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  • Bolsonarista é reincidente em casos de racismo

    Bolsonarista é reincidente em casos de racismo

     

     

    A prisão por injúria racial e vias de fato, no final da noite do último sábado por agressão a uma cozinheira não foi a primeira confusão na qual se envolveu o porta-voz do Movimento Brasil Livre (MBL) em Belo Horizonte, Thiago Dayrell Costa (https://jornalistaslivres.org/porta-voz-do-mbl-e-preso-por-racismo/). O jovem, bolsonarista, de 24 anos, é acusado de ter xingado outra pessoa de “crioulo” e macaco no ano passado, além de ter sido detido por agressão, em 2014, e se envolvido em uma balbúrdia em uma reunião com o vereador de BH Léo Burguês (PSL), conforme revela o portal BHAZ. Procurado pelo BHAZ, Dayrell nega ou diz não se lembrar dos episódios, a maioria deles registrados pela polícia.  

    O outro caso de discriminação racial teria ocorrido em março de 2018, dentro de um bar no bairro Lourdes, na Zona Sul de Belo Horizonte, informa o repórter Vitor Fernandes. “Eu estava em um show, dentro do bar, e ele [Thiago Dayrell] começou a gritar, junto com seus amigos, umas coisas para a campanha do Bolsonaro. O espaço era muito pequeno, ele estava bem em frente ao palco, atrapalhando o show. Como eu trabalhava com o pessoal da banda, fui lá pedir para ele parar com isso”, explicou o correspondente bancário João Paulo de Moraes Amâncio (foto acima) ao BHAZ.

    Nesse momento, João Paulo disse que Thiago não o ouviu, mas um amigo dele sim, dizendo que eles iriam parar. “Eu fiquei observando de longe. Ele ficou pedindo para uma menina, que estava perto do palco, para pedir o microfone ao cantor para ele subir no palco e falar coisas a favor do Bolsonaro”, contou.

    Vendo a insistência de Thiago, João Paulo decidiu intervir. “Voltei nele e disse que ele não iria atrapalhar o show dos meninos, pedi para ele parar de avacalhar. Ele me olhou e disse: ‘O que foi macaco, crioulo? Sai pra lá’. Na hora eu fiquei sem chão, sem reação. Quando acontece com terceiro, a gente imagina mil reações, mas quando é com a gente, ficamos sem saber o que fazer. Começou, então, um empurra-empurra, tentaram separar a briga e eu dei um soco nele. Aí começou uma confusão e ele foi retirado da casa”, explicou.

    O corresponde bancário diz que sente-se culpado por só estar falando do caso agora. “Quando vi que era a mesma pessoa que tinha feito isso comigo, vi que não poderia mais ficar calado. Se ele tivesse sentido em 2018, moral e financeiramente, o que fez comigo, talvez isso não tivesse acontecido com a cozinheira”, observou. João Paulo afirma que muitos amigos conhecem Thiago e afirmam que ele tem um perfil violento, um típico rapaz criado sem limites.

    João Paulo não registrou boletim de ocorrência, mas informou que já contatou um advogado e decidiu tomar medidas. “Eu era totalmente leigo sobre esse assunto. Um amigo meu, que também é meu advogado, me disse que ainda estou dentro do prazo de três anos previsto em lei e posso processá-lo. Vou correr atrás dos meus direitos, para que esse babaca não faça mais isso com ninguém. Ele não pode sair impune”, disse. “Não falei na época porque tinha muito medo de represálias. A gente vê isso acontecendo o tempo todo no Brasil e as pessoas saindo impunes. A verdade é que ele é branco e rico e eu sou preto e pobre. Fiquei com medo do que poderia acontecer. Hoje eu entendo a gravidade da situação, inclusive do meu ato de ter deixado para lá”, acrescentou o rapaz ao BHAZ.

    Procurado pelo BHAZ, Thiago Dayrell afirma que o fato não aconteceu. “Eu não me lembro de ter falado isso com ele. Não falei, tenho certeza absoluta que não falei. É mais uma pessoa que está fazendo uma difamação contra mim. Caso precise, vou entrar com denunciação caluniosa contra ele. Ele vai ter que provar isso”.

