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  • Torcidas do Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo se unem contra o fascismo

    Torcidas do Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo se unem contra o fascismo

    Corinthians e Palmeiras juntos? Com o Santos e o São Paulo? Impossível!

    Neste domingo (31/5) em São Paulo, os torcedores desses times estavam juntos e misturados na avenida Paulista, em defesa da Democracia e contra o fascismo e a Ditadura. O povo foi com suas camisetas, bonés, baterias e gritos de guerra. Foram de metrô, de ônibus, foram de carona. E foram. Junto deles, militantes anarquistas antifascistas.

    E eles encheram o domingo de esperança, de luta e de resistência. “A Periferia não apoia Ditador”, gritavam em uníssono.

    Era o povo pobre, periférico, muitos negros, muitas mulheres, levantando bem alto a faixa “Somos pela Democracia!” Somaram-se os trabalhadores desempregados que vivem como recicladores nas ruas, a maioria carregando sacos de latinhas vazias de refrigerante e cerveja, que acabavam de ser recolhidas do lixo e do chão. Nenhum dos que entrevistamos tinha conseguido sacar o benefício emergencial de R$ 600, apesar de viverem em condições mais do que precárias.

    A convocação deste Primeiro Ato Antifascista foi feita pelas redes sociais. Os torcedores perceberam que o Brasil está caminhando para uma terrível armadilha, montada pelos fascistas que apoiam Jair Bolsonaro, para os quais é preciso fechar o Supremo Tribunal Federal, o Congresso, destruir a imprensa, e usar a polícia para ensinar, na base da porrada e dos massacres, que quem manda no Brasil são os banqueiros, os empresários, os generais e os milicianos. E o povo que obedeça.

    No sábado, 30 desses fascistas covardes foram para a porta do STF, em Brasília, ameaçando ministros da mais alta corte do Brasil com gritos e xingamentos. Já seria grave. Mas esses criminosos fizeram questão de desfilar na frente do STF com tochas acesas, imitando dois símbolos da pior opressão: a ku klux klan, que assassinou centenas de negros nos Estados Unidos, e os nazistas, que também amavam tochas acesas.

     

    A mensagem ameaçadora, somada a repetidas ofensas à Democracia por parte de Bolsonaro e seus filhos, levou o ministro Celso de Mello a enviar aos seus colegas do Supremo uma mensagem de alerta:

    “GUARDADAS as devidas proporções, O “OVO DA SERPENTE”, à semelhança do que ocorreu na República de Weimar (1919-1933) , PARECE estar prestes a eclodir NO BRASIL! É PRECISO RESISTIR À DESTRUIÇÃO DA ORDEM DEMOCRÁTICA, PARA EVITAR O QUE OCORREU NA REPÚBLICA DE WEIMAR QUANDO HITLER, após eleito por voto popular e posteriormente nomeado pelo Presidente Paul von Hindenburg , em 30/01/1933 , COMO CHANCELER (Primeiro Ministro) DA ALEMANHA (“REICHSKANZLER”), NÃO HESITOU EM ROMPER E EM NULIFICAR A PROGRESSISTA , DEMOCRÁTICA E INOVADORA CONSTITUIÇÃO DE WEIMAR, de 11/08/1919 , impondo ao País um sistema totalitário de poder viabilizado pela edição , em março de 1933 , da LEI (nazista) DE CONCESSÃO DE PLENOS PODERES (ou LEI HABILITANTE) que lhe permitiu legislar SEM a intervenção do Parlamento germânico!!!! “INTERVENÇÃO MILITAR”, como pretendida por bolsonaristas e outras lideranças autocráticas que desprezam a liberdade e odeiam a democracia, NADA MAIS SIGNIFICA, na NOVILÍNGUA bolsonarista, SENÃO A INSTAURAÇÃO , no Brasil, DE UMA DESPREZÍVEL E ABJETA DITADURA MILITAR !!!!”

