Resistência em Sorocaba, interior de São Paulo, contra as privatizações. Na quinta, 10, quatro mil servidores públicos municipais fizeram uma passeata a noite contra a terceirização da saúde e da educação promovida pelo governo de Crespo.
Comentários lamentam o fim do jornalismo no Cruzeiro do Sul
Muitos leitores tiveram uma surpresa ao ler a edição do jornal Cruzeiro do Sul desta sexta-feira, 11. O jornal centenário não deu uma linha, nenhuma foto sobre a passeata dos servidores municipais realizada no começo da noite de quinta, 10.
Na publicação do jornal no Facebook, com a capa da edição desta sexta, mais de 90 comentários denunciaram a censura do jornal ao protesto da categoria dos servidores, liderado pelo Sindicato dos Servidores e apoiados pela população e por outros sindicatos como o SMetal.
O presidente do SMetal, Leandro Soares, comentou “Até parece que não houve nada de significante ontem em Sorocaba né?! Será que está será a nova linha do Diretor de jornalismo do Cruzeiro do Sul… omitir as informações?!”
O professor universitário e jornalista João Negrão escreveu “quando um jornal briga com a notícia, quem perde é o jornal. Se estiverem precisando de uns livros sobre a definição de notícia, posso emprestar”.
Outros leitores comentaram que assinam o jornal há anos, mas que estão considerando cancelar a assinatura. “Um ato tão importante que aconteceu em Sorocaba contra a terceirização e nenhuma nota, nenhuma foto, quanta parcialidade”.
A censura ocorrida no jornal em 2017 e que repercutiu nacionalmente também foi lembrada. “Essa edição é uma aula do que não se deve fazer em um jornal… Depois da censura na redação em 2017, a Fundação Ubaldino do Amaral mancha mais uma vez a credibilidade centenária do Cruzeiro do Sul. Por razões políticas, o acontecimento mais relevante da cidade foi deliberadamente ignorado. Isso é um atentado à informação”.
O Sindicato dos Servidores (SSPMS) publicou na página da entidade uma carta em repúdio, pedindo baixa de assinaturas e moção de apoio aos jornalistasDivulgação
O Sindicato dos Servidores (SSPMS) publicou na página da entidade uma carta em repúdio (veja ao lado), pedindo baixa de assinaturas e moção de apoio aos jornalistas. “Sorocaba cresceu não só no tamanho mas, também em senso crítico, hoje grande parte da população não aceita mais uma imprensa que anda de braços dados com o prefeito seja ele de qual partido for, assim também como não cabe mais para Sorocaba um governo municipal da época do coronelismo”, diz trecho da carta.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) divulgou nota na tarde desta sexta, 11, afirmando que os trabalhadores do Jornal não responsáveis pela linha editorial adotada pela direção do Cruzeiro do Sul, nem pelo desrespeito ao direito à informação. Leia a íntegra aqui.
Greve
Não é mera coincidência que a greve dos servidores municipais de Votorantim, ocorrida no início deste mês, também não foi publicada nas edições do Cruzeiro. Não foi publicado em nenhum momento a palavra “greve”, o máximo que podiam dar é “paralisação”, além de outras restrições.
Em maio de 2017, há exatamente um ano, um grupo liderado pelo promotor Antônio Domingues Farto Neto, entrou na redação aos berros, destratou jornalistas e os obrigou a escrever notícias condenando a greve geral de 28 de abril.
De acordo com o secretário-geral do SMetal, Silvio Ferreira, “a imprensa sempre teve lado e é por isso, que é urgente discutirmos as instituições do país, como a mídia, por exemplo, que com seu apoio acabou patrocinando o golpe de 2016”.
Para oferecer um contraponto à mídia oficial e aos veículos que representam os interesses dos empresários, nasceu o Brasil de Fato, jornal que completa 15 anos e é o porta-voz dos movimentos sociais.
“É preciso discutir uma outra comunicação possível para o país, fora da linha desses jornais comprometidos com outros interesses que não são os dos trabalhadores”, afirma o secretário de administração e finanças, Tiago Almeida.
Cassi Lopes – Cruzeiro do sul já era! Está morto e enterrado! Tá perdendo feio para jornais novos! Mas graças a tecnologia e as inúmeras fontes de informações de Sorocaba, vocês simplesmente se queimaram sozinhos. Parabéns!
