Para quem não sabe, a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) é um órgão da Presidência da República, vinculado ao Gabinete de Segurança Institucional, responsável por fornecer ao presidente da República e a seus ministros informações e análises estratégicas, oportunas e confiáveis, necessárias ao processo de decisão. ABIN tem por missão assegurar que o Executivo Federal tenha acesso a conhecimentos relativos à segurança do Estado e da sociedade, como os que envolvem defesa externa, relações exteriores, segurança interna, desenvolvimento socioeconômico e desenvolvimento científico-tecnológico.
Ou seja, em seu último pronunciamento, em 24 de março, Jair Bolsonaro já tinha acesso ao Relatório da ABIN 015/2020, concluído no dia anterior (23/03), às 22h10, e divulgado para os integrantes do Centro de Operações de Emergência – Coronavírus (COE-nCoV) com o carimbo “SIGILOSO”, que aponta por meio de estudos e gráficos, o cenário de mais de 5 mil mortes e 200 mil infectados pelo coronavírus no Brasil até o dia 6 de abril. Ainda assim, o Presidente da República criticou em rede nacional, o fechamento das escolas e dos comércios, voltou a minimizar o Covid-19, ao compará-lo com uma “gripezinha” ou “resfriadinho”, atacou governantes que seguem as orientações da Organização Mundial da Saúde para a contenção da epidemia, culpou a imprensa por causar histeria na população e incentivou a população a voltar à rotina.
Seguindo um caminho para o genocídio de uma parte da população brasileira, Jair Bolsonaro, ignorou protocolos mundiais que garantem a saúde da população, quando disse:
“Devemos, sim, voltar à normalidade. Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, como proibição de transporte, fechamento de comércio e confinamento em massa. O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima dos 60 anos. Então, por que fechar escolas? Raros são os casos fatais de pessoas sãs, com menos de 40 anos de idade”.
Divulgado em primeira mão pelo The Intercept Brasil, o relatório sigiloso da ABIN diz que a proporção de casos de COVID-19 que ainda aguardam resultados laboratoriais (sejam eles negativos ou positivos) é de cerca de 75% do total de casos notificados ao Ministério da Saúde.
O estudo dos casos notificados mostra que há um alto número de casos com diagnóstico ainda não definido (área azul do gráfico abaixo).
O relatório ainda deixa claro, que a China só conseguiu diminuição na taxa de crescimento cerca de 10-15 dias depois da adoção de medidas de contenção, inclusive com lockout (fechamento da entrada e saída de pessoas) em municípios e cidades. A partir desse período o número de casos novos parou de crescer na mesma taxa e o número de casos ativos começou a reduzir em função da melhora dos pacientes mais antigos.
O Ministério da Saúde divulga os casos confirmados e dos óbitos por COVID-19, o que não permite, com base nos dados, fazer projeções mais precisas sobre o crescimento dos casos no País. Em relação aos pouquíssimos casos já confirmados, lembrando que 75% deles ainda esperam uma confirmação dos laboratórios de análises, os dados do Ministério da Saúde já indicam que 10% dos casos exigiram hospitalizações.
Os gráficos do documento sigiloso da ABIN mostram as projeções da evolução dos casos confirmados de COVID-19 até o fim deste mês, considerando dois possíveis cenários. Até 30 de março o Brasil pode chegar a 35.906 infectados.
Cenário I (linha laranja) – comportamento semelhante às curvas epidêmicas de Irã, Itália e China.
Cenário I I (linha cinza) – comportamento semelhante às curvas epidêmicas de França e Reino Unido.
Já quando o estudo considera o horizonte de duas semanas, a situação fica extremamente grave em qualquer hipótese. Segundo os gráficos produzidos pela ABIN, até o dia 6 de abril, teremos, na pior das hipóteses 207.435 casos confirmados (com 5.571 mortes), ou na hipótese menos ruim, 71.735 casos, com 2.062 mortes. A pior hipótese trabalha com uma crise epidemiológica com comportamento semelhante às curvas do Irã, Itália e China. A segunda trabalha com comportamento epidemiológico semelhante às curvas da França e Alemanha.
Cenário II (linha cinza) – comportamento semelhante às curvas epidêmicas de França e Alemanha.
