Nessa terça-feira, dia 6 de dezembro, acontece em Belém novo julgamento de José Rodrigues Moreira, acusado de ser o mandante do assassinato de José Claudio e Maria do Espírito Santo.
O casal de extrativistas foi assassinado em maio de 2011, no Assentamento Agroextrativista Praia Alta Piranheira, em Nova Ipixuna (PA), onde vivia, por lutar contra a grilagem e o roubo de madeira na região. José Claudio estava incluído em uma lista de ambientalistas ameaçados de morte na Amazônia desde 2008.
Acusado de ser o mandante do crime, José Rodrigues havia comprado ilegalmente dois lotes no assentamento e estava expulsando os moradores do local. Após o crime, os familiares do casal também tiveram de sair de suas casas por serem constantemente ameaçados.
José Rodrigues enfrentou o primeiro julgamento em Marabá, em 2013, quando foi absolvido pelo juri popular. Na época, o juiz criminalizou a luta das vítimas para defender a floresta, considerando que o casal teria contribuído para o crime em razão de seu comportamento.
O Ministério Público apelou contra a decisão e, em 2014, o Tribunal de Justiça de Belém anulou o julgamento. Agora, o processo será julgado pelo Fórum de Belém a pedido dos familiares de Zé Claudio e Maria.
Em 2013, o pistoleiro Lindonjonson Silva Rocha, irmão de José Rodrigues, foi condenado a 42 anos de prisão pelo crime, mas conseguiu fugir da penitenciária Mariano Antunes, em Marabá, onde cumpria pena, em novembro de 2015. O assassino continua foragido.
Violência no campo
O Brasil detém o lamentável título de país campeão mundial de assassinatos de ambientalistas. Só os casos brasileiros somam 50 – a maioria na Amazônia (47 casos, ou 94%). Em todo o mundo, foram 189 assassinatos.
De acordo com dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), de janeiro a agosto de 2016 já foram registradas 39 mortes no campo – sendo que 28 dessas (78%) na Amazônia, concentradas nos estados de Rondônia (12), Maranhão (7), Pará e Tocantins (3 cada).
Na semana passada, o governo divulgou um novo aumento no desmatamento pelo segundo ano consecutivo. Desta vez, o desmatamento no período de agosto de 2015 a julho de 2016 foi de 7989 km², 29% maior que o período anterior. E não é só a floresta que tomba. Violência, desmatamento e conflitos no campo infelizmente crescem juntos na Amazônia. Já passou da hora de colocar um ponto final nessa história. Este julgamento representa uma nova chance de se fazer justiça no caso Zé Claudio e Maria.