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  • Rachadinha na versão de Itapecerica SP

    Rachadinha na versão de Itapecerica SP

    Na “nova política” nos deparamos com situações como o escândalo da rachadinha que envolveu o filho de Jair Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro, do Rio de Janeiro, e que até hoje segue impune. Para além do “conceito pizza” (que já é uma máxima da nossa história), sabemos quanto que a impunidade influência na perpetuação dessas práticas. Pois é, o número 3 do Seu Jair anticorrupção #SQN, está fazendo escola, agora em Itapecerica da Serra.

    Quando Ivone (nome fictício) combinou o valor do seus salário, para trabalhar como Assessora da Diretoria da Câmara de Vereadores Itapecerica da Serra, ela ia receber cerca de R$ 3.500, 00 reais, com benefícios. Quem a indicou foi o Vereador Markinhos da Padaria, que avisou que o valor que passa-se disso do valor total ela iria devolver para ele. Estava então acertada a rachadinha.

    Ao receber o primeiro mês de salário, ela foi abordada pelo vereador que pediu que ela entregar em dinheiro a quantia de R$ 2.500,00, num envelope pardo para sua esposa. Esse valor correspondia mais de 50% do valor total do salário do cargo que ela estava ocupando, e o valor líquido com descontos, mais a parte que ela estava sendo forçada a “rachar” e a entregar, não davam a soma combinada inicialmente. Indignada a servidora resolveu reclamar por diversas vezes e decidiu que não iria mais aderir ao esquema. A partir daí começou a sofrer diversas perseguições até que fez denúncia à polícia, que foi encaminhada ao Ministério Público de São Paulo.

    No inquérito do MP-SP estão envolvidos no caso Marcos de Souza (Markinhos da Padaria), Márcio Roberto Pinto da Silva (Presidênte da Câmara de Vereadores) e Andreia Moreira Martins.

    No Boletim de Ocorrência a vítima registra que os envelopes com o valor eram para ser entregues a mulher de Markinhos da Padaria Sra. Marta, mas na matéria feita pelo TUBENET, canal de notícias (em redes sociais) e entretenimento evangélico local, é possível ouvir áudio onde o Vereador Markinhos no trecho que vai do minuto 2:22 ao 3:19, explica para vítima como deve ser feita a entrega do dinheiro à Presidência da Câmara. O vereador ainda dá mais detalhes sobre a negociação e diz que não quer encheção de saco, que não quer mais saber da história, e que não se suja por bobagem. A vítima se nega a participar mas começa a ser pressionada a entregar a quantia todo mês.

    O depoimento da servidora para o repórter Diego Lima também revela o medo e as pressões que a servidora sofreu, por não concordar com o esquema. Além da perseguição que vem sofrendo, mesmo depois de exonerada.

    Ivone, nos contou que está sendo denunciada em boletim de ocorrência pela pessoa que era seu chefe direto por calúnia e difamação. Essa denúncia foi feita logo depois de a servidora prestar queixa por assédio moral. 

    Enviamos email pelo portal da Câmara para pedir mais esclarecimentos, mas até o momento do fechamento desta edição não tivemos resposta.

    A escola da Rachadinha do Carlucho

    Segundo matéria do Correio Braziliense, o Ministério Público do Rio de Janeiro abriu dois procedimentos contra Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), um pelo esquema da rachadinha outro por funcionários fantasmas. Os dois esquemas movimentaram em torno de R$ 7 milhões (valor atualizado em Setembro pela matéria) ao longo de 10 anos, recebidos por 11 pessoas suspeitas de agir como funcionários fantasmas no gabinete do vereador.

    As primeira denúncias foram feitas pela revista Época em junho de 2019, Carlucho empregou cerca sete parentes de Ana Cristina Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro segundo a reportagem. Apesar das denúncias, Carlos Bolsonaro é candidato a vereador no Rio de Janeiro.