O documento traz a informação de que nova pesquisa científica mostra que duas em cada três infecções do novo coronavírus foram causadas por pessoas que não foram diagnosticadas com o vírus ou que não apresentavam sintomas. Isso significa que as pessoas infectadas que se sentem saudáveis ou têm sintomas muito leves estão espalhando o vírus sem perceber, representando um grande desafio para a contenção da pandemia. Destaca ainda que os cientistas dizem que a probabilidade é que haja entre cinco e dez pessoas sem diagnóstico para cada caso confirmado.
Esse conjunto de dados eleva o discurso do Jair Bolsonaro à categoria de crime contra a humanidade.
BAIXE a íntegra do documento da ABIN: Abin-Documento-23-Março
15 respostas
E agora em quem acreditar, se ele tem acesso ao abin então porque ele fez o pronunciamento ontem ??
Me chamo Wesley Douglas, trabalho e resido com idosos e hipertensos, acho muito válido a ABIN ter feito( se não for fake) está projeção, contudo, pra um melhor entendimento da realidade, em todas as projeções, deveria haver mais uns dados que acho relevante para entendimento do público em massa, a taxa de mortalidade que existia antes do corvid-19, e a taxa de população existente ( acrescida da natalidade normalmente existente/projetada), aí sim iríamos fazer uma verificação do cenário com uma maior realidade. Não basta criticar, temos que apontar possibilidades de saída. Não podemos simplesmente jogar a toalha e esperar que a população em massa não reaja de acordo com a necessidade básica que ela teve, tem e terá.
Tomara o saldo positivo desta tragédia seja o impeachment dese sujeito
Este presidente tem mostrado um grande desvio de lucidez e sensatez
Só um louco pode fazer tal comparação e tal fala ele e muito infeliz nas falas
Ele não nasceu pra ser liderança nem do carrinho de hot dog, muito menos para chefe da República
Fora nele.
Eu julgo esse documento com um grau elevado de credibilidade.
ele quer mesmo compri com a mente poluida que tem dentro dele que é faser o mal ele é do mal
meus deus……eu simplesmente nao tenho palavras…..
irresponsavel….
Olá , boa noite a todos, venho com uma Única visão, de ser interessante sim, ter um controle do índice de mortes no Brasil, antes e depois, como o nosso colega Wesley lá em cima recitou , assim podemos encarar com mais rigidez esse Vírus, e assim estar podendo fazer nossa parte, sem culpa !!! Tenho só um objetivo de salvar Vidas o quanto poder.
Nesta página procure e abra o arquivo PDF (Abin-Documento-23-Março) no link da reportagem para acessar a íntegra. No topo e no rodapé das folhas da íntegra contém uma marcação retangular na cor vermelha, com caracteres da mesma cor com a classificação SIGILOSO. Busque na internet a Lei nº12527 de 2011, em seu Art. 24, e verifique quais são os graus de classificação de informações. Vc constatará que não existe informação classificada como S I G I L O S O em órgãos do serviço público.
Prezado Raulino,
Reproduzimos trecho de reportagem de “O Estado de S.Paulo”, de 10 de abril de 2013, que explica o por que do uso da palavra “sigiloso” em muitos documentos da Abin (e há muito tempo), em vez das classificações previstas na Lei 12.527/2011, quais sejam: “ultra-secreto”, “secreto” e “reservado”. Esperamos que isso o esclareça:
Documento recebe selo para driblar lei
O documento (…) leva o carimbo “sigiloso”, o que exclui o texto da Lei de Acesso à Informação. A lei estabeleceu que documentos só podem ser classificados como “ultrassecretos”, “secretos” ou “reservados”, e estabelece os prazos de 15, 10 e cinco anos, respectivamente, para sua liberação. Classificado como “sigiloso”, o ofício deixa de se enquadrar aos prazos e fica imune à lei. Assim, se um cidadão pedir acesso a documentos da Abin por meio das classificações oficiais, esse ofício nunca vai aparecer.
hoje é dai 6. Ou a Abin tava completamente equivocada ou é FAKE do Intercept ?
Acho que o presidente está certo em algumas coisas sim .
Bom….. Acho que o presidente não é esse monstro que todos estão falando pq se nós ficarmos só em casa não vamos conseguir alimentar nossas famílias
Olhe só, por exemplo seus pais tem uma ótima condição e ganham dinheiro todo mês mas os pais do teu amigo por exemplo não ganham nem um salário mínimo e vive do trabalho pesado .
Vc acha que a pessoa que ganha dinheiro apenas se for para a rua trabalhar vai ficar com fome durante a epidemia toda ? Reflita meu amigo
100 mil vidas que se foram e O GENOCIDA está solto ….