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Comunicação

O Youtube como espaço para enfrentar os negacionismos históricos

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Um adolescente que gostasse de História na primeira década dos anos 2000 teria a sua disposição grandes livros como “Eram os deuses astronautas”, “Guia politicamente incorreto da História do Brasil” ou – caso ler não fosse muito o seu tipo – o canal da TV paga The History Channel. Eu li todos eles e vivia grudado na televisão assistindo como os alienígenas teriam construído as pirâmides do Egito. Acontece que, nos dias de hoje, um jovem tem no cardápio da sua curiosidade uma infinidade de opções no Youtube, onde pessoas nos contam sobre o passado e revelam para o mundo tudo aquilo que a escola teria escondido de nós. Ironias à parte, muitos desses novos canais sobre história carregam algo em comum: não se trata de história. Trata-se de uma negação do passado, uma distorção do conhecimento histórico produzido nas universidades que legitima um discurso que tem muito mais relação aos projetos políticos de direita e extrema-direita do nosso presente. Mesmo que essa não seja a intenção, em alguns casos. Mas como podemos superar os negacionismos históricos? Resolvi perguntar para historiadores que decidiram criar iniciativas de divulgação científica do campo da história por meio de canais no Youtube e resolveram sair do “conforto do seu Lattes”, como brincou Icles Rodrigues.

A força do passado no presente

Em 2015, Icles inaugurou o canal Leitura ObrigaHISTÓRIA com o propósito de apresentar resenhas de livros historiográficos, como fazia no blog que deu origem ao canal. Com o passar das visualizações, os vídeos começaram a abordar temas mais amplos, como as definições de esquerda e direita ou de fascismo. Além disso, incorporaram-se debates da área da Antropologia, com a antropóloga Mariane Pisani, e da História das Mulheres, com a historiadora Luanna Jales.

Para Icles, os negadores do passado “entenderam há bastante tempo que, para conquistar corações e mentes, o domínio da narrativa sobre o passado precisa ser tomado”. Isto acontece porque as memórias coletivas são fundamentais na construção da identidade de um grupo. Nós nos identificamos como parte de um todo porque compartilhamos essas memórias – as comemorações nacionais, como o 7 de setembro, a figura de Tiradentes, os mundiais vencidos pela seleção brasileira de futebol, as tradições culturais, enfim, a lista é longa e variada. As memórias são múltiplas – e conflitantes. Os historiadores têm o papel de manter a pulga atrás da orelha sobre essas memórias, sempre questionando as certezas do passado que uma sociedade possui. Os resultados dessas perguntas são alcançados por métodos específicos e a partir das fontes históricas, ou seja, de tudo aquilo que resistiu à força do tempo e chegou até nós, aqui no presente. Contudo, para os grupos negacionistas conseguirem seus objetivos, precisam antes deslegitimar a produção científica dos historiadores, com as afirmações de que são discursos enviesados que apresentam apenas um lado da História.

“Acontece que erro não é lado”, afirma Icles. “Negar fatos historicamente estabelecidos e comprovados por pesquisas sérias – que, aliás, são completamente ignoradas pelos negadores que normalmente têm preguiça e má vontade de lê-las – é uma tentativa de fazer o público acreditar que foi induzido ao erro por grupos mal intencionados, e que o revisionista estaria trazendo uma verdade suprimida, o que na grande maioria das vezes é uma mentira deslavada”.

Os historiadores do canal História Bar & Lanches compartilham essa visão e complementam, dizendo que “faltou, sobretudo no ensino básico, explicar como o conhecimento histórico é produzido. Como ninguém conhece os debates e a existência de métodos e interpretações diversas, fica realmente fácil vender essa ideia”.

Com a vitória da campanha presidencial de Jair Bolsonaro, mergulhada em discursos de ódio e saudosismos a um passado marcado pela tortura e pela falta de liberdade de expressão, os historiadores Giorgia Burattini, Patrícia Moreira, Jonathan Portela, Vanessa Neri e Victor Godoy constataram que “nós, historiadores, havíamos fracassado”. Do descontentamento e do incômodo surgiu o canal História Bar & Lanches, o HBL, se valendo do conhecimento histórico para responder questões atuais numa linguagem simples de mesa de bar.

