Jornalistas Livres

Tag: desmatamento

  • Povos indígenas do Xingu estão em situação crítica

    Povos indígenas do Xingu estão em situação crítica

    Por: Gislayne Figueiredo e Rosa Lúcia Rocha – Consulta Popular – MT

    Desde a chegada dos primeiros homens brancos no Brasil, o povo indígena vem sofrendo com a violência, o genocídio, os ataques à suas formas de vida e de cultura, tudo isso para se apropriar de suas terras e disponibilizá-las para aqueles que a utilizam segundo a lógica do lucro.

    A mesma lógica utilizada – de apropriação da terra mediante o genocídio e etnocídio de povos inteiros – continua sendo utilizada como forma de expansão das fronteiras agrícolas e sob o discurso do desenvolvimento nacional: citamos algumas dessas violências cometidas em período não tão distante, entre as décadas de 1940 a 1960, que foram ricamente documentadas em 1967 pelo próprio Estado brasileiro por meio do chamado “Relatório Figueiredo”, um documento de mais de 7 mil páginas que está disponível na página do Ministério Público Federal e que merece ser conhecido por todos os brasileiros. No documento produzido pelo então procurador Jader de Figueiredo estão descritas inúmeras atrocidades praticadas por latifundiários brasileiros e funcionários do Serviço de Proteção ao Índio contra índios brasileiros naquele período, como assassinatos individuais e coletivos, torturas, prostituição de índias, trabalho escravo, usurpação do trabalho, apropriação e desvio de recursos oriundos do patrimônio indígena, venda de artesanato indígena, venda de produtos de atividades extrativas e de colheita, arrendamento de terras, venda de gado, venda de madeiras, exploração de minérios, doação criminosa de terras, omissões dolosas, dentre outras.

    Essas violências continuam até hoje e centenas de povos indígenas que procuram viver em harmonia com a mãe-terra, respeitando-a e preservando-a, têm seus territórios constantemente invadidos por garimpeiros, madeireiros, fazendeiros e pelo agronegócio que, de forma predatória, queimam e arrasam as florestas, as águas e os animais.

    Os povos indígenas foram sendo cada vez mais expropriados e confinados em pequenos espaços de terra, os chamados Territórios Indígenas que, em geral, são cercados de fazendas por todos os lados e, muitas vezes, não possuem terras suficientes para garantir a sobrevivência com dignidade desses povos.

    A história mostra que uma das estratégias mais utilizadas para matar os indígenas com o fim de tomar as suas terras é a contaminação de grupos com doenças vindas dos brancos, como a varíola, tuberculose e a epidemia de gripe e sarampo que dizimou diversas etnias no século XX.

    O Estado brasileiro de hoje, sob o comando de Bolsonaro, impõe um governo de direita (tendendo para a extrema direita) que é declaradamente a serviço dos maiores inimigos dos povos indígenas, ou seja, grandes produtores do agronegócio, latifundiários, madeireiros e mineradoras. Assume uma postura ativa de incentivo e apoio àqueles que invadem e cometem violências contra os indígenas, não apenas se omitindo quanto ao seu papel de fiscalizador, mas propondo ações que violam cotidianamente os direitos constitucionais dessa população, reforçando práticas e discursos genocidas. 

    De modo muito conveniente aos interesses desses grupos que dão sustentação ao governo Bolsonaro, o vírus Covid-19 chegou rapidamente aos povos indígenas, tal como pavio de pólvora, com evidentes indícios de negligência para com essa população, sabidamente mais vulnerável a doenças infecciosas.

    Diante da pandemia que avança sobre seus territórios, muitos povos indígenas têm se organizado para sobreviver e resistir como podem para impedir a infecção pelo coronavírus, criando barreiras sanitárias nas aldeias, evitando ir às cidades e contando com a solidariedade dos amigos da causa indígena para acessarem produtos de higiene e ferramentas para a pesca, haja visto que o Estado não tem garantido as condições mínimas para a sobrevivência, para evitar o contágio e cuidar daqueles indígenas que foram contaminados.

    No estado de Mato Grosso, de acordo com a contabilização feita pela Associação de Povos Indígenas do Brasil, em 11/09 já eram mais de 1600 indígenas contaminados e 73 mortos.

