Presidente Maduro divulga carta ao povo estadunidense

Nicolás Maduro. Foto: reprodução

Leia na íntegra a carta do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ao povo estadunidense:

 

“Caracas, 3 de abril de 2020

Ao povo dos Estados Unidos da América:

Há algumas semanas, o mundo está paralisado, tentando controlar uma pandemia que é sem dúvida o maior desafio que enfrentamos juntos como sociedade e comunidade internacional. Assim como para o povo dos Estados Unidos, enfrentá-lo é a nossa prioridade.

Felizmente, na Venezuela, contamos com algumas vantagens. Adotamos muito cedo as medidas de isolamento e ampliamos a triagem, apoiando-nos em nosso sistema público e gratuito de saúde, que conta com médicos de família espalhados por todo o país. Contamos também com uma organização comunitária inestimável para ajudar a aumentar a conscientização social e fornecer apoio aos mais vulneráveis. Da mesma forma, a solidariedade de Cuba, China e Rússia e o apoio da Organização Mundial da Saúde nos permitiram obter os suprimentos médicos necessários, apesar das sanções ilegais de Donald Trump.

Ao expressar a vocês minha solidariedade diante deste importante desafio histórico e nossa consternação e dor pelas consequências da pandemia nos Estados Unidos, sinto-me também obrigado a alertar-lhes que, enquanto o mundo se concentra em responder à emergência da COVID-19, o governo Trump, uma vez mais instrumentalizando as instituições para atingir objetivos eleitorais e com base em infâmias sob o pretexto da luta contra as drogas, ordenou o maior deslocamento militar dos Estados Unidos até nossa região em 30 anos, a fim de ameaçar a Venezuela e levar nossa região a um conflito militar caro, sangrento e de duração indefinida.

É claro que o governo Trump ergue uma cortina de fumaça para esconder a condução errática e improvisada da pandemia nos Estados Unidos. Desde o início, Donald Trump a subestimou e a negou, assim como fez com as mudanças climáticas. Hoje a crise é exacerbada simplesmente porque, apesar de dispor de recursos, ele não está disposto a transformar o sistema de saúde em um que priorize o atendimento integral da população em detrimento do lucro da medicina privada, das seguradoras e das companhias farmacêuticas.

Nós, na Venezuela, não queremos um conflito armado em nossa região. Queremos relações fraternas, cooperativas, de intercâmbio e de respeito.

Maduro afirma que não pode aceitar ameaças bélicas, bloqueios ou tutela internacional que viole a soberania da venezuela e ignore todos os avanços dos últimos anos
Não podemos aceitar ameaças bélicas nem bloqueios, muito menos a intenção de implementar uma tutela internacional que viole nossa soberania e ignore os avanços ocorridos no último ano no sincero diálogo político entre o governo e grande parte da oposição venezuelana, que deseja soluções políticas, e não guerras por petróleo.

Por tudo isso, apelo ao povo dos Estados Unidos para que ponha um freio a esta loucura, para que responsabilize seus governantes e os obrigue a concentrar foco e recursos na atenção urgente à pandemia. Peço, juntamente com o fim das ameaças militares, a retirada das sanções ilegais e o levantamento do bloqueio que restringe o acesso a suprimentos humanitários, tão necessários hoje no país. Peço-lhes, com o coração nas mãos, que não permitam que seu país seja arrastado uma vez mais a outro conflito sem fim, outro Vietnã ou outro Iraque, mas desta vez mais perto de casa.

Não somos tão diferentes, como querem nos fazer acreditar com infâmias. Somos povos em busca de uma sociedade mais justa, livre e compassiva. Não permitamos que os interesses particulares de minorias cegas pela ambição nos separem. Nós, como disse certa vez nosso líder Hugo Chávez, compartilhamos o mesmo sonho. O sonho de Martin Luther King também é o sonho da Venezuela e de seu governo revolucionário. Convido vocês a lutarem ao nosso lado para tornar este sonho realidade.

Não à guerra dos Estados Unidos contra a Venezuela!

Abaixo as criminosas sanções!

Queremos Paz!

Nicolás Maduro Moros”

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