    Mas o Seô Jair já disse que acabou com a corrupção no Brasil, então podemos ficar tranquilos.


  • Carta ao papai Bolsonaro, de quatro zeros à esquerda

    Carta ao papai Bolsonaro, de quatro zeros à esquerda

    Querido pai,

    Hoje é seu dia e temos o orgulho de sermos quem somos.

    Somos gratos a educação machista, racista, misógina e corrupta que recebemos.

    Não somos melhores nem piores que o senhor. Nos orgulhamos de ser sua cópia fiel.

    A primeira gratidão, e isso precisa ficar claro, é a oportunidade que o senhor nos deu de nos livrarmos do Exército, que não soube compreender a sua lealdade ao país.

    Expulsou-o de suas fileiras, covardemente, e estarmos longe dessa milicada tosca que o bajula, para nós é uma felicidade. Sabemos que muitos seguem a carreira militar, a maioria por influência do pai, mas o senhor nos poupou dessa tortura.

    Por suas mãos e por seu prestígio, conquistamos nossos mandatos e, por consequência, a independência financeira.

    Afinal, não vivemos apenas dos nossos salários.

    Graças a seus ensinamentos, aprendemos a técnica das rachadinhas, das notas fiscais frias referentes a refeições e gastos com combustível —com direito a reembolso de nossas respectivas Casas— da prática do caixa 2, do uso de cotas de passagens aéreas, da utilização de apartamentos funcionais e, principalmente, da cota para a contratação de familiares e amigos fantasmas, geralmente milicianos como nossos cabos eleitorais.
    E tudo o mais que nossos mandatos proporcionam, incluindo aí a imunidade e a consequente impunidade.

    Somos gratos por herdarmos seus amigos, como o Queiroz e o Hélio Negão, e seus ídolos. como o coronel Brilhante Ustra e o major Curió. Chegará o dia em que todos entenderão que, se um dia eles torturaram, mataram e sumiram com alguns corpos de comunistas, isso foi por um bem maior, que é a nossa liberdade.

    Agradecemos ao senhor a confiança em nós depositada.

    Os exemplos de seu apoio são inumeráveis.

    O 01 está tranquilo quanto ao processo das rachadinhas, assim como quanto à lisura de sua loja de chocolates e sua atividade na compra e venda de imóveis.

    O 02, carinhosamente chamado de seu “pitbull”, responsável que é pelo —o que nossos inimigos chamam— gabinete de ódio, também não está preocupado. Ele sabe que contará sempre com seu inestimável apoio durante as investigações das chamadas fake news. Na verdade, o que temos é um pequeno grupo de assessores do governo, que trabalham em prol do sagrado direito da liberdade de opinião.

    Já o 03, que por pouco não ocupou a embaixada brasileira em Washington, se faz críticas à China, faz sempre pensando no bem dos EUA e de seu presidente Donald Trump, com quem o senhor está sempre disposto a estreitar, cada vez mais, seus laços de amizade.

    Finalmente, o 04 aproveitou bem a adolescência. Comeu metade do condomínio onde o senhor reside, e agora concorrerá a sua primeira eleição à vereador —início da caminhada que objetiva as benesses já recebidas pelos três mais velhos.

    Como pai excepcional que é, capaz de declarar que “se tenho um filé mignon, é claro que darei para meu filho”, queremos reafirmar que o senhor sabe fazer história.

    Seu comportamento diante da pandemia e a forma como enfrentou o vírus, tem sido magistral.

    O senhor, em resumo, é exemplo a ser seguido, não apenas por nós, mas por todos aqueles que amam a liberdade.

    Pela suspensão dos trabalhos do Supremo.
    Pela cassação de todos os ministros do STF.
    Pelo fechamento do Congresso.
    Por uma intervenção militar com o senhor no comando.
    Com todos nós acima do país.
    E nossa família acima de todos.

