[OPINIÃO] Evoé, papai moderno!

Parabéns aos papais! Muitas misérias no mundo se eternizam pela falta desse pai ou deste lugar de pai, pela tenebrosa ausência desta figura em todas as classes sociais, ou ainda muita desgraça acontece pelas opressões igualmente tenebrosas que rondam o sentimento masculino,gerando rapazes grosseiros,machistas,e posteriormente pais homofóbicos até.

Torço para que os papais daqui assumam cada vez mais o denso e espetacular papel paterno nas vidas de seus filhos. Sua filha, papai de hoje, pertence ao novo tempo e não pode mais ser a bonequinha minada e bailarina que um dia você negociará com uma família rica.Seu menino também é outro e pode não gostar de judô ou futebol.

Sou dessas que ama o papel de pai .O meu ,no dia do meu casamento me deu de presente uma máquina de escrever. E isso foi definitivo pra que eu fosse quem eu sou hoje e pra que ,dentro do meu casamento eu me impusesse com o jovem feminismo da minha época. Me casei no civil e me lembro que eu disse a meu pai que não queria receber o nome de de meu marido. Eu não me sentia filha de meu homem e não me interessava,no auge de Meus vinte e três anos ,ter o sobrenome do meu marido. Além do quê, não me via com sobrenome italiano.Meu pai,um antenado advogado negão maravilhoso ,um dos fundadores da OAB capixaba,sorriu e me disse :tem um jeito ,filha, há um novissimo dispositivo de lei que permite que a mulher se case e preserve seu nome de solteira .Foi assim que eu sempre fui e serei ELISA Lucinda Campos Gomes.

Considero este episódio fundamental para o que era inaugural no feminismo de minha geração.Este fato do sobrenome não alterou em nada a qualidade do lindíssimo casamento que vivi com aquele que sempre foi um
lindo romântico parceiro ,pai amoroso e exemplar de nosso único filho,sendo até hoje meu grande imenso amigo e, mais do que isso ,formamos um trio de família que até hoje perdura para além de nossa separação enquanto casal.
Desejo aos pais que me leêm agora um amor sem limites pelos seu filhos,uma intimidade desde o planeta ventre até às infinitas galáxias do planeta cotidiano. Que preparem seus meninos e meninas dentro das claridades do novo tempo.

Um novo masculino menos opressor está se formando. Vivemos um tempo em que país gays começam a ter o merecido respeito ,graças à tantas lutas nossas. Vivemos um tempo em que um um menino não precisa mais ser criado sob o restrito código de ter que ser valentão ou banana. Pobres referências. Foi chamado de banana aquele menino que não gostava de luta ou de guerra,o que preferia ficar em casa lendo ,ouvindo música ou o que gostava de brincar de boneca. E foi considerado macho pra caralho o valentão ,o brigão ,o bobo violento. Vivemos um tempo em que se respeita mais a extensão da subjetividade deste dito masculino e o novo homem pode ,enfim,transitar de um jeito mais maleável nos variados e contemporâneos territórios de sua identidade de gênero.

A este novo pai trago ramos de hortelã, maços de manjericão, buquês de Alfazema e espalho nos caminhos de seu novo dia nos tempos de agora ,em honra daquele que fez de mim a mulher das palavras que sou hoje , que fundou no meu coração o profundo respeito que tenho e nutro pela sensibilidade masculina.Coisa que foi bizarramente destruída pelos fundamentos machistas que ,com seus tentáculos cuidou de maltratar até às últimas consequências tantos sensíveis homens que conhecemos ,capazes de compreender a complexidade e a amplitude das relações modernas. Evoé a estes novos pais ,a estes novos homens ,criadores portanto de uma nova e antibélica humanidade,uma vez que a opressão é grande geradora das guerras!
Meus aplausos e minhas ervas saúdam este novo masculino e a esta nova paternidade.

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