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  • Basta de Bolsonaro! O Brasil não pode ser governado por um genocida confesso

    Basta de Bolsonaro! O Brasil não pode ser governado por um genocida confesso

    Por Dacio Malta*

     

    Com pouco mais de 500 dias de governo, Jair Bolsonaro já reúne condições mais do que suficientes para que sofra um processo de impeachment.

    O capitão foi eleito com 57 milhões de votos, sendo que oito milhões foram de órfãos de Alckmin, Amoedo, Meirelles, Marina e Álvaro Dias —todos arrependidos ou envergonhados. Mas ele não tem 57 milhões de votos. Ele teve. Hoje recebe o apoio de menos de 30% da população, se tanto.

    Bolsonaro não pode ser condenado pelo seu passado. Este é conhecido. Sempre disse que nada mudaria no país através do voto. Para ele, o golpe de 64 errou ao não matar 30 mil. Sempre foi a favor da tortura, e seus pronunciamentos eram racistas, misóginos e homofóbicos.

    E 2018 o absolveu.

    Não se deve culpá-lo pelo alinhamento aos Estados Unidos, mas sim ao presidente Donald Trump. Ele repetiu várias vezes que o idolatra. Nem a sua fanfarronice em favor do governo de Netanyahu —embora ele nada saiba sobre o Holocausto  , e muito menos de qualquer coisa que diga respeito ao povo judeu. Israel para ele é vestir uma túnica branca e molhar a cabeça no rio Jordão.

    Não se pode execrá-lo por seguir os “ensinamentos” do astrólogo, ideólogo e chantagista Olavo de Carvalho —responsável pela indicação de alguns dos mais desqualificados integrantes do governo, como os ministros da Educação e o das Relações Exteriores, além de figuras menores, mas não menos perigosas, como é o caso do presidente da Fundação Palmares.

    Ser pai de três milicianos foi o destino que traçou. Laranjinha, Carluxo e Bananinha são retrato fiel de um pai tosco e machista. Os ensinamentos que receberam foram mentir, prevaricar, conspirar e alimentar conflitos.

    Bolsonaro não deveria ser punido pelo ódio ao Exército, que o expulsou por tentativa da prática terrorista e quebra de disciplina.
    Muitos dos comandantes militares são irmãos, filhos ou netos de militares. A adoração pela Arma faz com que muitos procurem traçar o mesmo caminho. Bolsonaro, ao contrário, não encaminhou nenhum dos filhos para a carreira militar, pelo simples fato de que ele a odeia. Preferiu colocá-los na política, onde a imunidade parlamentar é uma porta escancarada para a impunidade, o caixa 2, as rachadinhas, a lavagem de dinheiro, o enriquecimento ilícito e outras  ilicitudes. O Exército serviu apenas para que ele chegasse à Câmara e lá permanecesse por 28 anos.

    Muitos militares estão nesse governo, mas pouquíssimos exercem o poder. Engana-se quem pensa que alguns o tutelam. Ele não respeita ninguém e, sempre que possível, humilha-os. Em dezembro de 2018, às vésperas de sua posse na presidência, exigiu do então comandante Eduardo Villas Bôas uma medalha por ato de bravura  —que teria praticado 40 anos antes. E o Exército, covardemente, se curvou a um reles capitão que foi expelido de suas fileiras.

    Bolsonaro não pode ser crucificado por não entender de economia, não ter programa de governo e ter em seu ministério pelos menos três corruptos conhecidos – os ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente), Ônyx Lorenzoni (Cidadania) e Marcelo Álvaro Antônio (Turismo).

    O capitão não deve ser culpado pelo convite ao ex-juiz Sérgio Moro para o papel de super ministro, apesar de humilhá-lo a ponto de o Marreco ser obrigado a pedir demissão. Hoje, os dois duelam. E ambos devem estar certos.

    Seu comportamento fascista contra a imprensa —desrespeitando o trabalho dos repórteres e insuflando anunciantes visando a falência dos jornais— também não é o suficiente para derrubá-lo.

    Nem mesmo todo o conjunto da obra levaria ao impeachment.

    O que condena Bolsonaro —e isso faz com que se torne urgente o seu afastamento do poder— é a escancarada sabotagem diante da maior e mais devastadora crise sanitária vivida pelo país, que prevê a morte de mais de 100 mil brasileiros até meados de agosto.