    *Dacio Malta trabalhou nos três principais jornais do Rio – O Globo, Jornal do Brasil e O Dia – e na revista Veja.

    Leia mais Dacio Malta em:

    HTTPS://JORNALISTASLIVRES.ORG/BOLSONARO-FACILITA-FUGA-DE-ABRAHAM-WEINTRAUB-PARA-OS-ESTADOS-UNIDOS/

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  • PF arromba fábricas de fake news e expõe cúmplices de Bolsonaro

    PF arromba fábricas de fake news e expõe cúmplices de Bolsonaro

    A Polícia Federal está cumprindo nesta manhã de quarta-feira (27) 29 mandados de busca e apreensão no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura produção de fake news e de ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal. Entre os alvos estão o ex-deputado federal Roberto Jefferson, o empresário Luciano Hang, o deputado e os blogueiro Allan dos Santos e Winston Lima. Todos são parceiros e amigões do peito do presidente Jair Bolsonaro.

    As ordens foram expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, e estão sendo executadas no Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina. A investigação corre em sigilo.

     

    Alguns dos alvos dos mandados contra as fake news são:

    • Luciano Hang, da Havan (SC)
    • Roberto Jefferson, ex-deputado federal (RJ), envolvido em todas as falcatruas dos últimos 30 anos
    • Allan dos Santos, do Terça Livre (DF)
    • Sara Winter, pró-armas (DF)
    • Winston Lima, militar reformado, Movimento Brasil (DF)
    • Edgard Corona, CEO das redes de academias Bio Ritmo e Smart Fit (SP)
    • Edson Pires Salomão, assessor do deputado Douglas Garcia, do PSL (SP)
    • Enzo Leonardo Suzi (SP)
    • Marcos Belizzia (SP)
    • Otavio Fakhouri, investidor em imóveis (SP)
    • Rafael Moreno (SP)
    • Rodrigo Barbosa Ribeiro (SP)

    Deputados que serão ouvidos na apuração contra fake news

    O ministro Moraes determinou ainda que deputados deverão ser ouvidos no inquérito nos próximos dias. Eles não foram alvos de mandados nesta quarta. São eles:

    Deputados federais

    • Bia Kicis (PSL-DF)
    • Carla Zambelli (PSL-SP)
    • Daniel Lúcio (PSL-RJ)
    • Filipe Barros (PSL-PR)
    • Junio Amaral (PSL-MG)
    • Luiz Phillipe de Orleans e Bragança (PSL-SP)

    Deputados estaduais

    • Douglas Garcia (PSL-SP)
    • Gil Diniz, o “Carteiro Reaça” (PSL-SP)

    As buscas com relação a Jefferson e Hang foram realizadas nas casas deles, no Rio de Janeiro e em Santa Catarina, respectivamente.

    As buscas sobre Allan dos Santos ocorreram na casa dele, em uma área nobre de Brasília.