    Neonazistas na Avenida Paulista, defendendo Bolsonaro

    Os apoiadores de Bolsonaro estão assanhados: querem acabar com a Democracia urgentemente no Brasil. Seu propósito é entregar todo o poder ao seu “Mito”, que já prometeu “matar uns 30.000”, para completar o serviço da Ditadura Militar.

    Por isso, neste domingo, bolsomínions de São Paulo também foram para a avenida Paulista. Eram poucos, não passavam de 100 gatos pingados gritando contra o STF, contra o comunismo, contra a Rússia, contra a China, contra a imprensa, contra Moro. Só Bolsonaro serve para esses fanáticos do autoritarismo e da opressão.

    Uma dondoca já de cabelos brancos trajava camiseta em que se lia: “Foda-se”, em letras garrafais. Ódio puro. Outra portava uma máscara com as listras e estrelas da bandeira americana. Amarrada na cintura, ela levava uma bandeira do Brasil que arrastava no chão. Na mão, a mulher carregava um taco de beisebol em que estava escrito “Rivotril”. Significa que, como o calmante poderoso, o taco põe as pessoas para dormir. Violência explícita. Os apoiadores de Bolsonaro xingavam muito (e aos berros) o grupo antifascista, que estava a um quarteirão de distância.

    Manifestante carrega bandeira de movimento neonazista da Ucrânia (preta e vermelha) em ato pró-Bolsonaro - Marlene Bergamo
    Manifestante carrega bandeira de movimento neonazista da Ucrânia (preta e vermelha) em ato pró-Bolsonaro – Marlene Bergamo

    Mas o sinal mais grave das vocações opressoras dos fascistas foi a presença de uma bandeira vermelha e preta, com um tridente estilizado no centro. Trata-se do símbolo do Pravyi Sektor (Setor Direito), organização neonazista e terrorista da Ucrânia, criada em 2013. O Pravyi Sektor está envolvido em crimes de guerra e perseguição de minorias, como homossexuais, ciganos, judeus e russos. O homem que carregava a bandeira dizia ter sido treinado na Ucrânia, hoje considerada uma meca do anticomunismo mundial. Sara Winter, que organiza o grupo 300 de Brasília, e que chefiou a manifestação das tochas defronte o STF, diz também ter sido treinada na Ucrânia.

    Apesar dessa preocupante proximidade entre os militantes fascistas brasileiros e os ucranianos, incluindo a ostentação de símbolos nazistas daquele país, a Polícia Militar, que acompanhava as manifestações na avenida Paulista, ignorou a Lei 7.716/89 que, no parágrafo 1º do artigo 20, prevê o “Crime de Divulgação do Nazismo”, para o qual estabelece pena de 2 a 5 anos de reclusão e multa. A PM nada fez para coibir a exibição da bandeira do Pravyi Sektor e, em vez disso, protegeu vergonhosamente a manifestação bolsonarista e reprimiu selvagemente a das torcidas antifascistas.

     

    PM protege fascistas e ataca com milhares de bombas os torcedores antifascistas

     

    Entre a pequena aglomeração fascista e a grande concentração antifascista perfilava-se uma linha de contenção, formada pela Polícia Militar do governador João Doria Junior. Era curioso ver que a PM ficou o tempo todo encarando as torcidas de forma ameaçadora enquanto dava as costas para o pequeno grupo fascista. “A polícia militar virou segurança de fascista, uma vergonha”, reclamou um corinthiano indignado com a diferença de tratamento entre os dois grupos.

    Provocadores bolsonaristas entravam na concentração das torcidas antifascistas, para arrumar briga. Eram rechaçados e voltavam para seu grupo. Numa das vezes, entretanto, a PM atacou. E começou a violência. Milhares de bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral, de balas de borracha foram disparadas contra os antifas, que respondiam à injusta agressão da PM com pedras. Como Davis contra os Golias da PM. Alguns dançavam na frente das tropas ameaçadoras. Outros protegiam-se com placas de compensado, usadas como escudos. Durou quase duas horas o ataque policial aos jovens antifascistas, que não arredavam o pé da avenida Paulista.

