Jornalistas Livres

Autor: Alessandra Vespa

  • Sem participar do debate, defensores do Escola Sem Partido tumultuam audiência da CE

    Sem participar do debate, defensores do Escola Sem Partido tumultuam audiência da CE

    por Christian Braga e Vinicius Borba para os Jornalistas Livres

    Defensores do projeto Escola Sem Partido tumultuaram a audiência pública que acontecia na tarde desta quarta-feira (16) na Comissão da Educação do Senado. Apesar de não comparecerem ao debate acerca do assunto, os apoiadores do projeto enviaram cerca de dez representantes ao local para atrapalhar as falas de professores e educadores presentes.

    Após longa discussão, eles foram conduzidos pela Policia Legislativa para fora do plenário para evitar choque entre manifestantes. Representantes de movimentos sociais bateram boca com os defensores da conhecida Lei da Mordaça.

    Assista ao vídeo do tumulto aqui:

     

    AUDIÊNCIA DA COMISSÃO DA EDUCAÇÃO

    A Procuradora da República, Dra. Debora Duprat, destacou que projetos como o Escola Sem Partido ataca a Constituição em diversos aspectos. Ela pontuou que a diversidade sexual, religiosa e tantas outras são pontos que demonstram a incoerência deste processo. “A ideia dessa Escola Sem Partido vai contra as principais propostas de educação contemporânea da humanidade”, afirmou.

    Duprat ainda deu um parecer contrário a qualquer forma de criminalização de professores, como aprovado apenas no estado do Alagoas.

    A estudante e presidenta da União Brasileira de Estudantes Secundaristas, Camila Lanes, também estava presente e afirmou que projetos como tal promovem o ódio e só atendem a uma falsa neutralidade que criminaliza o movimento estudantil e a participação política.

    Vinicius Borba/Jornalistas Livres
    Vinicius Borba/Jornalistas Livres

    “Quando não participamos somos tachados de omissos, quando participamos somos criminalizados?”, denunciou.

    Lanes também lamentou o papel de páginas como a da “Escola Sem Partido” que são seguidas por pais e mães. Inclusive pelo pai de um estudante morto recentemente por estar envolvido com os movimentos políticos em defesa da educação.

    O rapaz foi assassinado pelo próprio pai, pois não aceitava a participação do jovem nas mobilizações universitárias em Goiás. O homem cometeu suicídio após tirar a vida do filho. “O homem seguia páginas e ideias como essas promovidas por estes grupos que defendem a Escola Sem Partido”, disse Lanes.

    Cléo Manhas da Campanha Nacional pelo Direito à Educação relatou a falsa tese de que haveria a defesa de uma falsa ideologia de gênero, quando se debate a questão da violência contra mulher nas salas de aulas. “Enquanto no Brasil uma mulher é espancada a cada 4 minutos, segundo dados do governo, 13 mulheres morrem por dia por espancamentos por dados do SUS, ou seja, uma mulher a cada 1h50, não podemos permitir que esse tipo de diálogo seja abafado”, esclareceu.

    Vinicius Borba/Jornalistas Livres
    Vinicius Borba/Jornalistas Livres
  • Temer escapa da roda viva: uma propaganda em troca da morte do jornalismo

    Temer escapa da roda viva: uma propaganda em troca da morte do jornalismo

    por Igor Silva, sociólogo e cientista político 

    Muito interessante o “Brasil do Temer” que foi apresentado no Roda Viva, na TV Cultura, desta segunda-feira (14). Lembrando que são seis meses e um dia a frente do executivo – o ministério foi nomeado dia 13 de maio de 2016, há 6 meses.

    Há seis meses, o dólar estava 3,52, hoje está 3,40.

    Há seis meses, o desemprego estava batendo 11%, hoje está em 12%. A bolsa pouco mudou também.

    São seis meses e nenhum indicador mudou de forma considerável. A única coisa que de fato mudou é que não se lê mais a palavra “crise” nas capas da mídia tradicional. A famosa crise deixou de aparecer, ficou tímida e não faz mais atuação, nem mesmo uma pontinha.

    A grande mídia e os jornalões resolveram ouvir o conselho de Temer: não fale em crise, trabalhe.

    No Roda Viva desta segunda, por exemplo, não foi citada a palavra “crise” nenhuma vez.