    Um apelo por solidariedade aos povos do Xingu

    Do Baixo Xingu, pelo whatsapp, chega um apelo por solidariedade pela voz de um jovem indígena, dirigido aos movimentos sociais do campo popular de Mato Grosso:

    “Companheiro, estou sem acesso a internet, a gente está isolado. Devido a pandemia, nós mudamos do polo central onde estávamos residindo até o ocorrido, nós perdemos uma família devido às complicações da Covid 19. Na nossa cultura, quando acontece alguma coisa, a gente busca outros lugares para estar com a família. E aí, a nossa família está construindo uma comunidade lá, um lugar pra gente, então não estamos tendo acesso à internet, por enquanto. Mas buscando apoio para em breve ter uma instalação lá pra gente, porque a gente precisa para dar continuidade ao nosso trabalho. Estamos agora bem próximos de um outro povo indígena, eu agora estou tendo bastante contato com eles e pretendo colocar eles em contato com vocês, acho importante a gente socializar, para que o povo branco possa entender como estamos organizados. Então, a gente tem bastante demanda aqui no nosso povo, aqui do Xingu e acredito que tem outros povos indígenas que também têm demandas devido a pandemia… Porque  mudou totalmente nossos hábitos. Tem chegado apoio, não muito, algumas coisinhas. O que o pessoal mais oferece é cesta básica, só que a gente precisa mais do que a cesta básica, como ferramentas, sabão, isqueiro, sabonete, produtos de higiene, faca, facão, lima, essas coisas. Já faz aproximadamente seis meses que a gente está parado aqui… A gente não consegue ter acesso fora da  TIX (Terra Indígena Xingu). Daí eu gostaria de ver se vocês conseguem mobilizar aí alguns parceiros, pegar carona, para que possam nos ajudar, mobilizar, articular para adquirir essas coisas e mandar pra gente também. A gente ficaria muito feliz com isso, as comunidades, que realmente estão precisando. Eu não procurei você antes porque eu também sei que vocês tem a demanda de vocês aí… Mas é que eu vejo aqui, as comunidades super precisam dessas coisas. E não é só cestas básicas. A gente tem alimento da gente aqui também, que a gente consome. Não quer dizer que a gente não precisa também das cestas. Mas não tanto quanto os materiais que as comunidades estão precisando para trabalhar e para dar continuidade no trabalho de roçada. Daí já passa um tempo, aí posteriormente ver o tempo da queimada pras roças, e depois vem o período do plantio das roças… Então a gente vai precisar de bastante material. Eu aguardo posicionamento seu, uma resposta sua para ver o que que você me fala, tá bom? Um abraço até mais.”

    Diante da resposta positiva, o reforço:

    “Obrigadão aí pela força companheiro, pela parceria também e pela compreensão também. A gente está há seis meses sem sair. Como você sabe o Xingu é muito extenso, são 16 povos. Tem chegado apoio, mas não atende todo mundo, não consegue atender todo mundo, então por isso eu estou falando com vocês. Eu conversei aqui com uns povos parentes, que tem mais ou menos duas ou três aldeias, e tem o meu povo também, né?  Então como a gente está em várias aldeias, então o que que foi a metodologia que eu montei lá. Eu achei que daria para gente dividir os trabalhos com outros parceiros. Então, aqui, a gente conversando, o pessoal aqui e o cacique lá de outra aldeia que fica na região onde a gente mora, a gente decidiu buscar algum tipo de apoio para 10 aldeias que são Parureda, Caiçara, Tuba-tuba, Maidicá, Camaçari, Aiporé, Paranaíta, Castanhal, Três Patos e Ciato. Dessas aldeias, a gente já fez um pequeno levantamento também, a maior população aqui é o povo Yudjá, dá um total de 150 famílias nas 10 aldeias. Então as ferramentas para trabalho, produto de higiene que não falei, o sabão, sabonete, bombril de lavar panela também, creme dental, escova de dentes, essas coisas também são bem vindo. Botinas, chinelos havaianas. Que a gente precisa além das cestas, né? Assim, que nem eu falei, a gente tem a comida nossa que é farinha, bijú, caça… A gente precisa também de óleo de comida, sal, açúcar também que a gente consome hoje, né? Não muito, mas a gente consome para adoçar algumas coisas. Então, por isso a cesta também é fundamental pra gente, é importante também, porque tem algumas coisas também que a gente usa também no nosso dia a dia. Então é isso!”

    Essa é a história que motivou os movimentos sociais do campo popular de Mato Grosso  – MST, Consulta Popular e Levante Popular da Juventude, em parceria com a Associação dos Docentes  da Universidade Federal de Mato Grosso (ADUFMAT) lançarem uma campanha conclamando toda a sociedade para doar ferramentas para trabalho na roça, pesca e materiais de higiene e limpeza para atender as necessidade de 10 aldeias da região do baixo Xingu. 

    Nesse momento, onde a existência concreta desses povos está mais uma vez ameaçada, é importante nos atentarmos para a importância de fortalecermos a luta pela defesa de suas formas de vida, pela preservação de suas múltiplas e diversas culturas e de seus territórios. Não obstante, para além de apoiarmos a luta, é preciso que nossa relação com os povos originários seja de aprendizagem, que a gente possa aprender com a riqueza de suas culturas e com sua relação de respeito para com a natureza e com outros seres humanos.