  • Paulo Marinho apavora Jair Bolsonaro porque conhece os podres do presidente

    Paulo Marinho apavora Jair Bolsonaro porque conhece os podres do presidente

    Por Dacio Malta*
    Bolsonaro, acostumado a criar uma crise por dia, se sente um tsunami.
    Na verdade, ele virou um bumerangue.
    As pessoas que o cercam nunca foram flor que se cheirasse.
    No dia da demissão do ex-ministro Sergio Moro, o capitão lamentou: “Eu sempre abri o coração para ele. Já duvido de que ele tenha sempre aberto o coração para mim.”
    Azar o dele.
    Ou o capitão não sabia como Moro trabalhava?
    Agora surgiu o “empresário” Paulo Marinho. As aspas para o empresário são necessárias, pois não se sabe o que Marinho tenha empreendido até hoje – com o seu dinheiro. Ele é um lobista. E dos bons.
    Seu faro político é extraordinário. Na campanha para prefeito em 2016, ele aproximou-se de Marcelo Crivella, e o convenceu – pasmem! – que o Rio de Janeiro não deveria ter uma secretaria de Turismo. Criou-se então um conselho. Conselho de amigos obviamente: Ricardo Amaral, José Bonifácio (o Boni) e Paulo Manoel Protásio.
    Paulo Marinho é esperto o suficiente para nomear as pessoas e permanecer na sombra. Assim ele enriquece.
    A roda gigante do Porto Maravilha, no Rio, é um bom exemplo. A concorrência foi ganha por um grupo gaúcho, ligado politicamente a Crivella e, consequentemente, à Igreja Universal. O perdedor, Paulo Marinho, pressionou o prefeito, e hoje detém 50% do empreendimento sem tirar nada do bolso.
    A ele, Bolsonaro também abriu seu coração.
    Marinho, sabendo com quem estava lidando, abriu as portas do seu casarão no Jardim Botânico, no Rio, para servir de QG do capitão durante a campanha presidencial. Lá ele recebia apoiadores e gravava as inserções televisivas. Esperto, Marinho cuidou de anotar tudo o que se passava ao redor.
    Para a repórter Monica Bergamo, resolveu revelar parte dessas anotações, indicando personagens, datas, locais e horários. Quem sabe tenha até gravações.
    No QG não havia apenas o estúdio, mas também uma redação, de onde, desconfia-se, partiram algumas das fakes news que alimentaram a campanha de Bolsonaro.
    Carluxo, o 02, nunca gostou dele, o que o absolve – até certo ponto – de ter abrigado o gabinete do ódio.
    “Irmão” de Gustavo Bebianno, responsável pelo aluguel da sigla do PSL, acabou por ser indicado primeiro suplente do senador Flavio Bolsonaro.
    Mas no dia da posse do presidente, a famiglia já o havia sido esquecido. Tanto que não foi convidado para a cerimônia em Brasília.
    Na casa de Paulo Marinho, seu filho André foi de grande utilidade.
    Eleito presidente, foi André quem serviu de intérprete entre Bolsonaro e Trump, quando o presidente dos EUA ligou para cumprimentá-lo pela vitória.
    André Marinho imita com perfeição a voz de Bolsonaro. E nessa condição recebia telefonemas de políticos no bunker da campanha, e conversava como se o capitão fosse. Anotava pedidos, fazia promessas e agradava os interlocutores que pensavam estar conversando com o candidato.
    Como sempre atuou nas sombras, mais de 95% da população do Rio de Janeiro nunca ouviu falar de Paulo Marinho. Agora boa parte sabe que ele trabalhou para Bolsonaro, está entre os arrependidos e é candidato a prefeito da cidade. Sem dúvida, o lançamento da candidatura foi um sucesso.
    Mas ao mesmo tempo, ele entrou na mira da boiada presidencial e, principalmente, daqueles mais íntimos do presidente.
    Eles sabem que o depoimento do “empresário” é apenas um grão de areia do que ele viu, ouviu e anotou durante a campanha.
    Além disso, como “irmão” de Bebianno, Marinho herdou a memória do ex-ministro, morto no último dia 14 de março.
    Com certeza ele sabe onde está o telefone com as mensagens de WhastApp trocadas entre o presidente e o ex-ministro, e tem a sua degravação.
    Bolsonaro não é burro, mas é tolo.
    Primeiro por confiar em Marinho. Depois por pedir que ele sugerisse o nome de um advogado para defendê-lo das trapalhadas comandadas por Fabrício Queiroz.
    Hoje, Bolsonaro só confia nos filhos. E nos seus poucos capachos.
    Mas boa parte deles trabalha com o mesmo figurino.
    O ministro Ônix pode ser um bom exemplo.

    Experimente demiti-lo…

    *Dacio Malta trabalhou nos três principais jornais do Rio – O Globo, Jornal do Brasil e O Dia – e na revista Veja.

