A ex-caixa do supermercado “Dia %” Cleide Cruz, que, há dez anos, recebeu uma visita do deputado Federal Celso Russomanno (então do PP-SP) em seu ambiente de trabalho, veio a ser notícia nos últimos dias. Circula na internet um vídeo dessa visita do atual candidato do PRB à Prefeitura de São Paulo, em que ele aparece ameaçando “conduzir a caixa para a delegacia” (veja vídeo acima). Russomanno, então, publicou uma nota na imprensa afirmando que jamais ofendeu Cleide ou nenhum outro funcionário, e o vídeo que está circulando na rede é uma edição maldosa para fazer parecer que ele ofendera os funcionários. Diz a nota:
“Não ofendi nem insultei a atendente. Apenas defendi o direito do consumidor de adquirir os produtos na quantidade adequada às necessidades da consumidora. Como o vídeo em questão é uma montagem, não mostra que no final as funcionárias me agradecem e defendem a ação.”
Nesta terça-feira, porém, a reportagem dos Jornalistas Livres conversou com Cleide Cruz, que contou uma história diferente: “Ele me humilhou, à mim e à subgerente. Por causa deste episódio, fui rebaixada de salário e transferida para uma unidade bem mais distante da minha casa”.
Além de conceder a entrevista, Cleide enviou à reportagem um vídeo de 26 minutos contando tudo que acontecera, segundo a sua versão. A íntegra pode ser vista neste link: https://www.youtube.com/watch?v=JQ102cry1_A&feature=youtu.be. Já no vídeo publicado acima, há uma versão resumida do vídeo gravado por Cleide.
Aos Jornalistas Livres, Cleide contou que Russomanno perguntou se ela já havia utilizado algemas, e se achava que estava acima da lei. “Mas o pior não foi a humilhação na hora. O pior veio depois”, disse.
Cleide conta a que levou duas advertências e uma suspensão de três dias, depois foi transferida da loja onde trabalhava, na Vila Formosa (região sudoeste da cidade), para Ferraz de Vasconcellos (cidade da Grande SP, ao leste do município). “Completamente fora de mão para mim, foi um castigo. Houve mudança de carga horária e com isso eu tive uma redução salarial. É que o supervisor disse que eu conduzi mal o processo, que não soube lidar com a situação e acabei expondo o supermercado”.
Chateada com a situação, ela decidiu entrar em contato com a produção do programa de TV que Russomanno tinha ido gravar ali. É que ao final da gravação de seu quadro, antes de sair do local, o então deputado distribuiu cartões para as atendentes, agradeceu a atenção, gravou uma cena conciliadora. “Então, eu liguei, para ver se ele podia ajudar, mas ele nem quis falar comigo. A produção disse que ele não poderia fazer nada, que ali no supermercado ele só estava fazendo seu trabalho”. Alguns meses depois, Cleide perdeu o emprego.
Caixa de supermercado diz que foi humilhada e deixou emprego após visita de Russomanno
“Benefício ao consumidor”
O caso todo que Russomanno foi gravar no supermercado “Dia %” era a respeito de uma consumidora que queria apenas uma unidade de um iogurte para crianças, que não era vendido em menos do que quatro unidades.
O então apresentador de TV foi ao supermercado e gravou uma cena retirando caixas de fósforos de pacotes, rolos de papel toalha e higiênico de dentro de embalagens de quatro unidades e tentando comprar separadamente.
Assim, na nota que o candidato publicou na imprensa nesta terça, ele afirma:
“O caso foi solucionado e beneficiou milhares de consumidores de baixa renda que muitas vezes precisam comprar produtos avulsos e mais baratos.”
A afirmação de Russomanno, porém, não encontra respaldo algum na realidade. Naquele dia, após ter chamado a polícia e de posse de câmera de TV e microfone, ele conseguiu mesmo que a sua consumidora levasse apenas uma unidade de iogurte, sob escolta policial.
Apenas é notório que nada se alterou na realidade dos supermercados brasileiros ou da cadeia do varejo graças à performance do candidato. Na vida de Cleide, sim.
O prefeito de Embu das Artes, Ney Santos (PRB) é um dos alvos da Polícia Federal (PF) que investiga desvio de dinheiro público em licitações de merenda em 19 prefeituras do estado de São Paulo. Os agentes da PF foram hoje (9) pela manhã até a casa de Ney, em Alphaville, cumprir mandados de busca e apreensão.
Os recursos para a merenda escolar vêm Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, através do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).
Em 2017, uma fiscalização do Tribunal de Contas do Estado encontrou uma situação deplorável no refeitório da Escola Municipal professora Valdelice Aparecida Medeiro Prass, em Embu, e até pombos foram encontrados no local.
Ney Santos conta com o apoio de Geraldo Alckmin cuja gestão no estado também é acusada por passar a mão na merenda dos estudantes
A ficha corrida do prefeito que administra graças a um habeas corpus concedida pelo STF é extensa. Ney foi acusado ligação com o tráfico de drogas e de usar uma rede de postos de combustíveis para lavar o dinheiro. O prefeito nega todas as acusações e faz postagens nas redes sociais enaltecendo a qualidade da merenda no município que hoje é terceirizada. Nos comentários dos munícipes, muitas reclamações dos paós sobre comida racionalizada e enlatada.