    As organizações conclamam toda a sociedade a se juntar a essa causa e contribuir com a preservação das comunidades indígenas do baixo Xingu, em Mato Grosso, doando produtos de limpeza, material de trabalho na roça e para pesca (vide lista abaixo). 

    As doações podem ser entregues na sede da ADUFMAT, em Cuiabá, ou por meio de depósito na conta abaixo. Mais informações no face da AAMOBEP – https://www.facebook.com/aamobep/  – pelo email aamobep@gmail.com  ou pelo telefone (65)981094569.

    Nome: AAMOBEP (Ass. Amigas/os do Centro de Formação e Pesquisa Olga Benário Prestes) 

    CNPJ: 18.208.193/0001-36

    Banco: BANCO DO BRASIL

    Agência: 3325

    Operação: 1

    Conta: 100.113-2

    LISTA DOS MATERIAIS SOLICITADOS:

  • Investigação da PF descarta participação de brigadistas em incêndio em Alter do Chão, Pará

    Investigação da PF descarta participação de brigadistas em incêndio em Alter do Chão, Pará

    • Ocorrido em setembro do ano passado, as investigações foram conduzidas paralelamente pela Polícia Civil Paraense e pela Polícia Federal, a pedido do Ministério Público Federal
    • Sem provas e sem perícia, a Polícia Civil deduziu que quatro brigadistas atearam fogo na região, para conseguir doações para a Brigada de Alter
    • Inquérito da PF concluiu não ser possível identificar a autoria do incêndio, e a análise das imagens de satélite mostram que o fogo não começou onde a polícia civil diz ter começado
    • Brigadistas seguem com restrição de liberdades

    Diferentemente do inquérito cheio de lacunas e sem elementos de perícia, conduzido pela Polícia Civil do Estado do Pará e que levou à absurda prisão de quatro brigadistas que dedicavam e arriscavam suas vidas para combater incêndios num dos mais conhecidos destinos da região Norte do país, as investigações conduzidas pela Polícia Federal concluiu não ser possível apontar culpados pelos incêndios que devastaram a região em setembro do ano passado.

    Após analisar imagens de satélite, a investigação sigilosa conduzida pela PF descobriu que os dois locais onde o fogo começou se encontram fora da região conhecida como Capadócia. Sem apresentar laudos periciais à época, a Polícia Civil paraense concluiu que os quatro brigadistas haviam ateado fogo nessa região, com o objetivo de arrecadar doações para a Brigada de Alter. As acusações foram feitas a partir em boatos e trechos descontextualizados de ligações telefônicas interceptadas pela polícia.

    Foto: Brigada de Alter

    “Considerando que foram feitos diversos estudos técnico-científicos e levantamentos e que apesar de todos os esforços empreendidos, nenhum resultou em uma definição significativamente clara de autoria, e que efetivamente não existe nenhum elemento que comprove a ação de algum dos investigados para a ocorrência do incêndio”, conclui o relatório da PF.

    Constrangidos e expostos ao julgamento público, os quatro brigadistas tiveram suas cabeças raspadas, e foram tratados pela polícia civil e  pela justiça do Pará como condenados, apesar de terem sido presos preventivamente. Na época, a prisão ocorreu na véspera de uma visita de Jair Bolsonaro à região; o presidente da república acabou usando politicamente a prisão dos brigadistas para dar respaldo à sua narrativa de que ONGs seriam responsáveis por desmatar e queimar a Amazônia. Bolsonaro também insinuou que o ator Leonardo DiCaprio seria um dos financiadores dessas ONGs, o que foi desmentido pela imprensa mundial.

    O pedido de prisão dos jovens foi feito pelo Juiz Alexandre Rizzi, cuja a família é dona de uma madeira no Pará. Apesar de terem sido soltos três dias após sua prisão, e apesar da conclusão do inquérito conduzido pela PF, os quatro brigadistas seguem com suas liberdades restringidas: usando tornozeleiras eletrônicas, com passaportes apreendidos e tendo que ficar em casa durante os período que não estiverem trabalhando, são vítimas do autoritarismo bolsonarismo que tomou conta do país, que persegue, e às vezes mata, ambientalistas e integrantes de movimentos sociais.

    ((o))eco apurou que edificações estão sendo feitas, atualmente, por residentes nos locais das queimadas.

    Foto: Brigada de Alter
  • Desmatamento ameaça e pressiona áreas indígenas e de conservação em MT

    Desmatamento ameaça e pressiona áreas indígenas e de conservação em MT

    da reportagem Diário de Cuiabá

    Um estudo feito por seis organizações da sociedade civil alerta para o avanço do Arco do Desmatamento rumo ao coração da Amazônia Legal, região da qual Mato Grosso faz parte.