    E assim o povo pobre mostrou que, contra o fascismo, não pode haver hesitação. É todo mundo junto e misturado, lutando com coragem e amor pela liberdade.

    Coragem, neste domingo, foi o sobrenome de cada um dos torcedores do Corinthians, do Palmeiras, do Santos e do São Paulo que foram para a avenida Paulista defender a Democracia.

    Que os partidos políticos de oposição a Bolsonaro entendam a mensagem desses jovens e destemidos democratas.

     

     

    Veja aqui a manifestação de hoje (31/5) na avenida Paulista, que os Jornalistas Livres cobriram em transmissão ao vivo da avenida Paulista

     

     

    Veja a análise dos fatos de hoje (31/5) na avenida Paulista, com Chico Malfitani, fundador da Gaviões da Fiel

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

  • URGENTE: POLÍCIA DO RIO ACABA DE MATAR MAIS UM JOVEM NEGRO

    URGENTE: POLÍCIA DO RIO ACABA DE MATAR MAIS UM JOVEM NEGRO

    Polícia do Rio, comandada pelo genocida Wilson Witzel, mata mais um jovem negro. A vítima agora se chama João Vitor da Rocha, de apenas 18 anos! É todo dia, é terror o dia inteiro! Revolta!

    João Vitor foi tirado da comunidade e levado dentro da Caveirão para algum lugar, onde nunca chegou. Estava morto.

    O assassinato cometido pela polícia ocorreu durante uma ação social de distribuição de cestas básicas na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio. O líder comunitário Jota Marques gravou a cena e a retirada do jovem, dentro do sinistro veículo policial.

    A PM disse que João Vitor chegou a ser socorrido no Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, também na Zona Oeste.

    Como sempre, a polícia disse que “foi atacada e que só revidou diante de injusta agressão”. É sempre assim. Os policiais matam, mas as vítimas é que são culpadas.

    Até quando esse desespero! Até quando?

     

     

     

     

  • Depois de ato contra invasão da PM na Favela do Moinho, policiais voltam a atacar

    Depois de ato contra invasão da PM na Favela do Moinho, policiais voltam a atacar

    Por Karina Iliescu e Lucas Martins

    Moradores da favela do Moinho, próximo do Bom Retiro na região central de São Paulo, realizaram hoje mais cedo um ato após intervenções da PM na comunidade nos últimos dias e prisões de moradores.

    Um morador contou o que ocorreu “Eles estão desde a semana passada entrando na favela, a BAEP. Eles estão praticando opressão na comunidade, nos barracos de moradores que nao têm nada com o que eles dizem que estão vindo buscar. Teve moradores forjados, teve moradores agredidos. Hoje teve um pequeno confronto porque eles forjaram 3 meninos e a população desceu pra acompanhar até a frente da favela. Eles saíram da favela tacando bomba, dando tiro de borracha”.

    Após o ato, vídeos de um pelotão da polícia militar atirando bombas e balas de borracha começaram a circular nas redes. Relatos de moradores contam que polícias cercam a comunidade desde as oito da manhã.

    “Em meio ao Coronavírus a Favela que menos recebe apoio é o Moinho. O fundão da Favela praticamente não tem apoio. Nos adianta entregar 50 cestas e fazer ‘auê’. A Favela tem cerca de 6 mil pessoas e tudo o que o Dória quer é tirar a comunidade de lá pra dar à especulação imobiliária” contou Luiza Rotbart organizadora de grupo de voluntários da favela do moinho.

    Outro morador confirma que a PM agiu de forma truculenta dentro da comunidade “hoje levaram 2 pessoas presas pra fora da comunidade. Dentro da viatura eles estavam agredindo, falando que iam matar, querendo informação. Aí a população se revoltou e foram no sentido da viatura, aí os policiais foram embora. A população não conformada, foram pra ponte Engenheiro Gurgel na Rio Branco e tentaram parar o transito em forma de manifestação. Chegou a tropa de choque, a força tática, aí começou o confronto”.