    Outros casos

    Já no dia 17 de agosto de 2014, Thiago e outra pessoa foram parados pela polícia durante um patrulhamento no Centro da cidade histórica de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha. Os dois estavam trafegando em local proibido e foram vistos agredindo uma pessoa com diversos chutes. Quando perceberam a chegada dos policiais, os dois tentaram fugir, mas os militares conseguiram alcançar e prender a dupla em flagrante. A vítima se queixou de dores na cabeça, mas recusou atendimento médico, segundo a Polícia Militar.

    De acordo com informações da Polícia Civil, foi registrado um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência) e entregue à Justiça posteriormente. Mesmo com boletim de ocorrência registrado e um TCO assinado por ele, o porta-voz do MBL afirma que o fato não ocorreu.

    Além disso, o porta-voz do MBL em BH esteve envolvido com depredação de placas políticas durante a campanha eleitoral de 2014, em outubro. Ele apoiava o candidato Aécio Neves, do PSDB, e teria vandalizado placas, cavaletes e rasgado uma bandeira da então candidata Dilma Rousseff, do PT, na Praça Raul Soares, no Centro da capital mineira. Na delegacia, ele alegou que teria revidado a ação de um homem que teria chutado um cavalete de Aécio Neves.

    Novamente, o porta-voz do MBL afirma que o fato não aconteceu. “Eu fui ouvido em relação isso, não chutei nenhum cavalete. O que teve foi uma discussão com algumas pessoas do PT e falaram que realmente fiz isso. Mas já ficou provado que eu não fiz”, disse.

    Em maio deste ano, Thiago se envolveu em outra confusão, dessa vez em uma reunião do vereador Léo Burguês com moradores do bairro Belvedere, onde discutia-se a flexibilização do zoneamento do Belvedere I. Durante a reunião, membros do MBL e Thiago se mostraram contrários às ideias expostas e iniciaram uma confusão generalizada, precisando da chegada da polícia para que os ânimos se acalmassem.

    Sobre essa confusão, ele confirma que realmente ocorreu. “Foi uma reunião para falar do Plano Diretor. Eu fui lá e fui contrário ao plano diretor e teve uma confusão mesmo. Eles estavam querendo criar uma nova taxa, eu falei que era extremamente contrário a isso e que achava um absurdo”, disse.

    O BHAZ tentou contato com o gabinete da deputada federal Greyce Elias (Avante), no qual Thiago é secretário parlamentar. Contudo, ela está em licença maternidade. O Avante também foi procurado, mas não atendeu nossas ligações. O BHAZ também conversou com o coordenador do MBL em BH, Cláudio Pereira, e o coordenador do movimento em Minas, Pedro Cherulli. Eles garantiram que o movimento expulsará Thiago caso as acusações sejam confirmadas.

     

  • Porta-voz do MBL é preso por racismo

    Porta-voz do MBL é preso por racismo

    O assessor parlamentar do PSDB na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, administrador Thiago Dayrell Costa, de 24 anos, foi autuado em flagrante por injúria racial e vias de fato, após chutar e xingar de “crioula” a cozinheira Eliana da Silva, de 43 anos, pouco antes da meia-noite de sábado, no Takos Mexican Bar, no bairro Savassi, Zona Sul de Belo Horizonte. O jovem se apresenta nas redes sociais como porta-voz do Movimento Brasil Livre (MBL) e “amante da boa política”.

    Segundo testemunhas, ao lado da namorada, de 22 anos, Thiago se exaltou aos gritos diante da demora no atendimento a seu pedido, quando foi abordado pelo gerente, que pediu para que ele baixasse o tom de voz. O jovem, então, jogou o cartão de crédito na operadora de caixa e disse “cobra essa porra logo”. Nesse momento, a cozinheira Eliane teria tentado apaziguar a situação, pedindo calma. Foi quando Thiago teria dito “não coloca a mão em mim sua crioula”. Thiago chamou o gerente para a briga e teria tentado agredi-lo. Diante da confusão, Eliana tentou separar os dois. Neste momento, ela teria sido agarrada pelo pescoço por Thiago, que chutou sua coxa direita. 