    A floresta entre punhos e placas, a pressão constante do agronegócio, turismo e garimpo – por helio carlos mello©

    A preocupação também é grande em relação à Bacia do Xingu e cresce diante do fim da época de chuvas, período em que, historicamente, há um incremento das queimadas ou incêndios florestais na região.

    Para se ter ideia da situação, no ano passado, a taxa de desmatamento na Amazônia foi a maior dos últimos dez anos.

    Somente entre agosto de 2019 e abril deste ano, já foram desmatados 566 mil hectares, o que revela, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) uma tendência de aumento de 94% em relação ao período anterior.

    Em relação às queimadas, o cenário também é de intranquilidade. Somente entre agosto do ano passado e abril deste ano, o Inpe revela que 78,4 mil focos de queimadas foram detectados, 20% a mais do que o período anterior.

     

    TI Rikbaktsa – por helio carlos mello

    Alertas como estes constam em documento assinado pela Rede Xingu +, Greenpeace Brasil e pelos Institutos Internacional de Educação do Brasil (IEB); do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon); de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e o Instituto Socioambiental (ISA).

    O relatório foi entregue, no dia 17 deste mês, aos Ministérios Públicos Federal (MPF) e Estadual (MPE) e ao governo do Pará, epicentro da destruição da floresta e pede que sejam tomadas ações efetivas e urgentes a nível federal e estadual para coibir o desflorestamento.

    Os dados foram construídos a partir de dados de três sistemas de monitoramento de desmatamento, sendo eles, o Deter do Inpe; o de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon; e o de Indicação Radar na Bacia do Xingu (Sirad X).

    Em relatório denominado “Ameaça e pressão de desmatamento em áreas protegidas SAD de fevereiro a abril de 2020”, o Imazon aponta, que neste período, o SAD detectou um total de 885 km2 de derrubada da floresta na Amazônia.

    O cruzamento dos dados do sistema com a grade de cédulas de 10 km x 10 km revelou 1.739 células com ocorrência de desmatamento, sendo 921 (53%) indicam ameaça e 818 (47) pressão em decorrência de atividades como extração de madeira, garimpo e hidrelétrica.

    No Estado, a terra indígena (TI) Aripuanã, habitada pelos povos da etnia cinta larga, aparece entre as 10 no ranking de ameaça em áreas protegidas.

    Por lá, forma detectadas nove células. Entre as unidades de conservação (UC) encontra-se a Reserva Guariba Roosevelt, entre os municípios de Aripuanã e Colniza, com 10 células sob ameaça e nove sob pressão.

    As APs mais ameaçadas no Pará, a exemplo da APA Tapajós, e no Amazonas, como o Parna Mapinguari.

    Conforme o Imazon, ameaça é a medida do risco iminente de ocorrer desmatamento no interior de uma área de proteção (AP).

    Já a pressão ocorre quando o desmatamento se manifesta no interior da AP, levando a perdas de serviços ambientais e até mesmo à redução ou redefinição de limites da área, ou seja, é um processo interno que pode levar a desestabilização legal e ambiental da AP.

    Na representação entregue as autoridades públicas, as instituições destacam que as queimadas provocam aumento do material particulado emitido para a atmosfera, degradando a qualidade do ar, e, consequentemente, aumentando a incidência de doenças respiratórias na população Amazônica.

    “Situação que pode se agravar ainda mais esse ano, graças ao cenário político de retrocessos na legislação ambiental e às limitações impostas pela Covid-19, dissemina rapidamente entre os povos indígenas e comunidades extrativistas da região, que historicamente carecem padecem com a precariedade do sistema de saúde”.

    Vale lembrar que a exemplo de anos anteriores, Mato Grosso segue líder em queimadas. Dados do Inpe apontam que de janeiro de 2020 até ontem, dos 22.771 focos de calor detectados no país, Mato Grosso respondia pela maioria, com 6.260 dos pontos de queimadas.

    Essa quantidade representa um aumento de 7% comparado ao mesmo período do ano passado ((5.811). No Estado, dentre os municípios com maior número de focos estavam Poconé (407), Nova Maringá (283) e Feliz Natal (258). Dos biomas, o cerrado e a Amazônia respondiam por 32,7% e 32,3% das queimadas, respectivamente.

    TI Xingu – por helio carlos mello@

    XINGU – De acordo com as seis organizações da sociedade civil as áreas protegidas da bacia do Xingu, entre Mato Grosso e o Pará, figuram entre as mais vulneráveis, com quase nove mil hectares desmatados só neste ano, perfazendo 56% a mais do que no mesmo período de 2019.

    A bacia do Xingu cobre uma área de pouco mais de 50 milhões de hectares entre os dois estados. Ela abriga 28 TIs e 18 unidades de conservação (UCs), conforme o Greenpeace.

    Segundo o Sistema “Sirad X”, nos quatro primeiros meses do ano, o desmatamento na bacia do Xingu aumentou 20%.