    Em 100 dias de pandemia, Bolsonaro não teve uma única palavra de consolo aos familiares das vítimas, não visitou um único hospital, demitiu dois ministros da Saúde, entregou a pasta a um capacho treinado para obedecer a ordens —por mais estúpidas que elas sejam, obrigando-o a assinar protocolos condenáveis, portarias assassinas, nomeação de despreparados, o desprezo constante à ciência e, mais recentemente, a camuflagem do número de contagiados e de mortos, falseando estatísticas e duvidando da veracidade dos atestados de óbitos. Humilhando, assim, médicos e familiares dos mortos, como se fosse possível desenterrar quase 40 mil cadáveres e realizar novas autópsias.

    É sabido que as subnotificações aumentariam em cerca de 20% a quantidade de óbitos pelo Covid-19, mas o general paraquedista que está comandando o Ministério da Saúde trabalha para reduzir esses números atendendo aos anseios do coveiro da nação.

    A exposição e o discurso diário contra o isolamento, a luta pela abertura do comércio, volta às aulas, o chamamento do povo para passear nas ruas, a sabotagem explícita diante da pandemia e o descaso à ciência  —são razões mais do que suficientes para que as instituições dêem um basta já.

     

    *Dacio Malta trabalhou nos três principais jornais do Rio – O Globo, Jornal do Brasil e O Dia – e na revista Veja.

    Leia mais Dacio Malta em:

     

    Com Bolsonaro, Brasil se torna o paraíso do Coronavírus

     

  • #8MCuiabá – Pela vida das mulheres

    #8MCuiabá – Pela vida das mulheres

    Por: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com

    Debaixo de muito sol e com uma sensação térmica acima dos 40 graus, dezenas de mulheres da Grande Cuiabá se reuniram hoje na Praça Ulisses Guimarães para protestar contra o feminicídio e exigir direitos iguais.

    Com uma tenda para atender as crianças que acompanhavam as mães, carro de som para as falas e shows e produtos artesanais, as manifestantes distribuíram um Manifesto Pela Vida das Mulheres. Nele, realçaram as conquistas históricas, como o direito ao voto, e as lutas atuais, como o fim da violência de gênero, sexual e estrutural.

    Além das pautas próprias, as manifestantes também exigiram a revogação das reformas da previdência e trabalhista e a garantia de acesso à saúde e educação, incluindo as creches, já que apenas 30% da demanda por esse serviço é atendida pelos governos do estado.

    O manifesto acusou, ainda, o governo federal:

    Temos o direito de viver uma vida livre de qualquer tipo de violência, agressão física, violação e abusos sexuais, mas o Estado Brasileiro, através do atual governo (Jair Bolsonaro), e sua prática machista, racista, misógina e LGBTfóbica, nos expõem e nos coloca num “lugar frágil” e, por isso, vulnerável.

     

    Outra figura de destaque no Manifesto foi a ministra Damares que, com suas falas alucinadas e sua arbitrariedade de atitudes, quer “negar essa violência e a nossa necessidade de igualdade: temos um governo que tenta destruir os direitos que conquistamos com muita luta”.

    Para a professora e coordenadora de imprensa da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso – Adufmat, Lélica Lacerda, conta em vídeo, os motivos das manifestações: a criação de uma nova cultura, política e economia que promovam a igualdade entre os gêneros.

    Veja abaixo a rápida entrevista

    Outras fotos do evento

    #8MCuiabá – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Varal com mulheres vítimas de feminicídio em MT – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Varal com mulheres vítimas de feminicídio em MT – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Varal com mulheres vítimas de feminicídio em MT – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Varal com mulheres vítimas de feminicídio em MT – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Varal com mulheres vítimas de feminicídio em MT – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Varal com mulheres vítimas de feminicídio em MT – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com
    #8MCuiabá – Lélica Lacerda, da Adufmat, fala às mulheres – Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com

     

     

  • Editorial: Conhecereis os fatos e a verdade aparecerá

    Editorial: Conhecereis os fatos e a verdade aparecerá

    O jornalismo, assim como a ciência, não se pretende detentor da “verdade”. Nossa matéria-prima são os fatos. E os fatos bem apresentados a leitores, ouvintes e telespectadores são fundamentais para cidadãos tomarem decisões políticas. Jornalistas sérios, como a colega Patrícia Campos Mello, apuram, documentam e relatam fatos importantes para a compreensão da realidade cotidiana. Foi exatamente isso que ela fez na premiada série de reportagens que demonstrou, com dados, fatos e documentos, a contratação de empresas de “marketing” para o ilegal e milionário disparo em massa de mensagens de WhatsApp destinadas a favorecer a candidatura de Jair Bolsonaro e outros políticos de extrema direita  nas eleições de 2018. Como atestaram entidades do porte da Organização dos Estados Americanos, o Brasil foi o primeiro caso documentado em que as fake news (MENTIRAS, em bom português) distribuídas massivamente por celulares tiveram papel decisivo nas eleições majoritárias de uma grande democracia. Mais tarde, reportagem do jornal britânico The Guardian trouxe uma pesquisa provando que 42% de mais de 11 mil mensagens virais utilizadas durante a campanha eleitoral no Brasil traziam conteúdo falso (MENTIRAS) que favoreciam o então candidato de extrema direita à presidência.