    Já no domingo, foi registrado outro caso de injúria racial, desta vez no Mineirão, quando um torcedor do Clube Atlético Mineiro, ainda não identificado, apesar de filmado, cuspiu no segurança Fábio Coutinho, de 42 anos, e disse “olha sua cor”. O clube soltou nota oficial repudiando a agressão.

     

  • Prefeitura de Embu se envolve em escândalo de distribuição de material apócrifo

    Prefeitura de Embu se envolve em escândalo de distribuição de material apócrifo

    Na tarde desta segunda (09/09), a Polícia Civil recebeu uma denúncia e apreendeu um veículo que conduzia uma equipe responsável por distribuir 100 mil cópias de um tabloide apócrifo, que tinha a intenção de causar conflitos entre dois membros do PT de Embu das Artes. O suposto jornal, “Diário de Embu”, nunca circulou antes e não discriminava origem, não continha CNPJ ou quaisquer informações editoriais.

    No conteúdo do jornal havia notícias deturpadas a respeito do ex-prefeito da cidade, Geraldo Cruz (PT). Além disso, havia matérias que traziam o nome da vereadora Rosângela Santos (PT) e propaganda de associações que a parlamentar é parceira. Rosângela e Geraldo representam atualmente os dois nomes mais competitivos para a disputa da prefeitura da cidade em 2020 em que enfrentarão o atual prefeito, Ney Santos (PRB), que corre atrás de sua reeleição.

     

    A equipe da vereadora foi responsável pela denúncia que resultou na apreensão do material. A parlamentar foi pessoalmente acompanhar o processo na Delegacia Civil de Itapecerica da Serra. Segundo ela, trata-se de uma tentativa de criar intrigas dentro do Partido dos Trabalhadores, uma vez que o tabloide ao mesmo tempo em que atacava Geraldo Cruz, fazia propaganda de uma associação parceira da vereadora.

    Em uma das matérias do jornal clandestino, afirmavam que o ex-prefeito Geraldo Cruz (PT) estava inelegível. Informação falsa, uma vez que para ficar inelegível é necessário ser condenado em segunda instância.

    O motorista do veículo em seu depoimento no Boletim de Ocorrência relatou que buscaram o material em uma casa no Jardim Independência, na cidade de Embu das Artes. A casa é a residência de Alberto Luiz, funcionário da prefeitura da cidade na pasta da Comunicação.

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    Trecho do Boletim de Ocorrência registrado na delegacia

    A polícia encontrou uma Ordem de Serviço dentro do veículo em nome do prefeito da cidade, Ney Santos, velho conhecido dos noticiários policiais. O veículo apreendido, uma kombi da empresa Aragon, passará a noite no pátio da delegacia porque estava com documentação atrasada.

    Os funcionários da empresa, ao serem questionados se sabiam que o material era do Ney responderam “saber que era do Ney a gente sabia, só não sabia que tinha esse BO aí”.

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    Fotos do material e da Kombi apreendidos no pátio da delegacia

    Os Jornalistas Livres também teve acesso a uma Nota de Empenho da prefeitura de Embu das Artes em que a mesma empresa, Aragon, recebe R$ 15.000,00 para a distribuição de material de divulgação da prefeitura.

    Segundo fontes que preferiram não se identificar, um dos responsáveis pelo material é Renato Oliveira, ex-secretário municipal de Comunicação e Tecnologia da cidade. Renato, que trabalhou também pela candidatura de uma irmã de Ney Santos ao parlamento, postou nas suas redes sociais que a distribuição do jornal clandestino era uma “briga feia dentro do PT de Embu das Artes nas vésperas das eleições internas no partido”. O “jornal circula exaltando Rosângela Santos e mostrando condenação de Geraldo Cruz”, continua.

