Ruas apenas trabalhava. Era um dos milhões de negros e índios que ainda hoje não descansam nem durante a ceia de Natal. Em um metrô, onde o Estado inexiste, em que tudo foi privatizado, inclusive, pelo visto, até a alma das pessoas, apenas pediu calma, apenas defendeu o direito do ser humano ser quem é.
A travesti, cotidianamente exposta à homofobia, desta vez, felizmente, sobreviveu. Ruas, o negro ambulante que trabalhava para a sobrevivência de sua família, foi brutalmente assassinado por neonazistas.
Rosa, há cem anos assassinada por ser comunista, dizia que ou seria socialismo ou barbárie.
As décadas passaram e, enquanto aqueles que professam o ódio e a intolerância em seu cotidiano rezavam em suas ceias de Natal – como que para livrar-se de suas consciências – a barbárie ceifava outra vida espoliada.
Luis Carlos Ruas, Presente!
Daniel Araújo Valença, professor do curso de Direito da UFERSA e doutorando em direitos humanos