    Leia mais Dacio Malta em

    TESTE DO COVID-19 DE BOLSONARO É FAKE

    Bolsonaro deve deixar Saúde com Pazuello, que confunde homens com cavalos

  • Bolsonaro voltou mais cedo para o Rio no dia do assassinato de Marielle, diz Tuíte

    Bolsonaro voltou mais cedo para o Rio no dia do assassinato de Marielle, diz Tuíte

    O presidente da República Jair Bolsonaro mentiu sobre estar em Brasília na tarde da data do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, segundo tuíte da jornalista Thais Bilenky, então repórter da Folha de S. Paulo. Às 12h28 do dia 14 de março de 2018, Thaís postou mensagem dizendo que, segundo a assessoria do então deputado, Bolsonaro antecipou a volta para o Rio de Janeiro após passar mal por intoxicação alimentar. No dia seguinte, a Folha repercutiu a informação, que foi confirmada pela assessoria do deputado.

    Esta mensagem foi trazida à tona somente hoje cedo, pelo deputado federal David Miranda (PSoL) e pela ex-candidata a presidente Manuela D’Avila (PCdoB), em meio ao escândalo diplomático da invasão da Embaixada da Venezuela. Ela aponta contradição muito suspeita no depoimento do presidente às redes sociais e meios de comunicação. O porteiro do Condomínio Vivendas da Barra afirmou à Polícia Federal que a entrada do miliciano Élcio Queiroz, comparsa de Ronie Lessa e executor do assassinato, na casa 58 fora autorizada pelo “Seu Jair”, às 17h10 do dia 14. Às 3h50 do dia 29 de outubro, após reportagem no Jornal Nacional, JB gravou um vídeo exasperado da Arábia Saudita alegando aos gritos de “imprensa porca, canalha e imoral”, que estava no plenário em Brasília no dia do assassinato, ocorrido às 21h30. A postagem de Thais, hoje repórter da revista Piauí, ainda pode ser conferida na sua conta do Twitter. Durante a manhã, os próprios tuiteiros conferiram no site transparência da Câmara de Deputados que o seu gabinete comprou passagem de ida e de volta no mesmo dia 14.

    A revelação da mensagem está liderando o Trend topics do Twitter desde o final da manhã. O sumiço de Carlos Bolsonaro das redes sociais nesta semana, com o encerramento de todas as suas contas, está sendo apontado pela opinião pública como apagamento de provas, já que ele falava do pai, de armas e da campanha à Presidência e ao Congresso Nacional. O filho 02 de Bolsonaro também foi pego em contradição. Primeiramente ele disse que estava na Câmara de Vereadores desde a tarde do dia do crime e depois afirmou que estava em casa, no Vivendas da Barra.

    Além de remeter à óbvia e necessária investigação do retorno do ex-deputado ao Rio pelo voo da Gol, que necessariamente deve ter a viagem em seus registros, a revelação de hoje abre uma nova linha de apuração: quais consequências teve a intoxicação alimentar? Há registros de atendimento médico? Que relação ela pode ter com os supostos problemas gástricos de Bolsonaro anteriores à facada que catapultou a sua campanha?

    Indícios há de sobra, mesmo com a adulteração de áudios e a destruição de provas. O que parece faltar é vontade política de investigar nas instâncias policiais e jurídicas. Como dizem os comentaristas das redes sociais, o que espanta é os tuiteiros acharem mais provas do que a polícia.