Embora os negadores do passado sejam “lunáticos completamente dignos de descrédito absoluto”, como constatou Icles, suas manobras causam efeitos práticos e devastadores na sociedade brasileira contemporânea. Para os historiadores do HBL, “o grande perigo do negacionismo está na isenção de responsabilidade histórica”. As afirmações negacionistas atrasam discussões importantes que poderiam ser feitas sobre as consequências de certos contextos do passado no nosso presente. Famílias de desaparecidos políticos e vítimas da ditadura civil-militar, que lutam pela responsabilização do Estado e dos torturadores há anos, precisam lidar com a negação do evidente: houve ditadura e ela foi perversa. “Quando teorias da conspiração ressuscitam ou criam debates absurdos, damos um passo para trás nos processos de reparação e de superação do passado”. E completam dizendo: “Nós não estamos criando os elos entre justiça, história e memória, por exemplo, necessários para que as reparações aconteçam”.

Estamos vivendo um contexto no qual os Lucas Silva e Silva falam diretamente das instâncias máximas do poder ou têm seus discursos respaldados por quem ocupa posições no governo. Trocaram seus gravadores pelo Twitter e pelo Youtube. Suas preocupações não estão no futuro do país e sim num passado que nunca existiu, porque negar o passado é uma ferramenta política do presente. “É um cenário preocupante”, afirma Icles. “Mas não é como se ele tivesse começado em 2019 […] O que vemos hoje é a colheita de um fruto plantado e adubado há uma década. E o que não falta ultimamente é adubo pra isso”.

Caminhos para enfrentar o negacionismo histórico  

A negação do passado não surgiu nas eleições passada. Os livros que li na adolescência já distorciam o conhecimento histórico produzido na academia e desde a década de 1940 já se negava a existência do Holocausto. Mas hoje há o diferencial do acesso amplo à circulação dessas ideias por meio da internet. Temos a facilidade de ser mal-informados acerca da história. Enquanto as conspirações e negacionismos históricos foram adubados na última década no solo brasileiro, os historiadores, cientistas do passado, teriam negligenciado suas descobertas e avanços sobre a história com a sociedade, deixando aberto o espaço que foi preenchido por pessoas mais interessadas em entreter e contar causos engraçados de eventos históricos por meio de livros, num primeiro momento, e de canais no Youtube, posteriormente. As complexidades das reflexões históricas ficaram, em sua maioria, nas torres de marfim juntas às mesóclises e próclises das maçantes frases dos acadêmicos.

Para Icles, do canal Leitura ObrigaHISTÓRIA, “a produção de conhecimento histórica feita por não historiadores é válida, e há excelentes livros que se encaixam nesse paradigma”. Mas o número de produções de baixa qualidade é também considerável e a preocupação dos historiadores em manter um ciclo de conversa entre si mesmos, negligenciando o diálogo com a população gerou uma “carência de obras acessíveis ao grande público, e essa lacuna é preenchida, especialmente, por jornalistas, que muitas vezes estão mais preocupados em entreter ou contar uma história anedótica, um ponto fora da curva, do que refletir sobre processos históricos, permanências e afins”.

Os historiadores do HBL consideram o trabalho colaborativo, multidisciplinar, uma saída para a dificuldade da comunicação entre academia e sociedade. “Pegando o exemplo dos documentários ou do YouTube. Um(a) historiador(a) pode realizar a pesquisa, produzir entrevistas, criar um roteiro, mas essa pessoa não necessariamente precisa dirigir, editar, criar uma trilha sonora. É preciso produzir conteúdo com um grupo multidisciplinar […] cabe o esforço de dialogar e construir coletivamente”.

As mesmas plataformas que impulsionam os discursos negacionistas podem servir como caminhos possíveis para enfrentá-los. Na visão dos historiadores do HBL, “gostemos ou não delas, as plataformas estão aí e precisamos ocupá-las. Não é possível que um historiador ou historiadora da atualidade ainda se limite aos artigos para revistas de circulação acadêmica, aos seminários e aos congressos fechados. Hoje, é necessário se comunicar com a população não-universitária e o YouTube apareceu como uma ferramenta viável, assim como podcasts e mídias sociais em geral”.

Contudo, não podemos esperar que os historiadores tenham a habilidade de se comunicar com o público fora do suporte do texto acadêmico. “Não é que todos os historiadores têm que vir pra internet”, aponta Icles Rodrigues. “Há quem não tenha a menor condição de trabalhar na divulgação científica […] Mas isso não quer dizer que você deva ficar no conforto do seu Lattes esperando que as coisas se resolvam. Apoiem iniciativas que já ocorrem, seja financeiramente, seja compartilhando”.