    Renato Oliveira se refere ao Processo de Eleições Diretas internas do PT (PED), que aconteceu em todo o Brasil no último domingo (08/09). No entanto, apesar do que aliados de Ney tentam ventilar, o PT de Embu das Artes apresentou chapa única para a disputa municipal.

    Renato, ex-liderança do Movimento Brasil Livre ficou conhecido como “menino do Jô”, ao defender Bolsonaro em um dos programas do apresentador Jô Soares, na Rede Globo, mas atualmente a sua maior fama advém da tentativa de assassinato do jornalista e chargista Gabriel Binho no final de 2017 (leia mais aqui).

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    Nota de Empenho da Prefeitura de Embu das Artes destinando R$ 15.000,00 para a empresa responsável pela distribuição do material
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    Ordem de serviço no nome do prefeito Ney Santos (PRB) encontrada dentro da kombi
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    Capa do material distribuído
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    Segunda página do material distribuído

    Assista o vídeo da Vereadora Rosângela sobre o caso:

    https://www.facebook.com/rosangelasantosembu/videos/661185211069881/

     

    LEIA A NOTA DO EX-PREFEITO DE EMBU, GERALDO CRUZ

    Ontem, 9 de setembro, uma operação policial apreendeu um veículo com milhares de exemplares de um jornal clandestino com notícias falsas envolvendo minha pessoa. Para espanto geral, os envolvidos são um funcionário público de Embu e uma empresa que presta serviço à Prefeitura. Dentro do carro foi encontrada uma Ordem de Serviço com o nome “Ney Santos”. Em respeito às pessoas de bem, venho esclarecer:

    1 – São falsas as informações sobre minha inelegibilidade e condenação. Não há nenhuma objeção da justiça quanto à minha participação das eleições de 2020.
    2 – Esse material e conduta são crimes tipificados na nova Lei de Fakenews (Lei 13.834/2019)
    3 – Já acionamos a Justiça para responsabilizar os envolvidos, restaurar a verdade e investigar se houve utilização ou desvio de dinheiro público.
    4 – A incompetência e a má gestão do atual governo conduziram a cidade ao caos. Sem ações ou projetos que beneficiem a população, a única opção do Governo é atacar a imagem de seus adversários e tentar causar intriga para enfraquecer a oposição.
    5 – Esclareço que em mais de 35 anos de vida pública todas as contas anuais de meus mandatos foram aprovadas pelo Tribunal de Contas com reconhecimento, nos pareceres, do zelo pelo dinheiro público e da boa gestão. Não possuo nenhuma condenação judicial com trânsito em julgado e não estou inelegível para as eleições de 2020, ao contrário, sigo disposto a contribuir com a melhoria da qualidade de vida da população de Embu, e com o fortalecimento da democracia.

    Geraldo Cruz

  • Livro de poesias com críticas sociais é censurado em São José dos Campos

    Livro de poesias com críticas sociais é censurado em São José dos Campos

    Essa semana, o autor do livro de poesias “Beirage”, George Furlan, teve todas as ações promocionais de seu projeto aprovado e em execução, suspensas pela Fundação Cultural Cassiano Ricardo – FCCR, após uma repercussão negativa de dois poemas inseridos no livro, “Segunda-Feira” e outro sem título, com críticas à Ditadura e a favor da liberdade de gênero. O movimento contrário à obra foi instigado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro e demais movimentos conservadores da cidade de São José dos Campos, no interior de São Paulo.

    De acordo com George Furlan, autor da obra, o livro com 103 páginas e 70 poemas propõe uma análise crítica sobre os problemas sociais e estruturais atuais em nosso país. “Até o momento realizei cinco, dos seis lançamentos propostos no projeto. Um deles, que deveria ocorrer na Biblioteca Pública Hélio Pinto Ferreira, foi barrado pela coordenadora do espaço, mesmo sendo autorizado pela Biblioteca Pública Cassiano Ricardo. Essa foi a primeira censura”.

