O Teatro Oficina Uzyna Uzona estava lotado para presenciar o lançamento do livro “Lula Livre – Lula Livro”, que reúne textos, ensaios, poesia, prosa, charges e fotos de 90 autores, com presenças ilustres como Eduardo Suplicy, Chico César, Alice Ruiz e muitos outros. O primeiro a discursar no evento foi o diretor do teatro e “anfitrião do evento”, José Celso. Seu discurso enfatizou a potência espiritual de Lula, sua alegria, seu talento para a política e a vida e sugeriu que nós devemos incoporar estas qualidades.
Realmente depende de cada um de nós esse momento. Cada um de nós livra o Lula. E tem que livrar porque o Lula é um talento extraordinário que surgiu na sociedade brasileira, na política brasileira. É um ator e um político extraordinário, só comparável a Getúlio e a Leonel Brizola. Ele faz parte da grande arte que é a política. E nesse momento, depois que ele conheceu a Sônia Guajajara, que pôs o dedo na cara dele e falou “Você não fez nada por nós”, ele sacou. Ele sacou o que é exatamente a importância das terras pros seres que cuidam da terra, não somente os indígenas. Os indígenas sagram as terras, têm essa sabedoria. Nós aqui do teatro, que vamos fazer 60 anos, também sagramos não só esse teatro, não só o entorno do Bixiga, do Parque-Rio das Artes do Bixiga. O bairro do Bixiga é um bairro sagrado e ele está ameaçado de ser exterminado agora porque houve um acordo entre os candidatos, o candidato a presidente da República Alckmin…
(vaias)
Não, não gasta muita energia não! Aquele cara é um chuchu de picolé. Não, calma.
E o outro lá, o Dória.
(vaias)
Isso eu desafio o jornalismo a pesquisar. Saber como é que é o negócio. Porque é o seguinte: O Sílvio Santos sempre quis trocar o terreno dele, desde que foi tombado pelo IPHAN. Ele disse “Não quero empatar o serviço de você, nem quero que você empate o meu.” Ficamos amigos e tal, mas de repente, depois do Golpichmant, ele quer ter o monopólio do bairro do Bixiga para revitalizar o bairro. Revitalizar é a palavra que ele usa, mas a palavra certa é genocídio. Expulsar a população toda!
A periferia central de São Paulo é um luxo! O Bixiga é a periferia central. Nesse lugar existe povo. O mesmo povo que está nas periferias existe aqui, e perto de teatros, cantinas, de uma vida vivida de uma maneira, que precisava sim de muito incentivo pras pessoas. As pessoas aqui são muito massacradas. Nós inclusive aqui no Teatro Oficina estamos na mesma onda do Lula Livre e do Parque Augusta.
Isso não para.
Mas acontece o seguinte: eu acho importante que algum jornalista tenha coragem de estudar o caso. Porque foi uma cessão de um bairro, a começar pelo teatro, pra massacrar um povo. Quer dizer, é uma coisa… Que a gente tá vivendo um momento! Nossa! Imagine arrochar a saúde! A saúde é a gente. É a vida. Arrochar a saúde por 20 anos! É ridículo acima de tudo. Nós não podemos permitir. Todo mundo tem pulsão de vida. Todo mundo quer viver, todo mundo quer viver com alegria. Você vê as ruas cheias de moradores de rua. Essa situação, eu não vou nem falar nela, porque estou nela, estou vivendo, nós todos estamos dentro dela.
Mas nós temos uma coisa importante. Nós somos num certo sentido o renascimento. Porque o que tá aí é um quadrado morto. É uma fase do capitalismo imobiliário que traz o momento da maior corrupção do mundo que é a desigualdade. Nunca na história da humanidade houve tamanha desigualdade como existe hoje no mundo. Eles estão apavorados. Esses golpes todos, esse endireitamento do mundo é uma reação deles a todo movimento que veio desde… durante a ditadura, teve 68, movimentos subterrâneos, luta armada, a gente nunca permitiu isso, teve a constituição de 1988… E nós tivemos um momento luxuoso com o Lula.
Imagina, o Lula! O Lula hoje em dia tem uma compreensão, eu chamo muita atenção pra isso porque é muito importante, nesse ato inclusive a gente pratica isso, é a cosmopolítica. Cosmopolítica é o momento em que você liga o social ao cósmico. O que é o cósmico? É o sol, é o ar que você respira, é a terra que você pisa. Não se trata de uma coisa espiritual é concreto. Tudo isso é concreto. E nós que estamos ameaçados, que estamos aqui há 60 anos, nós somos índios, nós sagramos esse lugar em que nós estamos e nós não admitimos isso.
