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Entrevista

“O cidadão que consome drogas é um portador de direitos como todos os outros”

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Em entrevista aos Jornalistas Livres, o antropólogo Mauricio Fiore, coordenador científico da Plataforma Brasileira de Drogas defende que a atuação do Estado deixe de ser uma questão de segurança pública e passe a ser observada sob o ponto de vista da saúde e dos direitos humanos.

A guerra às drogas é um modelo falido. A política de repressão ao uso e comércio fracassou: não houve redução na oferta e demanda de drogas ilícitas. Ao contrário, o que aconteceu foi o aumento da violência, o superencarceramento e mais corrupção, mistura que amplia a vulnerabilidade social de quem já se encontra em situação delicada.

O Brasil é um dos países mais ativos na construção do “proibicionismo”, políticas que criminalizam o consumidor, que têm viés punitivo, ligado à segurança pública e não aos direitos humanos. “Há uma tendência cada vez mais forte de questionamento, em nível global, da guerra às drogas e de todos os seus terríveis efeitos na saúde pública, no nível de violência e criminalidade”, explica o antropólogo Mauricio Fiore, coordenador científico da Plataforma Brasileira de Drogas, lançada na noite desta quinta-feira (28/5). A Plataforma é uma rede formada por 28 entidades e composta por um robusto conselho consultivo, que agrega lideranças em diversas áreas ligadas à justiça e aos direitos humanos.

Colocar a questão das drogas no rol da saúde pública, sob a lupa dos direitos, com foco na redução de danos — e não na criminalização — , faz parte da missão da Plataforma, que pretende qualificar o debate e incidir sobre as políticas de drogas. Tem como eixos prioritários a promoção da saúde pública, da educação, do desenvolvimento social e econômico e a redução de todos os tipos de violência. Propõe uma cultura de paz, que trabalhe a liberdade, a autonomia do indivíduo e o respeito aos direitos humanos.


Jornalistas Livres — Estamos vivendo uma mudança nas políticas de drogas na América Latina. Políticas de viés punitivo e proibicionista, importadas dos Estados Unidos, se provaram ineficazes e, pior que isso, nocivas. Legalização e mudanças na legislação são tendências atuais, assim como uma abordagem que considere saúde pública e direitos humanos. Qual é o posicionamento da Plataforma Brasileira de Políticas de Drogas sobre uma política eficiente e inclusiva? É uma tendência mundial?

Mauricio Fiore— Um apontamento, antes de responder. Ainda que os EUA tenham tido um papel fundamental na consolidação da paradigma proibicionista, não podemos dizer que os países latinoamericanos tenham importado esse modelo. O Brasil é um bom exemplo de um país que teve papel ativo na construção do proibicionismo, principalmente com relação à maconha. Feita essa ressalva, o cenário é esse que você desenhou, há uma tendência cada vez mais forte de questionamento, em nível global, da guerra às drogas e de todos os seus terríveis efeitos na saúde pública, no nível de violência e criminalidade e no respeito aos direitos humanos.

As cerca de trinta organizações que compõem a Plataforma não têm um consenso fechado sobre um novo modelo de política de drogas, mas um consenso em torno do diagnóstico crítico ao paradigma atual. Alguns membros trabalham com a ideia de simplesmente tirar as drogas do campo penal, outros em regular sua produção e comércio; outros membros estão mais focados no tratamento digno e em liberdade para usuários e dependentes de drogas. Ou seja, a Plataforma quer ser um instrumento para potencializar a ação de seus membros e colocar a discussão sobre política de drogas em outro patamar e, assim, construir uma política de drogas mais justa e eficaz.

JL — Como se dá essa relação entre a proibição e o nascimento do tráfico, tema da campanha do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESec)? Como seria se não houvesse proibição?

