Por Patrícia Adriely e Pedro Lovisi
O IV Encontro Nacional de Agroecologia (ENA), realizado entre os dias 31 de maio a 03 de junho em Belo Horizonte, reuniu agricultores, agricultoras e ativistas de diversas regiões brasileiras. O evento, que ocorreu principalmente no Parque Municipal Américo Renné Giannetti, teve como tema central “Agroecologia e democracia unindo campo e cidade”. Entretanto, ao longo dos debates, uma questão específica se mostrou extremamente forte: o feminismo. Onde quer que olhássemos, víamos mulheres – jovens, senhoras, negras e brancas. Porém, essa constatação ia além de um público notório e massivamente feminino. Naquele espaço de discussão, um lema era crucial: “Sem feminismo, não há agroecologia”.
Para que o IV ENA se tornasse realidade, um batalhão feminino colocou a “mão na massa” e assumiu posições de liderança, conforme explicou Leninha de Souza, que faz parte do núcleo executivo da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e atuou em diversas comissões para realização do ENA. “A organização foi composta por mais de 50% de mulheres. Na comissão organizadora local, 70% do grupo era feminino. Em todas as frentes de organização, elas estavam no comando”.
Para a secretária executiva da Articulação Mineira de Agroecologia (AMA), Anna Cristina Alvarenga, que trabalhou na articulação política do encontro, “isso significa que as mulheres não estão vendo um protagonismo apenas em quantidade, mas em qualidade, e estão assumindo o seu papel de protagonistas nas construções políticas da agroecologia no Brasil”.
Anna também ressaltou o trabalho feito para estimular a participação feminina no evento. Segundo ela, houve uma atuação para que os grupos participantes do ENA fossem compostos por 50% de mulheres, no mínimo. “Pensamos as delegações a partir de um processo político, para garantir a participação efetiva das mulheres do campo”.
Segundo Lorena Anahí, que atuou na comissão de metodologia e na comissão executiva nacional, esse fato é uma marca do encontro. “Ficou muito claro a força das mulheres e que sem feminismo não há agroecologia. Elas estiveram em todos os espaços de construção do ENA. Assim como comer é um ato político, a nossa prática cotidiana é um ato político”.
A programação do encontro contou com diversas atividades com foco nas mulheres. Logo no primeiro dia, foi realizada uma plenária destinada a elas. Além disso, o Grupo de Trabalho Mulheres da ANA comandou um seminário com o tema “Sem feminismo, não há agroecologia”.