Integrantes do Tarifa Zero, Passe Livre e Partido Pirata prometem não deixar o local até que vereadores convoquem audiência pública para discutir aumento das passagens de ônibus na capital mineira
– somos pobres. Avisa ao presidente da Câmara que a gente trabalha. Diz um integrante do Partido Pirata. Juntamente com os movimentos Passe Livre e Tarifa Zero, além de outros ativistas independentes, eles ocupam a Câmara Municipal desde o início da tarde dessa terça-feira.
Eles chegaram à Casa do Povo quando acontecia audiência que discutia assuntos como orientação sexual e estudo da diversidade no Plano de Educação e resolveram “colar” junto a movimentos como o LGBT. Ouviram tantas “pérolas” dos legisladores que promoveram um “beijaço” noplenário. Vereadores falavam coisas do tipo “Se a família tradicional mineira se corromper, a libertinagem virá à tona”.
Pessoas que se dizem defensoras da boa família ficaram horrorizadas, e algumas desabafaram na internet depois: “algum vereador tinha de ter feito algo contra esses comunistas, maconheiros desmanzelados, por esse ato libidinoso”.
Alguns ocupantes contaram, ente risadas e frases indignadas, como tinha sido a audiência.
Foto: Nicole Marinho
Segundo os movimentos, a ocupação será mantida até que a Câmara e a
prefeitura respondam a cinco pautas:
1) convocação, pela Câmara Municipal, de Audiência Pública sobre o aumento ilegal das passagens de ônibus, autorizado pela Prefeitura de Belo Horizonte em agosto de 2015; 2) cancelamento da portaria que autorizou o aumento das passagens; 3) execução de uma auditoria técnica, fiscal e contábil completa; 4) abertura de uma CPI sobre o atual e anteriores processos do executivo municipal que resultaram nos aumentos das passagens de ônibus e 5) posicionamento da Câmara Municipal e aprovação de uma moção requerendo do Estado de Minas Gerais o cancelamento da concessão da empresa de transporte público metropolitano.
Foto: Gustavo Ferreira
Essa última reivindicação vem acompanhada de muita crítica e indignação, pois, há cerca de 15 dias, um jovem foi morto por um funcionário da empresa em uma estação de Santa Luzia. A vítima teria pulado a catraca, e por isso levou um tiro no pescoço. Ele morreu dias depois. O autor do disparo está foragido.
“O cara foi morto por causa de 3,40”, diz indignado a uma jornalista um dos integrantes da ocupação, Danilo Kobold.
Foto: Nicole Marinho
A ocupação da Câmara é feita de forma revezada, do contrário não aconteceria, o que explica a fala da primeira frase desse texto, sobre a vida daqueles ativistas, que como todos, têm de trabalhar ou estudar.
Por isso, a cooperação está presente a todo momento. – alguém me empresta três reais? E logo o dinheiro surge entre os poucos ocupantes no fim daquela manhã de quarta-feira. Quem chega, pensa que o movimento está fraco, pelo pouco número de pessoas. Mas na verdade, ele está organizado. Umas 20 pessoas passaram a noite na Casa do Povo. Outras 30 acompanharam o início do movimento. Hoje pela manhã havia uns seis ocupantes. Outros tinham ido trabalhar, estudar ou descansar pra voltar mais tarde.
O aumento da tarifa de ônibus na capital mineira, para R$3,40, já foi declarado ilegal pelo Ministério Público Estadual e pela Defensoria Pública de Minas Gerais. Diante disso, os movimentos chegaram na Câmara Municipal, munidos de um abaixo-assinado, pedindo uma audiência pública que buscasse esclarecer, junto ao poder executivo, as ilegalidades do aumento. A Câmara, no entanto, não convocou tal audiência, e por isso, os movimentos decidiram ocupar o local.
A questão do aumento é considerada um roubo pelos movimentos. Ela afeta milhões de usuários do transporte público, e as pessoas que estão ocupando a Casa Legislativa lutam por um direito coletivo, e não só delas, o que prova a legitimidade da ocupação.
