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Entrevista

Crise Hídrica: “Preservar é mais vantajoso do que apostar em grandes obras” afirma pesquisadora da Califórnia

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Preservar cada gota d’água, consertando os vazamentos da rede de distribuição de água, é um investimento muito mais vantajoso do que as atuais apostas em grandes obras de transposição no estado de São Paulo.

Essa é a visão de , Newsha pesquisadora da Universidade Stanford, uma das mais prestigiosas dos Estados Unidos, que esteve no Brasil em dezembro de 2014 para discutir, junto ao governo paulista, a crise hídrica de São Paulo.

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Newsha também é diretora do programa Water in West, que trabalha com alternativas de modelos de gerenciamento hídrico a serem implantados no Oeste dos Estados Unidos, onde, só na Califórnia, já se completaram quatro anos consecutivos de seca. Ela enxerga as grandes obras como investimentos “em uma fonte alternativa que não se sabe se vai estar lá ou não daqui a 30 anos.”

Confira e entrevista que ela concedeu por Skype para o Conta D’água:

Conta D’água — Você esteve aqui em São Paulo no ano passado, em dezembro, e li que você ficou muito surpresa quando viu que havia um rio no meio da cidade, cheio de água. Mas como está situação do Califórnia?

Newsha Ajami — Nós temos uma grande seca, este é o quarto ano. E nós não temos esse tanto de água. Nossos reservatórios estão quase vazios, e não temos tanta água neles, que são praticamente nossa fonte de água. O verão acabou, então estamos esperando que talvez o El Niño traga alguma chuva, mas, se continuar assim e não tivermos mais neve e chuva este ano, com certeza estaremos em uma situação muito crítica no ano que vem em relação ao fornecimento de água.

Conta D’água — Outra coisa que chamou sua atenção aqui foram os vazamentos em nosso sistema hídrico. O quão prejudicial é isso? O reparo é simples?

Newsha Ajami — É necessário tecnologia para identificar onde estão os vazamentos para depois consertá-los. Não é super fácil, mas é um reparo valioso, porque cada gota d’água que entra em seu sistema hídrico você tem que limpar, gastando uma grande quantidade de energia e de recursos para limpá-la e inseri-la em seu sistema. Então, quando você perde aquela gota d’água, é uma perda financeira, de recursos que já foram gastos no sistema. É algo que deve ser feito. Precisa de um grande investimento de capital, mas é um investimento mais vantajoso do que construir grandes aquedutos para trazer água de grandes distâncias para São Paulo.

Conta D’água — Sim, porque perdemos quase 30% de nossa água com esses vazamentos.

Newsha Ajami — E isto é um grande problema.

Conta D’água — A respeito desses grandes projetos para trazer água de outros locais, quais são as consequências futuras que eles podem trazer?

Newsha Ajami — Isto pode ser olhado por diversos ângulos. Uma das consequências é o fato de que em 20, 30, 50 anos poderá não haver água o suficiente para se desviar para São Paulo. Então eles estão basicamente confiando em uma fonte alternativa que não se sabe se vai estar lá ou não daqui a 30 anos.

“A população está crescendo e as exigências dessa população são maiores em relação ao acesso à água. Está se investindo uma grande quantidade de capital em algo que pode não ser confiável daqui a alguns anos.”

Além disso, é preciso pensar no montante de dinheiro necessário para se construir algo assim e nas consequências ambientais, obviamente. É uma infraestrutura que precisa de manutenção, não é algo barato e pode causar grande destruição no plano ambiental e do ecossistema do rio do qual você está retirando a água.

Conta D’água — A Califórnia também vem realizando grandes obras a fim de combater a crise hídrica?

Newsha Ajami — Na Califórnia, nós basicamente trazemos água de nossas montanhas. A neve derrete e vai a reservatórios, de onde é redirecionada para diversas regiões. Há grandes canos e aquedutos que transferem a água da região mais ao norte do estado para a costa oeste e a região sul, além de áreas agrícolas na região central. Nós fazemos o mesmo, mas não só retiramos a água dos rios, existe um sistema complicado de captação que depende da neve nas montanhas.

Conta D’água — Como lidar com a crise em relação ao crescimento populacional?