     

  • Prefeitura de SP aproveita-se da pandemia para “limpar” a Cracolândia

    Prefeitura de SP aproveita-se da pandemia para “limpar” a Cracolândia

    Por Laura Capriglione e Katia Passos

     

    A Prefeitura de São Paulo, sob o comando de Bruno Covas, desfechou hoje mais uma ação com o propósito de “limpar” a região conhecida como Cracolândia da presença miserável dos usuários de crack. Assim, cerca de 160 seres humanos paupérrimos, muitos idosos, vários não-dependentes químicos, foram tangidos como animais para dentro de três ônibus e despachados para a baixada do Glicério, na várzea do rio Tamanduateí. Outras 50 pessoas preferiram ir a pé, seguindo para o mesmo endereço dos primeiros: Rua Prefeito Passos, 25, em um dos bairros mais degradados da cidade, região de cortiços, alta concentração de moradores de rua, de imigrantes e refugiados. O Glicério fica a dois quilômetros de distância da atual Cracolândia.

     

    Acabar com o constrangedor desfile dos usuários de drogas envoltos em cobertores imundos, sempre em busca das pedras de crack, tem sido uma obsessão de vários prefeitos e governadores do PSDB em São Paulo. O atual governador João Doria Jr, ainda na condição de prefeito da cidade, protagonizou em 2017 cena desastrada que por pouco não se transformou em tragédia. Deu-se que, para posar de destemido adversário do crack, Doria ordenou a derrubada de casas na região. Quase matou por soterramento três pessoas que moravam em uma delas e que ficaram feridas. Covas aproveita-se do fato de todos estarem focados na pandemia de Covid-19 para tentar mais uma vez.

    Chama-se “gentrificação” o processo de transformação de centros urbanos através da mudança dos grupos sociais ali existentes. A idéia é expulsar a população de baixa renda e substituí-la por moradores de camadas mais ricas. É isso o que está em curso no centro de São Paulo: Gen-tri-fi-ca-ção.

    Único lugar a prover meios de higiene, alimentação e descanso para moradores em situação de rua, o Atende-2 foi fechado hoje
    Único lugar a prover meios de higiene, alimentação e descanso para moradores em situação de rua, o Atende-2 foi fechado hoje – Foto de Lina Marinelli

    Para acabar de uma vez com a Cracolândia, a idéia dos “geniais” urbanistas que trabalham para a Prefeitura foi simples: retiraram de lá o único equipamento ainda existente para acolhimento, higiene, alimentação e encaminhamento médico para dependentes químicos vivendo em situação de rua no centro da cidade. Era chamado de Atende-2, e ficava na rua Helvétia, epicentro dos usuários de crack.

    Crueldade das crueldades, fecharam o Atende-2, que atendia 185 pessoas, e fizeram isso em plena pandemia de Covid-19. Nem uma pia restou para lavar as mãos naquele pedaço. Segundo a Prefeitura, o mesmo serviço que era feito pelo Atende-2 será oferecido na Baixada do Glicério, agora rebatizado de Siat 2 (Serviço Integrado de Acolhida Terapêutica).

    Resta saber se o tráfico de drogas, que acontece hoje nas barbas das polícias Civil e Militar, da Guarda Civil Metropolitana e do Corpo de Bombeiros, todos com bases no território da Cracolândia, topará também migrar seu negócio milionário para o Glicério. Se não topar, se continuar havendo oferta de drogas baratas nas ruas da Cracolândia, o fluxo de usuários certamente voltará para lá –agora, sem banho, sem lugar para dormir, sem pia, sem médicos. E isso em plena pandemia, quando se sabe que se trata de população que já é ultra-vulnerável: 9,5% têm tuberculose, 6,3% têm HIV e quase 10%, sífilis. Será morticínio certo.