O desafio frente aos negacionismos históricos é grande, pois estes discursos têm respaldo institucional e, no caso de canais de Youtube e documentários, há também o apoio financeiro, que não acontece na mesma medida nas iniciativas sérias e preocupadas com o conhecimento científico. Os historiadores, acostumados a lidar com a sociedade e o tempo, se veem diante de grupos sociais que negam seus estudos e o tempo é cada vez mais curto para reverter esse cenário. “Eu entendo que seja difícil”, afirma Icles, “manter a docência, a pesquisa e, ainda por cima, pensar em livros de maior alcance é uma tarefa bastante complicada. Contudo, há acadêmicos que têm plenas condições de dar a cara à tapa e optam por não fazê-lo. Espero que o cenário atual motive mais estudiosos a virem pra linha de frente”.

Enquanto a cultura histórica não tiver a participação de pessoas sérias e preocupadas com o conhecimento ocupando plataformas de maior alcance, os negadores do passado terão espaço livre para adubar o solo com mentiras históricas. O resultado disso está sendo colhido agora, mas é uma erva daninha que continuará a crescer. O Youtube é apenas um dos espaços possíveis para o enfrentamento aos negacionismos históricos. “As consequências estão aí: teorias da conspiração tomando o espaço público e se tornando autoridade. Isso sem dúvida precisa mudar”, alerta os historiadores do HBL.

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Mídia 4P está órfão da sua grande inspiração, o Conversa Afiada

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O portal Mídia 4P, mídia independente lançado ano dia 2 de Julho de 2019 para servir à luta antirracista brasileira, central para a pauta nacional, está mais triste desde ontem. Nesta sexta-feira, 31 de julho, encerrou suas atividades a grande inspiração para nossa plataforma, o site Conversa Afiada, liderado até o ano passado pelo grande Paulo Henrique Amorim, pela jornalista Georgia Pinheiro e por uma equipe de guerreiros e guerreiras da mídia alternativa e progressista.

Foi do CAF (como era carinhosamente chamado) e da inspiração no site e no seu capitão que surgiu este Mídia 4P, sempre incentivado das formas mais diversas por PHA, por Georgia e por todos. Entenda mais lendo esse texto aqui, lançado quando da morte irreparável dele, ironicamente poucos dias após o lançamento do nosso site.

Também te convidamos a ler nossa homenagem ao completar um ano dessa grande dor, há poucos meses. Clique aqui para ler completo.

Mas, principalmente, indicamos clicar para ver o texto de despedida do CAF, que lemos com o coração palpitante e os olhos marejados.

Realmente, há pessoas que são insubstituíveis.

O Mídia 4P está órfão da sua grande inspiração!

Adeus e boa sorte! PHA vive!

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Comunicação

Fênix da voz

Já profetizaram muitas vezes a morte do rádio. Mas como a ave mítica que renasce quando queimada, o áudio ganha novo espaço nos celulares, internet, nos aplicativos, na vida das pessoas.

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Por: Anny Carvalho

“Quando surgiu a televisão diziam que o rádio ia morrer, o rádio não morreu. Quando surgiu a FM diziam que o rádio ia morrer, e o rádio não morreu”. É assim que o radialista Antero Paes de Barros começa contando a visão dele sobre as transformações ocorridas no rádio. “A instantaneidade do rádio jamais vai permitir que ele morra. Eu acho que o rádio vai continuar sendo, sempre, um grande veículo de comunicação. Ele é muito útil e mais que útil, necessário. As pessoas têm a necessidade do rádio!”.

Ele está certo. “Todo final de semana é rádio lá em casa. Eu ouço rádio desde quando eu era criança, quando eu ouvia com meus pais das 4h até 6h da manhã o programa do Zé Bettio da Record de São Paulo, uma emissora AM. Eu lembro que estava deitado e meus pais ouviam nesse horário para poder ir tirar o leite. A gente morava no sítio, aí gente ouvia”, conta, com um brilho nos olhos, Mário Máximo, que cresceu ouvindo programas radiofônicos no sítio na cidade de Poconé em Mato Grosso.