Newsha Ajami — A Califórnia é o estado mais populoso dos EUA e está crescendo. É um grande desafio, mas temos nos virado muito bem nos últimos vinte anos, mantendo o uso de água estável. Retiramos o mesmo montante de água de trinta anos atrás, a partir de diversas fontes. Estamos atendendo a demanda do crescimento populacional com a mesma quantidade de água [de trinta anos atrás]. Pode-se dizer, em outras palavras, que a produtividade que imprimimos para nossa água vem aumentando. Com cada gota d’água, cumprimos a demanda exigida pelo aumento de pessoas, pela agricultura e pela indústria. Em paralelo, muitas discussões vêm acontecendo aqui sobre os usos da água pelo homem e para a geração de energia, e o quão conectados esses sistemas estão.

Conta D’água — Aqui, em São Paulo, o governo demorou muito tempo para admitir que houvesse uma crise hídrica acontecendo, insistindo em negá-la. E na Califórnia?

Newsha Ajami — Não, não foi a mesma coisa. Estão definitivamente reconhecendo que há uma seca acontecendo e que estamos em uma crise hídrica. Não há negação nesse aspecto. Aconteceu que a seca pôs um holofote nos problemas de gestão da água que existiam e promoveu muitas discussões entre diferentes setores e porções da sociedade para falar sobre o que queríamos fazer, como iríamos sobreviver, como iríamos gerenciar nosso sistema hídrico de forma que ele fosse mais eficiente e sustentável. É um tópico sobre o qual todos falam e o gerenciamento do uso da água na seca, além dos desafios que vêm com ele, estão no topo das prioridades do governo.

Conta D’água — Desde o começo da crise?

Newsha Ajami — Sim, com certeza. É claro que o número de anos em que convivemos com a seca se estendeu, e os desafios aumentaram. Sem chuvas, os reservatórios não se enchem, e sempre recorremos às mesmas fontes. Então, a cada ano a situação tem se tornado pior do que estava antes. Nos primeiros anos de qualquer seca, de forma geral, você deseja que melhore e apenas espera. No terceiro, quarto ano, você começa a perceber que o problema pode perdurar por um longo tempo e que soluções precisam ser encontradas.

“Agora há um chamado oficial para a redução do uso da água, há uma grande campanha para a conscientização da população, para que ela entenda o que está acontecendo e não desperdice, para assegurar que as pessoas estejam conscientizadas.”

Conta D’água — Quais são as soluções de curto prazo em relação à crise que estão sendo tomadas na Califórnia e que não estão sendo realizadas em SP?

Newsha Ajami — Estive em São Paulo por um curto período de tempo, então não posso dizer de fato o que estava e o que não estava ocorrendo. Eles mencionaram que estavam concedendo bônus a quem economizasse água, que é um modo de lidar com a escassez e encorajar as pessoas a economizar água. Quase um ano se passou, então não tenho muita noção do que está acontecendo, mas a realidade é que aqui começamos a multar pessoas que estão desperdiçando água, aguando os gramados, lavando os carros e as calçadas.

Temos tido muitas discussões sobre como cobrar pelo fornecimento de água; há muitas coisas acontecendo, além da grande campanha de conscientização, com cartazes e folhetos nas casas das pessoas. Alguns sistemas que se comunicam com os clientes começaram a ser implementados para informar a quantidade de água que eles estão usando, e a comparação com os seus vizinhos. Além de incentivos financeiros para que a população mude os equipamentos de suas casas e investimentos para diversificar as nossas fontes de recursos hídricos, com captação de água das chuvas, para limpá-la e reutilizá-la.

“Vocês em São Paulo têm o rio Tietê no meio da cidade e poderiam criar sistemas de reúso dessa água, garantindo que ela não fosse poluída. Um dos problemas que há com o Tietê é que as cidades da região da nascente [Alto Tietê] depositam seu esgoto diretamente nele. Há muito que pode ser feito, mas o principal é proteger e conservar as fontes de água existentes e captar a água das chuvas.”

Conta D’água — Aqui em São Paulo há casos de pessoas que ficam cerca de quatorze horas no dia sem acesso à água em suas casas. Isso acontece na Califórnia?

