Jornalistas Livres

Autor: Aloisio Morais

  • Até a maconha venceu!

    Na tarde do último sábado foi realizada em Belo Horizonte a já tradicional Marcha da Maconha, levando milhares de adeptos às ruas, praças e avenidas. Querem a liberação da erva e, portanto, sua descriminalização. Poucas horas depois, na manhã deste domingo, 26, os fãs do golpista Bolsonaro foram à Praça da Liberdade para manifestar apoio a seu governo. Diante das imagens, a comparação é inevitável, os defensores da maconha levaram mais gente às ruas do que os bolsonaristas. Confira o vídeo e as fotos:

    https://www.facebook.com/aloisio.morais.7/videos/2733732559975542/?t=4

    Fotos de Maxwell Vilela
  • Corte$ viram tragédia em Alfenas

    Corte$ viram tragédia em Alfenas

    A cada dia ou a cada hora vêm à toma os números da tragédia provocada pelo desgoverno Bolsonaro nos diversos setores, principalmente na educação pública. Em Alfenas, no Sul de Minas, centenas de alunos da Universidade Federal (Ufal) tiveram de abandonar os mais variados cursos e voltar para casa, muitos deles chorando, após receberem a notícia de que 400 bolsas de auxílio moradia foram cortadas pelo desgoverno federal, assim como o direito de se alimentarem no Restaurante Universitário.

    A cidade é um polo de ensino universitário no Sul de Minas e os estudantes acabam dando vida ao município. Imagina o reflexo disso para os estudantes, suas famílias e para o comércio do município!

    A instituição teve mais de R$ 11 milhões bloqueados pelo desgoverno federal. Pelo menos 70 projetos de pesquisa da universidade paralisados. Entre as consequências está o fim dos atendimentos odontológicos gratuitos para a população. A clínica de odontologia faz cerca de 3 mil atendimentos por mês.

    Segundo o reitor da Unifal, Amadeu Cerveira, a universidade teve o bloqueio de 30% da verba de custeio, ou R$ 11 milhões. A verba de capital, destinada a reformas e investimentos, era de cerca de R$ 1 milhão e também foi cortada em 90%. O resultado é que 89 funcionários terceirizados foram dispensados.

    Na vizinha Universidade Federal de Lavras (Ufla), que tem no curso de agronomia o seu forte, o corte foi de 26% do orçamento de 2019, que é de pouco mais de R$ 62 milhões. Portanto, o corte ficou em pouco mais de R$ 16 milhões.

    Na Unifei, em Itajubá, também no Sul de Minas, o corte foi de 20% do orçamento deste ano: cerca de R$ 8 milhões, enquanto nos institutos federais do Sul de Minas, foi de 39,86% do orçamento, o que representa cerca de R$ 16 milhões para este ano. Na região há institutos federais em oito cidades.

    Também profundamente afetada, a Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, divulgou a seguinte nota pública a respeito dos cortes:

     

  • Evangélica deixa o país por sofrer ameaças

    Evangélica deixa o país por sofrer ameaças

    “Perdi o direito! Perdi o direito de viver no meu próprio país! Quem defende a laicidade do Estado, é massacrado por um Estado que não é laico. Perdi o direito de viver com minha família e meus amigos, de levar meu trabalho adiante. Perdi o direito de viver minha vida como a vivo hoje. Perdi esse direito porque o fundamentalismo que governa o Brasil hoje assassina qualquer profeta que denuncie o pecado das grandes lideranças.”

    O desabafo é da carioca Camila Montovani da Silva e foi postado nesta sexta-feira, 26, em sua página no Facebook. É mais uma brasileira do Estado do Rio a deixar o país em consequência das perseguições e ameaças que vem sofrendo, neste caso, de fundamentalistas. A jovem é perseguida por prestar solidariedade e apoio pastoral a mulheres evangélicas que sofrem violência doméstica. Recentemente, o deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ) e a ex-candidata ao governo do Rio de Janeiro pelo PT, a filósofa Márcia Tiburi, também tiveram de deixar o país por causa de perseguições e ameaças. 