    A análise aponta que 25% do desmatamento ocorreu dentro de áreas protegidas, somando quase 9 mil hectares, 56% a mais que no mesmo período de 2019.

     

    imagem de capa, obra de Alex Flemming©

  • Exclusivo: Fogo e negligência nas políticas ambientais ameaçam a Amazônia

    Exclusivo: Fogo e negligência nas políticas ambientais ameaçam a Amazônia

    Por: Cyro Assahira (Doutorando em em Ciência Ambiental e Juliana Lins (Mestre em botânica).

    Fotos: Cyro Assahira

    “o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente) recebeu a denúncia de que grupos que apoiam o governo iriam promover queimadas pela Amazônia em um denominado “Dia do Fogo”.

    Desmontes das instituições de preservação e conservação da Amazônia, aumento do desmatamento, negligência a dados ambientais e fogo na Amazônia colocaram a região no centro do mundo. 

    Não seria exagero dizer que a Amazônia agora é o centro do mundo, é para onde os debates políticos, econômicos, científicos e culturais estão voltados. As discussões têm tomado cada vez mais corpo desde o anúncio pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisa Espacial) do aumento do desmatamento na Amazônia em 88% com relação ao mesmo período do ano passado [1]. Em seguida, uma nuvem de fumaça que veio das queimadas percorreu grande parte do Brasil, colocando preocupações na cabeça de todo o mundo. Nesse preâmbulo uma guerra de informações e a disputa por uma verdade têm ocorrido. 

    A importância global da Amazônia para a manutenção da biodiversidade, ciclos da água e como estoque de carbono é amplamente debatida e de alguma forma se coloca como um assunto comum em nossa sociedade. Ao mesmo tempo, a imagem de um ambiente selvagem à parte da sociedade humana ganhou contornos. Com a suposta separação entre sociedade dos homens e a natureza, somos colocados em um caminho de intensa exploração dos recursos naturais sem refletir que o que está sendo destruído faz parte da própria ecologia em que estamos inseridos. Junto a esse preâmbulo vem a narrativa econômica neoliberal a favor da intensa atividade exploradora do meio natural com a justificativa de ser uma necessidade para o desenvolvimento do país.

    Ao longo das últimas décadas, a perspectiva da Amazônia ou qualquer ambiente natural estar a parte das sociedades humanas tem sido questionada. Em muitos casos refutada diante de estudos científicos que têm trazido à tona o fato de que a Amazônia é amplamente habitada por povos originários e tradicionais desde tempos pré-colombianos. A floresta foi moldada a partir da interação sustentável e duradoura com os povos indígenas, que ainda hoje perpetuam tais práticas. Aliás, seus territórios se encontram especialmente preservados com relação às áreas de floresta fora desses territórios [2].

    Pesquisas têm demonstrado que o desmatamento está relacionado com maiores incidências de queimadas [3], derrubar a floresta a deixa mais suscetível a propagação do fogo com a maior incidências de ventos e a presença de materiais de fácil combustão como galhos e madeira secas [4]. Nesse sentido o aumento do desmatamento também pode estar relacionado com a intensidade e a quantidade dos incêndios que estão ocorrendo neste instante. No mês anterior à atual onda de incêndios, o desmatamento na Amazônia aumentou em 88% com relação ao mesmo período no ano passado. Tal desmatamento foi tratado como descaso, com a exoneração do diretor do INPE logo após a publicação desses dados. Os mesmos dados foram questionados pelo atual ministro do meio ambiente Ricardo Salles, apontando que teria sido um erro nas estimativas. A postura do ministro do meio ambiente diante do aumento do desmatamento, não foi tomar medidas que freassem a devastação da floresta e sim buscar formas de invalidar os fatos publicados por um órgão do próprio governo [5]. 

    Desde o início da gestão do atual ministro Salles, os órgãos fiscalizadores do meio ambiente estão sofrendo desmonte, o orçamento do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) foi reduzido em 24%, o que não cobre nem as despesas fixas do ano, refletindo na diminuição da capacidade de fiscalização [6]. Diante da negligência do governo brasileiro em combater o desmatamento, os principais financiadores do Fundo Amazônia (um fundo criado para projetos de preservação e conservação da Amazônia), Noruega e Alemanha, bloquearem seus repasses e com isso o cenário de devastação da Amazônia pode se agravar ainda mais nos próximos meses. A questão ambiental no governo Bolsonaro tem sido tão controversa que em maio de 2019, todos os ex-ministros do meio ambiente de governos anteriores se reuniram em uma frente de oposição ao projeto ambiental em andamento [7].

    O que chama a atenção em muitos dos fatos que têm chocado a opinião pública [8], é que tudo isso fez parte da campanha eleitoral, ou seja, está tudo de acordo com as promessas de governo para área ambiental. Assim, é difícil não atribuir, em algum nível, as queimadas que chocam o mundo ao projeto político e ao discurso do atual governo brasileiro.