Fina Tranquilin – Primeira coisa que eu fiz hj de manhã, foi procurar no Cruzeiro do Sul as noticias sobre a grande marcha dos servidores, que aconteceu ontem, em Sorocaba. E qual foi meu susto? NENHUMA PALAVRA SOBRE… Pergunto: como assim? Fica claro que este jornal tem somente um lado. E não é o lado dos trabalhadores! que horror!
Juliana Telles Do Rosário – Como assim Jornal Cruzeiro do Sul…cadê a imparcialidade. Só vcs não viram a manifestação de ontem contra as propostas de terceirização da saúde e educação ou não quiseram ver???? Vergonhosa essa omissão!!!
Nota de esclarecimento e apoio aos jornalistas do Cruzeiro do Sul
Jornalistas do Cruzeiro do Sul, de Sorocaba, não são responsáveis pela linha editorial adotada pela direção do jornal, nem pelo desrespeito ao direito à informação
Por Redação – Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
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Na noite desta quinta-feira (10), cerca de 4 mil servidores públicos municipais de Sorocaba realizaram uma Marcha Contra a Terceirização, mobilização legítima e democrática, realizada com o intuito de lutar pela qualidade no atendimento dos serviços públicos prestados no município, ameaçados pelo sucateamento diante das iniciativas da Prefeitura Municipal para terceirizar, entre outros, a saúde e o ensino na cidade.
Apesar da relevância do protesto para os interesses dos cerca de 660 mil habitantes da cidade, o Jornal Cruzeiro do Sul, um dos principais da região, simplesmente ignorou a mobilização, gerando indignação e revolta não só dos próprios servidores municipais, como de toda a população sorocabana que teve seu direito à informação subtraído.
Por isso, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) esclarece que a ausência da cobertura pelo Cruzeiro do Sul se deve não aos seus trabalhadores e trabalhadoras, mas, sim, à linha editorial adotada na publicação cuja parcialidade tem se aprofundado a cada dia, sobretudo com recentes mudanças ocorridas na direção e na edição do jornal.
É de total responsabilidade da direção do jornal a opção por ignorar um fato tão importante e não de seus jornalistas, que são profissionais conscientes de seu papel social e que têm sofrido forte censura interna, assédios e outras formas de cerceamento na redação.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo lamenta que a direção do jornal Cruzeiro do Sul ignore esse papel social da comunicação, bem como a importância do direito à informação, essenciais numa sociedade democrática.
São Paulo, 11 de maio de 2018.
Direção – Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
Com informações do sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (CUT)
O portal Mídia 4P, mídia independente lançado ano dia 2 de Julho de 2019 para servir à luta antirracista brasileira, central para a pauta nacional, está mais triste desde ontem. Nesta sexta-feira, 31 de julho, encerrou suas atividades a grande inspiração para nossa plataforma, o site Conversa Afiada, liderado até o ano passado pelo grande Paulo Henrique Amorim, pela jornalista Georgia Pinheiro e por uma equipe de guerreiros e guerreiras da mídia alternativa e progressista.
Foi do CAF (como era carinhosamente chamado) e da inspiração no site e no seu capitão que surgiu este Mídia 4P, sempre incentivado das formas mais diversas por PHA, por Georgia e por todos. Entenda mais lendo esse texto aqui, lançado quando da morte irreparável dele, ironicamente poucos dias após o lançamento do nosso site.
Também te convidamos a ler nossa homenagem ao completar um ano dessa grande dor, há poucos meses. Clique aqui para ler completo.
Já profetizaram muitas vezes a morte do rádio. Mas como a ave mítica que renasce quando queimada, o áudio ganha novo espaço nos celulares, internet, nos aplicativos, na vida das pessoas.
“Quando surgiu a televisão diziam que o rádio ia morrer, o rádio não morreu. Quando surgiu a FM diziam que o rádio ia morrer, e o rádio não morreu”. É assim que o radialista Antero Paes de Barros começa contando a visão dele sobre as transformações ocorridas no rádio. “A instantaneidade do rádio jamais vai permitir que ele morra. Eu acho que o rádio vai continuar sendo, sempre, um grande veículo de comunicação. Ele é muito útil e mais que útil, necessário. As pessoas têm a necessidade do rádio!”.
Ele está certo. “Todo final de semana é rádio lá em casa. Eu ouço rádio desde quando eu era criança, quando eu ouvia com meus pais das 4h até 6h da manhã o programa do Zé Bettio da Record de São Paulo, uma emissora AM. Eu lembro que estava deitado e meus pais ouviam nesse horário para poder ir tirar o leite. A gente morava no sítio, aí gente ouvia”, conta, com um brilho nos olhos, Mário Máximo, que cresceu ouvindo programas radiofônicos no sítio na cidade de Poconé em Mato Grosso.