    “Acredito que o ‘Beirage’ incomoda porque parte da inquietação de quem é posto à beira do macrossistema econômico e social por motivos quaisquer e tem como fonte de poesia cenas recortadas do cotidiano, manchetes, reportagens televisivas, ou seja: a matéria prima são os acontecimentos. Se são os fatos a matéria prima, como se omitir diante polêmicas?”, questiona.

    Ainda segundo Furlan, no último dia 15, até mesmo uma entrevista concedida ao Portal Meon, foi alvo de censura e manipulações. “A matéria é sobre minha obra, mas fala sobre a concepção do Movimento Brasil Livre – MBL e do Partido Social Liberal – PSL. Censuram as palavras dos poemas. Não contextualizaram meu projeto e nem a obra. O fato é que meu livro é direcionado a maiores de 16 anos e as palavra utilizadas em poemas específicos estão de acordo com a classificação etária, sem hipocrisia. O livro não é, nem nunca será baseado em Olavo de Carvalho, como está sendo divulgado nas redes sociais por alguns agentes do poder público local. Os comentários hostis decorrentes da publicação são de pessoas que não conhecem minha obra”, diz.

    Segundo o autor, no dia 16, o jornal O Vale também realizou uma reportagem informando que o livro seria retirado das bibliotecas que o receberam gratuitamente como previa o edital público que apoiou sua publicação. “No dia seguinte, me deparei com outra manchete alegando que minha obra seria recolhida das bibliotecas públicas da cidade, como de fato foi”.

    Furlan ressalta que tendo em vista o cenário e a proporção que a censura vêm tomando, ele e diversos coletivos artísticos e culturais estão promovendo ações de resistência. “Estamos nos articulando por meio de um evento gerido pela Casa Coletiva Comuna Deusa (Coletivo LGBT) e outros Coletivos, para tratar desta e outras censuras a projetos culturais e mobilizando assim ações, para o dia 21 de maio, quando a pauta será abordada na Câmara dos Vereadores de São José dos Campos”.

    Furlan também enviou à deputada estadual de São José dos Campos, Letícia Aguiar (PSL), a seguinte mensagem: “Não há criação sem ideologia, não há arte sem ideologia, não há ensino sem ideologia, não há gente sem ideologia, nem matéria de jornal existe sem ideologia. Seu Presidente chama manifestantes de ‘imbecis úteis’ e eu que sofro a censura?”.

    O produtor cultural Murilo Magalhães, um dos organizadores da Casa Coletiva, ambém se manifestou explicando a problemática da censura sobre o poeta: “Existe um edital do Fundo Municipal de Cultura que se chama Primeira Obras, o qual garante a oportunidade para que novos escritores lancem seus livros. Furlan foi contemplado pelo edital. O Fundo Municipal de Cultura é um patrimônio da população de São José dos Campos e uma conquista histórica dos artistas do município, assim como também a Fundação Cultural Cassiano Ricardo. É muito difícil para alguém que esteja começando a ser escritor a publicar um livro. E, sendo a cultura um direito, é importante que o poder público contribua nesse sentido. Arte é expressão opinativa. Arte é expressão de algo. O livro é um conjunto de poemas sobre angústias e críticas sociais a partir da visão do autor. Há um poema de fato com um palavrão. Mas na maioria do livro há poemas com críticas sociais (sem palavrão) ao atual governo, à política, à violência policial, e outros temas sociais. Aqueles que criticam o livro não mencionam somente o palavrão mas também condenam a crítica ao atual presidente”, argumenta.

    “Não estão preocupados com a moralidade e os bons costumes, mas sim com uma produção artística crítica ao conservadorismo e o atual governo. Isso é censura!”

    “Existe uma série de livros em bibliotecas públicas com palavrões. Irão esvaziar ou fechar as bibliotecas? Poderíamos questionar o fato dos defensores do atual presidente utilizarem o dinheiro público para realizarem discursos de ódio e promoverem a violência. Porém, defendo a democracia. E na democracia as pessoas têm o direito à liberdade de expressão. Obviamente que deve haver restrições e classificação indicativa a alguns conteúdos. Hoje censuram esse livro. Amanhã, irão querer censurar uma peça de teatro que critique o atual governo. Depois, não poderemos mais ser artistas. Não podemos aceitar essa situação. A cultura é um direito”, finaliza Magalhães.