    Anualmente no período de seca, em especial de agosto a setembro, as queimadas se acentuam na Amazônia. Considerar somente os dados de fogo em isolado, sem levar em conta o contexto em que se insere, tem sido utilizado como argumento de membros do governo federal para atribuir as queimadas às causas naturais e à terceiros, ausentando-se da responsabilidade – O ministro Sales atribuiu às condições climáticas e o presidente Bolsonaro trouxe a hipótese de ter sido causado por ONGs ambientais insatisfeitas com os cortes financeiros [9]. No entanto, 2019 não é um ano especialmente seco na Amazônia, que são os anos em que ocorrem as maiores incidências de queimadas. E contradizendo a afirmação do presidente de que os incêndios podem ter sido causados por ONGs Ambientalistas, segundos documentos publicados pelo site Poder 360 [10,11], o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente) recebeu a denúncia de que grupos que apoiam o governo iriam promover queimadas pela Amazônia em um denominado “Dia do Fogo”. O Ibama solicitou ajuda à Força Nacional para combater o grupo, mas não foi atendido. No dia 25 de agosto, o site da revista Globo Rural [12] publicou uma reportagem que revela que mais de 70 ruralistas (fazendeiros, criadores de gado e proprietários de grandes propriedades rurais) haviam combinado por Whatsapp de colocar fogo em diversos pontos da floresta. Segundo a reportagem, o ato teve como justificativa mostrar apoio ao presidente Bolsonaro que têm afrouxado a fiscalização ambiental. 

    Ao longo das últimas semanas, diversos protestos têm ocorrido pelo Brasil e pelo mundo contra as políticas ambientais do governo Bolsonaro. Este momento tem gerado profunda comoção acerca da Amazônia e muitos se questionam sobre o que fazer. Sabe-se que a principal causa de desmatamento na Amazônia está atrelada a expansão da agropecuária com suas plantações de soja e a criação de gado [13], assim, a proteção da Amazônia passa pelas mudanças de hábitos alimentares e de consumo. Outros processos relacionados com as mineradoras [14] e empreendimentos que precisam do recurso hídrico para a produção da energia elétrica [15] também possuem um enorme peso destrutivo na região e estão todos relacionados com o modelo de desenvolvimento atual. O cenário atual gera reflexões sobre as imediatas consequências da negligência com as questões ecológicas e se coloca como um importante momento para se pensar criticamente como resistir aos processos estruturais que têm que levado a crise ambiental na Amazônia. 

    Políticas que já vinham acontecendo em governos anteriores – em maior ou menor grau – em relação à Amazônia ajudaram a frear um pouco o desmatamento: iniciativas de geração de renda com produtos da sociobiodiversidade, investimento do Estado para fiscalização de territórios, incentivo a vigilância de território pela própria população local, multas aplicadas contra crimes ambientais, programas de monitoramento do desmatamento, incentivo a pesquisa na região amazônica, demarcação de Terras Indígenas, criação de Unidades de Conservação, incentivo ao transporte fluvial na região amazônica em detrimento a abertura de estradas. 

    É importante uma parceria entre Estado, movimentos sociais e a sociedade civil organizada. A maneira que o Estado brasileiro vem agindo a partir desse ano vem de encontro a tudo isso. As consequências são drásticas. Algumas regiões amazônicas, como o Estado do Acre e Rondônia foram desmatados muito rapidamente, a partir da década de 70, em um processo de ocupação da Amazônia com forte incentivo de migração de pessoas advindas das regiões sul e sudeste e a abertura de estradas. A Amazônia é imensa e é difícil acreditar que é possível acabar com ela, mas ao se aprofundar na história das regiões mais desmatadas, percebe-se, com perplexidade, que o processo de destruição é rápido e irreversível. Perde-se de muitas formas: perde-se biodiversidade, perde-se em mudanças climáticas, perde-se em centenas de modos de vida que nos ensinam que outros mundos são possíveis. Possíveis e necessários.   

    Sobre os autores:

    Juliana Lins é bióloga, vive e trabalha na Amazônia há 8 anos. Durante suas pesquisas de mestrado em botânica, pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, trabalhou com etnobotânica em interfaces com a arqueologia com o objetivo de entender os processos que levaram a Amazônia a ser, pelo menos em parte, uma floresta domesticada e cultural, resultado do manejo de populações indígenas desde tempos pré-colombianos. Nos últimos 3 anos trabalhou com pesquisas interculturais em parceria com pesquisadores indígenas no Noroeste da Amazônia.