Atualmente, Mário ouve o rádio aos finais de semana e quando está dirigindo. “Eu procuro no rádio as músicas que ouvia quando era criança. Eu passei a ouvir a emissora Vila Real FM 98.3 que vai ao encontro da musicalidade que eu ouvia antes nas rádios de antigamente”. Ele gosta de sertanejo raiz. “Hoje, nessa na estação 98.3, eu sempre ouço aos domingos ‘Seu ídolo não morreu’”. Assim como o rádio marcou sua infância marca também a vida de muitos outros brasileiros.
A diversidade de acesso
Há na atualidade uma ampla variedade de alternativas de se ter acesso a esse meio de comunicação. Podemos escutá-lo em ondas médias, tropicais ou em frequência modulada. Além disso, por meio da TV por assinatura, via satélite, em uma modalidade paga ou gratuita ou mesmo via internet, o que permitiu o surgimento das estações online. Isso sem contar a variedade de receptores, como o próprio aparelho convencional, computadores, players de mp3, celulares.
E essa pluralidade engloba outros fatores, como os modos de processamento de sinal (analógico ou digital), definição da emissora (comercial, comunitária, pública, estatal ou educativa) e até mesmo o conteúdo (cultural, jornalístico, musical, religioso…).
A estudante Bianca de Jesus comenta que liga o rádio pela manhã e à noite para ouvir músicas e notícias quando está indo para a escola e retornando para casa, via celular. “Eu ouço o rádio normalmente no ônibus e em casa para me manter informada das novas músicas e notícias do dia a dia. Não sei direito o nome dos programas, pois escuto diversas frequências”. Ela ressalta uma das particularidades que esse meio tem trazido aos ouvintes desde a sua criação: a divulgação de novos hits.
Bianca enfatiza a importância que esse meio de comunicação trouxe à sociedade e a sua instantaneidade. “Apesar dos outros meios de comunicação, o radiodifusão é uma das melhores formas de ficar atento às mudanças do dia a dia. Quando acontece algum desvio em uma das principais avenidas de Cuiabá, o primeiro meio de comunicação que eu vejo informando sempre é o rádio. Ele informa de forma rápida”. Para ela, o rádio é hoje um dos meios mais acessíveis. “Eu
acredito que quase todo aparelho de celular possui um aplicativo de rádio e não precisa ter conexão com a internet para ter acesso. Tem muita gente hoje no Brasil que não tem acesso a uma internet de qualidade, mas que pode encontrar no rádio uma maneira de se manter informado”.
De forma parecida, o seminarista Lucas Matheus ouve o rádio para se manter informado, mas o seu foco está na política e economia. “Eu escuto pelo celular quando estou indo para a faculdade, porque é o jeito que eu tenho de ouvir as notícias ou alguns comentários sobre política. Ele diz que gosta de se manter informado por meio de programas de áudio, semelhantes ao podcast, como formações religiosas.
Já o estudante de engenharia Bruno Gondim diz que ouve o rádio para fugir da bolha que encontra em outras mídias. “Eu prefiro porque traz uma seleção maior de músicas que não seguem um padrão. Quando você escolhe no youtube uma música sertaneja, por exemplo, o sistema só vai te indicar outros sertanejos”. Bruno conta que quando era mais novo tinha insônia durante as madrugadas e o rádio era um companheiro. “Nessa época o Band Coruja, que passava às 2h. Desde então eu comecei a ficar acordado esperando o
programa começar. Eu gostava do quadro ‘Campeonato Brasileiro de Piadas’. Cansei de ir virado para a escola”. A experiência vivida pelo estudante demonstra como o rádio consegue envolver os ouvintes a ponto de fazê-los perder o horário.
Sobre isso, o radialista Elias Neto, que começou no rádio em 1979 como locutor noticiarista e animador de programas em Cáceres, comenta que há uma conexão entre o locutor e o ouvinte. “Existia uma vinheta na emissora Vila Real que era a seguinte: O jornal atinge a 40% dos brasileiros a televisão atinge a 80% dos brasileiros. O rádio atinge a todos os brasileiros. Ou você conhece alguém que não tenha rádio? Ela dizia tudo! Isso mudou um pouco, né? Porque hoje nós temos as novas mídias que concorrem com o rádio também. Mas o elo entre o ouvinte e locutor não mudou, pois o rádio toca muito ao coração das pessoas. Ele traz a notícia, mas também traz uma conversa agradável, traz uma música da sua preferência. Enfim são várias as formas de comunicação por esse meio”. Para o radialista, o meio envolve muito as pessoas porque permite quem está ouvindo “desenhar” o que está sendo narrado: o locutor fala diretamente com o ouvinte. “Eu acho que é essa sinergia que
transforma o rádio. O rádio faz essa mágica”, conclui.
