Entre o campo e a cidade: Quem são os donos das Terras?

Foto: Maxwell Vilela | Jornalistas Livres

Uma reflexão realizada durante o Festival Estadual de Arte e Cultura da Reforma Agrária, durante os dias 6, 7 e 8 de outubro de 2017, em Belo Horizonte. 

Foto: Maxwell Vilela | Jornalistas Livres

Estamos em um curto espaço desta crônica sincronizando aproximadamente pouco mais de quinhentos anos que algo tange no plano comum: o direito à propriedade. Pós toda teorização do que seria o contrato social, John Locke descreveu que a propriedade privada é o que torna o “homem”, o ser construtor das “coisas”. Esta construção se baseia na capacidade segundo o autor infinita na continuidade acumulação e tradução da sua identidade nos espaços culturalmente modificados. Este entendimento continua vivo, e ao se tratar do campo e da cidade, a resistência camponesa é a prova que esta tradução de identidade não se dá apenas na propriedade privada.

As cidades e a sua reordenação burguesa garantiu a vida urbana uma nova etapa social. Trabalhadoras e trabalhadores em desproporção da sua força de trabalho, perca da soberania alimentar e a constante separação do ser (sujeito) e ter (matéria). Este modelo de vida é a grande contestação do movimento do campo na América Latina.

A via Campesina, por entender que a terra não é objeto de propriedade, nem mesmo a natureza serve para acumulação e extração desordenada de matéria e que comer é o espaço de apropriação da vida por não se restringir ao comércio dos alimentos, mas a prática de consumo e sustentabilidade, a crítica a vida urbana é o grande mote para uma nova ordem societária.

Mas em uma sociedade em que o modelo de produção capitalista nos tornou urbanos (em maioria populacional) e rurais (na perspectiva de extração da matéria e produção alimentar) não podemos perder a dimensão de que voltar a entender a terra como mãe e a natureza como sistema da vida a cada dia se torna mais urgente.

Nos últimos anos o aquecimento Global, as catástrofes naturais e os crimes ambientais provocados pela ganância e a necessidade de acumulação faz com que cada vez percamos a oportunidade de sermos o que realmente somos, um ecossistema.

A Ecologia e seu cuidado com o alimento, as relações sociais e ambientais, a biodiversidade e o futuro só podem voltar a serem conectados com a construção de uma nova ordem. Nova na perspectiva de que o novo não substitui o velho, mas abre esperanças para uma outra construção que como parafraseando Milton Santos, não apenas possível, mas necessária em tempos que os supermercados estão cheios de alimentos (de que qualidade?) e as pessoas pedintes nas portas (buscando sentido para viver). Uma nova relação com Terra, pois a vida assim espera.

Foto: Maxwell Vilela | Jornalistas Livres

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