Mauricio — Sob uma certa perspectiva, foi a proibição que criou o tráfico, já que colocou fora de qualquer tipo de controle um mercado gigantesco e, ao mesmo tempo, gerou um faturamento de risco por conta de ilegalidade. A campanha do Cesec é muito feliz em chamar a atenção da população em geral para isso, pois há uma naturalização da questão das drogas, como se o tráfico sempre tivesse existido. O que sempre existiu é o uso de drogas, o tráfico é uma fenômeno contemporâneo. Caso nos afastemos progressivamente do modelo proibicionista, poderemos criar políticas públicas que foquem no uso de drogas em si e nos problemas que elas podem acarretar, que não sou poucos.

JL — Quais são as políticas defendidas pela PBPD? Como podem “garantir a autonomia e a cidadania das pessoas que usam drogas e o efetivo direito à saúde e ao tratamento em liberdade”, parte da missão da organização?

Mauricio — Como eu disse anteriormente, a Plataforma atua mais a partir de um diagnóstico crítico do que tendo um modelo de política de drogas pronto. Mas há alguns valores compartilhados, como a retirada da questão das drogas da esfera penal, o fortalecimento da redução de danos como forma de atenuar os efeitos negativos das substâncias psicoativas e também a defesa de modelos de atenção e tratamento baseados em evidências científicas e não no isolamento forçado e com práticas desumanizadoras. Um ponto central das políticas promovidas pela Plataforma é ver no cidadão que consome drogas, tenha ele problemas ou não com esse uso, um portador de direitos como todos os outros e cuja assistência médica e social visem a melhora de seu quadro, não necessariamente a sua submissão moral a uma determinada escala de valores.

JL — Como vocês avaliam as políticas de drogas no Brasil? Qual é a tendência? Há abertura para o diálogo? O que opinam sobre os programas da prefeitura paulistana na Cracolândia?

Mauricio — O Brasil está distanciado das discussões mais avançadas em política de drogas, está inserido completamente no paradigma proibicionista do sistema ONU.

“Somos um dos países que mais sofre as consequências dessa política na nossa violência. Temos mais de 55 mil homicídios por ano e a política de drogas é uma parte importante desse cenário.”

No entanto, percebemos algumas possibilidades de avanço no horizonte. Mas há que se ter cuidado, pois a lei de drogas de 2006, por exemplo, foi percebida como um avanço na época, mas teve consequências práticas muito ruins, como o aumento do encarceramento. De qualquer forma, há setores no executivo e no judiciário que admitem que o crescimento exponencial do encarceramento e, assim, sinalizam mudanças pontuais. O STF, por exemplo, deve discutir em breve um recurso que pede ainconstitucionalidade da criminalização da posse de drogas para uso pessoal.

Caso julgue o recurso procedente, isso pode ter um impacto importante, forçando o legislativo a se posicionar mais claramente na definição de uso e tráfico. Mas ainda há muita resistência na sociedade, que encara qualquer crítica à situação atual como uma defesa do uso de drogas. Na verdade, é uma defesa do debate racional sobre política de drogas, o que ainda não acontece no Brasil. Sobre o Braços Abertos, nos parece uma política inovadora, que encara o problema das pessoas que vivem naquela área como muito além do consumo abusivo de crack, mesmo que esse seja um problema dramático. No entanto, há problemas, não só do próprio programa, mas que têm a ver com o próprio modelo proibicionista e nossa estrutura urbana. A coordenação científica da Plataforma está envolvida numa pesquisa de avaliação do programa que deve estar pronta nos próximos meses.

JL — Está comprovada a relação entre crimes hediondos e uso de drogas? O que está por trás dessa associação?

Mauricio — As evidências indicam que a maior associação entre crimes violentos e drogas está no seu mercado, e não no consumo em si. É claro que há uma associação entre padrões de consumo de algumas drogas com ações violentas, por exemplo, o consumo de álcool com violência doméstica. Mas uma política de drogas digna desse nome tem que enfrentar essas possibilidades de acordo com os padrões e as características do consumo de cada substância. Drogas estimulantes, por exemplo, devem ser pensadas de maneira mais cuidadosa, no que diz respeito à violência associada, do que a maconha ou o tabaco, para ficar em dois exemplos práticos. Mas, repito, hoje é o mercado de drogas ilícitas que está relacionado à violência.