    O músico Bruno Mantovanni, um dos criadores dos manifestos culturais em São José dos Campos, como o “FestivATO #elenao”, aponta: “Era de se esperar atitudes assim no ambiente social em que vivemos. A censura é um reflexo do que vem acontecendo e do poder predominante no cenário político no país nos últimos anos. O caso do autor George Furlan é o ensejo de mais uma tentativa de desmonte, faz parte de uma estratégia que é contra o financiamento público ao setor cultural e contra a liberdade e o direito de se expressar. É uma sequência que já vem sido pautada diversas vezes pelos movimentos ultradireitistas que buscam destruir a mediação do Estado na política pública de cultura. A arte sempre colocou a sua poética e sensibilidade para refletir o momento contemporâneo. A arte produz um saber sobre a condição humana e expressa a visão de mundo do artista, um reflexo e expressão do seu tempo. O sentido da arte pode ser mais de um, porque o contato com a obra também permite que se crie por meio de suas interpretações. Por isso não há interpretação literal ou absoluta, existe sim um universo simbólico que permite abstrair novos ângulos dentro de um contexto histórico, social, cultural e artístico”.

    “A obra ‘Beirage’, cumpre o seu papel artístico, o de provocar perguntas ao invés de propor respostas, exercendo seu direito crítico”.

    Segundo a coordenadora da Rede Emancipa e Secretária Geral do PSOL em São José dos Campos, Tamires Arantes, o Fundo Municipal de Cultura é uma conquista democrática da classe artística joseense. “O motivo da sua existência é promover as diferentes expressões da cultura popular aqui em nossa região. Fica claro que a suposta questão moral a respeito do conteúdo do livro é, na verdade, uma cortina de fumaça para facilitar que um setor político imponha seus valores sem opiniões contrárias. É essa a essência da polêmica. Não me preocupa que critiquem o governo, me preocupa a liberdade de expressão ser usada para a promoção do racismo, da violência contra mulher, contra a educação e a cultura, em suas diversas formas de preconceito, como faz, sem vetos, Jair Bolsonaro”, ressalta.

    Já, em contato direto com Thomaz Henrique Barbosa, coordenador do MBL no Vale do Paraíba, o recolhimento da obra não é mais viável. “Eu li o livro, fiquei curioso. Ele é muito ruim. Tem que ler Bocage e Gregório de Matos. É Olavo de Carvalho da poesia. Só chama atenção falando palavrão. Muito fraco. Sou contra o recolhimento. Já pagou essa porcaria, agora não adianta”, finaliza.

    A reportagem tentou contato com a deputada estadual Letícia Aguiar (PSL), mas não obteve sucesso. Durante a 31ª Sessão Ordinária na Câmara de São José dos Campos, diferente das vereadoras Amélia Naomi (PT) e Dulce Rita (PSDB), vereadores como Dr. Elton (MDB), Ranata Paiva (PSD), Lino Bispo (PL), Sérgio Camargo (PSDB), Flávia Carvalho (PRB) e CYBORG (PV), criticaram a obra, informando sobre os requerimentos abertos junto à FCCR, para averiguar junto aos avaliadores dos projetos, a aprovação da obra, visando punir os responsáveis. Já a Fundação Cultural Cassiano Ricardo informou que por hora analisa as denúncias realizadas.

     

    Abaixo segue, na íntegra e sem censura, o poema “SEGUNDA FEIRA”:

     

    Abaixo a tirania

    pau no cu da monarquia

    pau no cu da autocracia

    pau no cu da meritocracia

    pau no cu da democracia representativa

    pau no cu do Bolsonaro

    pau no cu da bancada evangélica

    pau no cu da bancada agropecuária

    pau no cu da bancada da bala

    pau no cu dos militares

    pau no cu da milícia

    pau no cu da polícia

    e pau no cu da política que só nos fode

     