    Cyro Assahira é fotógrafo que durante o bacharel em biologia marinha estudou a percepção das mudanças climáticas por pescadores artesanais no ambiente costeiro. No mestrado em botânica, realizou pesquisas com o impacto das hidrelétricas nas florestas alagáveis da Amazônia. Também colaborou com pesquisas de dinâmica florestal na Amazônia. Atualmente é doutorando em Ciência Ambiental (Procam/USP) e investiga as conexões entre democracia, questões ecológicas e o Comum.

    1. Fearnside, P.M. 2019. Brazilian Amazon deforestation surge is real despite Bolsonaro’s denial (commentary). Mongabay, 29 July 2019. https://news.mongabay.com/2019/07/brazilian-amazon-deforestation-surge-is-real-despite-bolsonaros-denial-commentary/
    2. Nepstad, Daniel et al. Inhibition of Amazon deforestation and fire by parks and indigenous lands. Conservation biology, v. 20, n. 1, p. 65-73, 2006.
    3. Aragao, Luiz Eduardo OC, et al. “Interactions between rainfall, deforestation and fires during recent years in the Brazilian Amazonia.” Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences 363.1498 (2008): 1779-1785.
    4. Cochrane, Mark A. Fire science for rainforests. Nature, v. 421, n. 6926, p. 913, 2003.
    5. Fearnside, P.M. 2019. As Amazon deforestation in Brazil rises, Bolsonaro administration attacks the messenger (commentary). Mongabay, 3 August 2019. https://news.mongabay.com/2019/08/as-amazon-deforestation-in-brazil-rises-bolsonaro-administration-attacks-the-messenger-commentary/
    6. Arroyo, Priscilla, (2019, 1st May). Corte de recursos do Ibama ampliará desmatamento. Retrieved from. http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/588764-corte-de-recursos-do-ibama-ampliara-desmatamento

    7. Gortazar, Naiara Galarraga e Betim Felipe, maio de 2019. Uma inédita frente de ex-ministros do Meio Ambiente contra o desmonte de Bolsonaro. El País, Brasil.  https://brasil.elpais.com/brasil/2019/05/08/politica/1557338026_221578.html

    8. Fearnside, P.M. 2018. Why Brazil’s New President Poses an Unprecedented Threat to the Amazon. Yale Environment 360, 8 November 2018. https://e360.yale.edu/features/why-brazils-new-president-poses-an-unprecedented-threat-to-the-amazon

    9. O Globo, 2019. Ministro do Meio Ambiente afirma que parte dos incêndios na Amazônia é intencional, 27 agosto de 2019. https://oglobo.globo.com/sociedade/ministro-do-meio-ambiente-afirma-que-parte-dos-incendios-na-amazonia-intencional-23894245

    10. Roscoe Beatriz, 2019. Força Nacional ignorou alerta sobre ‘Dia do Fogo’, mostram documentos. Poder 360 https://www.poder360.com.br/brasil/forca-nacional-ignorou-alerta-sobre-dia-do-fogo-mostram-documentos/

    11. Revista Fórum, 2019. Amazônia em chamas: Ruralistas combinaram “dia do fogo” no Whatsapp por apoio a Bolsonaro. Revista Fórum. https://revistaforum.com.br/politica/bolsonaro/amazonia-em-chamas-ruralistas-combinaram-dia-do-fogo-por-whatsapp-por-apoio-a-bolsonaro/

    12. Matias Ivaci, 2019. Grupo usou whatsapp para convocar “dia do fogo” no Pará. Revista Globo Rural. https://revistagloborural.globo.com/Noticias/noticia/2019/08/grupo-usou-whatsapp-para-convocar-dia-do-fogo-no-para.html

    13. El País, 2019. Ibama diz que Força Nacional ignorou alertas sobre “Dia do Fogo” no Pará. El País. https://brasil.elpais.com/brasil/2019/08/27/politica/1566859677_529901.html

    14. Zycherman, Ariela. “Cultures of soy and cattle in the context of reduced deforestation and agricultural intensification in the Brazilian Amazon.” Environment and Society 7.1 (2016): 71-88.

    15.  El Bizri, Hani Rocha, et al. “Mining undermining Brazil’s environment.” Science 353.6296 (2016): 228.

    1. Fearnside, Philip M.; PUEYO, Salvador. Greenhouse-gas emissions from tropical dams. Nature Climate Change, v. 2, n. 6, p. 382, 2012.

     

     

  • Mato Grosso quer aumentar desmatamento legal na Amazônia

    Mato Grosso quer aumentar desmatamento legal na Amazônia

    Não bastasse o número recorde de queimadas emitindo a fumaça que ajudou a encobrir São Paulo, o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), surfa na onda de ataques ao meio ambiente pelo governo federal e encaminha à Assembleia Legislativa do Estado (AL-MT) um substitutivo de Projeto de Lei Complementar (PLC) no qual pretende ampliar a área legal para desmatamento na Amazônia. O texto atual do PLC 48/2019, apresentado semana passada, é fruto de uma manobra política da base governista, visto que um projeto semelhante já havia sido barrado pela oposição há duas semanas.