Ironicamente, inclusive, a lei brasileira considera o tráfico de drogas um crime equiparado aos crimes hediondos, com uma execução penal severa. Esse é um dos motivos que faz com que mais de um quarto dos homens e dois terços das mulheres presas tenham sido punidas por tráfico de drogas.

Foto: Mídia NINJA

 

Cultura

Conheça ClarinhaMar, jovem poeta PcD que fala de enfrentamento e persistência

ClarinhaMar (Clarinha Marinho) apareceu pra mim num vídeo recebido pelo whatsapp.

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Conheça ClarinhaMar, jovem poeta PcD que fala de enfrentamento e persistência

ClarinhaMar falava de enfrentamento, de vida, de persistência, de ponto e vírgula. Postei o vídeo no meu face e a repercussão foi enorme. Resolvi pesquisar até encontrá-la. E a encontrei no Instagram @ClarinhaMar. Essa é a entrevista dela, mulher, poetiza, universitária e palestrante que fala de muita coisa. Podemos encontrá-la também no Facebook Clara Marinho.

Por Janete Chargista, especial para os Jornalistas Livres.

E aqui uma canja da poesia que ClarinhaMar recita:

“O Oceano do Mundo Concreto
Nada sei dizer sobre grandes egos

De grandes feitos meu corpo tem vão
Não me atrevo a contar do que sou cego
Nessa sombra feita clara ilusão
Nunca entendi, mas sempre me calaram

Minha sã poesia não diz de amor
Deste, todas as bocas já falaram
Crucifixo de corações, torpor
E do oceano que sobrevivi

Tão real que me dói imaginar
Mundo, fel de ódio num doce servir
Tua boca fala do vazio, teu ser

E meu oceano se deixa afogar
Na palavra que luta com o morrer.”

Veja abaixo a entrevista exclusiva com ClarinhaMar

Veja mais entrevista da Janete Chargista: Delegado Antifascista Fernando Alves

Veja mais: Carta Denúncia, por Helena Zelic



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Entrevista

Fim do isolamento no ABC é política, diz ex-prefeito de Santo André

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Nos últimos dias temos presenciado uma briga no ninho tucano da grande São Paulo, o motivo é o relaxamento da quarenta. Os prefeitos tucanos vem reclamando da falta de diálogo entre o governo estadual e as prefeituras do ABC. Parte dessa briga se dá pelo mau estar causado pelo pronunciamento do Prefeito da Capital, Bruno Covas, que pretende para os próximos dias implantar um relaxamento progressivo da quarentena e conta com apoio do Governador do Estado, João Dória também tucano.

Ao compararmos estatisticamente os números das cidades do ABC e a capital, números referentes ao COVID19, existe certa semelhança referente ao isolamento social. Enquanto na Capital Paulista o isolamento social mobilizou 53% da população, a região do ABC alcançou 50%. *

As semelhanças param quando passamos das estatísticas e pensamos em indivíduos, histórias de família e amigos. a região do abc é considerada atualmente um epicentros de proliferação do COVID19 na região sudeste, com números que pedem atenção, são 1073 infectados e 763 óbitos, algo próximo de 8% dos casos. Vale lembrar que somados a esse número, mais de 16 mil ainda aguardam os resultados dos testes.

A prefeitura de Santo André prometeu 100 mil testes desde o início de maio e até agora, o que podemos notar é apenas propaganda, muito menos que 10% da população foi de fato testada. A briga no ninho entre os prefeitos tucanos e o governador, tem deixado o PSDB em crise. Cabelo ou penas em pé. As eleições municipais previstas para ainda esse ano, parece configurar uma situação que divide caciques tucanos e seus agregados no ABC.

