Conecte-se conosco

Manifestações

Estranhos no ninho

Publicadoo

em

 

O dia 16 de agosto foi um domingão legal para a família do catador de material reciclável Tiago Santos, que arrecadou cerca de R$ 700 em doações em dinheiro (presenciadas pelos Jornalistas Livres), churrasquinho, pipoca, 15 camisetas e uma bandeira brasileira, além de afagos entusiasmados nos cachorros Bob e Costela. Os “fora Dilma”, “fora Lula” e “fora PT”, eufóricos, comemoravam a presença de um autêntico miserável manifestando-se contra o governo Dilma.

“Tiago, Tiago! Olha pra cá, por favor!” Durante algumas horas ele foi tratado como amigo, irmão, amigo e parceiro por centenas de pessoas. Pediam-lhe selfies, filmaram, entrevistaram, homenageavam. Deram dinheiro. Tiago Santos, de 27 anos, conheceu o seu dia de glória na avenida Paulista de domingo passado (16/08), desfilando com a família negra e pobre, os cachorros e a carroça de catador adornada com cartaz em que se lia: “Fora Dilma. Fora PT. Fora corruptos”.

Com renda mensal de R$ 800 (obtidos da soma dos proventos com a atividade de reciclagem mais os R$ 380 do bolsa-família), Tiago usava camiseta amarela estampada com uma imagem de Dilma com nariz de Pinóquio. O filho mais velho, Juan, de 5 anos, vestia uma camiseta em que se lia “Fora Dilma”. A pequenina Isabelle, de 3, estava com uma da seleção brasileira. A companheira de Tiago, que disse se chamar Simone Gata, 18 anos, enrolava-se em uma bandeira do Brasil. Até os cachorros Bob e Costela, que não paravam de praticar sexo livre na avenida, estavam chiques demais em seus lenços com motivos pátrios.

 

Manifestantes faziam entrevistas gravadas com Tiago, a fim de distribuir nas redes sociais, como prova de que a manifestação anti-Dilma não era composta apenas pela chamada elite branca. Eis uma dessas, surreal:

Entrevistador Paulo de Almeida — “Você não é pobre… quer dizer, você não é rico e você é negro. O pessoal [do governo] diz que aqui só tem a elite branca. Você tem alguma coisa a dizer sobre isso?”

Tiago Santos— Sobre a elite branca? Essas coisas assim?…

Paulo de Almeida — Não, né! Você não conhece. Mas você é contra o governo.

Tiago Santos — Contra as atitudes do governo…

Paulo de Almeida — Exatamente! Entendi! Você é a favor do Brasil.

Tiago Santos— A favor do Brasil.

Paulo de Almeida — É contra a corrupção!

Tiago Santos — Contra a corrupção.

Paulo de Almeida — Contra tudo o que está aí!

Tiago Santos— Contra tudo.

Paulo de Almeida — Legal, irmão. Parabéns por seu trabalho. Isso aqui mostra qual é a elite branca que está protestando. Esse é o retrato do brasileiro. É o retrato do povo.

Tiago recebeu R$ 50 de ajuda de uma senhora que lhe perguntou: “Esses são seus?” Referia-se aos cachorros. A contribuição, ela ressaltou, era para “contribuir com a ração dos lindos”. Outra preferiu colocar R$ 20 nas mãozinhas de Isabelle, prontamente tomados por Simone Gata. Foram muitas doações.

Humberto Costa Barbosa , advogado de São Bernardo, 55 anos, colocou um chapéu verde e amarelo em Tiago, para que ele aparecesse mais patriótico nas imagens. Mas tomou-lhe de volta o chapéu, assim que acabou a sessão de fotos. “Eu sou pobre”, disse, rindo alto.

 

Belo Horizonte

Marcha das Vadias – Por um mundo de respeito a todas as mulheres

Publicadoo

em

 

Fotografia: Sô Fotocoletivo

 

 

Marcha do que ? DAS VADIAS! Mas isso é xingamento! Sim… assim como puta, piranha, biscate ou “novinha”. Se as mulheres são seres marcados e oprimidos pela sociedade machista e patriarcal, que elas possam se remarcar e ser o que quiserem ser: bela, recatada, do lar (aff)! Mas também puta, da rua, da luta.

E não é não!
E marcharemos. Marcharemos até que todas sejamos livres.

 


A Marcha das Vadias surgiu em 2011, depois que o policial – segurança de uma universidade em Toronto, no Canadá, disse “para as vadias se comportarem para não ser atacadas”. Ele se referia à onda de estupros que estava ocorrendo lá. As vadias eram as mulheres vítimas dos ataques. O caso indignou as mulheres, que criaram a Marcha das Vadias para denunciar a Cultura do Estupro. Ela existe, não adianta negar. Assim como o machismo, e precisa ser extinta. A pauta é das mais urgentes.

A cada minuto uma mulher é violentada no Brasil. Os dados são do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) e são assustadores. No mês seguinte ao caso de Toronto, as mulheres no Brasil passaram a marchar também. Em vários países elas marcham contra a Cultura do Estupro.

 


O ato começou espremido na Praça da Estação, pois o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, alugou a praça pública e assim “ela é privada hoje e não pública”, como disse o funcionário que ajudava na desmontagem da estrutura que havia no local. Na saída da Marcha das Vadias, o batuque do Bloco Bruta Flor e Tambores de Luta foi abafado por um som ligado bem na hora na tal estrutura. Estávamos ali há mais de uma hora e nada de som até ali. Coincidência não?

Mas marchamos.

Marchamos por respeito a vida de todas as mulheres.