    Se o tráfico topar mudar o rolê para o Glicério, haverá alguma chance de que se torne realidade o sonho tucano de restaurar um pouco que seja do brilho quatrocentão do antigo bairro dos Campos Elíseos, onde viveu boa parte da elite paulistana até meados no século passado, e que é o território onde hoje se situa a Cracolândia.

    Nesse caso, o bairro tentará esquecer seus dias de miséria e dará lugar a novíssimas torres de prédios, que farão a festa das empreiteiras, incorporadoras e bancos. Doria e Covas poderão usar a imagem daquelas ruas (antes, com o comércio de drogas a céu aberto, e depois, “limpinhas”) em suas propagandas eleitorais, que os apresentará como “vencedores”.

    A venda e o consumo de crack, entretanto, continuarão com antes. Só terão mudado de endereço. Em vez do Centro, a várzea invisível. Mais do que Doria e Covas gostariam de admitir, o futuro do território onde está a Cracolândia depende muito mais do tráfico de drogas do que do poder público. E é o tráfico o próximo a jogar os dados…

    EM TEMPO:

    Quando essa reportagem estava concluída, a juíza Celina Kiyomi Toyoshima decidiu liminarmente impedir o fechamento da unidade Atende-2, situada na rua Helvétia. Ela determinou o restabelecimento das atividades na unidade fechada. A Prefeitura ainda pode pedir a revisão dessa decisão.

    Aqui a decisão da juíza:

    “Tendo em vista que o estabelecimento em questão é o único ponto de atendimento na região central da cidade, que concentra uma grande parte de pessoas vulneráveis, e tendo em vista o perigo da demora, já que a medida está prevista para a data de hoje, defiro por ora a liminar, para que não sejam tomadas quaisquer medidas visando o fechamento da unidade ATENDE, localizado na Rua Helvétia, nº 57.
    Caso já tenha se iniciado o fechamento, as atividades deverão ser, por ora, reestabelecidas.
    Oficie-se.
    Após a vinda da contestação, a medida poderá ser revista.”

     

    Leia também:

    Governo ameaça fechar o ATENDE 2, último equipamento público na Cracolândia

    O amor em tempos de crack

    Como a linda Adélia Batista Xavier, morta na Cracolândia, de vítima transformou-se em bandida

     

  • Indígenas Guarani M’Bya resistem no Jaraguá contra despejo

    Indígenas Guarani M’Bya resistem no Jaraguá contra despejo

    Por Laura Capriglione, Lucas Martins e Fernando Sato | Jornalistas Livres

    Ao lado da aldeia do Jaraguá, na zona norte de São Paulo, fica uma das poucas áreas de Mata Atlântica preservada. É no Jaraguá que os indígenas Guaranis M’Bya têm sua terra sagrada, terra de seus ancestrais. Mas é nessa terra que a empreiteira Tenda pretende construir um conjunto de apartamentos com vista direta para o pico do Jaraguá. A construtora Tenda tem entre seus acionistas o bilionário Jorge Paulo Lemann, dono da Ambev, e fundos de investimentos administrados pelo Banco Itaú. Os guaranis resistem à devastação e estão ocupando a sua terra ancestral, enquanto a PM observa, a postos para reprimir o povo que, desde a conquista da América pelos europeus, há 520 anos, segue sendo massacrado pelos interesses capitalistas.

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/197805758169088/

     

    Autoridades, parlamentares e representantes dos indígenas Guaranis conversaram com o Coronel Alexander Bento, da Polícia Militar, que comanda a operação da reintegração de posse no terreno no Jaraguá, zona noroeste de SP.

    Os indígenas exigem a presença do prefeito Bruno Covas para que saiam do terreno. Os Guaranis não oferecem nenhuma ação violenta. Seguem pacíficos aguardando Bruno Covas. A presença do prefeito traria uma possibilidade de diálogo sobre a importância do debate de demarcação de terras, da preservação e cuidados com o meio ambiente no local.