Conversamos com Carlos Grana, ex-prefeito de Santo André de 2013 a 2016, quando a região do ABC despontava como o famoso cinturão vermelho. Berço do novo sindicalismo, Santo André compõe parte do ABC paulista, conhecido desde o final dos anos 70 e início dos 80 como berço de um sindicalismo pujante e embrião do conhecido modo petista de governar, nos últimos 3 anos tem experimentado gestões tucanos. Falamos um pouco sobre como as prefeituras petistas deixaram os aparelhos públicos municipais de saúde, falamos ainda sobre Lockdown e conjuntura.

Jornalistas Livres: Como você vê esse conflito entre os prefeitos tucanos do ABC e Bruno Covas (prefeito da Capital) e qual o papel do governador nesse caso? Vale lembrar que Dória, disse que os prefeitos do ABC que pretendem flexibilizar a quarentena e reabrir comércio, não tem juízo.

CGrana: Nos aproximamos dos quase 90 dias de quarentena de quarentena no Estado de SP, não é mais quarentena, não é mesmo? O que está acontecendo hoje, é uma briga política, no campo da disputa partidária no centro do PSDB, veja que eles não conseguem falar a mesma língua, tanto governadores quando prefeitos do ABC paulista. O erro central ao meu ver, é quando tentam qualificar o plano de retomada SP, colocando alguns setores de serviços e manter a região metropolitana ainda em isolamento. Fato concreto é que nossa região está muito integrada a capital e outros pontos da região metropolitana que delimitam a capital paulista. Então colocar a região central em condição de maior flexibilidade e excluir dessa ótica a região metropolitana que está integrada a capital. Isso dificulta uma série de políticas de prevenção.

JL: Por exemplo, quais?

CGrana: Como é que se explica por exemplo, que aumentará a circulação de pessoas nos transportes coletivas que milhares de trabalhadores tomam diariamente rumo aos seus empregos? Formando assim um considerável deslocamento de força de trabalho para áreas díspares em políticas de isolamento social? Quero dizer de forma simples: com isso o abc seria duplamente prejudicado. A primeira e mais importante é com a saúde, pois revela falta de planejamento e logística na contenção do vírus e seu tratamento, já a segunda é a que revela a má coordenação e condução de programas de contenção dessa pandemia na região. O erro original é não levar em conta que a curva de contágio ainda está no ascendente, subindo todos os dias. Um erro brutal que custará vidas, cada vez mais próximas de nós. Os primeiros vitimados serão os trabalhadores e trabalhadoras. O comportamento dos tucanos no ABC em disparidade com a agenda do governador João Dória e do Prefeito da Capital. Aliás, as três posições mostram uma total falta de respeito com a vida e dignidade da pessoa humana. O compromisso deles é apenas eleitoral e não humanitário

JL: Você acredita que é momento de relaxar a quarentena? Quais métodos precisam ser aplicados para preservar a saúde da população?

CGrana: O grande problema que identifico é a ausência da testagem em massa, de 20% ou mais da população. Isso nos causa uma incerteza muito grande, pela própria experiência de alguns países e regiões do mundo. Lugares onde as regras do isolamento social foram afrouxadas, mas tiveram que voltar atrás. Pois se trata de um vírus cuja vacina ainda não existe e o risco de novas ondas de contágio é algo que devemos sim nos preocupar, mais do que números para engrossar estatísticas, cada vida é história de alguém que amamos e faz parte de nossas vidas, não podemos nos entregar ao discurso frio e irresponsável em nome do mercado, sem vidas não existe produção, consumo e portanto economia. Essa conta é lógico precisa ter adiciona aos seus trágicos resultados, a contribuição do governo federal.

JL: Bolsonaro tem culpa quanto a esse prolongamento do isolamento social e derrocada da economia?