Então passa a ser uma luta, e o Lula representa uma luta de todos, pela vida!
Por isso a política tem que ganhar uma coisa, tem que deixar a seriedade. Saber que a vida é trágica mas é cômica, é ridícula, dá pra rir, tem que rir, alegria é a prova dos 9! Sem alegria não se muda nada, com cara feia, cara de militante, isso já era! É verdade.
(aplausos)
A gente tem que entrar nas coisas de corpo e alma, inteirinho, a gente tem que se dar. A ideologia é uma coisa morta. Eu não tenho ideologia nenhuma, nem quero saber. Porque idéias, como disse Oswald de Andrade, levam as pessoas a queimar gente em praça pública, por idéias. São as idéias que nos dominam, as idéias abstratas, abstrações desse capitalismo que não nos reconhece como gente, como bicho humano, gente de verdade.
O Lula realmente é um ser cosmopolítico. Porque é um cara que, como se diz na minha linguagem mais favorita, que sabe das coisas. O Lula sabe das coisas. Sabe.
(aplausos)
Ele não é só um político no strictu sensu, ele é, como tem a mulher da vida, a puta, ele é um homem da vida. Um ser da vida. Ele já passou por tudo que tinha pra passar. E agora ele tá passando por um momento fabuloso. Um movimento que se compara ao suicídio do Getúlio. Porque ele prefere ficar preso do que ser libertado e não poder concorrer. Ele tá lutando por uma causa e muita gente não compreende a grandeza dessa causa. Não compreende, não sabe, porque foi numa balela de um judiciário, que felizmente nos EUA não existe, mas um judiciário que atuamente é a ideologia dominante, do grande Moro.
Moro? Morô? Moro, qualé? Não dá. (vaias)
Nós fizemos uma peça do Artaud que se chama – Esse casaco aqui é de índio do México, Tarahumara, ele dizia – “Pra dar um fim no juízo de Deus”. A gente não precisa de juízo. A gente não precisa de juiz. Nós somos nossos juízes. A gente vive sob a tirania do juízo bíblico, sob a teoria do Freud, do super-ego, isto é, da polícia na cabeça. Não tem polícia nenhuma! Tira! Fica com o ego, o id e o inconsciente que já dá pra tudo. Não precisa ter polícia interna.
Por isso a política tem que ganhar uma forma de alegria. A gente só vence se conseguir criar toda uma atmosfera de primavera. Se for uma primavera brasileira. É muito sério: a coisa mais desprezada do mundo chama-se teatro, até então. O próprio Oswald de Andrade quando escreveu o Rei da Vela disse: “A esse enjeitado, o teatro brasileiro.” Mas é que nas épocas como esta o teatro surge. Os teatros todos tão maravilhosos. Tão cheios de gente. Ontem eu vi uma peça extraordinária aqui. E há peças extraordinárias em todos os lugares. Ou seja, há um levante da condição humana. Do poder humano, do poder do bicho homem, ligado à natureza evidente, à natureza animal e vegetal. Quer dizer, é o momento de você assumir totalmente que você é um ser terráqueo, que você tem uma coisa chamada desejo e liberdade. São duas coisas que todo ser-humano tem. É uma coisa que tá acima de tudo e abaixo de tudo. Os baixo são muito importantes. A política precisa rebolar.
Em Portugal a gente cantava: “Criar, criar, poder popular! Criar, criar, poder popular! A revolução faz quem cria com tesão! É debaixo pra cima! Ah! Ah! É de cima pra baixo! Ah! Ah!” E Portugal ia nessa, porque é uma revolução que ninguém conhece. (aqui ele fala sobre o golpe de Estado que aconteceu em Moçambique em 2017) Vai sair um livro que vai se mostrar um momento de democracia. E é um golpe que veio através televisão. De repente havia um movimento dos soldados, os soldados “unidos venceremos”, a televisão era livre, era uma janela aberta, eu tava montando um filme sobre Moçambique lá com o Celso Lucas, e de repente, estava num restaurante e entra uma imagem da Columbia Pictures e uma porção de enlatado brasileiro.