    Os fatos, portanto, são que campanhas de extrema direita por todo país, incluindo a presidencial, se utilizaram de recursos ilegais e fake news para eleger seus candidatos. Os fatos são que os órgãos de fiscalização das eleições, como o Tribunal Superior Eleitoral, viram isso acontecer e não tomaram, à época, as atitudes que deveriam tomar. Os fatos são que o homem que ocupa a presidência e seus asseclas se elegeram e governam por meio de mentiras e ilegalidades. O fato é que por meio dessas mentiras, o governo caminha rapidamente para um fascismo aberto e ataca diariamente todas as instituições democráticas brasileiras, especialmente as que trabalham com fatos, como o jornalismo. E os fatos são que, apesar de gostarem de usar um versículo bíblico associando verdade e liberdade, o que se tem são mentiras e agressões diárias contra pessoas que trabalham com fatos, como cientistas e jornalistas.

    Ontem, o Brasil viu estarrecido a escalada de um novo patamar nas mentiras, baixarias, calúnias e difamações, apoiadas e divulgadas pelo governo, contra uma jornalista e, portanto, contra toda a imprensa séria nacional. Patrícia Campos Mello foi alvo, em pleno Senado da República, não somente de mentiras sobre sua atuação profissional impecável no caso, mas também de calúnias de conteúdo sexual, o que demonstra, mais uma vez com fatos, que esse governo não apenas é fascista e mentiroso, como também machista e misógino. A Patrícia, toda a nossa solidariedade e apoio, tanto pessoal como profissional.

    É passada a hora de a imprensa brasileira dar um basta nas mentiras e agressões desse governo que tomou posse há mais de um ano num evento grotesco em que os jornalistas foram confinados longe dos políticos e ameaçados de serem baleados se tentassem se aproximar. Não é possível que os colegas da mídia hegemônica sigam aceitando as “coletivas” da porta do Palácio do Planalto em que o homem que ocupa a presidência os xinga, manda calarem a boca, destrata os veículos para os quais trabalham e foge cada vez que é feita uma pergunta diferente da que ele quer responder. É urgente que jornais, rádios, TVs e portais noticiosos PAREM de tratar esse governo como “normal” e usem as palavras corretas para designar os fatos. Mentiras são mentiras. Fascismo é fascismo. Extrema direita é extrema direita. Retirada de direitos é retirada de direitos. Autoritarismo é autoritarismo. Corrupção é corrupção. Milícia é milícia. E bandidos são bandidos.

    A sociedade e os democratas brasileiros devem exigir das autoridades que ainda não foram totalmente cooptadas por esse governo fascista que façam funcionar as instituições democráticas. Os mentirosos e caluniadores precisam ser processados. Os crimes, inclusive de morte como da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, precisam ser investigados e punidos. Os políticos que se beneficiaram de esquemas de corrupção, financiamento ilegal de campanhas e difusão em massa de mentiras precisam ser cassados, ainda que se faça necessário anular as eleições de 2018.

    Não é a mentira manipulada com o uso versículos bíblicos para enganar a população de boa fé que vai nos libertar. Nossa libertação como nação virá da VERDADE proveniente dos FATOS. E para isso, uma imprensa forte e independente é fundamental.

  • Um arco-íris de gente à beira-mar em resposta aos ataques homofóbicos

    Um arco-íris de gente à beira-mar em resposta aos ataques homofóbicos

    Os ataques homofóbicos à liberdade de expressão e à diversidade de gênero pelo presidente, ministros e governador do Rio de Janeiro parecem ter despertado ainda mais a disposição de ir às ruas em defesa do direito de cada um ser o que é. A 13ª edição da Parada do Orgulho LGBTI+ de Florianópolis levou mais de 50 mil pessoas a ocuparem a Beira-mar Continental neste domingo (8) de sol e vento sul gelado. Das 11h às 21h, a avenida foi interditada para receber uma multidão colorida de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, homens, mulheres, crianças, famílias. Elas marcharam, dançaram, cantaram e gritaram palavras de ordem contra a intolerância e o estado teocrático que quer normatizar a identidade heterossexual e reprimir as múltiplas subjetividades.
    Pelo quarto ano consecutivo, a Parada LGBTI de Florianópolis ocorre na Beira Mar do Estreito, tendo à frente de sua coordenação o Movimento Social Organizado de Florianópolis. Na avaliação da suplente de vereadora Carla Ayres, do mandato popular do PT na Câmara de Vereados, o protesto e a consciência política marcaram o evento, que neste momento de luta contra o retrocesso ético, moral e político do país, definitivamente mostrou ser muito mais do que uma mera catarse ou entretenimento:
    Foto: Vagner Gomes Siqueira (GAPA/Floripa)