 

 

Marchamos pelo fim da Cultura do estupro. Pela legalização do aborto. Pela igualdade. Pela maternidade como escolha, e não imposição. Pela vida de todas as mulheres. Marchamos contra o golpe em curso e em repúdio a políticos corruptos, machistas e homofóbicos:”Ei Temer, não sou da sua laia. Fora Cunha, Bolsonaro e Malafaia”.
E marchamos. Denunciamos. Brigamos. Piadas machistas não podem mais ser toleradas. É preciso revidar. Um homem não pode afirmar que uma mulher gosta de “piroca”. Isso é invasão, é desrespeito, é a cultura do estupro no seu sentido mais “desenhado”. E não, você não diz o que a novinha quer, só ela sabe e o querer é dela.

 

 

Tinha mulher vestida de todo jeito, e inclusive com pouca roupa. E não era um convite. “Tô de minissaia. Não te devo nada!”. A marcha terminou na Rua Guaicurus, no centro de Belo Horizonte. Local conhecido por abrigar muitas casas de prostituição, havia muitos homens ali, e foi ali que rolou olhares furtivos e piadas machistas. A marcha das vadias também é pelas putas. É por todas as Mulheres.

Continue Lendo

Campinas

Parada LGBT resiste mesmo sem apoio oficial e atrai milhares às ruas de Campinas

Publicadoo

em

O domingo (26) na cidade de Campinas teve suas ruas tomada de cores, pessoas, alegria, música e protesto. A 16ª edição da Parada do Orgulho LGBT de Campinas, neste ano, tem como tema “Diga sim à educação e não à transfobia. Intolerância: o vírus mais assassino. Contra qualquer forma de opressão” . O tema, segundo Douglas Holanda, um dos organizadores é um alerta a todo e qualquer tipo de intolerância”.

A luta contra a incompreensão do segmento LGBT sofre no seu dia-a-dia se estendeu aos órgãos públicos. A Polícia Militar e o Ministério Público aconselharam a Prefeitura a não apoiar a Parada por falta de segurança. A Prefeitura também já havia sinalizado a insuficiência de recursos para colaborar com a Parada, assim como vem fazendo há alguns anos. O impasse aconteceu na semana passada, faltando poucos dias para o evento.

Segundo Lúcia Costa, integrante do Aos Brados e da Comissão da Parada LGBT de Campinas: “A Prefeitura nos desrespeitou ao acatar o Ministério Público, não lutou por nós, não pensou em nós. Ela se negou a dar banheiros químicos, segurança para as pessoas se recusando a pagar horas extras para a Guarda Municipal e Saúde. É um retrocesso e desrespeito ao movimento. É um movimento pacífico que leva grande número de pessoas, não há uma agressão. É menos violento que qualquer dérbi. O ato mais agressivo é um travesti retocando seu batom”.

Mesmo com a falta do apoio público, a Organização da Parada se articulou e conseguiu ajuda para que acontecesse a 16ª edição da Parada do Orgulho LGBT de Campinas. Mais de 20 mil pessoas acompanharam os dois trios elétricos, durante o trajeto pelas ruas centrais da cidade com muita  animação.

Várias pessoas residentes, na área central, acompanharam a Parada das janelas dos apartamentos,  algumas acenavam para os Trios Elétricos, na Avenida Francisco Glicério houve chuva de papel picado vinda dos prédios.

Encerrando o trajeto, a multidão que acompanhava lotou as praças do Largo do Rosário e Guilherme de Almeida (Praça do Fórum).

Este ano a concentração da 16ª edição da Parada foi ao lado do Fórum, na Avenida Dr. Campos Sales. De lá, a multidão subiu a Avenida Francisco Glicério até Dr. Moraes Sales, seguiu até o cruzamento com a Rua Irmã Serafina, continuando pela Avenida Anchieta até a Avenida Benjamin Constant. Ao retornarem à Avenida Francisco Glicério, o grupo seguiu até o Largo do Rosário.

A manifestação transcorreu pacífica até por volta das 20h, quando, segundo relatos a Polícia Militar  quis dispersar as pessoas que ainda estavam pelo centro da cidade. A concentração era na Praça Bento Quirino, um local habitualmente frequentado pela comunidade LGBTQ+.  Ainda segundo os relatos, a PM usou gás de pimenta, bombas de efeito moral e balas de borrachas para dispersar as pessoas. Algumas pessoas ficaram feridas e foram socorridas por populares durante a ação truculenta da Polícia.

Continue Lendo

Campinas

A cidade de Campinas amanhece com faixas de denúncia ao Prefeito Jonas Donizette.

Publicadoo

em

Campinas amanhece com faixas de denúncia contra governo de Jonas Donizette espalhadas pela cidade.

Nesta quinta-feira (30/06), mesmo dia em que a prefeitura inaugura a conclusão das obras da avenida Francisco Glicério, agentes culturais espalharam pela cidade faixas com uma série de críticas à gestão de Jonas Donizette (PSB).

Faixas laranjas foram fixadas em pontilhões e passarelas localizados em pontos de intensa circulação e fluxo de pessoas. A má gestão dos recursos, o atraso de pagamentos, a terceirização de serviços públicos que prejudica o atendimento à população, o descaso em relação à criação do conselho municipal de cultura, cuja lei não foi encaminhada à câmara e está parada há dois anos, e a recente repressão ao movimento LGBT ocorrida no final de semana, foram temas criticados pelas faixas.

Assim como no dia 8 de junho, em que faixas semelhantes foram estendidas das janelas do 15º andar da prefeitura, onde se localiza a Secretaria de Cultura, as faixas espalhadas pelos viadutos e passarelas na manhã de hoje trouxeram como assinatura apenas o termo “#cultura”, e até o momento a autoria não foi assumida por nenhum movimento específico da cidade.

 

Continue Lendo

Trending