Newsha Ajami — Não fizemos isso ainda. Conversei sobre racionamento com as autoridades brasileiras e elas entendem que ele remete à interrupção do acesso à água, mas não é o que fazemos aqui.

“A razão é que interromper o fluxo do sistema hídrico e depois fazê-lo funcionar novamente pode contaminar as fontes de água. Definitivamente não fazemos isso aqui.”

Conta D’água — E os riscos de contaminação são reais?

Newsha Ajami — Eles são reais. É preciso pensar que os canos sempre têm algum tipo de rachadura que podem entrar em contato com contaminantes do solo que os envolve, os quais vão se inserir neles através do vácuo que é formado [quando se fecha o registro]. Quanto mais vazamentos existem em seu sistema hídrico, as chances de contaminação são maiores.

Conta D’água — E a reutilização da água da chuva?

Newsha Ajami — Quando eu estava em São Paulo choveu o dia todo e as ruas ficaram cheias de água. Essa é uma ótima fonte hídrica que pode ser captada, e a parte boa é que ela é muito limpa, então é uma boa solução para a região de vocês, que tem grandes índices pluviométricos. É triste assistir à água escorrendo para os rios e se misturando com a água poluída de lá, o que é um grande desperdício.

Conta D’água — Quais são os desafios para o futuro?

Newsha Ajami — Aqui na Califórnia constantemente falamos sobre não confiar em apenas uma fonte de água, ter um extenso portfólio de soluções, ter várias opções. Estamos definitivamente progredindo e diversificando nosso portfólio de fornecimento de água, incluindo mais de uma solução e contando que elas sejam confiáveis e sustentáveis. É muito importante para nós termos certeza de que estamos usando a água da maneira correta.


Acompanhe a cobertura da crise hídrica no Contadagua.org

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Cultura

Conheça ClarinhaMar, jovem poeta PcD que fala de enfrentamento e persistência

ClarinhaMar (Clarinha Marinho) apareceu pra mim num vídeo recebido pelo whatsapp.

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Conheça ClarinhaMar, jovem poeta PcD que fala de enfrentamento e persistência

ClarinhaMar falava de enfrentamento, de vida, de persistência, de ponto e vírgula. Postei o vídeo no meu face e a repercussão foi enorme. Resolvi pesquisar até encontrá-la. E a encontrei no Instagram @ClarinhaMar. Essa é a entrevista dela, mulher, poetiza, universitária e palestrante que fala de muita coisa. Podemos encontrá-la também no Facebook Clara Marinho.

Por Janete Chargista, especial para os Jornalistas Livres.

E aqui uma canja da poesia que ClarinhaMar recita:

“O Oceano do Mundo Concreto
Nada sei dizer sobre grandes egos

De grandes feitos meu corpo tem vão
Não me atrevo a contar do que sou cego
Nessa sombra feita clara ilusão
Nunca entendi, mas sempre me calaram

Minha sã poesia não diz de amor
Deste, todas as bocas já falaram
Crucifixo de corações, torpor
E do oceano que sobrevivi

Tão real que me dói imaginar
Mundo, fel de ódio num doce servir
Tua boca fala do vazio, teu ser

E meu oceano se deixa afogar
Na palavra que luta com o morrer.”

Veja abaixo a entrevista exclusiva com ClarinhaMar

Veja mais entrevista da Janete Chargista: Delegado Antifascista Fernando Alves

Veja mais: Carta Denúncia, por Helena Zelic



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Entrevista

Fim do isolamento no ABC é política, diz ex-prefeito de Santo André

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Nos últimos dias temos presenciado uma briga no ninho tucano da grande São Paulo, o motivo é o relaxamento da quarenta. Os prefeitos tucanos vem reclamando da falta de diálogo entre o governo estadual e as prefeituras do ABC. Parte dessa briga se dá pelo mau estar causado pelo pronunciamento do Prefeito da Capital, Bruno Covas, que pretende para os próximos dias implantar um relaxamento progressivo da quarentena e conta com apoio do Governador do Estado, João Dória também tucano.