    “Este ano talvez tenha sido a edição mais política da história das paradas em Florianópolis, não só pelos discursos, mas especialmente pelo mar colorido de corpos afirmativos de nossa existência e resistência ao momento de graves ameaças aos direitos e à vida da população LGBT. Foi um ato extremamente politizado, em que organizações da sociedade civil e os próprios artistas que se apresentaram e se posicionaram recorrentemente contra as retiradas de direitos, contra os desmontes sociais do atual governo federal e em defesa dos nossos direitos.”

     

    Como grande aliada das minorias, a força feminista das mulheres também marcou presença. Um cordão delas aninhou-se embaixo da bandeira gigante da diversidade, com as cores do arco-íris. Tendo à frente Ana Bezerra, Elenira Vilela, Juliana Lima, Íris Gonçalves, Elaine Sallas entre outras integrantes do 8M Florianópolis, as feministas lançaram a Greve Internacional das Mulheres, convocando para a preparação do 8 de março de 2020. Também lembraram a grande mártir Marielle Franco, vítima das milícias governistas, com o estandarte que trazia o seu grito: “Quantas mais tem que morrer pra esta guerra acabar?”

    A concentração começou às 11 horas, na cabeceira da Ponte Hercílio Luz, onde a bateria da Consulado do Samba, escola campeã do Carnaval 2019, fez a abertura. O trio elétrico orquestrou a festa, puxado por Selma Light, uma drag queen de Floripa com fama nacional, ao lado de Suzy Brasil e do DJ Paulo Pringles, também referências nacionais no mundo LGBTQI. Foi uma surpresa o momento em que a subiu no carro do trio elétrico a ex-chacrete, cantora, atriz e dançarina Rita Cadillac, que continua carismática para o público. E uma emoção quando dois casais, as lésbicas Vitorí e Maria, e os homossexuais André e Adriano, celebraram sua cerimônia de casamento em cima do caminhão de som.

    Às 16h30, acompanhado a pé pelo cordão gigante do arco-íris humano, o trio se deslocou até o palco principal do evento, no final da Beira-Mar Continental, para levantar e alegrar a multidão com as atrações musicais de Aretuza Lovi e Dan Murata, ícones da performance da diversidade. Também se apresentaram os influencers Mandy Candy (@mandycandyreal), Júlia & Flávia (@fripolter) e Biga Kalahare (@bigakalahare),

     

    Foto do G1 de Paulo Mueller (NSCTV) por si só desmente o próprio veículo

    Embora a Polícia Militar tenha calculado o número de participantes em 10 mil pessoas, número que foi reproduzido nos jornais comerciais, as imagens da manifestação desmente essa estimativa. A própria foto publicada pelo G1, por exemplo, mostra que os números dos organizadores são muito mais próximos da realidade. Carla Ayres, que faz parte do Acontece – arte e política LGBTI (uma das entidades organizadoras da Parada) e a presidente da Comissão dos Direitos LGBTI+ da OAB-SC, Margareth Hernández, calculam a participação entre 50 e 70 mil pessoas.

    Por diversas vezes, artistas, públicos e coordenadores fizeram referência aos 50 anos da Revolta de Stonewall, confronto entre a polícia e homossexuais nos Estados Unidos, que é um marco na resistência e luta por igualdade e marca o lema das paradas deste ano em todo o país. Fica o depoimento de Toninho Fernandes:

    “Santa Catarina virou bunker de Nazifascistas… A intolerância levando à ignorância, mãe de tudo que é de pior na humanidade… O bom é que todos os (des)governos passam este passará muito rápido porque não chegará ao fim de mandato! Crivellas, Witzels, Bolsonaros irão embora do Brasil e espero que seus seguidores também…”

     

     

    Edição de Emílio Rodrigues / Jornalistas Livres, com vídeo de Vagner Gomes Siqueira (GAPA/Florianópolis) e fotos do 8M Florianópolis e organização do evento

    Guia Gay Floripa
    País é um dos que mais fazem marchas arco-íris no mundo! Aqui estão todas, grandes, pequenas, de norte a sul
  • “Os ataques misóginos não nos assustam; fortalecem-nos!”

    “Os ataques misóginos não nos assustam; fortalecem-nos!”