  • Jornal da Record em SC cria Fake News para promover porte de armas

    Jornal da Record em SC cria Fake News para promover porte de armas

    Jornal faz apologia ao uso de armas com base em relação improvável entre facilidade para o porte de armas e diminuição da criminalidade

    Santa Catarina prova com seu exemplo que quanto maior facilidade para o porte e posse de armas de fogo menor é o índice de criminalidade e violência. Essa é a criminosa mentira veiculada pelo jornal Notícias do Dia, do Grupo RIC/Record em Florianópolis (SC), para pressionar o Congresso a aprovar o decreto presidencial que facilita a liberação do uso de armas para a população. A falta de escrúpulos crescente da publicação tornou-se objeto de denúncia nacional sobre a ética jornalística. Na manchete de capa da terça-feira (28/5), intitulada “SC tem mais armas e menos violência“, o ND reproduz uma fake news já denunciada por sites de verificação de notícias a fim de incutir na opinião pública a relação de causa e efeito estapafúrdia entre  o armamentismo e a paz social. A reportagem apresenta o estado de Santa Catarina como um exemplo de que o elevado número de registro de armas explicaria a redução nos índices de criminalidade, apresentados pela Secretaria de Estado da Segurança Pública como os mais baixos do país.

    Essa mentira criminosa, considerando que o jornalismo tem o dever de contribuir com a cultura da paz, foi inicialmente veiculada pelo Jornal da Cidade Online, de extrema direita, e multiplicada nas redes sociais com 71,9 mil compartilhamentos. Há uma semana, no dia 23 de maio, precisamente, o Instituto Verificador de Notícias, o Lupa, da Revista Piauí (Grupo Folha), já havia mostrado que a relação infundada entre armamento da população e paz social se baseia em dois dados falaciosos: o de que Santa Catarina tem o maior registro de armas de fogo e o mais baixo índice de criminalidade do país. Na quarta-feira mesmo (29/5), a Objethos, uma revista de análise crítica da mídia ligada ao Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, publicou artigo denunciando as distorções éticas de toda a edição do ND, que dedica, além da capa, duas páginas à defesa unilateral das investidas armamentistas do presidente. Sobre a manchete, a analista aponta: “A frase projeta uma relação de causa e efeito capaz de estimular uma população a viver em guerra, já que indica que o volume de armas está estatisticamente relacionado aos índices de contenção da violência”.
    No afã de defender as teses armamentistas, o jornal sucumbe de vez à mentira e à deturpação dos panfletos bolsonaristas mais inescrupulosos, desrespeitando o dever jornalístico ao contraditório e à defesa da Declaração dos Direitos Humanos. Em duas páginas, desconhece as análises dos criminalistas que comparecem à mídia nacional e internacional demonstrando o aumento da violência nos países permissivos ao consumo bélico. Finge ignorar as críticas de que por trás do decreto está o interesse de promover o mercado de armas no Brasil, privatizar a segurança pública e legalizar o abuso de poder policial, franqueando o extermínio de pobres e negros sob a alegação de legítima defesa. A própria reportagem enaltece as previsíveis vantagens para os clubes de Tiro, já abundantes no estado, que devem experimentar uma grande expansão, segundo projetam os proprietários desse comércio.

    Matérias, entrevistas, artigos e editoriais cercam a reportagem intitulada “Decreto das armas é direito de defesa”, assinada por Cristiano Rigo Dalcin, como um verdadeiro campo de bombardeio ideológico. Todos os intertítulos tratam como se fosse um consenso absoluto, uma via de mão única essa polêmica explosiva, amplamente contestada por setores representativos da sociedade (judiciário, OAB, acadêmico, parlamentar, organizações em defesa dos direitos humanos, entidades pacifistas). O exemplo “mágico” de Santa Catarina para encorajar a disseminação do uso de armas no Brasil se baseia em correspondências forjadas entre segurança e armamento da população, sem nenhum fundamento científico. Apoia-se unicamente na interpretação forçada de informações dos aparatos de repressão e na opinião viciada de agentes diretamente interessadas no decreto, como os militares que atuam na área de segurança, os propagandistas da indústria bélica e os donos das casas de tiro.

