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Em MG, acampamentos do MST são afetados pelo rompimento da barragem de Brumadinho

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Por Maura Silva e Agatha Azevedo
Da Página do MST
Fotos Brasil de Fato  

 

Desde a tarde da última sexta-feira, 25, quando a barragem da Vale se rompeu, atingindo a cidade de Brumadinho (MG), as mais de 600 famílias do acampamento Pátria Livre, localizado às margens do Rio Paraopeba, sofrem com a falta de informação e com o descaso do poder público.

Enquanto a agonia aumenta a medida que as horas passam – até o momento foram confirmadas 99 mortes, e 259 pessoas seguem desaparecidas – o Rio Paraopeba, que circunda o acampamento, vai lentamente sendo contaminado com os rejeitos de minérios da barragem. O acampamento do MST divide espaço com a tribo Pataxó Hã-hã-hãe que também foi diretamente afetada.

Desde o dia do rompimento da barragem, a orientação de segurança que o Movimento deu aos acampados foi de que todas as pessoas saiam das casas localizadas nas partes baixas da área e se desloquem para o acampamento Zequinha, uma área também ocupada pelo MST e próxima ao acampamento Pátria Livre.

“Foi na comunidade do Tejuco que chorei pela primeira vez. Vi essa região toda verde. Agora a Vale destruiu tudo. Minha plantação tá seca, a gente não pode beber a água, não pode mais pescar. Já vimos muitos peixes boiando mortos sobre a água”, lamenta Domingos, nascido em Brumadinho e acampado do MST.

Margens do Rio Paraopeba próximo ao acampamento Pátria Livre, contaminado pela lama/Foto Geanini Hackbardt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Há dias, Ana Cláudia Silva vive o luto por conta da Vale: “O nome do meu primo era Cláudio José, ele era engenheiro da Vale há pouco tempo, entrou como Jovem Aprendiz, foi crescendo, fez faculdade e foi transferido para Brumadinho há cerca de um ano e meio. Foi tudo muito rápido, não sabemos se ele estava no refeitório ou na sala de reuniões, ainda não tivemos tempo de entender o que aconteceu”, Claudio é um dos 259 desaparecidos, ele deixou um filho de cinco anos.

Outra área do MST afetada pelo rompimento da barragem é o assentamento 2 de julho, localizado em Betim, região metropolitana de Belo Horizonte. No local, onde moram 50 famílias Sem Terra, divididas em 64 lotes, a qualidade da água está imprópria. A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) está fazendo cadastro de famílias que vivem no entorno para garantir o abastecimento de água.

Jorge Borges, assentado no local, explica que a contaminação da água afeta inclusive os animais, “aqui tinha muitos pescadores, agora não vai dar para pescar mais, o rio morreu, o barro desceu e estancou o rio, além disso, o nível da água está muito baixo, isso vai afetar muito a gente por aqui”, conta o agricultor.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A resistência do MST contra a privatização

Durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o MST, lutou contra a privatização da Vale, que até 1997 era uma empresa pública, chamada Companhia Vale do Rio Doce.

Com uma grande marcha que saiu de Governador Valadares e foi até Brasília, o MST ajudou a pautar a questão da mineração em todo país. Ainda assim, a empresa foi vendida por um valor irrisório.  Sem debate com a sociedade, ignorando um plebiscito popular e à revelia da economia, a venda da Vale foi um dos maiores crimes contra o Brasil,

Cerca de 250 pessoas ocuparam uma base da empresa na região de Brumadinho

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mobilizações 

Integrantes da Frente Brasil Popular realizaram na manhã desta quinta-feira (31) realizaram manifestações contra a Vale em todo o Brasil.

Na cidade de Governador Valadares (MG), cerca de 300 pessoas ocuparam os trilhos da MRS e trancaram a via de acesso dos caminhões que continuam levando minério da região.

Cristiano Meireles da direção estadual do MST, alerta que as famílias acampadas não receberam nenhum tipo de informação até o momento, apenas que devem ser afastar das margens do rio.

“As famílias que aqui viviam dependiam do rio para viver. Ninguém aqui tem para onde ir, exigimos que o poder público nos dê resposta, porque se nós, que estamos há três quilômetros de Brumadinho, estamos sendo tratados dessa maneira, imagine quem está lá”.

Meireles também alerta para a intensa atividade da Vale na região, “aqui intensificou-se o trajeto de caminhões carregados de minério, a passagem dos trens de carga também aumentou, enquanto em Brumadinho centenas de pessoas seguem mortas e desaparecidas, a Vale continua operando normalmente em toda a região”, denuncia.

Caminhões da Vale carregados com minério seguem em atividade em toda a região

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MST

Líder do MST é sequestrado e assassinado no interior do Paraná

Neste final de semana, mais um militantes do MST foi assassinado, desta vez em Rio Bonito do Iguaçu, no interior do Paraná. Ênio Pasqualin foi executado a tiros, depois de ter sido retirado de casa por sequestradores. O MST divulgou nota cobrando o esclarecimento dos fatos, a investigação e prisão dos envolvidos.