    “Os ataques misóginos não nos assustam; fortalecem-nos!” Assim Luccy Lopes, presidenta do DCE da Faculdade Professor Dirson Maciel de Barros, em Goiana/PE, responde ao machismo que insiste em se manifestar no debate político brasileiro. A militante está ansiosa para o Ato dos Movimentos Sociais com Dilma, aqui no Acampamento Nacional pela Democracia e contra o golpe, marcado para a manhã deste sábado (16).

    Luccy acredita que a presença de Dilma junto aos acampados ajudará a “manter o ritmo de mobilização contra o golpe”, já que além de Presidenta de todos os brasileiros, “é uma mulher de fibra que não se deixa abalar com picuinhas”.

    Sobre o momento conturbado pelo qual passa a política em nosso País, Luccy acredita que o saldo positivo é a união da esquerda manifestada nas diferentes atividades de mobilização contra o golpe ocorridas em todo o Brasil. Para ela, “a rearticulação da esquerda fatalmente nos fortalecerá para as batalhas vindouras”, citando o ânimo golpista e a aliança entre setores conservadores da sociedade para solapar a Democracia. De qualquer forma, quando perguntada, Luccy responde prontamente: “não vai ter golpe!”

  • Hoje eu quase fui agredida por um homem dentro do ônibus

    Hoje eu quase fui agredida por um homem dentro do ônibus

    Estava indo para o trabalho. Sentei na parte da frente para ter mais tempo no bilhete único. Um senhor já idoso estava conversando com a cobradora, e falava já várias coisas ofensivas para mulheres: falava mal de ruivas, de loiras, falava que não existe mulher feia depois de umas doses de álcool (e que foi assim que suportou beijar uma “negrinha”). A certa altura, defendendo a intervenção internacional no Brasil (!!), chamou a Dilma de vagabunda. Eu me levantei para girar a catraca e disse bem calma:

    “Senhor, não chame a Dilma de vagabunda. Nenhuma mulher, nem mesmo a presidenta, deve ser chamada de vagabunda porque esse xingamento ofende todas as mulheres. O transporte é público e você não tem o direito de falar essas coisas aqui.”

    Ele ficou puto, se levantou e pulou sobre mim, ficou muito perto mesmo, questão de milímetros. Disse, aos berros, que eu não entendia nada, que ele só estava falando da vagabunda da Dilma e não de todas as mulheres, que ele tinha sido preso na ditadura e tinha o direito de agir como quisesse e me ameaçou. Ali, com o corpo a milímetros do meu, disse que se eu falasse mais alguma coisa, ELE IRIA ME ENFORCAR DENTRO DO ÔNIBUS.

    Eu dizia que ele não iria encostar a mão em mim; ele vinha mais pra cima, morrendo de ódio. Qualquer coisa horrível podia ter acontecido se uma mulher (claro, uma mulher!) não tivesse entrado no meio, parado ele, gritando para ele me deixar em paz, e reforçando que chamar a Dilma e qualquer outra mulher de vagabunda é errado sim. Ela me protegeu enquanto eu passava a catraca e ele, do outro lado, gritava para o ônibus inteiro ouvir que eu, se defendo a Dilma, sou vagabunda também, que sou uma cretina, que sou loira (!!!) e que falo tanta merda que deveria enfiar um penico na cabeça. Isso tudo depois de ter me ameaçado enforcamento. Eu ia respondendo como dava, sem xingamentos, sem apelação, com algumas mulheres ao meu redor.

    Ele desceu no ponto seguinte e a sorte é que o ônibus estava cheio de mulheres, que então passaram o resto do caminho falando que sim, ele estava ofendendo as mulheres há muito tempo, que era um homem muito violento, que não se deve chamar de vagabunda porque nos ofende sim, e ainda rindo muito porque ele me xingou de loira. Uma delas disse “se meu marido estivesse aqui, já teria acabado com ele”, e eu respondi que não precisava, que as mulheres juntas davam seus jeitos.

    Ainda aproveitei e falei “tá vendo, gente, é por isso que a gente precisa do feminismo”. As mulheres do meu lado falaram que sim, precisamos mesmo.

    O ódio misógino assusta e não tenho vergonha de dizer que tremi muito de medo. Mas quando tem mulheres por perto pra nos proteger, garantir que a gente não vá se machucar, fica bem mais fácil. Fica bem mais fácil não se manter em silêncio quando outras mulheres estão por perto.

    É por essas e outras que a gente costuma dizer que seguiremos em marcha até que todas sejamos livres. Porque esse mundo, com homens violentos assim, não dá para nenhuma mulher. E precisa mudar.