    A palavra dos Guaranis é uma só, se as autoridades cumprem com o pedido, os indígenas saem do terreno. Mas não, sem antes, explicarem ao prefeito os males que podem ocorrer no local com a construção de torres de prédios.

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/2609103059370678/?v=2609103059370678

     

    Veja a resistência logo nas primeiras horas da manhã de hoje (10)

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/660432661394948/

     

    ATUALIZAÇÃO: 12:40

    A Juíza Estadual Maria Cláudia Bedotti já disse aos vereadores presentes que não vai rever a reintegração de posse. Apenas a construtora Tenda pode reverter a reintegração de posse. Os Guarani seguem resistindo em defesa do resto de Mata AtlÂntica que há no terreno entorno do seu território.

    Uma comissão de vereadores, com Eduardo Suplicy, Juliana Cardoso, Eliseu Gabriel e Gilberto Natalini, foi encontrar com o prefeito Bruno Covas, que pode intermediar a negociação. A justiça federal é quem vai dizer o que pode ou não pode fazer. Pela justiça Federal, a obra está embargada, e é preciso esperar 40 dias.

    Mas os Guarani precisam de mais garantias para sair do terreno onde a construtora Tenda já cortou cerca de 500 árvores nativas, e matou vários espécimes de aves e mamíferos.

    Os Guarani estão ocupando para garantir a defesa da natureza e de sua cultura, já que propõem que ali seja construído um parque público destinado a preservar a sabedoria e as tradições guaranis, além das fontes de água e a biodiversidade da região.

     

    Nota do Banco Itaú, enviada aos Jornalistas Livres no dia 11/03/2020

     

    “O Itaú Unibanco não detém participação proprietária na construtora Tenda. A participação do banco na empresa se dá por meio de fundos de investimento distribuídos a clientes, que são indexados a índices da B3 e incluem diversas outras companhias de diferentes setores. O banco esclarece, ainda, que não aportou recursos no empreendimento em questão, seja por meio de financiamento ou de qualquer outro instrumento financeiro.”

  • “Duas vítimas não reconheceram. E as outras quatro reconheceram pela cor”

    “Duas vítimas não reconheceram. E as outras quatro reconheceram pela cor”

    Preso desde o dia primeiro de agosto de 2019, Thiago Henrik Rangel Leite, um entregador de vinte anos foi condenado por dois roubos na cidade de São Bernardo do Campo. A família aponta sua inocência e conta que ele estava na zona sul de São Paulo enquanto os crimes teriam ocorrido. De seis vítimas, duas não o reconheceram.

    Os pais de Thiago Melissa, 41, e Saulo, 46, receberam os Jornalistas Livres em sua casa, um dia depois do filho fazer aniversário na prisão, em fevereiro passado, “se eu pudesse entrar com alguma coisa amanhã, eu levaria as cartas dos amigos dele, que me deram ontem. Mas não posso. A carta entra pelo correio. Mas assim, se eu colocar a carta na segunda… vai chegar lá na sexta feira e entregar para ele só na outra semana. Se eu pudesse levar um presente para ele manhã, eu levaria as catas dos amigos”, conta a mãe que apresenta outra versão, que não a policial, para o que aconteceu.

    Os pais de Thaigo, Melissa e Saulo, con foto do filho Foto: Lucas Martins / Jornalistas Livres

    Ser preso não estava nos planos. Depois de passar dois anos fazendo um curso profissionalizante de logística e trabalhar como jovem aprendiz ele passou a trabalhar como entregador usando sua moto. O jovem que trabalhou desde os catorze anos pretendia fazer faculdade de gastronomia e sair do país. Para os pais o caso é um exemplo de racismo. Melissa conta como vê a situação “duas vítimas não reconheceram. E as outras quatro reconheceram pela cor… qualquer moreninho é bandido?”