Ao compararmos estatisticamente os números das cidades do ABC e a capital, números referentes ao COVID19, existe certa semelhança referente ao isolamento social. Enquanto na Capital Paulista o isolamento social mobilizou 53% da população, a região do ABC alcançou 50%. *

As semelhanças param quando passamos das estatísticas e pensamos em indivíduos, histórias de família e amigos. a região do abc é considerada atualmente um epicentros de proliferação do COVID19 na região sudeste, com números que pedem atenção, são 1073 infectados e 763 óbitos, algo próximo de 8% dos casos. Vale lembrar que somados a esse número, mais de 16 mil ainda aguardam os resultados dos testes.

A prefeitura de Santo André prometeu 100 mil testes desde o início de maio e até agora, o que podemos notar é apenas propaganda, muito menos que 10% da população foi de fato testada. A briga no ninho entre os prefeitos tucanos e o governador, tem deixado o PSDB em crise. Cabelo ou penas em pé. As eleições municipais previstas para ainda esse ano, parece configurar uma situação que divide caciques tucanos e seus agregados no ABC.

Conversamos com Carlos Grana, ex-prefeito de Santo André de 2013 a 2016, quando a região do ABC despontava como o famoso cinturão vermelho. Berço do novo sindicalismo, Santo André compõe parte do ABC paulista, conhecido desde o final dos anos 70 e início dos 80 como berço de um sindicalismo pujante e embrião do conhecido modo petista de governar, nos últimos 3 anos tem experimentado gestões tucanos. Falamos um pouco sobre como as prefeituras petistas deixaram os aparelhos públicos municipais de saúde, falamos ainda sobre Lockdown e conjuntura.

Jornalistas Livres: Como você vê esse conflito entre os prefeitos tucanos do ABC e Bruno Covas (prefeito da Capital) e qual o papel do governador nesse caso? Vale lembrar que Dória, disse que os prefeitos do ABC que pretendem flexibilizar a quarentena e reabrir comércio, não tem juízo.

CGrana: Nos aproximamos dos quase 90 dias de quarentena de quarentena no Estado de SP, não é mais quarentena, não é mesmo? O que está acontecendo hoje, é uma briga política, no campo da disputa partidária no centro do PSDB, veja que eles não conseguem falar a mesma língua, tanto governadores quando prefeitos do ABC paulista. O erro central ao meu ver, é quando tentam qualificar o plano de retomada SP, colocando alguns setores de serviços e manter a região metropolitana ainda em isolamento. Fato concreto é que nossa região está muito integrada a capital e outros pontos da região metropolitana que delimitam a capital paulista. Então colocar a região central em condição de maior flexibilidade e excluir dessa ótica a região metropolitana que está integrada a capital. Isso dificulta uma série de políticas de prevenção.

JL: Por exemplo, quais?

CGrana: Como é que se explica por exemplo, que aumentará a circulação de pessoas nos transportes coletivas que milhares de trabalhadores tomam diariamente rumo aos seus empregos? Formando assim um considerável deslocamento de força de trabalho para áreas díspares em políticas de isolamento social? Quero dizer de forma simples: com isso o abc seria duplamente prejudicado. A primeira e mais importante é com a saúde, pois revela falta de planejamento e logística na contenção do vírus e seu tratamento, já a segunda é a que revela a má coordenação e condução de programas de contenção dessa pandemia na região. O erro original é não levar em conta que a curva de contágio ainda está no ascendente, subindo todos os dias. Um erro brutal que custará vidas, cada vez mais próximas de nós. Os primeiros vitimados serão os trabalhadores e trabalhadoras. O comportamento dos tucanos no ABC em disparidade com a agenda do governador João Dória e do Prefeito da Capital. Aliás, as três posições mostram uma total falta de respeito com a vida e dignidade da pessoa humana. O compromisso deles é apenas eleitoral e não humanitário

JL: Você acredita que é momento de relaxar a quarentena? Quais métodos precisam ser aplicados para preservar a saúde da população?

CGrana: O grande problema que identifico é a ausência da testagem em massa, de 20% ou mais da população. Isso nos causa uma incerteza muito grande, pela própria experiência de alguns países e regiões do mundo. Lugares onde as regras do isolamento social foram afrouxadas, mas tiveram que voltar atrás. Pois se trata de um vírus cuja vacina ainda não existe e o risco de novas ondas de contágio é algo que devemos sim nos preocupar, mais do que números para engrossar estatísticas, cada vida é história de alguém que amamos e faz parte de nossas vidas, não podemos nos entregar ao discurso frio e irresponsável em nome do mercado, sem vidas não existe produção, consumo e portanto economia. Essa conta é lógico precisa ter adiciona aos seus trágicos resultados, a contribuição do governo federal.