Foto: Gustavo Ferreira
O presidente da Câmara , Welington Magalhães, foi até o local durante a madrugada desta quarta-feira e se comprometeu a requerer uma reunião entre as Comissões de Direito do consumidor e de Transportes. Prometeu ainda que os ocupantes não sofreriam nenhum tipo de agressão por parte dos seguranças da Casa enquanto estiverem ali. A primeira noite na Câmara foi tranquila, apesar de uns ocupantes dizerem que seguranças ficaram cantando e gritando, atrapalhando o sono.
No início da tarde desta quarta-feira, foram chegando mais pessoas. Algumas trouxeram almoço, frutas e outros alimentos. Uma batalha de MC’s e um sarau estão na programação de hoje à noite, além de uma assembleia que discutirá os rumos da ocupação. Mas os integrantes dos movimentos ja avisam que não vão desocupar a Câmara até que as reivindicações sejam atendidas.
Marcha do que ? DAS VADIAS! Mas isso é xingamento! Sim… assim como puta, piranha, biscate ou “novinha”. Se as mulheres são seres marcados e oprimidos pela sociedade machista e patriarcal, que elas possam se remarcar e ser o que quiserem ser: bela, recatada, do lar (aff)! Mas também puta, da rua, da luta.
E não é não!
E marcharemos. Marcharemos até que todas sejamos livres.
A Marcha das Vadias surgiu em 2011, depois que o policial – segurança de uma universidade em Toronto, no Canadá, disse “para as vadias se comportarem para não ser atacadas”. Ele se referia à onda de estupros que estava ocorrendo lá. As vadias eram as mulheres vítimas dos ataques. O caso indignou as mulheres, que criaram a Marcha das Vadias para denunciar a Cultura do Estupro. Ela existe, não adianta negar. Assim como o machismo, e precisa ser extinta. A pauta é das mais urgentes.
A cada minuto uma mulher é violentada no Brasil. Os dados são do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) e são assustadores. No mês seguinte ao caso de Toronto, as mulheres no Brasil passaram a marchar também. Em vários países elas marcham contra a Cultura do Estupro.
O ato começou espremido na Praça da Estação, pois o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, alugou a praça pública e assim “ela é privada hoje e não pública”, como disse o funcionário que ajudava na desmontagem da estrutura que havia no local. Na saída da Marcha das Vadias, o batuque do Bloco Bruta Flor e Tambores de Luta foi abafado por um som ligado bem na hora na tal estrutura. Estávamos ali há mais de uma hora e nada de som até ali. Coincidência não?
Mas marchamos.
Marchamos por respeito a vida de todas as mulheres.
Marchamos pelo fim da Cultura do estupro. Pela legalização do aborto. Pela igualdade. Pela maternidade como escolha, e não imposição. Pela vida de todas as mulheres. Marchamos contra o golpe em curso e em repúdio a políticos corruptos, machistas e homofóbicos:”Ei Temer, não sou da sua laia. Fora Cunha, Bolsonaro e Malafaia”.
E marchamos. Denunciamos. Brigamos. Piadas machistas não podem mais ser toleradas. É preciso revidar. Um homem não pode afirmar que uma mulher gosta de “piroca”. Isso é invasão, é desrespeito, é a cultura do estupro no seu sentido mais “desenhado”. E não, você não diz o que a novinha quer, só ela sabe e o querer é dela.
Tinha mulher vestida de todo jeito, e inclusive com pouca roupa. E não era um convite. “Tô de minissaia. Não te devo nada!”. A marcha terminou na Rua Guaicurus, no centro de Belo Horizonte. Local conhecido por abrigar muitas casas de prostituição, havia muitos homens ali, e foi ali que rolou olhares furtivos e piadas machistas. A marcha das vadias também é pelas putas. É por todas as Mulheres.
O domingo (26) na cidade de Campinas teve suas ruas tomada de cores, pessoas, alegria, música e protesto. A 16ª edição da Parada do Orgulho LGBT de Campinas, neste ano, tem como tema “Diga sim à educação e não à transfobia. Intolerância: o vírus mais assassino. Contra qualquer forma de opressão” . O tema, segundo Douglas Holanda, um dos organizadores é um alerta a todo e qualquer tipo de intolerância”.