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do site do PT

“Há tempo a violência no campo é realidade no Paraná. Com a eleição de Bolsonaro e Ratinho Jr as coisas só pioraram”, afirma a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann. O MST divulgou nota denunciando e cobrando o esclarecimento dos fatos, a investigação e prisão dos envolvidos

Bolsonarismo estimula violência no campo

Neste final de semana, mais um militantes do MST foi assassinado, desta em Rio Bonito do Iguaçu, no interior do Paraná. Ênio Pasqualin foi executado a tiros, depois de ter sido retirado de casa por sequestradores. O MST divulgou nota cobrando o esclarecimento dos fatos, a investigação e prisão dos envolvidos. A presidenta do PT e deputada federal (PR), Gleisi Hoffmann repudiou o bárbaro crime também cobrou apuração.

“Há tempo a violência no campo é realidade no Paraná. Com a eleição de Bolsonaro e Ratinho Jr as coisas só pioraram”, afirma Gleisi. “As ameaças de despejo são frequentes na Justiça e contra a vida de militantes, por parte de fazendeiros”, denuncia Gleisi. “O governo do PR tem obrigação de manifestar sobre o crime, apurá-lo e garantir segurança aos militantes da Reforma Agrária”, advertiu Gleisi em suas redes sociais.

De coordenador de base a dirigente estadual do MST Paraná, Ênio participou de diversas atividades e ocupações de terra na região de Rio Bonito do Iguaçu, segundo o MST. Líder dos assentados na região, Ênio comemorou seus 48 anos de vida junto a sua família, no dia 15 de outubro. “Tiraram a vida de um pai de um marido, deixando suas duas filhas, o filho e a esposa com uma dor inexplicável e inaceitável”, diz a nota da Direção Estadual do MST-PR.

NOTA DO MST

É com profunda tristeza que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Paraná comunica o falecimento do companheiro Ênio Pasqualin. O militante foi executado a tiros no município de Rio Bonito do Iguaçu, onde vivia com a família, no assentamento Ireno Alves do Santos. Ênio foi retirado de sua casa por sequestradores na noite deste sábado, e seu corpo foi encontrado na manhã deste domingo nas proximidades do assentamento, com claras evidências de execução.

O companheiro iniciou sua militância no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no ano de 1996, em Saudade do Iguaçu/PR. No mesmo ano, mudou-se para o acampamento Buraco, em Rio Bonito do Iguaçu/PR, fazendo parte de uma das maiores ocupações de terra do MST, em 17 de abril de 1996, quando três mil famílias Sem Terra ocuparam o latifúndio da Giacomet Marodin, atual madeireira Araupel.

De coordenador de base a dirigente estadual do MST Paraná, Ênio participou de diversas atividades e ocupações de terra na região de Rio Bonito do Iguaçu. Ênio Pasqualin sempre foi um camponês aguerrido na luta.

Em Rio Bonito do Iguaçu, Ênio e sua família criaram raízes, assentados no Assentamento Ireno Alves dos Santos no final de 1996. Ele continuou ajudando a construir a luta por Reforma Agrária, seja no âmbito da produção e na organização dos assentados quando foi Presidente da Central de Associações Comunitárias do Assentamento Ireno Alves dos Santos (Cacia), ou quando ajudou os filhos e filhas dos assentados e assentadas a se organizarem para continuar a luta pela terra na extensa área da Araupel.

No dia 15 de outubro, Ênio comemorou seus 48 anos de vida junto a sua família e hoje, 10 dias após seu aniversário, deixa sua família de forma inaceitável. Tiraram a vida de um pai de um marido, deixando suas duas filhas, o filho e a esposa com uma dor inexplicável e inaceitável.

À família e aos companheiros e companheiras enlutados os mais profundos sentimentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Cobramos o esclarecimento dos fatos, a investigação e prisão dos envolvidos.
Aos nossos mortos nenhum minuto de silêncio, mas uma vida toda de luta!

Rio Bonito do Iguaçu/PR, 25 de Outubro de 2020.
Direção Estadual do MST-PR

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Arte

GOG, o poeta: “Se tivesse teste psicotécnico, Bolsonaro não seria presidente!”

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Ao Vivo JL entrevista GOG

Os repórteres Katia Passos e Fernando Sato, dos Jornalistas Livres conversaram com o poeta GOG, Genival Oliveira Gonçalves, no último dia 5, sobre sua carreira, que completa trinta anos em 2020, política, RAP e seu novo lançamento. O artista nascido em Sobradinho, no Distrito Federal, é conhecido como poeta do RAP Nacional e tem um grande histórico de contribuição para a construção do estilo no país, tendo sido o primeiro a abrir o próprio selo.