Atualmente, Mário ouve o rádio aos finais de semana e quando está dirigindo. “Eu procuro no rádio as músicas que ouvia quando era criança. Eu passei a ouvir a emissora Vila Real FM 98.3 que vai ao encontro da musicalidade que eu ouvia antes nas rádios de antigamente”. Ele gosta de sertanejo raiz. “Hoje, nessa na estação 98.3, eu sempre ouço aos domingos ‘Seu ídolo não morreu’”. Assim como o rádio marcou sua infância marca também a vida de muitos outros brasileiros. 

A diversidade de acesso

Há na atualidade uma ampla variedade de alternativas de se ter acesso a esse meio de comunicação. Podemos escutá-lo em ondas médias, tropicais ou em frequência modulada. Além disso, por meio da TV por assinatura, via satélite, em uma modalidade paga ou gratuita ou mesmo via internet, o que permitiu o surgimento das estações online. Isso sem contar a variedade de receptores, como o próprio aparelho convencional, computadores, players de mp3, celulares.

E essa pluralidade engloba outros fatores, como os  modos de processamento de sinal (analógico ou digital), definição da emissora (comercial, comunitária, pública, estatal ou educativa) e até mesmo o conteúdo (cultural, jornalístico, musical, religioso…). 

A estudante Bianca de Jesus comenta que liga o rádio pela manhã e à noite  para ouvir músicas e notícias quando está indo para a escola e retornando para casa, via celular. “Eu ouço o rádio normalmente no ônibus e em casa para me manter informada das novas músicas e notícias do dia a dia. Não sei direito o nome dos programas, pois escuto diversas frequências”. Ela ressalta uma das particularidades que esse meio tem trazido aos ouvintes desde a sua criação: a divulgação de novos  hits. 

Bianca enfatiza a importância que esse meio de comunicação trouxe à sociedade e a sua instantaneidade. “Apesar dos outros meios de comunicação, o radiodifusão é uma das melhores formas de ficar atento às mudanças do dia a dia. Quando acontece algum desvio em uma das  principais avenidas de Cuiabá, o primeiro meio de comunicação que eu vejo informando sempre é o rádio. Ele informa de  forma rápida”. Para ela, o rádio é hoje um dos meios mais acessíveis. “Eu

acredito que quase todo aparelho de celular possui um aplicativo de rádio e não precisa ter conexão com a internet para ter acesso. Tem muita gente hoje no Brasil que não tem acesso a uma internet de qualidade, mas que pode encontrar no rádio uma maneira de se manter informado”.

De forma parecida,  o seminarista Lucas Matheus ouve o rádio para se manter informado, mas o seu foco está na política e economia. “Eu escuto pelo celular quando estou indo para a faculdade, porque é o jeito que eu tenho de ouvir as notícias ou alguns comentários sobre política. Ele diz que gosta de se manter informado por meio de programas de áudio, semelhantes ao podcast, como formações religiosas.

Já o estudante de engenharia Bruno Gondim  diz que ouve o rádio para fugir da bolha que encontra em outras mídias. “Eu prefiro porque traz uma seleção maior de músicas que não seguem um padrão. Quando você escolhe no youtube uma música sertaneja, por exemplo, o sistema só vai te indicar outros sertanejos”. Bruno conta que quando era mais novo tinha insônia durante as madrugadas e o rádio era um companheiro. “Nessa época o Band Coruja, que passava às 2h. Desde então eu comecei a ficar acordado esperando o

programa começar. Eu gostava do quadro ‘Campeonato Brasileiro de Piadas’. Cansei de ir virado para a escola”. A experiência vivida pelo estudante demonstra como o rádio consegue envolver os ouvintes a ponto de fazê-los perder o horário. 

Sobre isso, o radialista Elias Neto, que começou no rádio em 1979 como locutor noticiarista e animador de programas em Cáceres, comenta que há uma conexão entre o locutor e o ouvinte. “Existia uma vinheta na emissora Vila Real que era a seguinte: O jornal atinge a 40% dos brasileiros a televisão atinge a 80% dos brasileiros. O rádio atinge a todos os brasileiros. Ou você conhece alguém que não tenha rádio? Ela dizia tudo! Isso mudou um pouco, né? Porque hoje nós temos as novas mídias que concorrem com o rádio também. Mas o elo entre o ouvinte e locutor não mudou, pois o rádio toca muito ao coração das pessoas. Ele traz a notícia, mas também traz uma conversa agradável, traz uma música da sua preferência. Enfim são várias as formas de comunicação por esse meio”. Para o radialista, o meio envolve muito as pessoas porque permite quem está ouvindo “desenhar” o que está sendo narrado: o locutor fala diretamente com o ouvinte. “Eu acho que é essa sinergia que

transforma o rádio. O rádio faz essa mágica”, conclui. 