  • MBL de MT expõe ex-professora da UFMT e ofende funcionários públicos

    MBL de MT expõe ex-professora da UFMT e ofende funcionários públicos

    Como viver em democracia se a opinião alheia não é respeitada? Se suas opções pessoais expressas em perfis privados são expostas de forma mentirosa para uma rede de odiadores virtuais? Pois é isso que os membros do MBL (que de livre não tem nada) fazem diariamente contra centenas, talvez milhares de pessoas por todo Brasil. A mais nova vítima desses linchamentos virtuais é Priscila Mendes, ex-professora substituta de jornalismo na Universidade Federal de Mato Grosso e atualmente servidora concursada na área de comunicação da Assembleia Legislativa do Estado. Apesar dos anos de trabalho duro dentro e fora das salas de aula ela foi apresentada em vídeo divulgado pelas redes sociais da milícia como alguém que “nada produz”. 

    Indignada pelas ofensas e exposição públicas, Priscila fez um vídeo resposta publicado pela página no Facebook do Coletivo Rexistência. Nele, a professora destaca que sem os servidores públicos, que obviamente pagam impostos como toda a população, não haveria escolas ou hospitais públicos. “Se você já estudou em escola pública, assim como eu, ou se você já foi atendido pelo SUS, assim como eu, você já usufruiu do trabalho do servidor público”, explica. “Eu escolhi ser servidora pública justamente para devolver à sociedade tudo o que ela já investiu em mim, com muito trabalho e dedicação, assim como outros colegas”. Ela reconhece que o serviço público precisa de melhorias, mas que isso só pode ser feito através dos investimentos no setor e valorização dos profissionais, na corrente contrária à do candidato à presidência apoiado pelo MBL, que tem atacado quase que diariamente as Universidades e o funcionalismo. 

    Nos últimos dias, dezenas de amigos, colegas e ex-alunos se solidarizaram com a professora, testemunhando nas redes a dedicação e o profissionalismo com que ela sempre atuou. Mas as perguntas seguem no ar. É esse tipo de perseguição e intimidação que queremos no comando do país? Como oferecer melhores serviços de educação, saúde, segurança e infraestrutura desrespeitando e ameaçando os profissionais que os realizam? Como atender melhor a população sem reverter a PEC do Teto dos Gastos que congelou os investimentos por 20 anos? Precisamos de mais amor e menos ódio. Mais jornalismo e menos desinformação. Mais priscilas e menos mbls.

     

    Veja a seguir o vídeo da professora e jornalista: https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=177469936491292&id=176437596594526

    E, abaixo, alguns dos comentários em sua página pessoal

  • Manuela D’Ávila desafia homem que a chamou de mentirosa a se apresentar no microfone e dizer onde está a mentir

    Manuela D’Ávila desafia homem que a chamou de mentirosa a se apresentar no microfone e dizer onde está a mentir

    O caso aconteceu em frente a PanMetal, em São Paulo, enquanto Fernando Haddad e Manuela D’Avila conversavam com os metalúrgicos.

    Manu: O Lula tá preso porque toda essa elite aqui não gosta do povo, não gosta de gerar trabalho, que não gosta da educação pública que construímos com Fernando Haddad quando era ministro da educação. Lula tá preso porque ele ia ganhar em primeiro turno, por isso que não divulgaram a pesquisa ontem.

    Homem: MENTIRAAAAAA

    Manu: É verdade! Aqui não tem quem mente, aqui tem que luta pra mudar o Brasil e fazer do Brasil um país dos trabalhadores e da trabalhadoras. E eu não sei teu nome mas se tu quiser vir aqui se apresentar e tentar provar qual de nós disse uma mentira, tu pode se apresentar. Eu sou Manuela D’Avila, sou deputada há 12 anos, a mais votada do Brasil nas últimas eleições e não é porque o povo acha que eu minto, mas é porque o povo sabe que eu sou dessa turma que luta pra desenvolver o Brasil e valorizar o trabalho. E não tenho medo de homem que aponta dedo pra mim, companheiro. Abaixa esse dedo que a gente pode construir um Brasil com respeito e dignidade!