    “Perdi meus direitos porque um Brasil governado por evangélicos é um Brasil anti povo, anti direitos, anti pluralidade que é tão importante pra assegurar a democracia! Estou indo embora do país em exílio depois de esgotar todas as minhas possibilidades de ficar aqui e permanecer viva. Lutei o quanto pude pra não ter que sair, mas me colocaram no limite. Estou indo porque quero viver e quero viver porque quero continuar a construção de um outro mundo. Estou indo porque quero deixar minha família e meus amigos seguros. Estou indo, mas continuo a denúncia da barbárie que esse país se tornou sendo um país tão evangélico! Sigo na luta, porque a despeito da igreja hegemônica que persegue e mata quem ousa contrariá-la, eu tenho comigo a força do Nazareno, do Deus que encarnou preto e pobre, do Deus que valorizava as mulheres. Eu sigo com Jesus Cristo, apregoando o Reino de Deus, mesmo que isso me custe a Cruz!
    Me tiraram tudo. Mas o sorriso de quem tem paz no coração fica!

    Aqui ou em qualquer lugar eu sigo pela vida das mulheres, pelo respeito à diversidade, pela garantia da democracia, contra o fundamentalismo religioso!
    Da Luta, não me retiro!”, conclui Camila em seu desabafo de despedida.

    Solidariedade

    Além do apoio manifestado por muitos de seus 4.979 amigos e amigas de Facebook, Camila recebeu também a solidariedade  do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC).

     

    Nota de Solidariedade a Camila Montovani e seus familiares

    “Felizes as pessoas que promovem a paz,
    porque serão chamadas filhas de Deus” (Mt5.9)

    O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) e o Fórum Ecumênico ACT Brasil (FEACT) expressam irrestrita solidariedade a Camila Montovani e seus familiares.

    Uma das atuações de Camila, uma jovem evangélica, é prestar solidariedade e apoio pastoral a mulheres evangélicas que sofrem violência doméstica e não conseguem romper com este ciclo porque são orientadas por lideranças religiosas de que “a mulher cristã deve ser submissa a seu marido”.

    Lembramos que nas histórias do Antigo Testamento bíblico muitas mulheres ousaram desafiar o sistema opressor, entre elas, Vasti, que não se submeteu ao rei Assuero (Est 1.1-22).

    Há bastante tempo, o protagonismo de Camila tem provocado a raiva de líderes religiosos evangélicos fundamentalistas. Hoje, a raiva tornou-se ódio.

    As ameaças se tornaram graves. Sua casa e seus familiares passaram a ser vigiados e Camila ficou sem lugar fixo para morar. Foi obrigada a mudar a rotina. A gravidade das ameaças obrigou Camila a sair do país.

    O CONIC e o FEACT colocam-se ao lado de Camila e de seus familiares. Denunciam que outras pessoas evangélicas, engajadas em movimentos de promoção e defesa dos direitos humanos, estão sofrendo ameaças semelhantes.

    A perseguição vivida por estas pessoas é consequência da instrumentalização da fé cristã para legitimar práticas de violência e discursos de ódio. O fundamentalismo religioso não aceita o pluralismo e nem a crítica à religião – mesmo que ela cause algum tipo de opressão ou violência.

    A fé cristã não pode ser instrumentalizada para subjugar as pessoas, nem para dominar territórios, impondo medo às pessoas. A fé cristã não pode ser associada com armas e nem com o crime organizado.

    A fé evangélica não é violência. Não está fundamentada no exclusivismo e nem no autoritarismo. Ela se orienta pela graça amorosa de Deus e pela liberdade. É este o testemunho das muitas tradições evangélicas no país. Não aceitaremos que nossa tradição de fé seja instrumentalizada para a promoção do ódio, do racismo, do sexismo e outras formas de dominação e violência.

    Que a paz de Jesus Cristo, seu testemunho radical de vida, contrário a todo o poder opressor estatal e religioso nos oriente e fortaleça.