A imortalidade do Rádio

O rádio ao longo do tempo conseguiu ultrapassar as barreiras das ondas hertzianas curtas para as longas e mais recentemente chegou à internet, por meios das emissoras online e podcasts. E é possível ver esse avanço nas histórias contadas acima. Mário conta que a transformação do AM para o FM foi primordial. “Antigamente era muita chiadeira, a frequência era baixa. Dependendo da localização chegava pouco sinal e o rádio começa a chiar. Agora não! Agora a voz sai limpa”.

Sobre a modernização e a resistência desse veículo, o radialista Antero comenta: “Hoje o rádio se modernizou. Para ouvir você não precisa de um aparelho tradicional. Você  pode  ouvir no celular, no computador. Você ouve a informação sonora por meio de podcast quando você tem tempo. Enfim, a modernidade da informação sonora continua presente e resiste.”

O doutor em comunicação Luãn Chagas, diz que hoje existe um novo termo utilizado em muitos estudos a respeito da imortalidade do rádio. “Na atualidade, nós preferimos dizer que temos o rádio expandido. Com esse conceito, temos uma

reorganização sonora que pode ser utilizada tanto em AM e FM, como também no podcast, no rádio hipermidiático, na internet, na webrádio. Todas elas têm a mesma organização da linguagem sonora, ou seja, são várias as possibilidades que constituem o rádio.”O podcast vem ganhando cada vez mais ouvintes. De acordo com uma pesquisa feita pela plataforma de streaming Deezer, foi registrado um crescimento de 67% no consumo nacional só em 2019.  E isso se confirma com a fala do podcaster Fred Fagundes, que tem uma produtora  em Cuiabá. Segundo ele, as pessoas estão descobrindo esse novo formato de rádio. “A nova geração não está acostumada esperar para ouvir um programa numa determinada hora. O podcast oferece a opção on demand. Os mais velhos estão descobrindo um conteúdo ainda mais produzido e recheado de opções”.

“Podcast é você ouvir o que você quer, na hora que você quer, do jeito que você quer. É um amigo imaginário que fala em voz alta. É sentir-se acompanhado o tempo todo. E, principalmente, se informar, emocionar, entreter e aprender durante atividades paralelas.”

A estagiária  Luma Gomes, que ouvia rádio quando pequena, conta que começou a experimentar esse novo formato de rádio recentemente, porque queria estar atualizada quanto às notícias. “Sempre ouço no ônibus, porque como eu passo mais tempo no ônibus do que em qualquer outro lugar, eu aproveito esse tempo já para me manter informada.”. Ela encontrou nesse formato a liberdade de selecionar e personalizar  aquilo que queria ouvir e a comodidade de poder escolher o melhor horário pra isso.

As fases do rádio no BrasilPrimeira fase (1922 – meados da década de 30: surgimento e implantação do veículo.Segunda fase (1935-55): época de ouro do rádio; programas de auditório, musicais, rádio novelas.Terceira fase (1955- anos 60): impacto da televisão, “morte decretada”; transforma-se em um “vitrolão”. Desenvolvimento do radiojornalismo. Transistor.Quarta fase (década de 70 e 80): incremento do jornalismo, prestação de serviços, segmentação, desenvolvimento das FMs. Consolidação do radiojornalismo nas AMs.Quinta fase, (atual): novas tecnologias, novas formas de acompanhar a programação, digital, webrádio. Informações do Blog Contraste.

Glossário :

Onda média 

É uma faixa de rádio compreendida entre 530 kHz e 1700 kHz utilizada para radiodifusão sonora. A menção “AM” deve-se ao modo habitual de transmissão, a modulação em amplitude.

Onda tropical

É uma faixa do espectro eletromagnético correspondente às radiofrequências entre 2300 kHz e 5060 kHz (comprimentos de onda dos 120 m aos 60 m).

FM

É a sigla de Frequency Modulation que em português significa “Modulação em Frequência” e se refere à transmissão de ondas com variação da frequência, proporcionando boa qualidade de som

Podcast

Arquivo digital de áudio transmitido através da internet, cujo conteúdo pode ser variado, normalmente com o propósito de transmitir informações. Ele pode ser associado a uma determinada plataforma, por meio do código  RSS. 