Em 2004, durante a gestão petista do atual deputado estadual Geraldo Cruz (PT), a cidade chegou a ser premiada pelo Ministério da Educação por um projeto que garantia 80% de merenda natural que valorizava a agricultura familiar da região.
Inimigo da imprensa livre
Além de inimiga da merenda das crianças, a gestão de Ney Santos também é inimiga da imprensa livre. Desde que seu grupo assumiu o governo de Embu, dois casos de agressão de jornalistas que fazem críticas ao seu governo foram registrados, um deles é o colaborador dos Jornalistas Livres, Gabriel Binho, que também é repórter do site Verbo Online, conhecido por dar visibilidade para as notícias locais.
João Doria não esconde de ninguém que irá deixar no ano que vem o posto de garoto-propaganda da Prefeitura (já que o cargo de prefeito jamais assumiu) para disputar a presidência da república. É uma ambição à qual devemos expressar o nosso mais sincero respeito. Afinal, é preciso admitir, João Doria atende com distinção os requisitos para a posição: seu currículo é de causar inveja aos mais gabaritados sanguessugas do Planalto. Trata-se de um natural sucessor ao presidente Michel Temer, sem nada a dever em matéria de sobreposição do público com o privado, associação com os piores estratos da elite empresarial e arsenal infalível de manobras para abafar as ilegalidades.
Para que não haja dúvidas sobre esta avaliação, confira esta impressionante “ficha corrida” que Doria já acumulou em poucos meses de atenção da Justiça e da imprensa, e que já faz dele um dos mais genuínos representantes da “velha política” da qual finge se diferenciar.
Em 1988, quando deixou a presidência da Embratur em cargo nomeado por José Sarney, foi acusado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) de vários desvios de verbas e intimado a devolver os valores aos cofres públicos. (https://goo.gl/r4MkKG , https://goo.gl/bbGP1w)
Comprou uma “empresa de prateleira” do escritório Mossack Fonseca, no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas, para adquirir um apartamento em Miami, em revelação dos Panama Papers. (https://goo.gl/dSeSTr)
Para se tornar o candidato à prefeitura pelo PSDB comprou votos e ofereceu benefícios a filiados nas prévias, de acordo com líderes do partido. (https://goo.gl/NAXvEs)
Com Geraldo Alckmin, cometeu abuso de poder e usou da máquina pública do Estado para obter vantagens ilegais nas eleições, conforme acusação do Ministério Público. (https://goo.gl/tBGB4O)
Recebeu cheque de R$ 20 mil de empresa investigada pela Lava-Jato em uma suspeita venda de obra de arte. (https://tinyurl.com/ybjq6449)
Em gravação da Polícia Federal, na Operação Boi Barrica, aparece dialogando com filho de José Sarney a respeito de indicação de cargo para diretoria na Eletrobrás. (https://goo.gl/Q9e6eg)
Em 2014 fez uma doação pessoal de R$ 50 mil para Rocha Loures, o famoso homem da mala da JBS. (https://goo.gl/NvofnW)
Omitiu e subvalorizou diversos bens em sua declaração à Receita Federal – que assim chegou a “apenas” R$ 179,6 milhões. (https://goo.gl/depy9c)
Entre 2014 e 2015 recebeu R$ 1,5 milhão em anúncios sobrevalorizados da Gestão Alckmin. (https://goo.gl/307sFi)
Já foi condenado em duas instâncias na Justiça do Trabalho por não pagar horas extras, salários, adicional noturno e verbas rescisórias a seus seguranças, que chegavam a se submeter a jornadas ilegais de 16 horas seguidas. (https://goo.gl/6VTQ8U)
Acumulou por 15 anos uma dívida com a Prefeitura que chegou a R$ 90 mil por recusar-se a pagar o IPTU de sua mansão nos Jardins, e quitou o valor apenas depois que o caso veio a público. (https://goo.gl/qHVCQE , https://goo.gl/ti6NeY)
Obteve em 2012 um favorecimento suspeito da Oi para instalação de antena em condomínio de luxo em Trancoso, onde tem uma casa, em revelação do Ministério Público. (https://goo.gl/4vffVS)
Cercou um terreno de uso público para anexar à sua mansão em Campos do Jordão e se recusou a devolver mesmo depois que a Justiça determinou a reintegração de posse para a Prefeitura. (https://goo.gl/UkYRW5)
Fraudou em sua gestão a concorrência para o patrocínio do carnaval de 2017 na cidade, como demonstram áudios divulgados pelo Ministério Público. (https://goo.gl/14Ycf2)
Promoveu em sua gestão parceria da prefeitura para que empresas ganhassem milhões em isenções fiscais doando remédios perto do vencimento para a população. (https://goo.gl/DOWxvz)
Intercedeu em benefício da esposa junto a chefe de agência no governo Dilma. Posteriormente Bia Doria obteve R$ 702 mil da Lei Rouanet para pagar exposição em Miami e livro sobre a própria obra. (https://goo.gl/pL9yxW e https://goo.gl/GqpfDC)