Foi um golpe dado pela televisão. Uma coisa assim inacreditável. Era uma coisa que o mundo nem sabe disso. E nós tamos com um material todo que a gente tem que soltar porque a gente viveu isso, a gente sabe disso. Tem que virar livro também. Mas enfim.
O que é mais importante é o que a gente vai recebendo no corpo através dessa revoluções todas. É o corpo humano junto ligado. Por exemplo, eles têm uma coisa muito bonita, por exemplo… Me dá as mãos. Vem cá Suplicy, vem cá chico. Vamos dar as mãos.
Eles cantam assim. Todo mundo pode cantar, tamo junto.
Tamo junto quer dizer, em uma das línguas de moçambique…
E se todo mundo se der as mãos? Isso é teatro. Os corpos têm que estar juntos. Você tem que sentir o calor das pessoas. É isso que dá força. Juntos, o corpo junto e suingando. Olha aqui pra mim, olha a corrente! Corrente! Firma!
(todos no Teatro Oficina dão as mãos e cantam juntos um canto moçambicano, em que Zé Celso emenda um “Lula Lá, Lula Livre”)
Olha, o Lula é mais do que se vê nele. O Lula é um Xamã. Tem que ter a coragem de dizer essas coisas, porque é. Ele não tem só o poder de político no nível realista, de conchavo social. Ele é um poder humano.
Se o Lula falou que cada um… Mas não é idéia! Cada um é mais que uma idéia! A idéia não tem nada a ver. Aí eu discordo dele. Eu amo ele, acho ele um xamã, mas não é uma idéia, é incorporação, é macumba! Imagina! Se baixasse o talento do Lula em todos nós! Meu deus! E tem que baixar! O que tem que baixar em nós é a qualidade humana dele, a qualidade divina dele. O Lula é sagrado! O Lula é uma entidade muito forte. Eu acho que tem que começar a ver esse lado. Porque só o lado briguento da política às vezes não revela o poder político de uma tendência na sociedade.
Essa sociedade não deve fazer cara feia, por favor! Você vê nos programas de esquerda, por favor! O programa do Haddad, eu vi ao mesmo tempo em que vi aquele daqueles bostas todos, com algumas exceções, mas era uma coisa que ficou entre o clube do PT. Não pode ser. Tem que ser aberto. Tem que ser aberto como é o Lula.
Eu vou embora. Mas eu imploro pra que vocês acreditem que alegria é a prova dos 9 e encontrem motivos viscerais pra lutar. Não adianta ter motivos ideológicos. Motivos ideológicos, abstratos, não têm poder mais. O que tem poder é o poder humano, o poder da expressão da vida, da verdade da vida.
Vida!
Vida!
É uma luta de vida e morte. É uma guerra, porque estão querendo nos matar. A gente tem que reagir com vida e tentar passar uma rasteira nessas pessoas. Tentar antropofagizar, comer toda essa porcaria e vomitar ou cagar ou abençoar. Abençoar é melhor.
(aplausos)
Olha, eu quis falar naquela hora porque eu queria implorar pra vocês cultivarem o amor, o humor e muito mais. O humor é imprescindível, a dança é imprescindível. O PT vai rebolar, porque o Lula rebola. O Lula tem jogo de cintura, ele vai, o Lula é grande. Então você tem que ter o Lula dentro, o Lula pinguço, com todos os defeitos humanos e todos as qualidades divinas. Então nós temos que observar esse lado e viver como ele. Seguir o exemplo dele no sentido vital. Claro, cada um na sua área, cada um na sua jogada, cada um do seu jeito, mas deixar essa coisa carrancuda da política de lado. Isso já morreu, é resto de stalinismo. Com todo amor, com toda sinceridade, eu acho que a gente tem que rir disso pra poder vencer isso.”
*José Celso Martinez, diretor do Teatro Oficina, em sua sede, no dia 13 de Agosto de 2018, na ocasião do lançamento do livro Lula Livre – Lula Livro.
Depois de muita espera, dez dias após o encerramento do prazo para a saída das famílias da área que ocupam, o juiz despacha no processo de reintegração de posse contra da Comunidade Mandela, no interior de São Paulo. No despacho proferido , o juiz do processo – Cássio Modenesi Barbosa – diz que aguardará a manifestação do proprietário da área sobre eventual cumprimento de reintegração de posse. De acordo com o juiz, sua decisão será tomada após a manifestação do proprietário. A Comunidade, que ocupa essa área na cidade de Campinas desde 2017, lançou uma nota oficial na qual ressalta a profunda preocupação em relação ao despacho do juiz em plena pandemia e faz apontamento importante: não houve qualquer deliberação sobre as petições do Ministério Público, da Defensoria Pública, dos Advogados das famílias e mesmo sobre o ofício da Prefeitura, em que todas solicitaram adiamento de qualquer reintegração de posse por conta da pandemia da Covid-19 e das especificidades do caso concreto.