    No primeiro bloco, Michel Temer respondeu à jornalista Catanhêde dizendo que ele se preocupa, sim, com a saúde e com a educação. Que votou em tempo recorde diversos projetos de lei, como há muito não se votava.

    No segundo, teve orgulho de dizer que não se fala mais em CPMF. Que agora, em seu governo, está gastando só o que arrecada e que não é preciso criar mais nenhum tributo.

    Ainda no segundo bloco, disse que “admite, mas lamenta” as ocupações nas escolas. E que no seu tempo não era assim. Aproveitou para dizer que fazer a reforma do ensino médio via MP foi uma boa ideia, pois “incendiou o país” e “acendeu o debate“. Belo motivo para editar uma MP de um assunto tão importante!

    O programa permaneceu assim durante os próximos blocos, mas nada, absolutamente nada, superou a última pergunta de Noblat, no último bloco, nos últimos minutos de programa:

    “Temer, como você conheceu a Marcela?”

    Um jornalista que, em tese, se diz sério, em momento delicado de nossa democracia, pergunta como o presidente conheceu a sua atual esposa.

    Poderia ser feita pelo Leão Lobo ou pela Ana Maria Braga, mas foi feita por Ricardo Noblat.

    O cenário reflete o serviço que o programa da TV Cultura parece ter cumprido ao presidente: marketing. Isso porque poucos momentos após a entrevista, Temer agradeceu ao jornalista Wilian Corrêa, também diretor de jornalismo do canal, pelo espaço de “propaganda” cedido.

    Nos bastidores, Michel Temer agradece a Willian Corrêa pela “propaganda” cedida

    Pronto, entendemos tudo. O circo estava armado e cercado de aliados que de longe ousariam colocar o entrevistado em uma roda viva. A morte do jornalismo ao vivo e a cores.

    Então, por mais palavras que existam, nada vai resumir melhor a entrevista de Temer no Roda Viva do que a pergunta de Noblat: como você conheceu a Marcela?

    Temos que ter fé, mas infelizmente está cada vez mais difícil.

  • Dilma entre irmãs: Contra os podres poderes!

    Dilma entre irmãs: Contra os podres poderes!

    A presidente Dilma Rousseff, eleita por 54 milhões de brasileiros, será afastada hoje do cargo por um Senado venal, mergulhado no caldo grosso e repulsivo da corrupção.

    Será afastada pelo machismo, pela burguesia, pelo fundamentalismo religioso, pela mídia mentirosa e hipócrita.

    Será afastada pelo que há de pior neste país, que é a sua elite e os aparelhos ideológicos que sempre justificaram a escravidão e a submissão de um povo lindo e generoso demais.

    E foi nos braços da parcela mais oprimida dentre todas, a das mulheres pobres, negras, periféricas, quilombolas, indígenas, nordestinas, de todo o país, que a presidente Dilma Rousseff resolveu viver a véspera da consumação do golpe.

    Enxugando a todo momento as mãos –este o único sinal de ansiedade que aparecia, humana demais—Dilma tinha a História nas mãos.

    Em seu discurso, diante das representantes da luta feminista do país todo, reunidas na 4ª Conferência Nacional de Políticas Para as Mulheres, no ginásio Ulysses Guimarães, em Brasília, a mulher (que todos os podres poderes querem derrubar) abraçou as suas irmãs de luta. Que enfrentam a dura e tantas vezes inglória batalha da sobrevivência e do cuidar de si e dos filhos.

    Dilma era a mãe que apanha do machismo –todas entenderam logo.

    A plateia que escutou a fala firme de Dilma (não, ela não gaguejou nenhuma vez, viu, imprensa escrota!) era composta por irmãs que conseguiram se transformar em sujeitos de suas vidas apenas nos últimos anos, graças a políticas públicas distributivistas, que privilegiaram as mulheres pobres.

    São agricultoras que puderam sair de casamentos e relacionamentos abusivos e violentos graças ao Bolsa Família, ao programa Minha Casa, Minha Vida. Que puderam ir para a faculdade graças ao ProUni e ao Fies. Que ganharam qualificação profissional por conta do Pronatec. Que puderam sair pela primeira vez de situações de semi-escravidão, graças ao Estatuto das Domésticas. Que, ganhando salário mínimo, viram esse piso ser valorizado além da inflação –pela primeira vez depois de anos de políticas de fome neoliberais.