JL: Bolsonaro tem culpa quanto a esse prolongamento do isolamento social e derrocada da economia?

CGrana: Olha, pensemos apenas em meados de março, isso para usarmos datas e marcação temporal de quando alguns prefeitos, governos e chefes de estado no mundo todo começaram a pensar o isolamento social com base em estudos da OMS (Organização Mundial de Saúde). Isso criou muita preocupação por parte da população, preocupação pela falta de preparo do atual governo e a indústria de boatos que abastecia a narrativa anti-isolamento. Igor, já parou para pensar que se tivéssemos empregado um lockdown no início, já estávamos saindo e retomando a economia. Percebe o quanto esse discurso é falho ao colocar a economia na frente das vidas, ignorando matrizes importantes como o fortalecimento do que chamo de musculatura pública, sim estou falando como eles tem usado repetidas vezes esse discurso falso de defesa da economia para no final legitimar uma narrativa de morte aos pobres. Chega assustar como isso não fica visível, é cristalino e translúcido no discurso, eles querem causar uma tragedia ainda maior.

JL: Você foi prefeito de Santo André (2013-2016), poderia falar um pouco como tem visto a gestão de crise aplicada no município durante a pandemia? Pode falar sobre os testes que não chegaram e a importância deles?

CGrana: Fui prefeito de Santo André de 2013 a 2016, e um dos investimentos prioritários da minha gestão foi na saúde, pela constituição federal parte do investimento público municipal (orçamento do município) deve ser investido, para ser preciso 15%, em Santo André, enquanto fui prefeito, investimos 30% nessa área tão necessária. Por exemplo, estendemos o número de unidades e otimizados o serviço de SAMU, isso em parceria com o governo federal de então, precisamos lembrar. SAMU que é uma política pública aplicada pelo PT. Estendemos o atendimento das UPAS, criamos uma logística que capacitou e abasteceu as UBS distribuídas no município. O problema central tem sido a gestão atual, que insiste em fazer política, a exemplo do PSDB no governo estadual, ambos alheios e ignorando a importância de cada vida, economia é sobre pessoas e não mercado, quem não entendeu isso é tudo menos gestor público.

Por Igor Santos – Jornalista, historiador, cearense e morador do ABC Paulista.

*(Informações extraídas do Instituto ABC Dados)

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Entrevista

Wadih Damous: “A tarefa imediata é colocar Bolsonaro para fora do Palácio do Planalto”

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Wadih Damous, ex-presidente da OAB/RJ e Alvaro Quintão da OAB/RJ. Card Jornalistas Livres
Por Bruno Falci e Nilce Costa para o Jornalistas Livres
Wadih Damous e Álvaro Quintão, conferenciam sobre a complexa e grave situação política, social e sanitária do Brasil , quando o Brasil assinala o segundo país mais infetado da covid19 no mundo. Dentro deste contexto, a ação da Polícia Federal, que  deflagrou na última terça-feira a Operação Placebo.

Também é comentado a situação das minorias, o desprezo neste momento para estas camadas.  Uma forte avaliação e formas de um novo governo través do PT, no intuito de retirar a extrema direita do poder,

Wadih Damous, ex-deputado federal, advogado trabalhista, que foi presidente da OAB – Ordem os Advogados do Brasil, no Rio de Janeiro, por dois mandatos. Damous é militante do Partido dos Trabalhadores desde a sua fundação, quando ainda fazia o curso de direito na  UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

Na presidência da OAB no Rio, uma das bandeiras de Damous foi o lançamento da Campanha pela Memória e pela Verdade, em prol da abertura dos arquivos da ditadura militar. Nesta trajetória, traçou um paralelo do combate à tortura durante o governo militar com o questionamento do instituto da delação premiada, consagrado pela Lava Jato, que virou uma dos fundamentos de sua atuação parlamentar. Teve procuração para atuar como advogado de defesa do ex-presidente Lula quando este se encontrava detido na carceragem de Curitiba.