    No dia três de março o juiz Leonardo Fernando de Souza Almeida, da 2ª vara criminal de São Bernardo do Campo sentenciou Thiago a nove anos de prisão, sendo responsabilizado pelos dois roubos em que foi reconhecido. A advogada Ana Michaela Simons Jacomini, que defende Thiago, conta que vão recorrer “o juiz não considerou uma série de questões”. Eles ainda aguardam, também, o resultado de um Habeas Corpus no Supremo Tribunal de Justiça, pedido antes da sentença.

    O caso

    Na cidade de São Bernardo do Campo, três roubos seguidos aconteceram no dia primeiro de agosto de 2019. Segundo o Boletim de Ocorrência (B.O.) primeiro roubo aconteceu por volta das 19h na rua Warner, no bairro Anchieta. Uma mãe e filha foram assaltadas. A mãe conta que “haviam acabado de estacionar o veículo na rua Warner, não se recordando o número, por volta das 19h00. quando chegou um indivíduo em uma motocicleta, armado anunciou o roubo exigindo seus pertences, porém como nada tinha, este foi até a sua filha, a qual entregou seus pertences”. A filha complementou dizendo que “sua mãe disse-lhe [ao assaltante] que não tinha nenhum objeto para lhe entregar então nada lhe foi roubado. Porém, a declarante entregou seu aparelho celular, uma aliança e um anel. Logo após o roubo, ligaram para a polícia militar e como o celular da declarante possui rastreador, foi monitorando todo o trajeto do aparelho e informando tudo para os policiais que vieram para lhe dar apoio”.

    Cerca de meia hora depois e aproximadamente 750m de distância um segundo roubo foi cometido contra um casal que caminhava pela Rua do Túnel, próximo ao número 190. A mulher conta que “foram abordados por dois indivíduos em uma motocicleta, cuja cor e modelo não se recordam, o garupa estava armado, os quais mediante grave ameaça subtraíram suas alianças e o telefone celular [do marido]” ele confirmou a versão.

    O terceiro roubo aconteceu em seguida, aproximadamente cinco minutos depois, quando duas mulheres “estacionado o veículo na rua Copacabana, cujo número não se recordam, por volta das 19:35h, foram abordadas por um indivíduo de motocicleta, portando arma de fogo, que mediante grave ameaça subtraiu seus telefones celulares”.

    Versões

    Uma viatura passou procurar pelo sinal do primeiro celular roubado. Ao cruzarem com Thiago no Sacomã, bairro da zona sul de São Paulo, ele “tentou empreender fuga com a moto, sendo então acompanhado até que entrou em uma viela onde abandonou a moto na Travessa Carlos Antônio Marini, e continuou a fuga a pé”. Segundo a versão dos PMs “foi localizado em seu bolso esquerdo um telefone celular, sendo justamente o que estava enviando sua localização às vítimas que estavam em São Bernardo. Indagado a respeito, o indiciado não soube explicar a origem do aparelho celular, negando sua propriedade. Diante desse confronto, retornaram ao local onde o indiciado estava inicialmente, qual seja rua Honório Serpa, numeral 26, nesta Capital, onde mostrou onde estava escondido outros três aparelhos de celulares roubados, além de quatro alianças, que estavam escondidos em duas árvores”.

    Local onde Thiago foi preso
    Foto: Lucas Martins / jornalistas Livres

    Thiago respondeu que era inocente. Também no B.O. está a resposta que deu “quando veio a viatura e deu sinal de luz alta. Como não é habilitado e a moto está com a documentação atrasada, tentou fugir dos policiais. Alega que nada foi encontrado em seu poder e também não apontou aos policiais nenhum local onde supostamente havia objetos produtos de crime”

    Dali seguiram para a 26º Delegacia de Polícia (D.P.), no Sacomã. Lá as seis vítimas foram prestar depoimentos. Os objetos levados, os celulares e alianças, entregues e devolvidos. mas nenhuma arma foi encontrada ou apresentada e somente uma pessoa foi apresentada para o reconhecimento: Thiago. Mãe e filha o reconheceram, também as duas mulheres. Mas o casal afirmou que ele é inocente.

