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Manifestações

Em Munhoz Júnior, Osasco, a manifestação não teve cerveja

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Uma marcha silenciosa e triste pedia segurança e justiça pela noite violenta que levou 18 vidas em poucos minutos, na maior chacina do estado desde o Massacre do Carandiru. As mulheres das periferias paulistas não param de velar seus jovens.


No mesmo dia em que uma multidão lotou a avenida Paulista para um protesto animado e regado a muita cerveja contra o Governo Federal, cerca de 150 pessoas se reuniram no bairro Munhoz Júnior, periferia de Osasco, em um ato triste de solidariedade pelas mortes ocorridas na chacina que assustou o Brasil na noite da última quinta-feira — mas que parece não ter causado comoção em uma determinada parcela da população.

Foto: UJS Osasco

A execução de oito pessoas em um bar na rua Antônio Benedito Ferreira, que foi seguida por uma série de assassinatos em Osasco e em Barueri mobilizou o ato de luto, organizado pela UEO (União dos Estudantes de Osasco), com a participação de outros movimentos de estudantes e sociais. Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, o envolvimento de policiais na chacina não está descartado.

“Acreditamos na união dos movimentos sociais para denunciar a opressão da PM. Mesmo que essa autoria não seja confirmada, sabemos dessa realidade contra a população pobre, preta e periférica”, explica Igor Gonçalves, presidente da UEO.

Clima pesado

O bar onde ocorreu a matança estava obviamente fechado. Em frente ao portão, velas, flores, fotos de outros jovens que foram vítimas da violência, além de faixas e bandeiras como a do movimento Mães de Maio. Algumas crianças que participavam da atividade cantavam em coro dizeres como “Justiça, justiça…”. O Coro de Carcarás, grupo de agitação cultural, empunhou suas baquetas e tocou até se fazer escutar.

Os moradores da região ouviram, saíram de suas casas e assistiram à marcha da calçada. Alguns participaram e apoiaram a tese sobre a vingança de policiais. “Vejo o fato como uma omissão do Estado. O governo é policialesco e não trata a população simples como deveria. Se ele não traz para cá políticas públicas acaba gerando violência. A polícia trata a gente de forma diferente por aqui”, alerta Luiz, 57 anos, morador do bairro há 42.

Para Luana Bezerra, representante da Coordenadoria da Mulher e Promoção da Igualdade Racial e Diversidade Sexual da Prefeitura de Osasco, o tratamento “diferenciado” é evidente. Ela aproveitou a ocasião para clamar por reação. “Nós, jovens da periferia, devemos buscar os nossos direitos, saber o que são os autos de resistência, fruto da ditadura militar no Brasil. Enquanto não cobrarmos isso da prefeitura, do governo federal e estadual, eles não virão aqui com pires na mão oferecer equipamento de cultura”, afirmou.

Munhoz Júnior é um bairro humilde de Osasco. Para alguns, esse é o motivo da truculência frequente dos agentes da lei contra a população local. “Eles são folgados”, disse um dos jovens residentes na região. No entanto, boa parte das pessoas preferia não opinar sobre os responsáveis. Era o medo. O medo que cala as pessoas, que sufoca o sentimento de injustiça e aperta a garganta de quem protesta em luto.

Foto: UJS Osasco

“Moro há 47 anos aqui e nunca vi isso. Não tem o que falar, foi uma tragédia. Não posso falar que foi polícia, quem sou eu pra dizer. Mas quem morreu foi gente muito inocente, gente boa que eu conhecia desde pequeno. É triste. Já vi muita coisa aqui, mas não da forma como aconteceu”, conta Neide Braga, que apesar da insegurança se juntou à manifestação em nome do bairro. “Temos que tomar conta do que é nosso. Não podemos ter medo”.

Sandra, 28 anos, estava descendo uma rua adjacente em direção ao local do crime no momento do tiroteio e voltou correndo pra casa ao ouvir os tiros. Ela conta que o clima da vizinhança mudou. “Está péssimo, à noite não fica ninguém na rua. Esse bairro é sempre tranquilo, todo mundo fica na rua até tarde, mas agora…” É o silêncio macabro que acompanha as ruas do bairro depois das 22h.

A moradora conhecia as pessoas que morreram, reforça a inocência de alguns e concorda com os demais entrevistados quando o assunto é a atuação policial. “Tinha gente que estava de uniforme, chegando do serviço, que só parou para tomar uma cerveja. A relação com a polícia não é legal. Quando encostam é encrenca. Já vi vários abusos policiais aqui”, ressalta.

