Por Yuri Silva, com fotos de Marcelo Teles
Aconteceu durante todo o dia deste sábado, 12, como também ocorreu no último final de semana, uma extensa mobilização de pintura de casarões na Ladeira da Preguiça (a mesma que inspirou a música de Gilberto Gil cantada por Elis Regina), em Salvador.
A comunidade é alvo da especulação imobiliária, da gentrificação do Centro Histórico e do Centro Antigo de Salvador e de um processo que tenta colocar em prática o projeto elitista de higienização social nessa área da cidade.
Trata-se do velho racismo territorial, já que a Ladeira fica no Centro Histórico, em área privilegiada, à beira da Baía de Todos os Santos e de empreendimentos luxuosos, entre eles o Trapiche e a Bahia Marina, além dos hotéis Fasano e Fera Palace (este último do empresário milionário Antônio Mazzafera), todos points da elite política e econômica da capital baiana.
Durante quatro sábados, a comunidade resolveu pintar as fachadas das suas casas, a partir de um processo de mobilização amplo, que incluiu diversos atores e parceiros, como o MUSAS (Museu de StreetArt Salvador), a incubadora de projetos sociais Salvador Meu Amor, o movimento Nosso Bairro É Dois de Julho, Articulação do Centro Antigo de Salvador, Coletivo de Entidades Negras – CEN e o Centro Cultural Que Ladeira É Essa?, instituição representativa dos moradores.
O ato, que vai até o sábado do dia 26 de janeiro, é um grito contra o racismo do poder público e um clamor pelo direito à cidade.
Os moradores, responsáveis por preservar uma série de casarões abandonados pelos especuladores, são constantemente alvo de tentativas de expulsão por parte do poder municipal. A resistência, contudo, tem sido palavra central na vida desta comunidade.