    Dilma concluiu seu discurso para a História, abraçando suas irmãs de sofrimento. Havia lágrimas nos rostos.

    Mas não foi uma despedida. Dilma prometeu seguir na luta, com todas. Nas ruas, nas casas. Saiu abraçada e feliz. Com o reconhecimento apaixonado das mulheres que ela representa.

    Na caminhada de volta para casa, para os hotéis e para o acampamento pela Democracia, junto ao Ginásio Nilson Nelson, viam-se lutadoras exaustas, embandeiradas, com o corpo marcado por vários adesivos colados. Sinais da luta pelo Direito ao Aborto, Contra a Discriminação às Lésbicas, Contra a Violência Doméstica, da CUT, do PT, Fica Dilma!, pela Reforma Agrária, pela Demarcação das Terras Indígenas, da UNE, da Juventude Revolução etc.

    Esses adesivos são as insígnias desse Exército que, de golpes, entende muito. Porque este não é o primeiro e nem o último que sofre. Vida que segue! Luta que segue!

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  • O Trabalhador

    O Trabalhador

    Primeiro de maio, dia do trabalho.

    O povo “celebrado” pela data se vê vencido, sujeitado e encurralado por um golpe que fere, antes de tudo, as suas conquistas. Quão poucas, já roucas.

    O trabalhador que não dorme, que se fere, que sangra, que morre. Não entra para a história. Não tem tempo de sonhar, nem sabe o que é sonho. Trabalho imposto, forçado, que deixa a vontade de lado.

    Quando é artista, vagabundo ativista. Senão ferramenta da máquina da vida, que enferruja e vai pro lixo. Sem saída. Sem verniz, sem polimento.

    “Ai, não encosta essa mão suja, grossa.”

    Suja, grossa, sim. Resistência, sobrevivência. Símbolo da minha luta, do pouco ar que me permitiram respirar.

    Não tem liberdade, mas dizem que é livre pra escolher. E pra viver?

    “Esta cova em que estás, com palmos medida
    Não é cova grande, é cova medida
    É a terra que querias ver dividida”

    (Funeral de um Lavrador – Chico Buarque)

    Midia Ninja

    Mas vai entender. Mesmo sabendo ser estatística, visto como “aquela classe”, os carteiras-assinadas se erguem na dor, encontram seus iguais, olham para o céu, fecham os olhos e respiram o ar da luta. Não é a luta pelo trabalho, é pelo trabalhador. É pela dignidade. É pela escolha.

    Mesmo com olhos embotados de cimento e lágrima, enfrentam o doutô, enfrentam o futuro e mudam a história de “fim” para “começo”. Das trancas para oportunidades. O suor, enfim, encontra seu verdadeiro trabalho. O trabalho pelo trabalhador.

    “O operário foi tomado
    De uma súbita emoção
    Ao constatar assombrado
    Que tudo naquela mesa
    – Garrafa, prato, facão
    Era ele quem fazia
    Ele, um humilde operário
    Um operário em construção.
    Olhou em torno: a gamela
    Banco, enxerga, caldeirão
    Vidro, parede, janela
    Casa, cidade, nação!
    Tudo, tudo o que existia
    Era ele quem os fazia
    Ele, um humilde operário
    Um operário que sabia
    Exercer a profissão.”

    (Operário em Construção – Vinícius de Moraes)

  • Discurso completo de Dilma Rousseff, Coração Valente, no Primeiro de Maio de 2016

    Discurso completo de Dilma Rousseff, Coração Valente, no Primeiro de Maio de 2016

    “Eu cumprimento cada mulher e cada homem que está aqui neste Primeiro de Maio, dia de luta do trabalhador, da trabalhadora. Cumprimento também o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.

    Eu queria iniciar dizendo para vocês que tem uma fala solta por aí de que impeachment não é golpe. Impeachment está previsto, sim, na Constituição, mas o que eles nunca falam é que para ter impeachment não basta querer, não basta alguém achar que não gosta da presidenta, pois ela tem de ter cometido um crime de responsabilidade.

    Como eu não tenho conta no exterior, como eu jamais utilizei recurso público em causa própria, nunca embolsei dinheiro do povo brasileiro, não recebi propina e nunca fui acusada de corrupção, eles tiveram que inventar um crime.

    Como estava difícil, muito difícil, de achar um crime, eles começaram dizendo que eu fiz seis decretos chamados de suplementação. O Fernando Henrique Cardoso no ano de 2001 fez 101 decretos de suplementação.