    Benê Barbosa, ardoroso lobista do decreto do armamento no Congresso Nacional. Foto: arquivo pessoal

    É o caso do militante ultradireitista do DEM, Benê Barbosa, presidente da ONG Viva Brasil, ativista que faz lobby no Congresso Nacional e no Senado pelo direito ao acesso a armas de fogo, identificado pelo jornal como “especialista em segurança”, entrevistado pela reportagem. Entusiasta do decreto, coautor do livro Mentiram para mim sobre o desarmamento, o professor de tiro Benê Barbosa afirma que o recente decreto assinado pelo presidente representa um “avanço gigantesco no respeito ao direito de defesa do cidadão”. Em sua página do Facebook, ele comemora a publicação de matérias e editoriais pró-armamentismo pelo ND. A postagem elogiando a matéria do dia 28/5 obteve 3,4 mil engajamentos e 1,4 mil compartilhamentos. Seguidores fazem comentários debochando dos possíveis argumentos de estudantes, sociólogos e esquerdopatas:  “Aposto que as ruas são mais iluminadas, diz o estudante de sociologia da UFSC kkkkk”, ironiza Wiliam Lopes de Oliveira.

    Sócio de Clube de Caça e Tiro, Carlos Vitorino projeta a expansão do ramo em SC com aprovação do decreto armamentista. Foto: arquivo pessoal

    Outro entrevistado de isenção zero e suspeição máxima é Carlos Vitorino, sócio proprietário do Combat de Biguaçu, que pertence a uma rede de Clube e Escola de Caça e Tiro da Grande Florianópolis. Instrutor de tiro que posa para fotos do seu perfil no Facebook portando armamentos e munição pesada, Vitorino se diz “ansioso com a regulamentação do novo decreto”. Depois de afirmar que “quem procura uma arma lícita é o cidadão de bem”, faz apologia aos clubes de tiro como aqueles que capacitam esses cidadãos de bem. O Combat é vizinho do Clube de Tiro.38, de São José, também na grande Florianópolis, frequentado por Carlos e Eduardo Bolsonaro e o esfaqueador de seu pai, ainda candidato a presidente, Adélio Bispo dos Santos. E, como foi revelado no dia 14 de maio pelo DCM, os três eram colegas de tiro de Nilton César Souza Júnior, o ilustre Nilton Dog, assassino do delegado da PF De Angra dos Reis, Adriano Antônio Soares, que investigava a morte do ministro Teori Zavaski. Tudo gente boa.

    Entre os militares entrevistados pela reportagem estão o coronel Araújo Gomes, secretário de Estado de Segurança Pública do governo bolsonarista do comandante Carlos Moisés (PSL), surpreende com uma opinião ambígua sobre as vantagens e desvantagens da liberação das verbas, pontuando que o porte e posse de armas traz “mais responsabilidade para as forças de segurança, que precisam evitar que as armas caiam nas mãos de criminosos”. O mais importante da sua declaração fica obliterado pela edição geral: o coronel desautoriza claramente a hipótese proposta pelo jornal de que a redução da criminalidade seja determinada pelo alto índice de registros de armas. Embora esta afirmação derrube a manchete, a opinião do secretário Araújo fica isolada numa retranca à parte, intitulada: “Mais responsabilidade para as polícias”:
    – A criminalidade está menos relacionada à disponibilidade promovida pela legalização das armas do que a outros fatores, como questões sociais e econômicas ou mesmo o tráfico de drogas, por exemplo. Essa é a opinião do comandante da PMSC (Polícia Militar de Santa Catarina) e chefe do Colegiado Superior de Segurança Pública do Estado, coronel Araújo Gomes. “Há países que são bastante flexíveis e tem altas taxas de criminalidade e há países flexíveis que têm baixos índices de criminalidade, indicando que esse talvez não seja o principal fator”, argumenta.