Ainda na nota a Comunidade Mandela reforça:
“ Gostaríamos de reforçar que as famílias da Ocupação Nelson Mandela manifestaram intenção de compra da área e receberam parecer favorável do Ministério Público nos autos. Também está pendente a discussão sobre a possibilidade de regularização fundiária de interesse social na área atualmente ocupada, alternativa que se mostra menos onerosa já que a prefeitura não cumpriu o compromisso de implementar um loteamento urbanizado, conforme acordo firmado no processo. Seguimos buscando junto ao Poder público soluções que contemplem todos os moradores da Ocupação, nos colocando à disposição para que a negociação de compra da área pelas famílias seja realizada.”
Hoje também foi realizada uma atividade on-line de Lançamento da Campanha Despejo Zero em Campinas -SP (
Campinas acaba prorrogar a quarentena até 06 de outubro, a medida publicada na edição desta quinta-feira (10) do Diário Oficial. Prefeitura também oficializou veto para retomada de atividades em escolas da cidade.
A Comunidade Mandela e as ocupações
A Comunidade Mandela luta desde 2016 por moradia e desde então tem buscado formas de diálogo e de inclusão em políticas públicas habitacionais. Em 2017, cerca de mais de 500 famílias que formavam a comunidade sofreram uma violenta reintegração de posse. Muitas famílias perderam tudo, não houve qualquer acolhimento do poder público. Famílias dormiram na rua, outras foram acolhidas por moradores e igrejas da região próxima à área que ocupavam. Desde abril de 2017, as 108 famílias ocupam essa área na região do Jardim Ouro Verde. O terreno não tem função social, também possui muitas irregularidades de documentação e de tributos com a municipalidade. As famílias têm buscado acordos e soluções junto ao proprietário e a Prefeitura. Leia mais sobre: https://jornalistaslivres.org/em-meio-a-pandemia-a-comunidade-mandela-amanhece-com-ameaca-de-despejo/
Estudante é intimada a depor na PF após chamar de golpista 3ª colocada da Ufersa nomeada por Bolsonaro no RN
Coordenadora-geral do DCE da Ufersa Ana Flávia Barbosa está sendo acusada de calúnia, difamação e ameaça. O inquérito aberto pela professora Ludmilla Serafim ainda sugere possível formação de quadrilha
A coordenadora-geral do DCE da Universidade Federal Rural do Semi-Árido Ana Flávia Oliveira Barbosa foi intimada a depor na Polícia Federal por críticas endereçadas à professora Ludmilla Serafim, terceira colocada nas eleições da universidade nomeada reitora pelo presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido). A posse de Ludmilla está prevista para hoje (30).
Ana Flávia Barbosa foi intimada na quinta-feira (27) a comparecer a uma audiência na sede da Polícia Federal, em Mossoró, no dia seguinte. Os advogados da estudante pediram o adiamento em razão do prazo e da falta de informações sobre o inquérito. A PF então remarcou o depoimento para a próxima terça-feira, 2 de setembro, às 9h:
– Recebi a intimação na quinta-feira e como o depoimento estava marcado para menos 24 horas, solicitamos um novo prazo, além das peças para saber do que se tratava, se era inquérito, processo. Não tinha número, nem nada que dissesse que era um inquérito. E (o depoimento) ficou para terça-feira, 9h”, explicou.
A coordenadora geral do DCE da Ufersa não tem dúvidas de que o inquérito aberto na Polícia Federal é uma tentativa de criminalizar o movimento estudantil da instituição:
– É uma tentativa de criminalizar o movimento estudantil sim porque estamos na linha de frente. As outras categorias estão mais recuadas, receosas, embora também não concordem. No dia que saiu a nomeação dela, fizemos um ato simbólico, já fizemos plenária de estudantes e faremos um ato amanhã (segunda-feira) em conjunto com o IFRN”, afirmou, citando como exemplo a acusação de formação de quadrilha no inquérito:
– E ainda tem mais: veja que eles sugerem o crime de formação de quadrilha. Quem é a quadrilha para eles ? Os estudantes ? É o DCE que têm 80 estudantes ?”, questiona.