ex-deputado federal,  advogado trabalhista, que foi presidente da OAB – Ordem os Advogados do Brasil, no Rio de Janeiro, por dois mandatos. Damous é militante do Partido dos Trabalhadores desde a sua fundação, quando ainda fazia o curso de direito na  UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

Na presidência da OAB no Rio, uma das bandeiras de Damous foi o lançamento da Campanha pela Memória e pela Verdade, em prol da abertura dos arquivos da ditadura militar. Nesta trajetória, traçou um paralelo do combate à tortura durante o governo militar com o questionamento do instituto da delação premiada, consagrado pela Lava Jato, que virou uma dos fundamentos de sua atuação parlamentar. Teve procuração para atuar como advogado de defesa do ex-presidente Lula quando este se encontrava detido na carceragem de Curitiba.

Quanto a operação Placebo, Wadih Damous não confere qualquer credibilidade quanto ao governador Wilson Witzel, mas defende que a operação poderia ter sido elaborada de melhor forma.

“Eu não sabia o que se passava, quando ouvia de casa, helicópteros a sobrevoar o local, ao verificar e deparei com a polícia federal fazia operação no palácio Guanabara, e nas propriedades particulares do governador Wilson Witzel do Rio de Janeiro e sua mulher.  Esta operação poderia ter sido feita com descrição, apesar da profunda ojeriza que sinto pelo governante e seu governo, mas eu prezo muito a ordem jurídica. É coisa grave, ela estaria repetindo Adriano Anselmo com Sérgio Cabral, usando o escritório de advocacia para celebrar contratos com fornecedores do Estado.”

Quanto ao governo Bolsonaro e as decisões a serem tomadas, e a enfrentamento a pandemia, Wadih menciona que nada é feito e a política da pandemia irá prosseguir.

“Bolsonaro é um aliado da pandemia, é negacionista, confirma que é uma gripezinha. É contra o isolamento social e participa em atos públicos com aglomeração de pessoa. Bolsonaro diz que ainda irá acontecer com muito mais gente”

E acrescenta:

Como os governadores estão na linha de frente no enfrentamento a pandemia e muitas vezes tem que contornar os obstáculos legais e administrativos na compra de equipamentos, para salvar vidas, estes vão ser perseguidos, investigados e sofrer tentativa de desmoralizados por parte de Bolsonaro e a PF.

Quem votou em Bolsonaro sabia em quem votava. Crivela é o homem do Bolsonaro na cidade do Rio de Janeiro, já pensa em flexibilizar a quarentena e ele tem que ser contido nisso. O Brasil está num índice macabro. O Brasil hoje é um país amaldiçoado, não vamos poder entrar em outros países, seremos apontados como agentes da pandemia”.

No que diz respeito a mudança urgente do governo atual:

“Não há como nós aceitarmos Bolsonaro à frente do governo até 2022, o Brasil acaba junto. O Brasil não aguenta assistir passivamente esta estratégia de Bolsonaro, que é simplesmente exterminar pobre e sanear a Previdência Social com extermínio de pobre.

Saídas como o impeachment, é custosa, Rodrigo Maia não tem prazo para aprovar isso, ele tem o poder de arquivar. O impeachment é um teatro político, embora tenha regras jurídicas, o que prevalece é a política. Teríamos que caçar a chapa Bolsonaro/Mourão”.

Garante que a esquerda, tem que reconstruir sua identidade.

A polarização na política brasileira, está se dando pela direita e extrema direita, a esquerda está fora, eu defendo que a esquerda tem que reconstruir sua identidade, construir uma agenda anticapitalista. Neste momento somos o epicentro da pandemia e do desemprego. Frente Ampla é algo mais “amplo”, acho que devemos de reunir esforços e que ela aconteça. Eu defendo uma Frente Ampla em defesa do Estado de direito, mas eleitoralmente, eu defendo uma frente de esquerda para enfrentar o fascismo nas próximas eleições. A tarefa imediata é colocar Bolsonaro para fora do Palácio do Planalto”.