    Como não podia faltar a relação de superioridade do Sul sobre o Nordeste, que marca esse pensamento de supremacia racial, conforme outro instrutor, Marcos Marçal, do mesmo Combat Clube e Escola de Caça e Tiro Esportivo, ao contrário do modelo de Santa Catarina: “o Nordeste tem os menores números de armas e as maiores taxas de homicídios”. O bombardeio do jornal Notícias do Dia, pertencente ao empresário Mario Petrelli, do Paraná, desdobra-se no quadro didático “Como obter armas de fogo”. E culmina com o editorial “O direito às armas”, endossado pela assinatura do grupo RIC, sem ouvir uma única voz contestando os dados e suas interpretações a favor da indústria bélica.Operando como um observatório de mídia voltado à análise da conduta ética dos veículos, o Objethos mostra que o jornal não ouve posicionamentos contraditórios. Nega, assim, ao leitor, o direito de conhecer pesquisas, dados e pontos de vista que refutam ou relativizam a tese dogmática em defesa do decreto presidencial que libera a posse de armas para amplos setores da população. “Os índices de criminalidade em Santa Catarina não estão relacionados ao porte de arma – e, ainda que estivessem, seria impossível comprovar este argumento. Ao investir nesta relação de causa e efeito, o jornal Notícias do Dia mentiu aos seus leitores, afastando-se do seu compromisso de informar e contribuir com o debate público e transformando-se em um panfleto de propaganda política pró Bolsonaro”, finaliza a jornalista Amanda Miranda, doutora em Jornalismo (PPGJOR/UFSC) e pós-doutoranda na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) no site Objethos.

    Adélio Bispo de Oliveira frequentou o Clube de Tiro .38 na mesma época que Carlos Bolsonaro

    Entre os maiores beneficiados estão os clubes de tiro, aos quais os cidadãos de bem (como Adélio Bispo, Carlos e Eduardo Bolsonaro e Nilton Dog), precisam estar obrigatoriamente filiados para terem autorizado o porte de armas, segundo o decreto.  Se o decreto for aprovado, redes de comunicação de Santa Catarina, estado com a maior concentração desse tipo de clube no país, expandirão seus lucros e poderão, quiçá, assumir de forma aberta o patrocínio de reportagens como essa do ND, veiculando anúncios de página inteira sobre o novo lançamento de espingarda da Taurus, ou de outra empresa estrangeira, para matar agricultores sem-terra, nas versões azul e cor de rosa, pra continuar no campo do “cidadão de bem”.

    Também serão beneficiados pelo decreto armamentista e pelo pacote anticrime do ministro Sérgio Moro os policiais do bordão “atira e mata primeiro, pergunta depois”, como os que assassinaram à queima-roupa o adolescente negro Victor Henrique Xavier dos Santos no Feriado de Páscoa, no bairro dos Ingleses, em Florianópolis, no dia 18 de abril, enquanto brincava no quintal de casa mirando contra latinhas de refrigerante com um revólver de pressão. Passados 42 dias, nada se sabe a respeito do inquérito policial prometido pelo coronel Araújo para apurar se houve abuso de poder por parte dos dois policiais que invadiram a casa da família mascarados, sem mandado judicial e já disparando, enquanto a mãe trabalhava como cozinheira. Depois de executar o garoto com cinco tiros e deixá-lo sangrar até morrer sem socorro médico, a PM alegou ter agido em legítima defesa. Segundo a versão repassada pela Segurança Pública, Vitor teria apontado contra os policiais o seu revólver de brinquedo que eles confundiram com uma arma de verdade. Fake News da campanha armamentista: nem toda criança pode fazer arminha ou brincar com revólveres, como aquelas dos comícios de Bolsonaro. Negras e pobres não vale…

    Protesto em Florianópolis contra o assassinato do menino negro e inocente Vitor Xavier por dois policiais que invadiram sua casa e o executaram com cinco tiros à queima-roupa. Passados 42 dias, nada se sabe a respeito do inquérito prometido pela Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina. Fotos: Thyago Bregeiron da Silva

    https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/2019/05/23/verificamos-armas-santa-catarina/