  • “Circus” foi à lona com carimbadas da ditadura

    “Circus” foi à lona com carimbadas da ditadura

    Em meados da década de 70, pouco depois de o ditador de plantão, Ernesto Geisel, iniciar seu governo, a revista “Circus”, de Belo Horizonte, foi apreendida e acabou recebendo os carimbos de vetos da censura em 50 de suas 64 páginas. E assim, acabou se tornando, certamente, em um caso único de publicação a ostentar os carimbos da censura, já que foi submetida à Polícia Federal após sair da gráfica. Na época, algumas publicações como o Pasquim, Opinião e Movimento, eram submetidas à censura prévia, que não deixava rastros.
    O alvo da Polícia Federal foi a edição de número 3 da revista, que, cheia de vida, começava a chamar a atenção dos órgãos de repressão e a incomodar, não só pelo atrevimento de seus textos, mas também pela vigorosa criatividade dos ilustradores e chargistas. Nas edições anteriores, Circus já virava notícia nacional ao publicar a entrevista de um ex-integrante da TFP, a organização reacionária e direitista Tradição, Família e Propriedade, escancarando pela primeira vez seus bastidores.
    Assim como incomodou, certamente, a matéria sobre o banqueiro e empresário tarado Antônio Luciano Pereira e sua estranha mania sexual. Perto dele, então homem mais rico de Belo Horizonte, hoje o médium goiano João de Deus seria fichinha. Ficou famoso por comprar a virgindade de garotas pobres, muitas vezes ‘vendidas’ por mães em dificuldades financeiras. Temeroso de ficar “brocha”, Luciano chegava ao ponto de pagar uma fortuna por ovos de urubu, por acreditar que ali estava o santo remédio para garantir a sua vitalidade e potência sexual, segundo me revelou mais tarde um dos seus inúmeros filhos (e filhas) reconhecidos e não reconhecidos.
    Apreensão
    O resultado é que no dia 2 de abril de 1975 agentes da Polícia Federal invadiram a casa que constava como sede da revista Circus, a residência de meus pais. Alguns exemplares encontrados foram levados e, na saída, os policiais deixaram o recado de que a revista teria de ser registrada no Departamento de Polícia Federal. Na época, existia uma portaria estabelecendo que a publicação que tivesse grampo ficava caracterizada como revista e, por ser revista, teria de ser registrada no departamento de censura da PF. Para que isso fosse efetivado, teria de ser entregue um exemplar da publicação, a fim de ser submetido à censura.
    Passados alguns dias após ser entregue, o exemplar foi devolvido apresentando o carimbo da PF em praticamente todas as suas páginas. Ou seja, a revista levou bomba ao solicitar o seu registro, inviabilizando a sua continuidade. Assim, o exemplar com as marcas da censura acabou transformando-se numa raridade, já que seria o único com a mostrar as marcas da censura.
    Durante o governo Dilma, a raridade foi doada ao Museu da Anistia, em construção em Belo Horizonte, mas, diante do golpe de 2016, as obras do memorial foram paralisadas por determinação dos golpistas. Portanto, resta esperar e lutar para que mais cedo ou mais tarde o exemplar da Circus esteja em exposição, para ajudar a mostrar um pouco de um triste período em que só mesmo um imbecil como Jair Bolsonaro guarda boa lembrança.
    Aloísio Morais, ex-editor de Circus
  • NA ‘ZONA QUENTE’ DO CRIME DA VALE

    NA ‘ZONA QUENTE’ DO CRIME DA VALE

    No alto a Serra dos três Irmãos, onde a Vale vem extraindo minério de ferro há anos, provocando o rompimento da barragem de rejeitos
    Área da Pousada Nova Estância, que foi totalmente soterrada pela lama, matando funcionários e turistas
    O pontilhão da estrada de ferro da Vale não resistiu à força da lama que desceu com o rompimento da barragem
    No alto a Serra dos Três Irmãos, onde a Vale explora o minério de ferro. Abaixo mostra resquícios de mata atlântica que, felizmente, escapou da lama
    Área da chamada Zona Quente do lamaçal, onde os bombeiros ainda trabalham na tentativa de localizar e resgatar mais corpos

  • Sobrevivente desconfiou de vistorias de técnicos

    Sobrevivente desconfiou de vistorias de técnicos

    Em entrevista à TV Sete, de Brumadinho, Maria Aparecida diz que desconfiava da estranha movimentação de técnicos fazendo vistorias em torno da barragem da Mina do Feijão, da Vale, na vila de Córrego do Feijão, município de Brumadinho, na Grande Belo Horizonte. Ela mora a poucos quilômetros da empresa e trabalhava num sítio vizinho da Pousada Nova Estância, a menos de dois quilômetros da portaria da Vale. A pousada foi totalmente encoberta pela lama com cerca de 12 pessoas dentro.

    Uma troca de e-mails entre profissionais da Vale, da Tüv Süd e da Tec Wise, outra empresa contratada, revelou que a mineradora soube de problemas em sensores de Brumadinho dois dias antes do rompimento da barragem, conforme informa neste domingo, 10, o G1. As mensagens foram identificadas pela Polícia Federal, que colheu depoimentos de dois engenheiros da consultora alemã que eram responsáveis pelos laudos. Presos em 29 de janeiro, André Yassuda e Makoto Mamba deixaram o presídio nessa quinta-feira,7.

    Nesta entrevista, Maria Aparecida conta também os momentos aterrorizantes que passou e o esforço que fez para se salvar junto com a filha de nove anos. Segundo ela, esta foi uma tragédia era anunciada. Confira:

     

     

    https://www.facebook.com/tevesete/videos/631204060665400/?t=52