CGrana: Olha, pensemos apenas em meados de março, isso para usarmos datas e marcação temporal de quando alguns prefeitos, governos e chefes de estado no mundo todo começaram a pensar o isolamento social com base em estudos da OMS (Organização Mundial de Saúde). Isso criou muita preocupação por parte da população, preocupação pela falta de preparo do atual governo e a indústria de boatos que abastecia a narrativa anti-isolamento. Igor, já parou para pensar que se tivéssemos empregado um lockdown no início, já estávamos saindo e retomando a economia. Percebe o quanto esse discurso é falho ao colocar a economia na frente das vidas, ignorando matrizes importantes como o fortalecimento do que chamo de musculatura pública, sim estou falando como eles tem usado repetidas vezes esse discurso falso de defesa da economia para no final legitimar uma narrativa de morte aos pobres. Chega assustar como isso não fica visível, é cristalino e translúcido no discurso, eles querem causar uma tragedia ainda maior.

JL: Você foi prefeito de Santo André (2013-2016), poderia falar um pouco como tem visto a gestão de crise aplicada no município durante a pandemia? Pode falar sobre os testes que não chegaram e a importância deles?

CGrana: Fui prefeito de Santo André de 2013 a 2016, e um dos investimentos prioritários da minha gestão foi na saúde, pela constituição federal parte do investimento público municipal (orçamento do município) deve ser investido, para ser preciso 15%, em Santo André, enquanto fui prefeito, investimos 30% nessa área tão necessária. Por exemplo, estendemos o número de unidades e otimizados o serviço de SAMU, isso em parceria com o governo federal de então, precisamos lembrar. SAMU que é uma política pública aplicada pelo PT. Estendemos o atendimento das UPAS, criamos uma logística que capacitou e abasteceu as UBS distribuídas no município. O problema central tem sido a gestão atual, que insiste em fazer política, a exemplo do PSDB no governo estadual, ambos alheios e ignorando a importância de cada vida, economia é sobre pessoas e não mercado, quem não entendeu isso é tudo menos gestor público.

Por Igor Santos – Jornalista, historiador, cearense e morador do ABC Paulista.

*(Informações extraídas do Instituto ABC Dados)

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Entrevista

Wadih Damous: “A tarefa imediata é colocar Bolsonaro para fora do Palácio do Planalto”

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Wadih Damous, ex-presidente da OAB/RJ e Alvaro Quintão da OAB/RJ. Card Jornalistas Livres
Por Bruno Falci e Nilce Costa para o Jornalistas Livres
Wadih Damous e Álvaro Quintão, conferenciam sobre a complexa e grave situação política, social e sanitária do Brasil , quando o Brasil assinala o segundo país mais infetado da covid19 no mundo. Dentro deste contexto, a ação da Polícia Federal, que  deflagrou na última terça-feira a Operação Placebo.

Também é comentado a situação das minorias, o desprezo neste momento para estas camadas.  Uma forte avaliação e formas de um novo governo través do PT, no intuito de retirar a extrema direita do poder,

Wadih Damous, ex-deputado federal, advogado trabalhista, que foi presidente da OAB – Ordem os Advogados do Brasil, no Rio de Janeiro, por dois mandatos. Damous é militante do Partido dos Trabalhadores desde a sua fundação, quando ainda fazia o curso de direito na  UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

Na presidência da OAB no Rio, uma das bandeiras de Damous foi o lançamento da Campanha pela Memória e pela Verdade, em prol da abertura dos arquivos da ditadura militar. Nesta trajetória, traçou um paralelo do combate à tortura durante o governo militar com o questionamento do instituto da delação premiada, consagrado pela Lava Jato, que virou uma dos fundamentos de sua atuação parlamentar. Teve procuração para atuar como advogado de defesa do ex-presidente Lula quando este se encontrava detido na carceragem de Curitiba.

ex-deputado federal,  advogado trabalhista, que foi presidente da OAB – Ordem os Advogados do Brasil, no Rio de Janeiro, por dois mandatos. Damous é militante do Partido dos Trabalhadores desde a sua fundação, quando ainda fazia o curso de direito na  UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

Na presidência da OAB no Rio, uma das bandeiras de Damous foi o lançamento da Campanha pela Memória e pela Verdade, em prol da abertura dos arquivos da ditadura militar. Nesta trajetória, traçou um paralelo do combate à tortura durante o governo militar com o questionamento do instituto da delação premiada, consagrado pela Lava Jato, que virou uma dos fundamentos de sua atuação parlamentar. Teve procuração para atuar como advogado de defesa do ex-presidente Lula quando este se encontrava detido na carceragem de Curitiba.