Telecomunicação

O conceito de telecomunicação abarca todas as formas de comunicação à distância. A palavra inclui o prefixo grego tele, que significa “distância” ou “longe”. Como tal, a telecomunicação é uma técnica que consiste na transmissão de uma mensagem de um ponto para outro.

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Comunicação

Vereador invade programa e diz que é dono de rádio comunitária

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A população de Catalão, em Goiás, e os colaboradores da Rádio Top FM, uma emissora comunitária da cidade, foram agredidos essa semana com a invasão do estúdio pelo vereador Rodrigo Carvelo (PODEMOS) alegando ter 50% do “negócio”. Acontece que rádios comunitárias só podem, segundo a lei que as rege, a 9.612/98, ser administradas por entidades sem fins lucrativos. A mesma lei estabelece que “a entidade detentora de autorização para execução do Serviço de Radiodifusão Comunitária não poderá estabelecer ou manter vínculos que a subordinem ou a sujeitem à gerência, à administração, ao domínio, ao comando ou à orientação de qualquer outra entidade, mediante compromissos ou relações financeiras, religiosas, familiares, político-partidárias ou comerciais”. No dia seguinte à invasão, que foi precedida por um ataque cibernético aos computadores da estação, a Associação Brasileira de Rádios Comunitárias emitiu uma nota de repúdio. Leia abaixo na íntegra:

NOTA DE REPÚDIO
   A Associação Brasileira de Rádios Comunitárias vem a público externar profundo repúdio à ação abusiva, desrespeitosa e repressora do vereador Rodrigo Carvelo (PODEMOS) do município de Catalão, Goiás, quando impediu realização do programa A Hora da Verdade, apresentado pelo Professor Mamede Leão, na Rádio Comunitária TOP FM.
   Na manhã do dia 14 de julho de 2020, quando a 25° edição do programa se preparava para entrevistar outro parlamentar e também um ex-prefeito do município, o computador da emissora responsável pela transmissão do programa, foi invadido e redimensionado com senhas, impossibilitando acesso pelo operador. Após resolução deste fato por colaboradores da rádio e ao iniciarem entrevista, o estúdio da emissora foi invadido pelo vereador, também conhecido por Rodrigão da Força Sindical, acompanhado de dois homens e se dizendo proprietário da emissora. Parte da ocorrência foi gravada e transmitida ao vivo pela rádio e pelo próprio Facebook, até o momento em que um dos acompanhantes recebeu a ordem do vereador para desligar a câmera utilizada para a transmissão de vídeo. Em todo o momento, o parlamentar deixou claro que a intenção era a de impedir a participação do ex-prefeito Jardel Sebba.
   A ABRAÇO BRASIL se solidariza ao comunicador e apresentador do programa Professor Mamede, bem como aos presentes neste episódio lamentável que ilustra quão grande e difícil é a luta daqueles e daquelas que buscam uma comunicação livre, democrática e plural.
   Nesta oportunidade, também esclarece aos que ainda não entenderam a função social de uma rádio comunitária, que, conforme a lei que as regulamenta 9.612/98, em seu artigo 7º, estas emissoras devem ser mantidas e gerenciadas, necessariamente, por fundações e associações locais sem fins lucrativos e NÃO POSSUEM DONOS, muito menos políticos donos.
   O artigo 11 da referida lei explicita ainda que “a entidade detentora de autorização para execução do Serviço de Radiodifusão Comunitária não poderá estabelecer ou manter vínculos que a subordinem ou a sujeitem à gerência, à administração, ao domínio, ao comando ou à orientação de qualquer outra entidade, mediante compromissos ou relações financeiras, religiosas, familiares, político-partidárias ou comerciais”.
   Portanto, a situação colocada pelo vereador Rodrigo Carvelo de que detêm 50% da rádio e outros 50% pertencem à outra pessoa, deve ser veementemente repudiada, denunciada e investigada pelos órgãos competentes e, caso se confirme, o MPF, através das entidades que compõem o Conselho Comunitário deve se organizar para assumir o controle da mantenedora da emissora e tomar as devidas providências a fim de não comprometer a conquista da outorga e, consequentemente, ocorrer a perda deste fundamental canal de comunicação comunitário para aquela comunidade.
   Esperamos que a justiça prevaleça neste e em todos os casos de atentado à livre expressão e ao direito à comunicação. Exigimos! Censura nunca mais!
     Geremias do Santos

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