A luta contra a incompreensão do segmento LGBT sofre no seu dia-a-dia se estendeu aos órgãos públicos. A Polícia Militar e o Ministério Público aconselharam a Prefeitura a não apoiar a Parada por falta de segurança. A Prefeitura também já havia sinalizado a insuficiência de recursos para colaborar com a Parada, assim como vem fazendo há alguns anos. O impasse aconteceu na semana passada, faltando poucos dias para o evento.
Segundo Lúcia Costa, integrante do Aos Brados e da Comissão da Parada LGBT de Campinas: “A Prefeitura nos desrespeitou ao acatar o Ministério Público, não lutou por nós, não pensou em nós. Ela se negou a dar banheiros químicos, segurança para as pessoas se recusando a pagar horas extras para a Guarda Municipal e Saúde. É um retrocesso e desrespeito ao movimento. É um movimento pacífico que leva grande número de pessoas, não há uma agressão. É menos violento que qualquer dérbi. O ato mais agressivo é um travesti retocando seu batom”.
Mesmo com a falta do apoio público, a Organização da Parada se articulou e conseguiu ajuda para que acontecesse a 16ª edição da Parada do Orgulho LGBT de Campinas. Mais de 20 mil pessoas acompanharam os dois trios elétricos, durante o trajeto pelas ruas centrais da cidade com muita animação.
Várias pessoas residentes, na área central, acompanharam a Parada das janelas dos apartamentos, algumas acenavam para os Trios Elétricos, na Avenida Francisco Glicério houve chuva de papel picado vinda dos prédios.
Encerrando o trajeto, a multidão que acompanhava lotou as praças do Largo do Rosário e Guilherme de Almeida (Praça do Fórum).
Este ano a concentração da 16ª edição da Parada foi ao lado do Fórum, na Avenida Dr. Campos Sales. De lá, a multidão subiu a Avenida Francisco Glicério até Dr. Moraes Sales, seguiu até o cruzamento com a Rua Irmã Serafina, continuando pela Avenida Anchieta até a Avenida Benjamin Constant. Ao retornarem à Avenida Francisco Glicério, o grupo seguiu até o Largo do Rosário.
A manifestação transcorreu pacífica até por volta das 20h, quando, segundo relatos a Polícia Militar quis dispersar as pessoas que ainda estavam pelo centro da cidade. A concentração era na Praça Bento Quirino, um local habitualmente frequentado pela comunidade LGBTQ+. Ainda segundo os relatos, a PM usou gás de pimenta, bombas de efeito moral e balas de borrachas para dispersar as pessoas. Algumas pessoas ficaram feridas e foram socorridas por populares durante a ação truculenta da Polícia.
Campinas amanhece com faixas de denúncia contra governo de Jonas Donizette espalhadas pela cidade.
Nesta quinta-feira (30/06), mesmo dia em que a prefeitura inaugura a conclusão das obras da avenida Francisco Glicério, agentes culturais espalharam pela cidade faixas com uma série de críticas à gestão de Jonas Donizette (PSB).
Faixas laranjas foram fixadas em pontilhões e passarelas localizados em pontos de intensa circulação e fluxo de pessoas. A má gestão dos recursos, o atraso de pagamentos, a terceirização de serviços públicos que prejudica o atendimento à população, o descaso em relação à criação do conselho municipal de cultura, cuja lei não foi encaminhada à câmara e está parada há dois anos, e a recente repressão ao movimento LGBT ocorrida no final de semana, foram temas criticados pelas faixas.
Assim como no dia 8 de junho, em que faixas semelhantes foram estendidas das janelas do 15º andar da prefeitura, onde se localiza a Secretaria de Cultura, as faixas espalhadas pelos viadutos e passarelas na manhã de hoje trouxeram como assinatura apenas o termo “#cultura”, e até o momento a autoria não foi assumida por nenhum movimento específico da cidade.