A imortalidade do Rádio
O rádio ao longo do tempo conseguiu ultrapassar as barreiras das ondas hertzianas curtas para as longas e mais recentemente chegou à internet, por meios das emissoras online e podcasts. E é possível ver esse avanço nas histórias contadas acima. Mário conta que a transformação do AM para o FM foi primordial. “Antigamente era muita chiadeira, a frequência era baixa. Dependendo da localização chegava pouco sinal e o rádio começa a chiar. Agora não! Agora a voz sai limpa”.
Sobre a modernização e a resistência desse veículo, o radialista Antero comenta: “Hoje o rádio se modernizou. Para ouvir você não precisa de um aparelho tradicional. Você pode ouvir no celular, no computador. Você ouve a informação sonora por meio de podcast quando você tem tempo. Enfim, a modernidade da informação sonora continua presente e resiste.”
O doutor em comunicação Luãn Chagas, diz que hoje existe um novo termo utilizado em muitos estudos a respeito da imortalidade do rádio. “Na atualidade, nós preferimos dizer que temos o rádio expandido. Com esse conceito, temos uma
reorganização sonora que pode ser utilizada tanto em AM e FM, como também no podcast, no rádio hipermidiático, na internet, na webrádio. Todas elas têm a mesma organização da linguagem sonora, ou seja, são várias as possibilidades que constituem o rádio.”O podcast vem ganhando cada vez mais ouvintes. De acordo com uma pesquisa feita pela plataforma de streaming Deezer, foi registrado um crescimento de 67% no consumo nacional só em 2019. E isso se confirma com a fala do podcaster Fred Fagundes, que tem uma produtora em Cuiabá. Segundo ele, as pessoas estão descobrindo esse novo formato de rádio. “A nova geração não está acostumada esperar para ouvir um programa numa determinada hora. O podcast oferece a opção on demand. Os mais velhos estão descobrindo um conteúdo ainda mais produzido e recheado de opções”.
“Podcast é você ouvir o que você quer, na hora que você quer, do jeito que você quer. É um amigo imaginário que fala em voz alta. É sentir-se acompanhado o tempo todo. E, principalmente, se informar, emocionar, entreter e aprender durante atividades paralelas.”
A estagiária Luma Gomes, que ouvia rádio quando pequena, conta que começou a experimentar esse novo formato de rádio recentemente, porque queria estar atualizada quanto às notícias. “Sempre ouço no ônibus, porque como eu passo mais tempo no ônibus do que em qualquer outro lugar, eu aproveito esse tempo já para me manter informada.”. Ela encontrou nesse formato a liberdade de selecionar e personalizar aquilo que queria ouvir e a comodidade de poder escolher o melhor horário pra isso.
As fases do rádio no BrasilPrimeira fase (1922 – meados da década de 30: surgimento e implantação do veículo.Segunda fase (1935-55): época de ouro do rádio; programas de auditório, musicais, rádio novelas.Terceira fase (1955- anos 60): impacto da televisão, “morte decretada”; transforma-se em um “vitrolão”. Desenvolvimento do radiojornalismo. Transistor.Quarta fase (década de 70 e 80): incremento do jornalismo, prestação de serviços, segmentação, desenvolvimento das FMs. Consolidação do radiojornalismo nas AMs.Quinta fase, (atual): novas tecnologias, novas formas de acompanhar a programação, digital, webrádio. Informações do Blog Contraste.
Glossário :
Onda média
É uma faixa de rádio compreendida entre 530 kHz e 1700 kHz utilizada para radiodifusão sonora. A menção “AM” deve-se ao modo habitual de transmissão, a modulação em amplitude.
Onda tropical
É uma faixa do espectro eletromagnético correspondente às radiofrequências entre 2300 kHz e 5060 kHz (comprimentos de onda dos 120 m aos 60 m).
