Publicitário resgata símbolos nacionais e pede liberdade de Lula

Foi em seu apartamento no bairro do Cambuci, em São Paulo, que o publicitário Ananias Andrade, de 32 anos, decidiu transpor seu universo na luta pela democracia. Em sua pequena sala, morada fruto do programa “Minha Casa, Minha Vida”, teve a ideia de discutir a política brasileira, criando camisetas que ressignificam símbolos nacionais e reivindicam a liberdade de Lula. “Os apoiadores do golpe se apropriaram do verde e amarelo que culturalmente é visto como uma representação da identidade nacional. Alguns membros da esquerda se fecharam no símbolo do vermelho. A minha ideia foi canibalizar o verde e amarelo, misturar o vermelho, e criar nas ruas um canal de diálogo”, diz.

Através de uma página na internet chamada “Os Camisas 13”, Ananias vende camisetas com o nome de Luiz Inácio Lula da Silva e os dizeres Lula Livre. O objetivo é angariar fundos para poder ocupar espaços públicos de todo o país. “Quero explicar de forma respeitosa, com referenciais e base informativa, porquê a prisão do presidente Lula é uma farsa jurídica e o que está em jogo com isso”

Desde que começou o projeto que divide com os membros do movimento do qual faz parte – Movimento Nacional Pela Anulação do Impeachment – há 3 meses, tem observado o quanto o Brasil é resignado ao autoritarismo. Ele conta que é comum as pessoas banalizarem sua tentativa de diálogo nas ruas, por acreditarem que decisões de juízes são sempre inquestionáveis e que a justiça sempre sabe o que está fazendo. “Quando os autoritários gritam aqui no Brasil, eles se aproveitam de uma forte crença que há no país de que aquele que estudou e recebeu um título, não precisa prestar mais conta para a sociedade das suas decisões. Contudo, na verdade, aí que ele devia prestar. Ele é um funcionário do povo e tutelado pelo Estado”

O grupo que o acompanha na rua com um megafone, abrindo espaço para o diálogo e permitindo até que as pessoas falem suas opiniões, não passou só por questionamentos. Ananias conta que muitas pessoas pedem a palavra para contar sua experiência nos anos de governo PT. Com um sorriso estampado nos lábios, relembra de uma mulher que diz ter recuperado sua autoestima, após fazer faculdade através de uma bolsa no Prouni. Hoje, segundo ele, ela lamenta por sofrer com os resultados da Reforma Trabalhista, imposta por Michel Temer.

Sobre as razões da prisão de Lula e o Impeachment da presidenta Dilma ter tido apoio massivo das classes médias, o publicitário embasa sua opinião na escravidão. Para ele, a alforria foi um dos mecanismos históricos de desarticulação e segmentação da população brasileira, pois beneficiava só os escravos que se submetiam ao protocolo de seus senhores, enquanto deslegitimava os que fugiam ou lutavam. “A alforria libertava só um ou dois que se submetiam aos donos da fazenda. Não era para 100 escravos. Ser um escravo na Casa Grande era diferente de ser um escravo no canavial”, completa.

Ao final da entrevista, reitera sua crença de que só a liberdade de Lula pode barrar as arbitrariedades do Governo Temer e garantir a democracia brasileira. “O povo brasileiro não está armado. As instituições estão, o sistema judiciário está, as polícias estaduais estão. O que o povo tem como janela para o fim desses problemas é conseguir estabelecer esse líder popular mais capaz de fazer conciliações e ao mesmo tempo, representar pessoas, porque ele é o mais próximo de grande parte da população brasileira.

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