    Para ele não era golpe, não era nenhum golpe nas contas públicas.
    Para mim é golpe nas contas publicas. Então, vejam vocês, um peso e duas medidas.

    Isso porque não tem do que me acusar, é constrangedor.

    E aí eu quero que vocês pensem comigo. Ora, se não tem base para um impeachment, o que é que está havendo?

    <“golpe”, o povo grita>

    Golpe!

    Mas é um golpe muito especial, não é um golpe com armas, com tanques na rua, não é um golpe militar que nós conhecemos no passado, é um golpe especial: eles rasgam a Constituição do País.

    Mas por quê?

    Porque há 15 meses eles perderam uma eleição direta. Então, eles se alinharam, inclusive com traidores do nosso lado, para fazerem uma eleição indireta.

    Eles tiram de nós o direito de voto, tiram os meus 54 milhões de votos, mas não é só isso, naquela eleição em 2014, votaram 110 milhões de brasileiros e brasileiras, não são só os meus votos que eles praticamente roubam, são os votos de mesmo daqueles que não votaram em mim, mas acreditam na democracia e no processo eleitoral.

    Quando eles perderam as eleições, eles fizeram de tudo para o governo não poder governar.

    Primeiro: eles disseram que os votos não tinham sido bem contados e pediram a recontagem. Perderam, não deu certo.

    E aí o que eles disseram? Ah, a urna, sabe a urna? Tem erro na conta.. alguém mexeu nessa urna, então eu quero auditoria da urna. Foram e fizeram a auditoria da urna, e perderam. As urnas estavam perfeitas.

    Ainda não tinham desistido e antes de eu tomar posse, entraram no TSE pedindo para que eu não fosse empossada, não tivesse meu diploma de presidente. O que aconteceu? Tornaram a perder. As minhas contas de campanha foram aprovadas.

    Aí começou essa história do impeachment. Foram colocando impeachment no Congresso, e lá no Congresso tinham um grande aliado, que era o senhor presidente da câmara, Eduardo Cunha.

    <vaias do povo>

    Esse senhor Eduardo Cunha foi o principal agente na história de desestabilizar o meu governo. Ele levou a frente uma política do “quanto pior, melhor”. Como agia? Quanto melhor para a gente, pior para o governo e pior para o povo brasileiro.

    Não aprovavam nenhuma das reforma que nós propomos, não aprovavam os necessários aumentos de receita para que a gente pudesse continuar impedindo que a crise se aprofundasse.

    Eles apostaram sempre contra o povo brasileiro!

    São responsáveis pelo fato da economia estar passando por uma grave crise, são responsáveis pelo aumento do desemprego.

    Então ele quer se ver livre do seu processo de cassação na câmara, que exige do governo que o seu partido, o PT, lhe dê três votos para impedir sua cassação. E como o PT se recusou ele nos acenou com o impeachment.

    Aliás, o próprio autor do processo de impeachment, ex-Ministro do senhor Fernando Henrique Cardoso chamou a fala de Eduardo Cunha de chantagem explícita. É mais que chantagem, é desvio de poder, é usar o seu cargo para garantir a sua impunidade, é isso o que ele fez.

    E aí o processo do impeachment teve lugar e eu repito: o que eles me acusam? Eles não podem me acusar de ter contas no exterior, eu repito, porque eu não tenho, não podem me acusar de corrupção, porque eu não fiz, então eles chegam ao absurdo de me acusar de algo que eu não participei, mas alegam que eu deveria saber porque eu conversava com as pessoas responsáveis. Chega a esse nível de absurdo!

    Estou aqui porque é contra mim? Não. É que se eles praticam isso contra mim, o que vão praticar contra o povo trabalhador? Contra as pessoas mais anônimas desse pais?

    Quando você rompe a democracia, você rompe para todos.

    Nós permitindo o golpe, permitimos que a democracia seja ferida.

    Alerto: esse golpe não é só contra a democracia e meu mandato. É também as conquistas dos trabalhadores. E aí vocês me permitam, eu vou ler algumas das notícias e dos textos em que eles falam o que vai mudar no Brasil se por acaso eles chegarem lá.

    Propõem o fim da política da valorização do salário mínimo, essa política que garantiu 76% de aumento acima da inflação desde o governo no presidente Lula, passando pelo meu.

