Em ato político, Lula, Dilma, Mujica e Vagner ressaltam a importância da integração latinoamericana

por Vitório Tomaz, com fotos e vídeos de Ana Carolina Barros, especial para os Jornalistas Livres


Na última terça-feira (13/10) no Palácio de Convenções do Parque ANHEMBI em São Paulo aconteceu a abertura do 12 Congresso da Central Unica dos Trabalhadores (CONCUT), evento que acontece em momento histórico da democracia no Brasil e que reuniu a Presidenta da República Dilma Rousseff, o Ex-Presidente do Brasil Luis Inácio Lula da Silva, e o Ex-Presidente do Uruguai Pepe Mujica além de representantes de centrais sindicais de 72 países, distribuídos pelos 6 continenentes, representantes de diversos movimentos sociais, da CSI e da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Em todas as falas de abertura o tom foi em defesa da democracia, da soberania e integração latinoamericana e contra o avanço do poder corporativo e da direita em todo o mundo. Frente as atuais circuntancias os líderes pontuaram a necessidade iminente da união dos trabalhadores para fazer frente aos retrocessos forjados pelo capital. Falaram em ordem a Presidenta Dilma Rousseff, o Presidente da CUT Vagner Freitas, o Ex-Presidente do Uruguai Pepe Mujica e encerrando a noite o Ex-Presidente Lula.

Dilma discursando durante a abertura do 12.o CONCUT

Em seu discurso, a Presidenta Dilma Rousseff afirmou que os ataques golpistas não estão direcionados a ela e sim ao que ela representa. Dilma se colocou como a representante das mudanças sociais que vem ocorrendo no pais desde que o ex-presidente Lula foi eleito, enfatizando que o golpe que insistentemente vem sendo articulado pelas mídias e setores da direita não é contra a presidente da república, mas contra todos os cidadãos brasileiros e as conquistas dos últimos anos.

“Nós neste momento estamos fazendo um grande esforço para manter as conquistas que tivemos” — Presidenta Dilma Roussef

Colocou que as tentativas golpistas que tem sofrido por parte da oposição, que tenta a qualquer custo criar um ambiente artificial para o golpe, seja por meio do Tribunal de Contas da União ou por meio da crise,não vingaram. Segundo Dilma, ao tentar promover o golpe, a oposição tem se esquecido de questões importantes como o fato de que na sua gestão e na do ex-presidente Lula foi se injetado nos bancos públicos aproximadamente 500 bilhões de reais e que apesar disto a oposição prefere se fixar apenas nas retiradas feitas para subsidiar o programa “Minha casa, Minha vida” que em muitos casos de famílias de baixa-renda financiou 90% do valor integral do imóvel.

Dilma com bandeira da Marcha da Mulheres Negras

Concluindo sua fala, enquanto a platéia entoava falas como “No meu pais eu boto fé, porque ele é governado por mulher” e “Não vai ter golpe” a Presidenta deixou a seguinte pergunta no ar:

“ Quem tem força moral, reputação ilibada ou biografia limpa o suficiente para atacar minha honra?”.

Dando sequência a abertura o Presidente da CUT, Vagner Freitas, abordou o avanço da direita como um fenômeno de amplitude mundial que atinge a todos e todas da classe trabalhadora, ressaltando a importância da unidade entre a classe trabalhadora para fazer frente aos avanços e garantir a permanência dos direitos já conquistados.

Vagner Freitas falou também sobre a sua categoria (bancária), que está atualmente mobilizando greves em todo o país. ressaltando a proposta obscena feita pelos banqueiros de oferecer aos seus trabalhadores um aumento de apenas 50% sobre o valor da inflação. Defendeu ainda a realização de uma campanha extensiva a favor da repatriação do dinheiro desviado pela corrupção, saída que, segundo o mesmo, poderia evitar o ajuste fiscal. Concluiu sua fala com a promessa de apresentar na próxima sexta-feira proposta assinada pela CUT como saída alternativa ao ajuste fiscal. Tema que mais a frente também foi explorado pelo presidente Lula em seu discurso.

Na continuação, o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, em concordância e complemento aos discursos que o antecederam, denunciou o avanço da direita e das forças corporativas no mundo, tendo ressaltado a necessidade de avançar na luta para criar um mundo com menos pobreza, com mais saúde e mais dignidade. Mujica enfatiza que tem consciência do momento difícil que o Brasil está atravessando e convida o povo brasileiro a nutrir a esperança e não deixar de lutar pela liberdade e pela democracia. O ex-presidente uruguaio afirma que nenhum país da América do Sul conseguirá vencer o capitalismo sozinho e portanto pede a integração latinoamericana.

“Compatriotas, sonhava com um mundo sem classes, porém tenho que navegar em um mundo que tem classes” — Pepe Mujica — ex-presidente do Uruguai

Finalizando a noite, o ex-presidente Lula iniciou sua fala contextualizando o momento em que ocorreu sua eleição no Brasil e destacando que a América Latina viveu um período de grandes avanços para a esquerda ao eleger presidentes progressistas no Uruguai, Argentina, Venezuela, Bolívia, além de outros na América Central.

Ex-presidente Lula discursando durante o 12.o CONCUT
Em defesa da Presidenta Dilma Rousseff, elogiou o discurso da mesma, ao afirmar que, como líder política e nao como presidenta, Dilma havia feito um discurso histórico. Ressalta que a presidente mostrou o “coração valente” que lá estava na campanha que a elegeu em 2014.

Pró integração, Lula elogiou o discurso de Vagner Freitas ao dizer que o mesmo, apesar de ter apresentado as dificuldades que o Brasil vive atualmente, se colocou como um critico positivo, ao cobrar e ao mesmo tempo dizer que a CUT está ao lado da democracia e sabe que o momento demanda proposições de soluções.

Criticando o ajuste fiscal proposto pelo Ministro Joaquim Levy, Lula ressaltou que não existiu um único país no mundo que melhorou sua economia ao realizar ajuste fiscal.

E que apesar de existir o movimento recente da FIESP contra a volta da CPMF, o sistema S foi beneficiado com recursos do governo por meio do PRONATEC para financiar seus cursos técnicos.

Presidenta Dilma Rousseff e Ex-Presidente Lula conversando antes do discurso da Presidenta

Em recado a Presidenta Dilma, Lula defendeu que o governo precisa ter mais ousadia, pois para o povo brasileiro, está dada a impressão de que o discurso feito pela oposição nas eleições é o discurso que o governo adotou e vice-versa. Enquanto o mesmo discursava ouvia-se a platéia gritar

“Fora Levy”.

Por volta das 23h40 deu-se o encerramento da plenária, sob o som de Calle 13 — Latino América, postado logo abaixo para vocês.

 

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