Zuzu Angel pediu ajuda a Geisel no dia das mães de 1973

No Dia das Mães, em 1973, a estilista Zuzu Angel foi à casa do General Ernesto Geisel. Ela foi pedir ajuda para descobrir o paradeiro do corpo de seu filho, Stuart Angel – covardemente torturado e morto aos 25 anos por agentes da repressão.

Geisel vendia a imagem do “bom General”. Sob o comando do Presidente Castelo Branco (o primeiro da ditadura militar), investigou denúncias de tortura no Nordeste. Provavelmente, Zuzu acreditava que ele poderia, “como pai e cristão”, lhe dar uma resposta sobre o filho desaparecido.

Em 1975, a mãe desesperada, mas ainda com alguma esperança de encontrar o corpo do filho, enviou uma carta ao então Presidente Ditador Ernesto Geisel, “eleito” em junho de 1973 com 400 votos (não, você não entendeu mal, QUATROCENTAS pessoas decidiram quem seria o Presidente do Brasil naquele ano).

“Naquele dia estive na sua residência e levei a minha aflição… Estou certa de que Vossa Excelência, como pai e como cristão que é, há de compreender a angústia em que vivo há quatro anos…que teria sido feito do corpo de meu amado filho? Tão belo rapaz, torturado e assassinado pelo CISA (Centro de Informações da Aeronáutica), no Galeão…” escreveu Zuzu.

(leia aqui a carta completa, manuscrita, enviada ao General)

Na ultima quinta-feira (10/05), um documento do governo dos EUA revelou conversa entre Geisel e generais que estavam à frente do Centro de Inteligência do Exército (CIE) e do Serviço Nacional de Inteligência (SNI) do país. A pauta era discutir como tratariam os opositores políticos ao regime, a quem chamavam de “ameaça subversiva e terrorista”.

Segundo o memorando norte-americano, os generais defendiam que “métodos extralegais devem continuar a ser empregados contra subversivos perigosos”. Figueiredo (João Baptista, tornado presidente depois de Geisel) teria apoiado a conduta e insistido para dar continuidade ao processo. Ernesto Geisel pediu um tempo para refletir antes de decidir mas em seguida o ex-presidente teria determinado que a política de execuções continuasse mas “com muito cuidado”.

Como será que é prender, torturar e matar “com muito cuidado”?

Zuzu não sabia, mas o homem a quem ela foi pedir socorro era um dos assassinos de seu filho.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No ano seguinte, em 14 de abril de 1976, a estilista Zuleika Angel Jones morreu em um “acidente” de carro. A versão oficial da ditadura afirmou que ela teria dormido no volante de seu Karman Ghia, e batido na mureta de proteção na saída do Túnel Dois Irmãos. Familiares e amigos jamais acreditaram nessa versão. Em 2014, uma fotografia publicada na imprensa e o depoimento de um agente da ditadura militar à Comissão da Verdade, o ex-delegado Cláudio Guerra, revelaram que um dos homens, na foto, que observava o carro destruido da mãe de Stuart, era o coronel do Exército, Freddie Perdigão – um dos mais atuantes oficiais do Exercito Brasileiro no aparelho de repressão do governo militar.

COMENTÁRIOS

2 respostas

    1. Zuzu… choro contigo… E peço a Deus que tenha permitido ou ainda permita que tu
      te encontres com teu amado filhinho Stuart… :(((((

POSTS RELACIONADOS