Quanto a operação Placebo, Wadih Damous não confere qualquer credibilidade quanto ao governador Wilson Witzel, mas defende que a operação poderia ter sido elaborada de melhor forma.

“Eu não sabia o que se passava, quando ouvia de casa, helicópteros a sobrevoar o local, ao verificar e deparei com a polícia federal fazia operação no palácio Guanabara, e nas propriedades particulares do governador Wilson Witzel do Rio de Janeiro e sua mulher.  Esta operação poderia ter sido feita com descrição, apesar da profunda ojeriza que sinto pelo governante e seu governo, mas eu prezo muito a ordem jurídica. É coisa grave, ela estaria repetindo Adriano Anselmo com Sérgio Cabral, usando o escritório de advocacia para celebrar contratos com fornecedores do Estado.”

Quanto ao governo Bolsonaro e as decisões a serem tomadas, e a enfrentamento a pandemia, Wadih menciona que nada é feito e a política da pandemia irá prosseguir.

“Bolsonaro é um aliado da pandemia, é negacionista, confirma que é uma gripezinha. É contra o isolamento social e participa em atos públicos com aglomeração de pessoa. Bolsonaro diz que ainda irá acontecer com muito mais gente”

E acrescenta:

Como os governadores estão na linha de frente no enfrentamento a pandemia e muitas vezes tem que contornar os obstáculos legais e administrativos na compra de equipamentos, para salvar vidas, estes vão ser perseguidos, investigados e sofrer tentativa de desmoralizados por parte de Bolsonaro e a PF.

Quem votou em Bolsonaro sabia em quem votava. Crivela é o homem do Bolsonaro na cidade do Rio de Janeiro, já pensa em flexibilizar a quarentena e ele tem que ser contido nisso. O Brasil está num índice macabro. O Brasil hoje é um país amaldiçoado, não vamos poder entrar em outros países, seremos apontados como agentes da pandemia”.

No que diz respeito a mudança urgente do governo atual:

“Não há como nós aceitarmos Bolsonaro à frente do governo até 2022, o Brasil acaba junto. O Brasil não aguenta assistir passivamente esta estratégia de Bolsonaro, que é simplesmente exterminar pobre e sanear a Previdência Social com extermínio de pobre.

Saídas como o impeachment, é custosa, Rodrigo Maia não tem prazo para aprovar isso, ele tem o poder de arquivar. O impeachment é um teatro político, embora tenha regras jurídicas, o que prevalece é a política. Teríamos que caçar a chapa Bolsonaro/Mourão”.

Garante que a esquerda, tem que reconstruir sua identidade.

A polarização na política brasileira, está se dando pela direita e extrema direita, a esquerda está fora, eu defendo que a esquerda tem que reconstruir sua identidade, construir uma agenda anticapitalista. Neste momento somos o epicentro da pandemia e do desemprego. Frente Ampla é algo mais “amplo”, acho que devemos de reunir esforços e que ela aconteça. Eu defendo uma Frente Ampla em defesa do Estado de direito, mas eleitoralmente, eu defendo uma frente de esquerda para enfrentar o fascismo nas próximas eleições. A tarefa imediata é colocar Bolsonaro para fora do Palácio do Planalto”.

O que pensa o PT com a saída do Freixo:

“A posição oficial do PT no Rio de Janeiro é manter a frente esquerda que eu acho que não acontecerá, que se dava ao nome do Marcelo Freixo, era  o candidato mais viável. O argumento correto não dava pra manter a candidatura por causa da fragmentação da esquerda , não conseguiu unir o PT com outros partidos, assim abandonando a candidatura. Nós não vamos apoiar candidato do PSOL e ponto. Em termos de representatividade na sociedade, me parece que a candidata Benedita preenche bem. Nós vamos continuar a defendendo a frente esquerda, os partidos tem que se sentar e ter maturidade e emergir um nome”.