FM
É a sigla de Frequency Modulation que em português significa “Modulação em Frequência” e se refere à transmissão de ondas com variação da frequência, proporcionando boa qualidade de som
Podcast
Arquivo digital de áudio transmitido através da internet, cujo conteúdo pode ser variado, normalmente com o propósito de transmitir informações. Ele pode ser associado a uma determinada plataforma, por meio do código RSS.
Telecomunicação
O conceito de telecomunicação abarca todas as formas de comunicação à distância. A palavra inclui o prefixo grego tele, que significa “distância” ou “longe”. Como tal, a telecomunicação é uma técnica que consiste na transmissão de uma mensagem de um ponto para outro.
A população de Catalão, em Goiás, e os colaboradores da Rádio Top FM, uma emissora comunitária da cidade, foram agredidos essa semana com a invasão do estúdio pelo vereador Rodrigo Carvelo (PODEMOS) alegando ter 50% do “negócio”. Acontece que rádios comunitárias só podem, segundo a lei que as rege, a 9.612/98, ser administradas por entidades sem fins lucrativos. A mesma lei estabelece que “a entidade detentora de autorização para execução do Serviço de Radiodifusão Comunitária não poderá estabelecer ou manter vínculos que a subordinem ou a sujeitem à gerência, à administração, ao domínio, ao comando ou à orientação de qualquer outra entidade, mediante compromissos ou relações financeiras, religiosas, familiares, político-partidárias ou comerciais”. No dia seguinte à invasão, que foi precedida por um ataque cibernético aos computadores da estação, a Associação Brasileira de Rádios Comunitárias emitiu uma nota de repúdio. Leia abaixo na íntegra:
NOTA DE REPÚDIO
A Associação Brasileira de Rádios Comunitárias vem a público externar profundo repúdio à ação abusiva, desrespeitosa e repressora do vereador Rodrigo Carvelo (PODEMOS) do município de Catalão, Goiás, quando impediu realização do programa A Hora da Verdade, apresentado pelo Professor Mamede Leão, na Rádio Comunitária TOP FM.
Na manhã do dia 14 de julho de 2020, quando a 25° edição do programa se preparava para entrevistar outro parlamentar e também um ex-prefeito do município, o computador da emissora responsável pela transmissão do programa, foi invadido e redimensionado com senhas, impossibilitando acesso pelo operador. Após resolução deste fato por colaboradores da rádio e ao iniciarem entrevista, o estúdio da emissora foi invadido pelo vereador, também conhecido por Rodrigão da Força Sindical, acompanhado de dois homens e se dizendo proprietário da emissora. Parte da ocorrência foi gravada e transmitida ao vivo pela rádio e pelo próprio Facebook, até o momento em que um dos acompanhantes recebeu a ordem do vereador para desligar a câmera utilizada para a transmissão de vídeo. Em todo o momento, o parlamentar deixou claro que a intenção era a de impedir a participação do ex-prefeito Jardel Sebba.
A ABRAÇO BRASIL se solidariza ao comunicador e apresentador do programa Professor Mamede, bem como aos presentes neste episódio lamentável que ilustra quão grande e difícil é a luta daqueles e daquelas que buscam uma comunicação livre, democrática e plural.
Nesta oportunidade, também esclarece aos que ainda não entenderam a função social de uma rádio comunitária, que, conforme a lei que as regulamenta 9.612/98, em seu artigo 7º, estas emissoras devem ser mantidas e gerenciadas, necessariamente, por fundações e associações locais sem fins lucrativos e NÃO POSSUEM DONOS, muito menos políticos donos.
O artigo 11 da referida lei explicita ainda que “a entidade detentora de autorização para execução do Serviço de Radiodifusão Comunitária não poderá estabelecer ou manter vínculos que a subordinem ou a sujeitem à gerência, à administração, ao domínio, ao comando ou à orientação de qualquer outra entidade, mediante compromissos ou relações financeiras, religiosas, familiares, político-partidárias ou comerciais”.
Portanto, a situação colocada pelo vereador Rodrigo Carvelo de que detêm 50% da rádio e outros 50% pertencem à outra pessoa, deve ser veementemente repudiada, denunciada e investigada pelos órgãos competentes e, caso se confirme, o MPF, através das entidades que compõem o Conselho Comunitário deve se organizar para assumir o controle da mantenedora da emissora e tomar as devidas providências a fim de não comprometer a conquista da outorga e, consequentemente, ocorrer a perda deste fundamental canal de comunicação comunitário para aquela comunidade.
Esperamos que a justiça prevaleça neste e em todos os casos de atentado à livre expressão e ao direito à comunicação. Exigimos! Censura nunca mais!