    Além disso, essa política que pela lei que desaprovamos logo no início do meu primeiro mandato, tem que durar até 2019, agora querem acabar com ela.

    Querem acabar também com o reajuste dos aposentados, desvinculando esse reajuste da política do salário mínimo. Com isso, os aposentados não terão mais reajustes, querem transformar a CLT em letra morta.

    Como eles vão fazer isso? Como é que se faz isso com a CLT?

    Eles propõem algo que é o seguinte, o negociado pode vigir sobre a lei, o negociado pode ser menos que a lei. Nós acreditamos que o negociado pode prevalecer desde que ele seja mais que a lei. Eles querem que seja menos, nos queremos que seja mais.

    Prometem e dizem explicitamente privatizar tudo o que for possível. Esta fala “tudo o que for possível” está escrita. Qual é a primeira vítima dessa lista? O pré-sal, a primeira vitima é o pre-sal.

    <“O pré-sal é nosso!”, povo grita>

    Além disso, há algo extremamente grave porque nós somos um País que ainda tem muito o que fazer, apesar de todas as conquistas, na área de educação e da saúde, eles querem acabar com a obrigatoriedade do gasto com saúde e educação.

    E aí sempre que vocês virem uma palavra que às vezes é “vamos focar”, “vamos revistar”, “vamos reolhar” certas políticas sociais, significa “vamos acabar com elas”. Eles estão falando do Pronatec, do Minha Casa, Minha Vida, e temos uma situação em que os programas sociais são olhados como responsáveis pelo desequilíbrio do País.

    É mentira, o desequilíbrio do pais é a necessária reforma tributária que reforme toda a nossa estrutura que é extremamente regressiva contra os que menos ganham.

    Eles falam em acabar com subsídios do Minha Casa, Minha Vida, o pessoal aqui dos movimentos de moradia tem que ter essa consciência, querem acabar com os movimentos. Agora, das coisas propostas que ocuparam as primeiras páginas do jornal, a mais triste e mais perversa é acabar com uma parte do Bolsa Família.

    Como eles falam isso? Falam que vão dar bolsa familia só para os 5% mais pobres e esses 5% da população brasileira são 10 milhões de pessoas.

    Sabe quantas milhões recebem hoje o Bolsa? 47 milhões. Serão 36 milhões que serão entregues às livres forças do mercado para se virar.

    Eles estão afetando não só adulto, porque quem mais se beneficia do Bolsa Família são nossas crianças e nossos adolescentes que têm assegurado o acesso à educação, alimentação e saúde.

    Enquanto isso, mesmo eles falando que o governo acabou, eles fazem isso numa tentativa de nos paralisar. Mas não nos paralisam. Enquanto eles fazem isso, o governo está fazendo a sua parte.

    Primeiro: eu quero aproveitar o Primeiro de Maio e dizer que nós estamos autorizando o reajuste do Bolsa Familia com aumento médio de 9% para as famílias.

    Quero lembrar que esta proposta não nasceu hoje, ela estava prevista desde quando nós enviamos lá em agosto de 2015 o orçamento para o Congresso.

    Essa proposta foi aprovada pelo Congresso e diante do quadro atual nós tomamos medidas que garantem o aumento na receita deste ano e nos próximos para viabilizar esse aumento do Bolsa Família.

    Além disso, nós estamos propondo uma correção da tabela do imposto de renda, sobre a pessoa física, a correção é de 5% a partir do ano que vem.

    No Minha Casa, Minha Vida nós vamos contratar mínimos de 25 mil moradias, com os movimentos do campo e da cidade. Vamos criar um conselho entre os trabalhadores, empresários e governo.

    Também estamos propondo a ampliação da licença paternidade para os funcionários públicos, para quem temos essa competência, de 20 dias. Com isso nós estamos estamos incentivando os homens desse País a ajudar as mulheres principalmente nessa questão fundamental que é criança nascida nos primeiros dias.

    <“Fica, querida”, povo gritando>

    <“O meu País eu boto fé, porque ele é comandado por mulher”, povo gritando>

    Vamos lançar terça-feira o plano safra da agricultura familiar, vamos garantir recursos tanto para o programa de alimentos com para assistência técnica.

    Sintetizando, porque eu já estou falando há muito tempo, nós fizemos uma coisa que é muito importante para 63 milhões de brasileiros, nós prorrogamos o programa Mais Médicos por mais três anos.