Álvaro Quintão, começou a militância política por volta dos 16 anos e sendo eleito para a diretoria do sindicato dos metalúrgicos do Rio de Janeiro com apenas 20 anos.

Foi filiado ao PT, onde atuou ativamente na década de 80 contribuindo com a construção do PT e participou ativamente das campanhas que levaram Lula à presidência do Brasil.

Posteriormente, fez faculdade de Direito, e passou a militar na advocacia, sendo eleito presidente do Sindicato dos Advogados do Rio de Janeiro e Conselheiro da Ordem dos Advogados no Rio de Janeiro.

Atualmente, além da Presidência do Sindicato dos Advogados, exerce o Cargo de Secretário-Geral e Presidente da Comissão dos Direitos Humanos na OAB/RJ.

Como advogado atua na área Trabalhista, assessora diversos sindicatos, entre estes, o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação, visto neste momento de pandemia ser um dos mais afetado.

Na qualidade de advogado vem participando de várias Negociações Coletivas com base nas normas que estão sendo criadas neste período de pandemia.

Álvaro Quintão, refere que desde a Lava Jato, o Brasil perdeu toda sua legitimidade, tratando-se de um processo mais político do que jurídico, que acabou por dar a oportunidade do atual governo.

“A situação que nos encontramos hoje, já não é nova, voltando a 2014/2015, quando a famigerada operação Lava Jato esqueceu de investigar e de julgar de acordo com a constituição e com as leis. Preferiu fazer daquele processo, um processo político, nós já avisávamos que correríamos riscos muito grande, estava abrindo naquele momento a caixa de pandora”.

E ainda conclui que:

“Eduardo Cunha que presidia a Câmara Federal, fazendo toda barbaridade para levar o Brasil onde chegou, encontrava esse ego naquela operação, naqueles julgamentos mais político do que jurídico que aconteciam em Curitiba, e isso vem acontecendo. Isto acabou contribuindo para eleição deste presidente, que me recuso a dizer o nome”.

Como Presidente da Direção dos Direitos Humanos na OAB/RJ, afirma que as minorias são as mais prejudicadas; pobres, negros, mulheres e índios. Instituições preferem não se manifestar. O tempo é de ditadura e o Brasil se tornou o país do espetáculo, garante.

“Todas chamadas minorias, o que estavam mais fragilizados sentiu na pele esse aumento da violência e da discriminação. O que a gente não vê, são certas instituições que preferem não se manifestar. São trinta e cinco pedidos de impeachment do atual presidente e nenhum destes pedidos, foram sequer analisados. O Brasil tem vivido nos últimos anos um país de espetáculo”.

E ressalta: Vivemos mais tempos de ditadura do que de democracia.

“O governo está mais preocupado é em colocar os pobres e negros nas ruas como os moradores de periferias, enquanto a elite econômica, continuam fazendo sua quarentena voluntária em casa. A política econômica na europa, os governos abrem mão do orçamento, o Brasil não tem intenção de investir”.

Quando se refere a Marcelo Freixo:

“Existe sim resistência de alguns partidos, um dos candidatos da esquerda que já tinha inclusive, o seu apoio pelo PT resolveu retirar sua candidatura, que foi o Marcelo Freixo, porque tem encontrado em outros partidos resistência nesta frente de esquerda que todos nós sonhamos. Tem que se tirar o chapéu ao PSOL, PT e PCdoB, que tem demonstrado a disposição para se buscar uma unidade de fato dos partidos de esquerda. A esquerda tem sim que buscar um candidato viável para as eleições presidenciais. Trabalhar pela união da esquerda, para construir uma base”.

VEJA ABAIXO A ENTREVISTA COMPLETA

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