    Questionados, ela respondeu que “não reconheceu o indiciado aqui presente como sendo um dos autores do roubo sofrido anteriormente” e o marido “não reconheceu o indiciado aqui presente como sendo o autor do roubo sofrido anteriormente”.

    A família

    Já a família de Thiago conta outra versão para o dia. Naquela quinta-feira, 01/08, tinha ido buscar o filho da namorada, rotina que seguia há cerca de dois meses, na escola. Ele chegava por volta das 19 horas na escola para buscar o enteado, deixava-o na casa da namorada e saia para fazer entregas, quando a pizzaria chamava. Quando ele não tinha entregas para fazer ficava em casa ou com um amigo que mora perto.

    O quarto de Thiago Foto: Lucas Martins / Jornalistas Livres

    O dia de sua prisão ele tinha seguido uma rotina parecida, como conta Melissa. Por volta das 18 horas ele saiu de casa para buscar o enteado, deixou o garoto na casa dos avós e voltou para sua casa, por volta as 19h. quando chegou em casa tomou banho e se preparou para ir buscar a namorada no trabalho. Um dos pontos levantados pela defesa é a conversa de Whatsapp que ele teve com a namorada naquele momento, em que mandou uma foto sua para ela. Enquanto esperava o horário ele saiu para encher o tanque da moto.

    Logo depois de sair de casa é que sua vida mudou. Pouco depois de sair rumo ao posto ele viu uma viatura que lhe fez sinal para parar, mas ele não parou “ele ficou com medo de perder a moto. Não tinha habilitação e o documento atrasado. Ele tinha vendido a moto para pegar o dinheiro e terminar de pagar a habilitação”. Por medo ele fugiu e ate passou em frente a sua casa, já com os policiais em perseguição.

    Pouco tempo depois os pais foram chamados por uma vizinha. Thiago tinha sido pego, algumas ruas abaixo de onde fica sua casa e estaria sendo violentamente revistado. Melissa chegou a var o filho cercado por policiais. Eles tentaram interceder, mas não foi possível chegar perto. Depois acompanharam enquanto os policiais levavam Thiago a rua Honório Serpa, onde contam que “depois chegou outra viatura e, inclusive, um policial falou ‘não é ele. A moto era preta e o rapaz tá de roupa preta’ o policial que estava com o Thiago falou ‘dá continuidade. Vai ser esse mesmo’”. Para eles ele foi preso e forjado “para não ficar feio para eles… quando a outra viatura chegou e falou ‘não é ele’… acho que não queriam ficar feio na corporação e vai esse mesmo”.

    A defesa

    Os principais pontos levantados pela advogada de Thiago foram

    • A mensagem que ele mandou para a namorada, após buscar o enteado na escola “Assim que estava com a criança trocou mensagens via Whatsapp com a namorada, por volta das 18h58, quando enviou uma fotografia dele com o enteado perto da escola da criança”
    • A roupa que ele usava no dia, que também está registrada na mesma conversa “O Sr. Thiago usava blusa de moletom quadriculada cinza e branco, bermuda jeans azul e camiseta polo amarela, conforme foto abaixo, também trocada com a namorada via Whatsapp antes de sair para o trabalho, às 20h.”
    • A falta de detalhamento na descrição apresentada pelas vítimas “ainda que a descrição das características físicas de Thiago tenha sido omitidas do boletim de ocorrência e do auto de prisão em flagrante, bem como o modelo e a cor da motocicleta, o Paciente foi detido em flagrante.”
    • Os antecedentes de Thiago “residência, histórico escolar, carteira de trabalho, certificado de jovem aprendiz, comprovante de trabalho de entregador”

    Para Ana “ele estava no lugar errado na hora errada. E está pagando por um crime que ele não cometeu. Ele é inocente” ela concorda com a avaliação dos pais de Thiago “É uma situação péssima, mas comum, infelizmente, ainda mais em um país racista como o que a gente vive”.