    E isso porque 70% dos médicos que estão nesse programa, dos mais de 18 mil e 200 médicos, tinham seu contrato vencido agora em agosto e isso prejudicaria milhares e milhões de pessoas. O programa Mais Médicos é justamente um programa contrário ao que eles propõem.

    Nós propomos assegurar e manter a assistência nas periferias das grandes cidades, aqui em São Paulo, na periferia, e no estado de São Paulo, que é onde uma parte, a maior parte desse 18 mil médicos estão. Porque não tinha médicos nas regiões mais pobres e mais habitadas
    no interior também, nas regiões indígenas.

    Vocês sabem que os índios no Brasil morriam por falta de assistência técnica? Então é muito importante a prorrogação desse programa.

    E por isso eu digo para vocês: o golpe é um golpe contra a democracia, contra conquistas sociais, um golpe que é dado também contra investimentos estratégicos do País, como o pré-sal.

    Quero dizer que o mais grave de tudo o que eles fizeram foi o dia em que o Brasil tivesse compartido a crise econômica e impedido o crescimento do desemprego, porque esse é o objetivo principal de qualquer governo com o trabalhador. Eles vão rasgar e ferir a Constituição, maculando-a.

    Eu vou resistir, eu vou resistir!

    E estou aqui neste Primeiro de Maio porque ele é historicamente uma data, uma luta pela resistência contra a perda de direitos, uma luta a favor de conquistas sociais. E aqui hoje no nosso País é uma luta pela democracia e por todas as conquistas e muito mais conquistas que nós ainda temos que alcançar.

    Quero dizer ainda que eu lutei como vocês a minha vida inteira. É verdade que eu fiquei presa durante três anos, é verdade que eu lutei e resisti à ditadura.

    Mas quero dizer a vocês que a luta agora é muito mais ampla, é uma luta que nós vamos levar em favor de todas as conquistas democráticas da luta contra a ditadura e de todos os ganhos que nós tivemos nos últimos anos com o governo do Lula e do meu, é sobre isso que se trata defender um projeto.

    Não é a minha pessoa, o meu mandato, não é de uma pessoa individual, é um mandato que me foi dado por 54 milhões de pessoas que acreditavam em um projeto.

    Agora esse projeto que eles querem impor ao Brasil não é o vitorioso nas urnas em 2014.

    Se querem esse projeto, vão às urnas em 2018!

    Se coloquem sobre o crivo do povo brasileiro.

    Se forem eleitos, que consigam legitimamente!

    Mas na forma como eles querem, sem voto, numa eleição indireta sob o disfarce de impeachment, não passarão!”

    #1demaioédeluta
    #trabalhoresdobrasilfogonopavio
    #juntosnaluta

    Transcrição: Alessandra Vespa

  • Vencedor do Prêmio Pulitzer, Maurício Lima denuncia golpe e critica Rede Globo durante discurso

    Vencedor do Prêmio Pulitzer, Maurício Lima denuncia golpe e critica Rede Globo durante discurso

    O renomado fotógrafo brasileiro Maurício Lima denunciou o golpe contra a democracia em andamento no Brasil e criticou a Rede Globo durante discurso ao ganhar o prêmio jornalístico The John Faber Awards, nesta quinta-feira (28), em Nova York, Estados Unidos.

    Após os agradecimentos, o jornalista falou sobre a situação política no País e se posicionou: “Eu acredito que todos aqui sabem o que está acontecendo no Brasil e eu gostaria de expressar meu suporte à liberdade de imprensa e à democracia, que é o exatamente o que não está acontecendo no Brasil neste momento”.

    Antes de se retirar, Lima finalizou perante os 500 maiores líderes da imprensa mundial: “Eu sou contra o golpe”.

    Enquanto falava, Maurício levantou uma placa escrito “Golpe Nunca Mais”, sendo que a letra “o” foi substituída pelo ícone da Rede Globo.

    Na ocasião, Lima recebia o prêmio The John Faber Awards, da Overseas Press Club, que representa a melhor reportagem fotográfica internacional em jornal ou veículos de informação.

    Assista ao momento aqui:

    Mauricio Lima contribui para os Jornalistas Livres e é um dos fotojornalistas mais importantes em atuação. Ganhou o Prêmio Pulitzer 2016 pela cobertura dos refugiados na Europa e no Oriente Médio, entre outros prêmios.