    Mendes, que demonstra especial simpatia pelo presidente da República, pretende alterar a Política Florestal do Estado e assim beneficiar mais uma vez o agronegócio. A ideia é ampliar o limite de exploração de madeira de 12 mil m³ para 49,5 mil m³ por ano para pessoas físicas ou jurídicas, sem necessidade de reflorestamento. Além disso, pretende permitir que o pequizeiro, árvore de grande valor social e ambiental, possa ser legalmente derrubado em áreas do bioma amazônico.

    Atualmente, o pequizeiro é uma espécie protegida por lei estadual, em portaria expedida pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema -MT) em 2010. Com a aprovação do projeto, a espécie passa a ter sua proteção garantida dentro de Mato Grosso somente no bioma do Cerrado. Segundo ambientalistas, a presença do pequizeiro é importante para garantir a sobrevivência de muitas espécies vegetais e animais que são essenciais ao equilíbrio dos ecossistemas, já que as flores e frutos do pequizeiro se constituem em alimentos para abelhas, insetos, morcegos, pássaros e mamíferos.

    Pequizeiro (Foto: João de Melo / Empaer-MT)

    Entre as justificativas para a alteração da Política Florestal, segundo o documento enviado pelo Governo do Estado, é de que a atual legislação causa “inúmeros transtornos e prejuízos, tanto ao Estado, quanto ao setor empresarial”. A modificação é um pedido do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem).

    AMAZÔNIA SOB RISCO

    As declarações insensatas do presidente da República e sua equipe se multiplicam rapidamente e evidenciam a ameaça sob a qual a Amazônia está submetida. Em o curto espaço de tempo, a atenção do chefe do Executivo votou-se fortemente à pauta (anti) ambientalista. Bolsonaro criticou dados que demonstram o avanço do desmatamento na Amazônia, exonerou o presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) graças à divulgação desses dados e confirmou a apresentação de um Projeto de Lei que pretende legalizar a atividade garimpeira em áreas indígenas. Já o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (Novo), condenado por adulterações de mapas do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Várzea do Rio Tietê para favorecer mineradora, afirmou esta semana, em entrevista à BBC Brasil, que “a Amazônia precisa de soluções capitalistas”.

    Segundo a Organização Não Governamental Imazon, em levantamento divulgado na última sexta-feira (16), houve entre agosto do ano passado e julho deste ano, um aumento de 16% na degradação da floresta amazônica. De acordo com o estudo, os estados que mais destacaram foram Amazonas, Pará e Mato Grosso. A estimativa que é cerca de 5.054 km² de floresta foram perdidos durante o período analisado.

    Os dados e as declarações bolsonaristas têm preocupado ambientalistas de todo mundo e chegaram a causar desconforto com membros da União Europeia (UE), que colocaram em xeque a confirmação do acordo de livre-comércio que está em vias de ser assinado com o Mercado Comum do Sul (Mercosul). Noruega e Alemanha anunciaram esta semana o bloqueio da verba repassada para o ‘Fundo Amazônia’, que em parte era destinado a instituições ambientais do Governo, como o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

  • Desmatamento na Amazônia aumenta em janeiro

    Desmatamento na Amazônia aumenta em janeiro

    Por Sabrina Rodrigues

     

     

     

    Desmatamento proveniente de garimpo ilegal na Terra Indígena Munduruku, no Pará, que está entre as dez mais desmatadas segundo lista divulgada pelo Imazon. Foto: Vinícius Mendonça/Ibama.

    O desmatamento na Amazônia aumentou 54% no mês janeiro, em comparação com o mesmo período do ano anterior, passando de 70 quilômetros quadrados perdidos para 108 km². Esses são os dados do Boletim do Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgados nesta quinta-feira (28).

     

     

    Boletim do Desmatamento (SAD)

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    O alerta aponta o Pará como o estado que mais desmatou em janeiro, com 37% do total de perda de floresta registrado no período, seguido por Mato Grosso (32%), Roraima (16%) e Rondônia (8%). Os estados do Amazonas e do Acre ficaram com 6% e 1%, respectivamente.

    A unidade de conservação mais desmatadas é a Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, que perdeu 3 quilômetros quadrados de área verde, seguida da APA dos Tapajós e a Resex Verde para Sempre, as três são do Pará.

    Entre as Terras Indígenas, a TI Ituna/Itatá  (PA) lidera o ranking, com 4 quilômetros quadrados de vegetação degradada e a TI Aripuanã, localizada entre os estados de Rondônia e Mato Grosso e habitada pelo povo Cinta Larga, segue com 1,5 quilômetros quadrados de desmatamento.