O que pensa o PT com a saída do Freixo:

“A posição oficial do PT no Rio de Janeiro é manter a frente esquerda que eu acho que não acontecerá, que se dava ao nome do Marcelo Freixo, era  o candidato mais viável. O argumento correto não dava pra manter a candidatura por causa da fragmentação da esquerda , não conseguiu unir o PT com outros partidos, assim abandonando a candidatura. Nós não vamos apoiar candidato do PSOL e ponto. Em termos de representatividade na sociedade, me parece que a candidata Benedita preenche bem. Nós vamos continuar a defendendo a frente esquerda, os partidos tem que se sentar e ter maturidade e emergir um nome”.

Álvaro Quintão, começou a militância política por volta dos 16 anos e sendo eleito para a diretoria do sindicato dos metalúrgicos do Rio de Janeiro com apenas 20 anos.

Foi filiado ao PT, onde atuou ativamente na década de 80 contribuindo com a construção do PT e participou ativamente das campanhas que levaram Lula à presidência do Brasil.

Posteriormente, fez faculdade de Direito, e passou a militar na advocacia, sendo eleito presidente do Sindicato dos Advogados do Rio de Janeiro e Conselheiro da Ordem dos Advogados no Rio de Janeiro.

Atualmente, além da Presidência do Sindicato dos Advogados, exerce o Cargo de Secretário-Geral e Presidente da Comissão dos Direitos Humanos na OAB/RJ.

Como advogado atua na área Trabalhista, assessora diversos sindicatos, entre estes, o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação, visto neste momento de pandemia ser um dos mais afetado.

Na qualidade de advogado vem participando de várias Negociações Coletivas com base nas normas que estão sendo criadas neste período de pandemia.

Álvaro Quintão, refere que desde a Lava Jato, o Brasil perdeu toda sua legitimidade, tratando-se de um processo mais político do que jurídico, que acabou por dar a oportunidade do atual governo.

“A situação que nos encontramos hoje, já não é nova, voltando a 2014/2015, quando a famigerada operação Lava Jato esqueceu de investigar e de julgar de acordo com a constituição e com as leis. Preferiu fazer daquele processo, um processo político, nós já avisávamos que correríamos riscos muito grande, estava abrindo naquele momento a caixa de pandora”.

E ainda conclui que:

“Eduardo Cunha que presidia a Câmara Federal, fazendo toda barbaridade para levar o Brasil onde chegou, encontrava esse ego naquela operação, naqueles julgamentos mais político do que jurídico que aconteciam em Curitiba, e isso vem acontecendo. Isto acabou contribuindo para eleição deste presidente, que me recuso a dizer o nome”.

Como Presidente da Direção dos Direitos Humanos na OAB/RJ, afirma que as minorias são as mais prejudicadas; pobres, negros, mulheres e índios. Instituições preferem não se manifestar. O tempo é de ditadura e o Brasil se tornou o país do espetáculo, garante.

“Todas chamadas minorias, o que estavam mais fragilizados sentiu na pele esse aumento da violência e da discriminação. O que a gente não vê, são certas instituições que preferem não se manifestar. São trinta e cinco pedidos de impeachment do atual presidente e nenhum destes pedidos, foram sequer analisados. O Brasil tem vivido nos últimos anos um país de espetáculo”.

E ressalta: Vivemos mais tempos de ditadura do que de democracia.

“O governo está mais preocupado é em colocar os pobres e negros nas ruas como os moradores de periferias, enquanto a elite econômica, continuam fazendo sua quarentena voluntária em casa. A política econômica na europa, os governos abrem mão do orçamento, o Brasil não tem intenção de investir”.

Quando se refere a Marcelo Freixo:

“Existe sim resistência de alguns partidos, um dos candidatos da esquerda que já tinha inclusive, o seu apoio pelo PT resolveu retirar sua candidatura, que foi o Marcelo Freixo, porque tem encontrado em outros partidos resistência nesta frente de esquerda que todos nós sonhamos. Tem que se tirar o chapéu ao PSOL, PT e PCdoB, que tem demonstrado a disposição para se buscar uma unidade de fato dos partidos de esquerda. A esquerda tem sim que buscar um candidato viável para as eleições presidenciais. Trabalhar pela união da esquerda, para construir uma base”.

VEJA ABAIXO A ENTREVISTA COMPLETA

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