Os comerciantes do local também estão preocupados. Sergio, dono de um dos estabelecimentos vizinhos lembrou as cenas de terror. “Tinha freguês aqui, eles correram para dentro. Tudo durou uns três minutos”, relembra. Quando questionado sobre como se sentia ao ter que continuar trabalhando no local, a resposta veio de esposa, Rosa: “tente você se colocar no lugar dele por um minuto para entender”.

Mais uma mãe sem filho

Um dos momentos mais emocionantes do encontro foi quando dona Zilda, mãe de Fernando Luiz de Paula (conhecido pelo apelido de Abuse), falou com os jornalistas presentes. Visivelmente abalada e com os olhos cheios de água, ela estava em casa quando avisaram que o filho havia sido baleado. “Bandido não foi, traficante não foi, pois eles cobram direto de quem está devendo, não ficam matando pai de família”, diz.

Foto: UJS Osasco

E como vai ser a vida da dona Zilda agora? Mãe de um único filho assassinado? “Não sei né… sei lá… tem muita… ainda não caiu a ficha. Ele era pintor… as coisas dele estão lá ainda, como deixou”, tentou concluir. Mesmo tomada pela dor, ela ainda teve forças de convocar uma missa, que deverá ser realizada na quarta (19/8) ou quinta-feira (20/8).

Outros moradores pretendem realizar mais um ato de solidariedade e protesto no próximo fim de semana, que deverá ser definido nos próximos dias e informado pelos Jornalistas Livres.

*A reportagem não identificou o nome completo das pessoas para preservar a segurança dos entrevistados

 

Belo Horizonte

Marcha das Vadias – Por um mundo de respeito a todas as mulheres

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Fotografia: Sô Fotocoletivo

 

 

Marcha do que ? DAS VADIAS! Mas isso é xingamento! Sim… assim como puta, piranha, biscate ou “novinha”. Se as mulheres são seres marcados e oprimidos pela sociedade machista e patriarcal, que elas possam se remarcar e ser o que quiserem ser: bela, recatada, do lar (aff)! Mas também puta, da rua, da luta.

E não é não!
E marcharemos. Marcharemos até que todas sejamos livres.

 


A Marcha das Vadias surgiu em 2011, depois que o policial – segurança de uma universidade em Toronto, no Canadá, disse “para as vadias se comportarem para não ser atacadas”. Ele se referia à onda de estupros que estava ocorrendo lá. As vadias eram as mulheres vítimas dos ataques. O caso indignou as mulheres, que criaram a Marcha das Vadias para denunciar a Cultura do Estupro. Ela existe, não adianta negar. Assim como o machismo, e precisa ser extinta. A pauta é das mais urgentes.

A cada minuto uma mulher é violentada no Brasil. Os dados são do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) e são assustadores. No mês seguinte ao caso de Toronto, as mulheres no Brasil passaram a marchar também. Em vários países elas marcham contra a Cultura do Estupro.

 


O ato começou espremido na Praça da Estação, pois o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, alugou a praça pública e assim “ela é privada hoje e não pública”, como disse o funcionário que ajudava na desmontagem da estrutura que havia no local. Na saída da Marcha das Vadias, o batuque do Bloco Bruta Flor e Tambores de Luta foi abafado por um som ligado bem na hora na tal estrutura. Estávamos ali há mais de uma hora e nada de som até ali. Coincidência não?

Mas marchamos.

Marchamos por respeito a vida de todas as mulheres.

 

 

Marchamos pelo fim da Cultura do estupro. Pela legalização do aborto. Pela igualdade. Pela maternidade como escolha, e não imposição. Pela vida de todas as mulheres. Marchamos contra o golpe em curso e em repúdio a políticos corruptos, machistas e homofóbicos:”Ei Temer, não sou da sua laia. Fora Cunha, Bolsonaro e Malafaia”.
E marchamos. Denunciamos. Brigamos. Piadas machistas não podem mais ser toleradas. É preciso revidar. Um homem não pode afirmar que uma mulher gosta de “piroca”. Isso é invasão, é desrespeito, é a cultura do estupro no seu sentido mais “desenhado”. E não, você não diz o que a novinha quer, só ela sabe e o querer é dela.

 

 

Tinha mulher vestida de todo jeito, e inclusive com pouca roupa. E não era um convite. “Tô de minissaia. Não te devo nada!”. A marcha terminou na Rua Guaicurus, no centro de Belo Horizonte. Local conhecido por abrigar muitas casas de prostituição, havia muitos homens ali, e foi ali que rolou olhares furtivos e piadas machistas. A marcha das vadias também é pelas putas. É por todas as Mulheres.