Ana Flávia Barbosa foi intimada a depor em inquérito que apura calúnia, difamação, ameaça e suposta formação de quadrilha (foto: acervo pessoal)
Na avaliação de Ana Flávia Barbosa, o objetivo de Ludmilla Serafim é intimidar e obrigar os estudantes a recuarem dos protestos:
É uma tentativa de nos fazer recuar, mas não vamos recuar. O ato está mantido. Demos o tom, decidimos publicizar a gravidade para mostrar quem é a interventora. Intimaram os estudantes a depor na Polícia Federal porque a chamamos de golpista e interventora, o que ela é de fato”, reforçou.
Intervenção
Com 18,33% dos votos, Ludmilla Serafim ficou em terceiro lugar nas eleições da Ufersa realizadas em julho. O candidato mais votado foi o professor do curso de Engenharia Rodrigo Codes, que obteve o apoio de 35,55% da comunidade. Em segundo, também à frente de Ludmilla, apareceu o professor Jean Berg, com 24,84% dos votos.
Mesmo rejeitada pela maioria da comunidade acadêmica da Ufersa, o presidente Jair Bolsonaro nomeou a terceira colocada. Áudios que circulam na internet atribuídas a Ludmilla, mostram a professora afirmando que contou com apoio de alguns deputados federais, a exemplo de Beto Rosado (Progressistas), ex-aluno dela.
A legislação prevê que nas eleições para as universidades federais seja encaminhada uma lista tríplice com os nomes dos três candidatos mais votados para a escolha do presidente da República. No entanto, historicamente, o chefe do Executivo sempre respeitava a escolha soberana da comunidade acadêmica. À exceção na Ufersa foi em 1991, quando o professor José Torres venceu a eleição, ma Fernando Collor de Melo interveio, nomeando Joaquim Amaro. O golpe é tratado ainda hoje como “O Dia da Infâmia”
Das três instituições federais do Rio Grande do Norte, duas estão sob intervenção do governo federal. Além da Ufersa, que teve o processo eleitoral atropelado, o Instituto Federal é dirigido pelo professor Josué Moreira que sequer participou do processo eleitoral realizado em dezembro de 2019. Ele foi nomeado pelo ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, ignorando a decisão da comunidade que escolheu José Arnóbio de Araújo.
Bolsonaro confirma golpe na Ufersa e nomeia como reitora a 3ª colocada na eleição
O presidente anunciou em Mossoró, nesta sexta-feira (21), a nomeação da professora Ludmilla de Oliveira para o cargo de reitora da Universidade Federal do Semi-árido no RN
A curta passagem de Jair Bolsonaro pelo Rio Grande do Norte foi marcada pela confirmação de um golpe nas eleições da Universidade Federal do Semi-árido (UFERSA). O presidente anunciou em Mossoró, nesta sexta-feira (21), a nomeação da professora Ludmilla de Oliveira para o cargo de reitora.
A nova gestora da Ufersa obteve 18,33% dos votos na eleição e ficou na terceira colocação, atrás dos professores Rodrigo Codes, o mais votado, com 35,55% dos votos; e Jean Berg, o segundo, com 24,84%.
Ele desejou sucesso à nova reitora, que deve assumir em 8 de setembro. Assim que Bolsonaro fez o anuncio, várias manifestações contrárias à nomeação de Ludmilla foram publicadas nas redes sociais.
Apesar do desrespeito ao processo democrático, Bolsonaro se ateve aos nomes da lista tríplice enviados ao Ministério da Educação. Desde que assumiu, o presidente já afirmou em várias oportunidades que discorda da autonomia da comunidade universitária no processo de escolha dos reitores. O governo dele também vem tirando poder dos gestores das universidades.
“A senhora tem um grande papel pela frente. Quem liberta o homem e a mulher é o conhecimento”, declarou.
O caso na Ufersa remete à intervenção do Ministério da Educação no Instituto Federal do Rio Grande do Norte, nomeando o interventor Josué de Oliveira para o cargo de reitor. O escolhido sequer participou das eleições, indicado pelo deputado federal Girão Monteiro. A comunidade acadêmica elegeu o professor de Educação Física José Arnóbio de Araújo, que tenta reverter o golpe na Justiça.