Ao relembrar os trinta anos de carreira, GOG destacou o papel político de suas canções ao abordar o racismo e os partidos de esquerda:

“Nossa carência política é de lideranças. Cadê as pessoas, a sororidade? Você não percebe isso nem na esquerda nem na direita. Quem está fazendo, quem está nas quebradas, hoje é o movimento social, é o MST que está produzindo.”

GOG também não poupou de suas críticas o governo Bolsonaro:

“Se tivesse teste psicotécnico, o Bolsonaro não seria presidente. Qualquer gestor público tem que passar por provas de inteligência emocional.”

O poeta ressaltou que o presidente perdeu a oportunidade de unir o país neste momento. Para ele a crise política dos partidos esquerda pode ser resolvida quando ela se voltar para si mesma, esquecer o Bolsonaro e voltar e para as base.

GOG destacou a importância das mídias independentes e como essa contra-narrativa dialoga  com o próprio RAP, como forma de comunicação crítica de de produção de narrativas marginalizadas. Ao longo da entrevista, o rapper cantou alguns de seus sucessos, como ‘Assassinos Sociais’ e ‘Brasil com P’. GOG respondeu diversas perguntas dos internautas ao longo da entrevista, além das perguntas dos repórteres.  

Ao falar de RAP, o poeta mencionou as importância das rappers, e o papel feminino na cena:

“É muita gente, a começar pela Ellen Oléria. Eu gosto muito tanto da música quanto da postura da Preta Rara. Ela me traz uma cena que passa pela transversalidade da música e da mulher negra mais empoderada”.

Para ele, o RAP é anti-sistêmico por natureza, por emocionar ao falar das realidades em que é feito. Sobre seu novo trabalho, o 12º disco, com sete faixas, terá participação de Renan Inquérito e Fábio Brazza. O foco é ancestralidade e nesse ponto contará com a participação, também, de Milton Barbosa do MNU (Movimento Negro Unificado).

Sobre o COVID-19, GOG lembrou:

“Nessa pandemia do coronavírus, tem que ter atitude. Mas qual o papel do governo e porque o estado mínimo não serve? O Estado tinha que estar preparado para receber, também, o que é emergência e o que não foi esperado”.

GOG insistiu sobre a importância de permanecer em casa, mesmo entendendo a preocupação de quem tem que sair para trabalhar: “Sem saúde você não traz o alimento”.

Veja a entrevista:

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MST

Sem-terra resistem e PMs batem em retirada

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Na última terça-feira, 17, os acampamentos Zequinha e Pátria Livre, em São Joaquim de Bicas, na Grande Belo Horizonte, foram invadidos por viaturas da Polícia Militar que, sem nenhum mandado judicial, montaram um cerco intimidando as 5 mil pessoas que lá residem. A PM chegou até a armar uma tenda no acampamento. A invasão durou 42 horas, até as 6 horas desta quinta-feira, 19, quando a tropa de choque deixou o local duas horas após o horário estabelecido em acordo.

Porém, os policiais não saíram sem deixar a marca da violência na área, uma fazenda improdutiva do empresário mineiro Eike Batista. Na noite de quarta-feira, a PM destruiu uma bandeira do MST e avançou para dentro dos lotes atropelando os moradores e apoiadores, além de destruir jardins e plantações. Logo após um ato político inter-religioso celebrado pelo bispo Dom Vicente, os policiais desrespeitaram a liderança religiosa da Diocese de Belo Horizonte, atuando de forma desmoralizante e agressiva, afirmando que continuariam a invasão se fosse necessário.

Em uma ação de criminalização dos pobres e dos movimentos populares, a Polícia Militar reproduz na região metropolitana de Belo Horizonte a mesma violência aplicada às famílias Sem Terra de Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha, de Campo do Meio, no Sul de Minas, e do Vale do Rio Doce. A responsabilidade das vidas colocadas em risco nesses territórios é do governo de Romeu Zema (NOVO) e do general Mário Lúcio Alves de Araújo, secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, por serem coniventes com a violência da ação irregular irresponsável.

“O que nós vivemos aqui é uma reintegração de posse forçada, na tentativa de nos desestabilizar com tiros e com ameaças, da mesma forma que aconteceu e acontece no acampamento Quilombo Campo Grande, no Sul de Minas, e no acampamento Terra Prometida, no Jequitinhonha. Nós estamos aqui para denunciar o crime da Vale em Brumadinho e a exploração do território pela mineração que não traz riquezas para os municípios, e a única saída para o conflito é a garantia da terra”, disse Mirinha Muniz, da direção estadual do MST.

“A luta continua, seguimos ocupando as terras improdutivas de corruptos, terras da especulação imobiliária e da mineração predatória, combatendo o agronegócio e o capital que nos violenta, contra todas as formas de opressão. A justiça na terra se faz com reforma agrária e não com violência” acrescentou Mirinha.

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