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Campinas

Parada LGBT resiste mesmo sem apoio oficial e atrai milhares às ruas de Campinas

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O domingo (26) na cidade de Campinas teve suas ruas tomada de cores, pessoas, alegria, música e protesto. A 16ª edição da Parada do Orgulho LGBT de Campinas, neste ano, tem como tema “Diga sim à educação e não à transfobia. Intolerância: o vírus mais assassino. Contra qualquer forma de opressão” . O tema, segundo Douglas Holanda, um dos organizadores é um alerta a todo e qualquer tipo de intolerância”.

A luta contra a incompreensão do segmento LGBT sofre no seu dia-a-dia se estendeu aos órgãos públicos. A Polícia Militar e o Ministério Público aconselharam a Prefeitura a não apoiar a Parada por falta de segurança. A Prefeitura também já havia sinalizado a insuficiência de recursos para colaborar com a Parada, assim como vem fazendo há alguns anos. O impasse aconteceu na semana passada, faltando poucos dias para o evento.

Segundo Lúcia Costa, integrante do Aos Brados e da Comissão da Parada LGBT de Campinas: “A Prefeitura nos desrespeitou ao acatar o Ministério Público, não lutou por nós, não pensou em nós. Ela se negou a dar banheiros químicos, segurança para as pessoas se recusando a pagar horas extras para a Guarda Municipal e Saúde. É um retrocesso e desrespeito ao movimento. É um movimento pacífico que leva grande número de pessoas, não há uma agressão. É menos violento que qualquer dérbi. O ato mais agressivo é um travesti retocando seu batom”.

Mesmo com a falta do apoio público, a Organização da Parada se articulou e conseguiu ajuda para que acontecesse a 16ª edição da Parada do Orgulho LGBT de Campinas. Mais de 20 mil pessoas acompanharam os dois trios elétricos, durante o trajeto pelas ruas centrais da cidade com muita  animação.

Várias pessoas residentes, na área central, acompanharam a Parada das janelas dos apartamentos,  algumas acenavam para os Trios Elétricos, na Avenida Francisco Glicério houve chuva de papel picado vinda dos prédios.

Encerrando o trajeto, a multidão que acompanhava lotou as praças do Largo do Rosário e Guilherme de Almeida (Praça do Fórum).

Este ano a concentração da 16ª edição da Parada foi ao lado do Fórum, na Avenida Dr. Campos Sales. De lá, a multidão subiu a Avenida Francisco Glicério até Dr. Moraes Sales, seguiu até o cruzamento com a Rua Irmã Serafina, continuando pela Avenida Anchieta até a Avenida Benjamin Constant. Ao retornarem à Avenida Francisco Glicério, o grupo seguiu até o Largo do Rosário.

A manifestação transcorreu pacífica até por volta das 20h, quando, segundo relatos a Polícia Militar  quis dispersar as pessoas que ainda estavam pelo centro da cidade. A concentração era na Praça Bento Quirino, um local habitualmente frequentado pela comunidade LGBTQ+.  Ainda segundo os relatos, a PM usou gás de pimenta, bombas de efeito moral e balas de borrachas para dispersar as pessoas. Algumas pessoas ficaram feridas e foram socorridas por populares durante a ação truculenta da Polícia.

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Campinas

A cidade de Campinas amanhece com faixas de denúncia ao Prefeito Jonas Donizette.

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Campinas amanhece com faixas de denúncia contra governo de Jonas Donizette espalhadas pela cidade.

Nesta quinta-feira (30/06), mesmo dia em que a prefeitura inaugura a conclusão das obras da avenida Francisco Glicério, agentes culturais espalharam pela cidade faixas com uma série de críticas à gestão de Jonas Donizette (PSB).

Faixas laranjas foram fixadas em pontilhões e passarelas localizados em pontos de intensa circulação e fluxo de pessoas. A má gestão dos recursos, o atraso de pagamentos, a terceirização de serviços públicos que prejudica o atendimento à população, o descaso em relação à criação do conselho municipal de cultura, cuja lei não foi encaminhada à câmara e está parada há dois anos, e a recente repressão ao movimento LGBT ocorrida no final de semana, foram temas criticados pelas faixas.

Assim como no dia 8 de junho, em que faixas semelhantes foram estendidas das janelas do 15º andar da prefeitura, onde se localiza a Secretaria de Cultura, as faixas espalhadas pelos viadutos e passarelas na manhã de hoje trouxeram como assinatura apenas o termo “#cultura”, e até o momento a autoria não foi assumida por nenhum movimento específico da cidade.

 

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