliativa, como a limpeza das tubulações e o reparo na pavimentação das ruas. Muito cientes da situação e, obviamente, insatisfeitos com a forma como a administração municipal tem lidado com o problema, os moradores do Jd. Florence II têm se organizado de forma autônoma e coletiva com o objetivo de implementar uma série de ações de luta e resistência que forcem a prefeitura a tratar a situação enquanto algo que demanda uma solução definitiva. É uma questão de respeito aos direitos dos cidadãos que ali residem.
Estamos de olho e a luta prossegue!