Para presidir a SP Negócios, órgão público do município responsável por parcerias e investimentos privados na cidade, nomeou o presidente da sua empresa (Lide), Juan Quirós, réu em acões trabalhistas e dono de um dívida de R$ 60 milhões, que tem os seus bens bloqueados pela Justiça por não cumprimento de contrato. (https://goo.gl/ZAmg6h)
Para liderar a principal subprefeitura, a regional da Sé, nomeou Eduardo Odloak, condenado em duas instâncias por improbidade administrativa. (https://goo.gl/aRbWgc)
Escolheu para liderar a Secretaria dos Transportes um réu em duas ações na Justiça por fraudes em licitações e contratos de trens do Metrô. Para a Secretaria da Saúde, nomeou investigado no Ministério Público por improbidade administrativa em transações com o Hospital das Clínicas, a Santa Casa e o Hospital do Servidor. (https://goo.gl/NbgdGv)
Contrariando orientações de sua própria equipe de transição, assim que assumiu o mandato de prefeito ordenou o rebaixamento do órgão da prefeitura responsável por fiscalizar a corrupção, a Controladoria-Geral do Município (CGM), a um mero departamento. (https://goo.gl/BvsiAy)
Após a descoberta da máfia da Cidade Limpa, envolvendo seis subprefeitos e três secretários nomeados por ele, ao invés de afastar os envolvidos demitiu a responsável pela investigação. (https://goo.gl/vhD894 , https://goo.gl/Zkn8kN, https://goo.gl/eN3XjB)
Demitiu Gilberto Natalini, Secretário do Meio Ambiente, depois que ele denunciou à Controladoria-Geral uma máfia para fraudar licenças ambientais na cidade (https://goo.gl/6SphhM)
Não é loucura ou sonho almejar um sistema de transporte público gratuito e de qualidade. O movimento Tarifa Zero já realizou estudos em várias capitais do país para mostrar que é possível investir em transportes de massa, como ônibus e metrôs, de graça para a população.
Atualmente, as tarifas de ônibus nas grandes cidades aumentam de tempos em tempos, muitas vezes violando o direito de ir e vir das pessoas. Além do que, como diz Cléssio Mendes, do Tarifa Zero, toda a população tem a ver com o transporte público, pois mesmo aqueles que não andam de ônibus, dependem do trânsito para trabalhar, levar o filho na escola. E convenhamos, ninguém gosta de ficar em engarrafamentos:
“os ônibus vão ficando caros, não tem investimento para melhorar a qualidade e as pessoas vão deixando de usar o ônibus. Com o financiamento público, por meio de impostos progressivos que atinjam pessoas que podem pagar, você consegue financiar aos poucos o transporte de forma que ele não fique tão oneroso pra população e que não a afaste de continuar usando”.
O transporte público é oneroso para a população porque os donos dos ônibus são empresas que querem lucrar, apenas! Em sua campanha eleitoral à prefeitura de Belo Horizonte, o atual prefeito Kalil, disse que ia tirar o transporte público das mãos dos empresários (https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=1240943969297312&id=1064837793574598).
Nessa terça-feira (03), o Movimento Passe Livre realizou o primeiro ato contra o aumento da tarifa: “a passagem aumentou, o prefeito concordou, o Kalil é só caô”, gritavam os cerca de 500 manifestantes que saíram da Praça Sete, no centro de BH, e marcharam até a casa do prefeito, na zona sul da capital.
“O prefeito poderia utilizar de recursos que conseguiriam diminuir o preço da passagem. Não que ele tenha autonomia total sobre o preço. Mas o próprio Márcio Lacerda (ex-prefeito de BH), em 2014, fez uma manobra que suspendeu a cobrança de um imposto, o Custo de Gerenciamento Operacional. Essa é uma exigência nossa também”, explicou Rafael Lourenço, do movimento Passe Livre.
Em um ato simbólico, os manifestantes colocaram fogo em caixotes de pallets, preparados para servir como catracas, e pularam, ao som de baterias e gritos de ordem. Na porta do prédio onde mora Kalil, foi lida uma carta do Passe Livre ao prefeito. Dentre as reivindicações do movimento estão o cancelamento imediato do aumento da tarifa do ônibus e a abertura da caixa preta das empresas de ônibus.
“Ele (o prefeito) disse que ia fazer a abertura da caixa preta do transporte e tirá-lo das mãos dos empresários. Estamos aqui para fazer uma prova de fogo com ele, para saber se o que ele falou durante a campanha ficou só lá ou se ele vai ter uma conduta diferente da gestão anterior”.
Durante o ato ficou decidido que no outro dia será feita outra manifestação, no mesmo horário e mesmo local. Os manifestantes querem uma resposta rápida do prefeito, afinal, desde essa terça o valor de R$4,05 já violenta mais um pouco os pobres trabalhadores e estudantes. “Na verdade, é o prefeito quem vai decidir quantas vezes viremos aqui. E a gente vem quantas vezes for preciso”, finalizou Rafael.