Por Dacio Malta*
O general Eduardo Pazuello chegou ao ministério da Saúde usando o instrumento que melhor sabe manejar: um paraquedas.
O médico bolsonarista Nelson Teich assumiu sua pasta tonto e, 28 dias depois, estava atordoado.
Sem força e sem equipe, aceitou o general para ocupar a secretaria geral e, em menos de uma semana, foi engolido por mais 30 militares gulosos que ocuparam todas as chefias do ministério.
O presidente começou a fritar Teich na terceira semana, torcendo para que ele pedisse o boné.
Se tivéssemos um governo minimamente competente e previsível, o substituto seria nomeado na mesma tarde.
Mas o que fazer?
Educação e Saúde são os dois ministérios mais cobiçados pelos políticos, quanto mais em meio a uma negociação como a que existe no momento, com o bloco mais fisiológico da Câmara – o chamado Centrão.
Mas nem eles querem o rabo de foguete.
Recusaram o convite e sugeriram que o general cumpra um mandato tampão, até que acabe a crise da pandemia.
Já os generais do Planalto, torcem para que a pasta seja entregue a um civil, pois não desejam ver os milhares de mortos, que ainda vem por aí, caírem no colo de um militar. Certamente mais de 90% dos médicos votaram em Bolsonaro e, pelo menos até a “gripezinha”, esse índice não havia diminuído.
Mas quem tem um currículo a preservar não vai jogá-lo no lixo só para agradar um capitão maluco, despreparado, tosco, ignorante, mal educado e criador de caso – que nem o Exército quis preservar em suas fileiras.

Em meio à tragédia sanitária, econômica e política que nos aflige, Bolsonaro deve acabar optando mesmo por Pazuello, o paraquedista que tem gravado em sua ficha funcional o fato de ter colocado um soldado, no lugar de um cavalo, para puxar uma carroça – forma de punir um indisciplinado.
Pazuello, como militar obediente, será agora o cavalo que puxará a carroça do capitão.
O general, caso efetivado, chegará fraco, pois ficará claro que, depois de várias sondagens, o presidente não encontrou um nome que aceitasse o desafio. Por isso sua nomeação.
A Wikipédia ensina que ordem unida “é uma formação habitual dos componentes de uma tropa”, que aceitam os comandos “dados pelo oficial, graduado ou o mais antigo presente à frente do grupo, em tom firme, enérgico e que inspire respeito à figura da autoridade presente”.
Em termos práticos, a ordem unida serve para mostrar quem manda.
É também a forma mais eficaz de ensinar os subordinados a respeitarem seus superiores.
Na ordem unida não existe discussão.
Aos poucos, o capitão vai disseminando o que aprendeu em seus primeiro dias de AMAN, a Academia Militar das Agulhas Negras.
E Pazuello, que chegou como número 2, assim continuará.
O ministro de verdade será Jair Bolsonaro.
O aspecto positivo é que, nessa condição, o presidente não poderá mais recusar a função que vem desempenhando, com enorme afinco, desde meados de março: o de coveiro da nação.
*Dacio Malta trabalhou nos três principais jornais do Rio – O Globo, Jornal do Brasil e O Dia – e na revista Veja.
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